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terça-feira, 30 de janeiro de 2007

692) Inscrições para o concurso de ingresso na carreira diplomática: recorde

CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA DE DIPLOMATA DE 2007
Nota do MRE:
Encerradas as inscrições para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2007, foram cadastrados 13.137 candidatos, dos quais 8.657 efetuaram o pagamento da taxa de inscrição, confirmando, assim, sua participação no Concurso. O número de inscritos é o maior já registrado em concurso do Instituto Rio Branco: representa um aumento de 37,2% em relação ao ano passado (6.308 candidatos).

E um debate entre uma candidata...
"O aumento das inscrições no Concurso Admissional para o Rio Branco comprova a relevância que as relações internacionais vêm ganhando internamente no Brasil. Além disso, pode indicar que a população brasileira está compreendendo que manter relações com demais países do globo é algo muito mais profundo do que importações e exportações. Eu que sou graduada em Relações Internacionais fico feliz e ao mesmo tempo preocupada com a concorrência que terei de enfrentar daqui alguns anos, quando tentarei meu ingresso no Rio Branco."

E um professor:
"Acredito ainda que não possamos menosprezar elementos como: i) a ausência de um mercado delimitado alternativo para os profissionais de RI em outras atividades; ii) ou mesmo a ausência completa de um mercado de trabalho para os profissionais no Brasil; iii) busca de um emprego público, vendido, falaciosamente, como bem remunerado, estável e pouco ‘complicado’; iv) leitura romântica da profissão de diplomata; v) vulgarização dos cursos de RI pela repetição de conteúdos formatados e pela incapacidade de impactar na modificação da qualidade do perfil dos internacionalistas brasileiros."

6 comentários:

pedro disse...

Creio, sinceramente, na imantação da ilusão citada no iii pelo cético professor. O reajuste de salario tem muito a ver com o aumento da concorrência, o que pode significar certo aumento na "qualidade" dos ingressantes somente sob um ponto de vista: o Rio Branco torna-se mais atrativo para profissionais de meio de carreira, mais experientes que os recém-formados. Pessoalmente, duvido que acréscimo de experiência seja uma virtude para o ingressante no Itamaraty, mas esta é uma longa discussão sobre a formação ideal da burocracia nacional. Em poucas palavras, acredito mais no modelo francês, que oferece dois caminhos aos pretendentes: a) entrada, por concurso, numa escola de formação de Administradores Publicos, logo apos o término dos estudos universitarios. Uma tentativa. Se não conseguiu, não tem vocação (ou competência).O sistema impede que o candidato siga tentando anos a fio e acabe sendo aprovado por se tornar um "especialista na prova"(como os mandarins chineses que, com o passar do tempo, não mais se dedicavam às reflexões que os levariam a elaborar ricos poemas sobre a filosofia confuciana - este fora o critério primordial de seleção até circa 1470 - mas passaram a memorizar formulas edulcoradas de recitação);
b)recrutamento por notoriedade profissional para postos avançados na carreira.
Penso que o Brasil, sem mimetizar a estrutura organizacional alheia, teria muito a ganhar com semelhante percepção da vocação de jovens ingressantes nos quadros burocraticos mais avançados.
Saudações
Pedro

Paulo Roberto de Almeida disse...

Você tem razão Pedro Henrique, o melhor a fazer, em termos de seleção de pessoal par um serviço público eficente e flexível, seria guardar certa latitude de ações para ir adaptando as formas de recrutamente às necessidades do próprio serviço, e não manter o mesmo formato ao longo de anos e anos.

Anônimo disse...

Pelo que entendi,os profissionais de meia carreira não são muito bem vindos no Itamaraty, ou sua maior experência não é vista vantagem...

pedro disse...

Anônimo, não é exatamente isso que disse. Acho que os profissionais no meio da carreira podem ser melhor aproveitados no Itamaraty por um ingresso diferente do atual. Reformulando o simplismo proposto em seu post, entendo que que a "maior experiência" de alguns pretendentes à carreira não constitui vantagem quando ele ingressa no Instituto Rio Branco. Na minha opinião, este instituto deveria destinar-se à formação de jovens quadros. Para os que seguiram outro caminho ao fim dos estudos, resta a possibilidade de entrar por "recrutamento profissional". Concordo, portanto, com o Paulo quando ele diz ser preciso guardar certa "latitude de ações". Não é questão de desvalorizar os pretendentes ao Itamaraty que estejam no meio da carreira, mas, sim, enrijecer uma maneira de acesso (Instituto Rio Branco so para recém-formados) e flexibilizar outra (recrutamento por competência profissional, dispensando a formação do IRBr) para atribuir valores diferentes a qualidades diferentes.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Na verdade, o Instituto Rio Branco não fornece uma verdadeira "formação diplomática", pois as disciplinas e a organização dos estudos são um pouco improvisados, sem avaliação a partir de consulta aos próprios estudantes e a profissionais de outras academias similares. Repete-se um pouco aquilo que sempre foi feito, com palestras para subsidiar áreas não exatamente cobertas pelas disciplinas oficiais. Como o perfil dos estudantes é muito diverso, as matérias acabam chateando a maior parte, com um aproveitamento parcial em caráter seletivo daqueles que apresentam lacunas em determinadas áreas.
Por outro lado, o MRE, como instituição tradicional e pouco aberta ao "mundo civil", mantém critérios próprios de seleção e "socialização", sem necessariamente abrir-se a critérios objetivos de formação e avaliação dos seus quadros, e sem ostentar uma administração da formação focada em "resultados".

Unknown disse...

Há no Rio Branco alguma maneira de se aproveitarem créditos cursados no ensino superior ou experiência profissional dos candidatos?

Por exemplo: um sujeito formado em Direito (com mestrado em alguma especialidade, digamos, Direito Constitucional), poderá ser dispensado de algumas aulas ou terá de re-aprender o já aprendido?

Seria ótimo que se fizesse este tipo de aproveitamento, com rígidos critérios, é claro...