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quarta-feira, 10 de junho de 2009

1149) Universidade do Pacto Amazonico: nem urgente, nem necessaria

O artigo abaixo, de um senador amazônida, ou amazônico, se ele preferir, pretende justificar a criação de uma universidade dos países do Pacto Amazônico. Gostaria, no que me toca, que ela fosse improvável, ou impossível. Ela não é nem urgente nem necessária.
Com efeito, não há nada, absolutamente nada, que impeça as universidades atualmente existentes de se dedicarem ao que ele propõe: o estudos do ambiente, dos problemas da Amazônia e a proposta de soluções aos mesmos, individualmente ou em cooperação, em rede ou por outras vias, com outras universidades dos países da região.
Apenas o desejo de criar mais cargos, e portanto mais despesas, pode justificar esse projeto.
Políticos são animais gastadores de uma espécie ainda não suficientemente estudada pelos naturalistas, zoologistas, ou talvez entomologistas: eles são como saúvas, a avançar sobre o dinheiro público e o privado. São como os furões, ou doninhas, que avançam nos ninhos dos outros, roubam os ovos, se apropriam dos recursos, públicos e privados.
Creio que eles deveriam ser confinados num zoológico, o que aliás não deixa de ser o Congresso, tantas são as hienas e abutres que o frequentam. Talvez fosse o caso de colocá-los confinados na ala de mais alta segurança, do contrário seu poder destrutivo é muito grande...


Universidade do Pacto Amazônico, necessidade urgente
08/06/2009 - 18h47
João Pedro

A provável Universidade do Pacto Amazônico, de minha autoria, contribuirá com o desenvolvimento da Pan-Amazônia por meio do compartilhamento dos conhecimentos e saberes científicos e tradicionais em benefício das suas populações.

Trata-se de uma necessidade urgente, porque a universidade se somará às demais instituições de ensino, pesquisa e extensão que agem para aperfeiçoar as relações de amizade e de cooperação sociocultural na região, com o diferencial de fundar uma tradição acadêmica comprometida, prioritariamente, com a sustentabilidade social, econômica e ambiental da região.

O projeto recebeu parecer favorável da Comissão de Educação do Senado e agora tramita na Câmara dos Deputados. Minha vontade, além de vê-lo aprovado e implantado no menor tempo possível, é que, no final, ele represente o conjunto de vozes das sociedades pan-amazônicas.

Não tenho medido esforços para que isso venha a acontecer. Já apresentei os fundamentos dessa proposta à Associação de Universidades Amazônicas (Unamaz), ao Parlamento Amazônico, ao Fórum Social Mundial, a governadores de Estados Amazônicos e a autoridades do governo brasileiro, como o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o ministro da Educação, Paulo Haddad.

Outras reuniões, fóruns e audiências públicas estão programadas para tratar do tema. Ainda há tempo para acrescentarmos sugestões que aprimorem o projeto, para que ele, quando implantado, atenda às necessidades da complexidade amazônica.

A futura universidade enfrentará de imediato o desafio de unir, no cotidiano do ensino, pesquisa e extensão, oito países com diferentes níveis de desenvolvimento econômico, embora compartilhem, em pontos de seus territórios, ecossistemas e culturas semelhantes.

A unidade na diversidade, certamente, é um conceito que ajuda a pensar Amazônia no âmbito do entrelaçamento de inteligências interessadas na proteção da região por meio de uma prática científica que valorize cada vez mais saberes locais em vez de alijá-los dos meios acadêmicos.

Imagino a Universidade do Pacto Amazônico com salas de aulas, laboratórios e projetos de extensão nos oito países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), e suas atividades realizadas, conjuntamente, por colombianos, brasileiros, bolivianos, equatorianos, guianenses, peruanos, surinameses e venezuelanos.

Ou, de igual modo, que estudantes, professores e a comunidade acadêmica promovam o intercâmbio cultural, a solidariedade e a fraternidade pan-amazônica. Estou impulsionado, também, pelo desejo de construirmos uma região coesa na resolução dos seus problemas e na defesa da soberania das suas populações.

O Brasil, que detém maior parte do território amazônico, tem papel relevante na articulação do bloco amazônico. Seu empenho no funcionamento da OTCA, desde 1995, é a prova de que, de algum modo, está atento a sua responsabilidade de líder regional.

Claro que, como brasileiro e amazônida, gostaria de ter uma OTCA mais atuante; e sei que, em grande medida, o tamanho dessa atuação depende dos esforços da diplomacia brasileira.

A universidade que proponho almeja tornar-se uma instituição facilitadora da integração dos oito países, principalmente por intermédio dos seus programas científicos e culturais.

Convence-me a idéia de que precisamos conhecer a Amazônia na sua complexidade sociocultural e biológica para que possamos defendê-la da depredação total patrocinada pelo capitalismo de terra arrasada.

A meu ver, para que isso ocorra, devemos estimular um novo jeito de pensar e produzir conhecimentos. Para a Pan-Amazônia, depositária de fatia significativa da diversidade cultural e biológica do Planeta, essa é uma questão urgente.

A Universidade do Pacto Amazônico expressa a contribuição das sociedades amazônicas ao grande projeto de defesa e proteção permanente da Amazônia.

João Pedro é senador pelo estado do Amazonas e vice-líder do governo.

Um comentário:

Vinícius Portella disse...

Caro Paulo Roberto,

Quanto aos políticos serem como saúvas(ótima metáfora), já dizia Monteiro Lobato:
"Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil".

Uma lástima que as reformas de que tanto necessitamos, estejam tão longe do presente...

Abraços cordiais,