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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

1614) O profeta Samuel (nao fui eu quem disse...)

O evangelho de Samuel
Sérgio Leo, de Brasília
Valor Econômico, 23.12.2009

O que eu disse é que nem Jesus Cristo teve reconhecimento em sua própria terra, e olha que ele fazia milagres!
A leitura da Bíblia é fundamental para entender o pensamento dos neoconservadores nos Estados Unidos
Se nós tínhamos dificuldades em fazer planos para o Brasil, quanto mais pessoas que nunca moraram no país, sem experiência


"Jesus Cristo, segundo o evangelho de São Marcos, vai a Nazaré, sua cidade natal; as pessoas não acreditam nele, e diz: 'Ninguém é profeta em sua própria terra'." Esse é o ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, ex-secretário-geral do Itamaraty, sacando uma frase bíblica que hoje é lugar comum, ao responder por que é tão criticada, no país, a política externa da qual foi, até outubro, um dos formuladores e operadores.

A diplomacia da era Lula se compara a Jesus Cristo? "Não, não é isso", responde, enfaticamente, com expressão preocupada. E sorri. "O que eu disse é que nem Jesus Cristo teve reconhecimento em sua própria terra; e olha que ele fazia milagres!"

Milagres parecem mesmo estar em falta em algumas áreas da política externa brasileira. Por exemplo, para fazer levantar e andar o Mercosul, abalado economicamente pelo agravamento do protecionismo, com a crise financeira internacional, e, politicamente, por divergências internas e regionais. Com a entrada da Venezuela no bloco, então...

Mas o ministro, acostumado à polêmica despertada por suas opiniões incisivas sobre política externa, pede que o tema não seja servido neste "À Mesa com Valor". É pedido que faz, nas entrevistas e conversas, desde que, prestes a alcançar 70 anos de idade e deixar automaticamente o quadro do Itamaraty, trocou o segundo posto na hierarquia do Ministério das Relações Exteriores pelo comando do Ministério de Assuntos Estratégicos, sucedendo a Roberto Mangabeira Unger.

O veto aos temas internacionais não tem adiantado, até porque Pinheiro Guimarães adora falar do assunto. Há alguns meses, só aceitava dar entrevista se reproduzida na íntegra, no modelo pergunta e resposta; e pedia para ler o texto antes da publicação. Como ministro, está bem mais à vontade; chega descontraído e falante ao restaurante Villa Tevere, na Asa Sul de Brasília, local habitualmente escolhido por políticos e outros frequentadores que preferem o ambiente mais discreto e o cardápio bem mais sensato que o de outros restaurantes famosos da cidade.

Nos últimos dias, foi possível ler opiniões de Pinheiro Guimarães sobre Honduras ("O Brasil agiu certo abrigando o presidente deposto, Manuel Zelaya; errado seria aceitar tratos com os golpistas"), Venezuela ("Há liberdade de imprensa na Venezuela, basta ver as bancas de jornais e livrarias"), Irã ("Outros países não pautam o Brasil na escolha dos interlocutores na esfera internacional"), globalização ("A globalização é um fato; a adesão ao credo neoliberal não, tanto que está em dificuldades quem mergulhou no neoliberalismo"). A lista de assuntos polêmicos abordados pelo diplomata é inesgotável - assim como são antigas suas convicções e a disposição para defendê-las.

Em matéria de nacionalismo e ação política, Pinheiro Guimarães comprou a primeira briga no governo aos 25 anos, na década de 1960. E antes ainda botou banca.

Diplomata em início de carreira, foi indicado por um superior para dirigir a área internacional da então poderosa Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste. Foi convidado por um ex-assessor da Organização dos Estados Americanos, João Gonçalves de Souza, nomeado para a superintendência da Sudene e cearense como o presidente da época, marechal Humberto de Alencar Castelo Branco - o primeiro mandatário do que seria uma longa ditadura militar. "Eu disse: Aceito, se tiver carta branca", lembra Pinheiro Guimarães.

Com a carta que recebeu, o jovem Samuel infernizou assessores estrangeiros que queriam influir em programas do governo brasileiro. Eram os técnicos americanos, da Usaid, a agência de cooperação dos Estados Unidos.

Mas, antes, o jantar.
Pinheiro Guimarães diz que não quer vinho. "Não tenho tomado; acordo muito cedo; mas gosto de vinho argentino, Malbec", esclarece, e pede água, sem gás. O assessor do ministro, Walter Sottomayor, escolhe um modestíssimo Malbec argentino, da casa Tamari, safra 2008, a ser dividido solidariamente com o repórter, já que o fotógrafo também prefere água.

