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quarta-feira, 22 de julho de 2009

1229) Um pouco de gozacao, pois a realidade ja é muito dura

A transcrição abaixo, puramente aleatória, não tem absolutamente nada a ver com os objetivos e o chamado "espírito" desta lista. Mas, aqui já tem posts sérios demais, tratando de relevantes problemas da nacionalidade e do assim chamado sistema internacional.
Portanto, nada como aproveitar um fim de noite (na verdade, madrugada), para postar algo risível, anódino, inocente, mas que provavelmente reflete muito bem o nosso país.

O garçom de Hamburgo
Blog do Noblat, 17.7.2009

Nunca me esqueci de uma historinha contada por Jô Soares em seu programa de entrevistas. Digo historinha porque tem princípio, meio e fim e porque não é muito longa. Mas não é história, não é ficção, é fato verídico. Não sei precisar a data, mas creio que o fato se passou há bastante tempo. Também não posso garantir a exatidão das palavras, a memória não é um gravador, mas o miolo e o desfecho do diálogo são exatamente esses que passo a relatar:

Jô Soares estava em Hamburgo, Alemanha, com seu pai. Foram almoçar. O restaurante era elegante e o cardápio indicava preços salgados. Fluentes em várias línguas fizeram seus pedidos, não sei se em alemão ou francês. Feito isso, pai e filho começaram a bater papo. Se o pai do Jô era parecido com ele, imagino o papo animado. Se fosse mais calado, o filho com certeza falava pelos dois.
De repente o garçom para diante deles e pergunta:
_ Brrrasileirrras?
_ Somos, diz o senhor Soares.
_ Von wo? Ondchi?
_ Do Rio de Janeiro.
_ Rrrrioo de Janeirrro, shodadis...
_ O senhor conhece o Brasil?
_ Sim. Trrrabalhou lá, morrrou lá.
-- É mesmo? E gostou?
_ Adorrrrooou! Vai voltarrr.
O pai do Jô olhou para o filho, com quem acabara de comentar uma das sempiternas crises brasileiras, e disse para o garçom:
_ Talvez fosse melhor pensar bem. Aqui o senhor está em sua terra, tem a proteção do Estado, muita segurança, com certeza ganha bem e ainda recebe boas gorjetas.
_ Ganharrr bem, ganharr. Segurrro, é. Mas tem grosse shodadis, grosse.
_ Deixou alguma namorada lá?
_ Non, non, non, ich casada, vai com mulherrrr.
_ Mas do que é que tem tanta saudade então?
_ Do “esculhambaçom”.
Nada para mim, nem textos dos mais brilhantes escritores brasileiros, descreve melhor o Brasil do que esse breve diálogo.
O “esculhambaçom” é um de nossos traços marcantes. Há países que mudam, há países que se transformam, há países que sofrem reformas, pacíficas umas, outras frutos de revoluções e até de guerras. Mudam inteiramente, às vezes ficam quase irreconhecíveis. Para pior, para melhor, mas mudam.
Não foi o que aconteceu conosco. As mudanças aqui foram cosméticas: as cidades cresceram, temos mais automóveis nas ruas, mais viadutos e túneis, mais aeroportos, mais edifícios, mais estados e mais políticos. Mas foi só. De resto, nosso espírito é o mesmo.
Somos diferentes até nisso: como acontece com as pessoas, a idade só fez acentuar nossas características mais marcantes. E uma delas é “o esculhambaçom”. Nunca foi tão grande. Nunca foi tão viçosa, nunca foi tão desenfreada, nunca foi tão desabrida, nunca foi tão gloriosa.
E nunca exerceu o mando como agora. As rédeas estão em suas mãos. Tomara que o hamburguês tenha vindo. Ele há de estar no sétimo céu com tanta “esculhambaçom”!
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PRA:
Bem, acho que isso basta: temos um brilhante futuro para a nossa “esculhambaçom”!

Um comentário:

Anônimo disse...

....nunca ouvi alegações tão superficiais....Mas uma coisa eu concordo....advogado pra que? Quanto aos farmaceuticos...o nivel de informação necessária para atuar bem e sem riscos, está muito longe do que um mero teórico pode alegar com sua mera visão simplista de que o mundo funcionaria bem pela lei da auto seleção...Até vai ocorrer, mas a custa de muitas baixas a cada geração que se aventure nesse ramo impregnado de possibilidades de erros em um selva de possibilidades farmacológicas. Melhor seria canalizar sua luta pela imoralidade legislativa da proteção salarial do funcionalismo publico. Dos 14 e 15os salários, das licensas de 6 meses, da estabilidade imoral, que juntas provocam muito mais o arrocho dos custos diarios não só em serviços mas em tudo que compramos no dia a dia.