Depois de recusar o lombinho de cordeiro com crosta de ervas, sugerido pelo repórter, e cogitar um medalhão à Gianetti, ao vinho marsala e cogumelos shitake, acompanhado de risoto de açafrão com lascas de queijo tipo Grana, o embaixador, provocado por outro comentário do jornalista, escolhe o filetto della Mafia, com molho ao queijo brie, vinho tinto e bacon, acompanhado de fetucine - que ele picará sem piedade com a faca, antes de comer. Servida por engano pelo garçom, uma taça de vinho permanecerá invicta até o final da refeição, ao lado do prato.

"Para ter uma ideia do número de funcionários da Usaid, o tamanho do prédio deles era o mesmo do da Sudene", lembra o embaixador. Quando era diretor da Sudene, recusou-se a demitir pessoas de uma lista encaminhada pelo governo, e rechaçou as tentativas dos assessores americanos de participar da redação do plano de desenvolvimento do Nordeste. "Se nós tínhamos dificuldade em fazer planos para o Brasil, quanto mais pessoas que nunca moraram no país, sem experiência." Não convenceu os chefes, que o demitiram. Voltou ao Itamaraty, para cuidar de política comercial, menos de um ano depois de ter se mudado para Recife.

A carreira diplomática foi praticamente um desdobramento da atividade política, que começou na faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O nacionalismo é herança de família: também era nacionalista o pai, Samuel Pinheiro Guimarães Filho (o diplomata é Pinheiro Guimarães Neto, e o avô que lhe deu o nome surgirá logo adiante, na conversa com o Valor, entre um prato de buschettas, das quais ele come apenas metade, e a chegada do prato principal). Um tio, cunhado do pai, Aguinaldo de Freitas, era advogado e jornalista. Com coluna na "Última Hora" ("Coluna política importante, como as de hoje, como a da Dora Kramer"). Era quem o levava para assistir às sessões de comissões de inquérito, como o que resultou na encampação da Bond & Share britânica pelo governo Leonel Brizola, no Rio Grande do Sul.
Pinheiro Guimarães Filho, carioca, foi despachante municipal, corretor de imóveis e dono de empresa de construção, na qual empregou o herdeiro como contínuo. Foi o primeiro emprego, aos 18 anos, do hoje ministro. Também marcante foi a influência política da avó de Samuel Pinheiro Guimarães Neto, dona Gabriela, sobrinha de um dos "pais" da República, Aristides Lobo, abolicionista e autor de famosa carta em que, ao contar a derrubada, por militares, do monarca Pedro II, descreve como o povo assistiu, "bestializado, atônito, surpreso", ao nascimento do novo regime político.

"Minha avó era uma pessoa interessante, muito politizada", recorda. A palavra "interessante" costuma ser convocada, com toda sua ambiguidade diplomática, para adjetivar a conversa de Pinheiro Guimarães Neto. Além da avó, são "interessantes" a teoria da modernização autoritária de Samuel Huntington, os amigos que conheceu na Cepal, como Maria da Conceição Tavares; a dimensão que a política externa ganhou no debate político interno; o salário que recebeu ao ser contratado como economista sênior de uma grande construtora, em uma passagem pelo setor privado; e até o filme "Eu Te Amo", de Arnaldo Jabor. Mas o cineasta e cronista, que o diplomata computa entre os amigos, entrará na conversa mais à frente, já quase na sobremesa.

O bisavô Francisco Pinheiro Guimarães foi deputado, alto oficial na Guerra do Paraguai, deputado e autor de teatro. Aristides Lobo foi tradutor de Rabelais. Não teriam os cromossomas marcado no diplomata alguma ambição literária? "Não penso em escrever ficção, exige talento", diz o autor dos livros de ensaio "Quinhentos Anos de Periferia" e "Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes" - que, em 2006, lhe valeu o prêmio Juca Pato, de Intelectual do Ano, pela União Brasileira de Escritores.

Solicitado a dizer quais os livros de sua preferência, Pinheiro Guimarães Neto sai-se com uma resposta vaga: os "clássicos". Repete "os clássicos" quando ouve a pergunta pela segunda vez, e, na terceira, cita "A Origem das Espécies", de Charles Darwin. Leu há oito anos a Bíblia, e, à parte as lições óbvias, diz que a leitura é útil até na política contemporânea. "Fundamental para entender o pensamento dos neoconservadores nos Estados Unidos", garante.

Entre os últimos livros que leu também não há romances. ("Leio menos do que gostaria, a maior parte ciências sociais, política internacional, para as aulas", diz. Ele leciona no Instituto Rio Branco, de formação de diplomatas). "O último que li, muito interessante, sobre a crise, chama-se 'One Trillion Dollar Crisis', que, na segunda edição, em poucos meses, tornou-se 'Two Trillion Dollar Crisis'".

"É de um ex-banqueiro, que conhece bem o mercado financeiro, e escreve para não especialistas." Está falando do elogiado livro "The Trillion Dollar Meltdown: Easy Money, High Rollers and the Great Credit Crash", do advogado, analista e historiador Charles R. Morris, publicado no Brasil como "O Crash de 2008 - Dinheiro Fácil, Apostas Arriscadas e o Colapso Global do Crédito". Morris, presidente de uma companhia de softwares para instituições financeiras, alertava, em 2007, quando escreveu a primeira versão do livro, para o rumo insustentável dos mercados financeiros mundiais.

Pinheiro Guimarães também leu recentemente "A Crise de 2008 e a Economia da Depressão", de Paul Krugman, e "The Rise of China and the Demise of the Capitalist World Economy", de Minqi Li, ex-preso político na China, hoje professor assistente de economia da Universidade de Utah. O livro, publicado por uma editora de esquerda americana, a Monthly Review Press, defende a tese de que, em lugar de abrir-se gradativamente à economia capitalista, a China vai levar o capitalismo ao colapso ao elevar os custos ambientais, do trabalho, do capital, na produção mundial. "É um livro interessante", resume Pinheiro Guimarães.

Foram dois livros de economia os responsáveis pela convicção desenvolvimentista do embaixador. Estava no primeiro ano da faculdade, nos anos 1960, quando ganhou de um amigo um exemplar de "Terceira Força", do escritor português Paulo de Castro, militante antifranquista, combatente contra o governo colaboracionista na França. Era um livro "extremamente interessante", que falava da Iugoslávia, da Argélia, de Israel dos kibutz e dos trabalhistas, e abriu os interesses do jovem estudante para o chamado Terceiro Mundo.

Nessa época, Pinheiro Guimarães passou a frequentar o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), criado nos anos 1950 por intelectuais de esquerda, que, até ser abatido pelo golpe de 64, reuniu algumas das cabeças mais brilhantes do pensamento nacionalista e desenvolvimentista. "Conheci muitas pessoas, o Cândido Mendes, o Roland Corbusier, grande Roland Corbusier", lembra, citando o intelectual e político (do PTB) que, como outros da época, começou carreira no integralismo.

O Iseb publicou outro livro considerado fundamental pelo diplomata: "Teoria Econômica e Regiões Subdesenvolvidas", de Gunnar Myrdal, economista, intelectual e político sueco. Pinheiro Guimarães recorda e descreve outro livro famoso de Myrdall, "Dilema Americano: O Problema do Negro e a Democracia Moderna". "Em qualquer sociedade, tem situações, comunidades que se desenvolvem e outras ficam no círculo vicioso da pobreza", resenha.

"Não há serviços públicos, as pessoas se alimentam mal, ficam doentes, têm dificuldade em sair da situação de subdesenvolvimento, de onde fogem os mais dinâmicos." O interesse em estudar economia o levou a ler David Ricardo, que mencionava Adam Smith, o qual, por sua vez, citava vários pensadores antigos. "A maior parte da tradição ocidental é de pensadores refutando anteriores; Aristóteles é refutação de Platão." Decidiu, por isso, "começar do começo". E passou a estudar Platão. "A leitura dos clássicos fora de ordem não é proveitosa, o melhor é que seja sistemática."

Sistemático, decidiu estudar economia, e, a conselho de um amigo, Márcio Rego Monteiro, pleiteou matrícula no mestrado da Universidade de Boston, cidade onde foi cônsul. Somada a temporada que passou depois na representação brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, onde morou em um subúrbio com mulher e quatro filhos, Pinheiro Guimarães morou cinco anos e meio nos Estados Unidos.

Obteve o diploma de mestrado, fez as disciplinas do doutorado, mas não elaborou tese e, por isso, só inclui no currículo o mestrado por Boston. A partir dessa experiência, desenvolveu algumas teses antropológicas e sociológicas sobre a sociedade americana. "Coisa muito interessante, o sistema americano." As pessoas terminam o secundário e vão para a universidade, longe da cidade onde moram os pais, explica. O sistema de créditos, "implantado no Brasil depois de 64, para fraturar o movimento estudantil", dificulta a formação de turmas. "Quando termina a graduação, o sujeito, que se separa da família e só vê os país no Dia de Ação de Graças, se candidata a outra faculdade, em outro Estado. Há um estranhamento, ninguém sabe direito quem é quem. Você se torna um átomo, uma unidade do fator trabalho, o que garante mobilidade e, portanto, maior produtividade, maior eficiência."

A falta de uma rede de proteção familiar e de referências estáveis facilita a alocação de fatores de produção, mas fragiliza as pessoas e estimula o consumo de drogas e álcool, teoriza o diplomata, que teve poucos postos no exterior porque queria que o Brasil fosse uma referência forte para os quatro filhos - numerosos, porque via na família a importância de muitos parentes. "Na elite do poder isso ocorre, as famílias são maiores, frequentam os mesmos clubes, vão às mesmas universidades", diz, com um acento irônico na voz.

Livros puxam livros, e Pinheiro Guimarães resolve exigir dos subordinados, quando secretário-geral de Relações Exteriores, a leitura de três deles. Nega ter havido triagem ideológica. "Um era a vida do barão do Rio Branco; outro, do Moniz Bandeira, com prefácio elogioso de Rubens Ricupero; e o terceiro, de história do pensamento econômico, do Ricardo Bielschowsky, com prefácios do Roberto Campos e do Celso Furtado elogiando a imparcialidade." Ainda assim, as reclamações levaram o ministro Celso Amorim a determinar o fim da exigência de leitura. "Não me senti atingido, não; havia uma circunstância política que levou a isso, né?"

Mais de uma hora de conversa, sempre bebericando água, Pinheiro Guimarães resolve pedir algo mais forte. "Um suco de laranja, por favor." Beberá dois, até o cafezinho, que deixa de lado.

Circunstâncias. Outra palavra apreciada por Pinheiro Guimarães, que, no entanto, não cita o filosofo espanhol Ortega y Gasset, aquele para quem "o homem é ele e suas circunstâncias". Circunstancialmente, ao voltar ao Brasil, no governo Médici, foi recomendado por um amigo, Armando, irmão do economista Antônio Barros de Castro, à construtora Serete, para fazer estudos econômicos sobre os mercados de metais e o potencial da exploração madeireira na Amazônia. Circunstancialmente economista, escreveu artigos na revista "Visão", de Said Farhat. Também uma circunstância o levou, já separado, a conhecer a terceira mulher.

Militante do PT, documentarista da TV Senado, a socióloga e antropóloga Maria Maia sentou-se ao lado de Pinheiro Guimarães, ao voltar a Brasília, onde assistiram ao Festival de Cinema. Estão juntos há 12 anos. "Sempre tive enorme interesse em cinema, no Rio." Já quando militante estudantil, tornou-se amigo de cineastas também militantes, Leon Hirzmann e Cacá Diegues, que quase passou a ele a direção de um jornal secundarista. No Instituto Rio Branco conheceu Celso Amorim, uma turma adiante, e com ele conversava sobre cinema.

Quando Amorim dirigiu a Embrafilme, o hoje ministro foi seu segundo. Frequentador de cinema duas ou três vezes por semana, gosta de Fellini, anda apaixonado pelos cineastas argentinos e adorou "O Banheiro do Papa", do uruguaio Enrique Fernandez. Gosta do interessante "Eu Te Amo", do amigo Arnaldo Jabor.

Amigo? O Jabor desanca a política externa em suas colunas na imprensa e no rádio, lembra o repórter. "Encontrei-o recentemente, foi muito gentil." Ultimamente, Jabor "anda zangado", admite. Mas pode ser fita, puro personagem, concede.

Pinheiro Guimarães diz que não polemiza, que as críticas são bem-vindas, porque podem dar lugar a mudanças. Provocado, reluta em comentar recente nota de Élio Gaspari, que, escandalizado, reproduziu trecho de uma palestra na qual o ministro citou Alemanha e Japão como exemplos do alto preço pago por contestar a "hegemonia anglo-saxã".

"O nazismo não tem paralelo, um regime com perversão de valores, agressividade, absolutamente condenável", comenta, lembrando artigo de 2002, para a revista "Estudos Avançados", da USP, em que fala de nacionalismos, e cita a Alemanha de Hitler como exemplo negativo. "Porém, uma coisa é clara: a composição do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi decidida antes de se descobrirem as atrocidades dos campos de extermínio, o horror das experiências com humanos. A guerra não foi montada em torno dessa questão, mas de uma disputa de poder."

Depois de esquivar-se de algumas perguntas sobre política externa, Pinheiro Guimarães acaba fazendo defesa enfática da importância de um assento permanente para o Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas ("Eles têm o monopólio da força, e têm expandido a competência para vários temas, e, se estamos ali, podemos defender melhor nossos interesses, que têm se diversificado"). Fica animado quando, finalmente, o repórter lhe pergunta sobre o ministério.

Está empenhado na tarefa de elaborar um plano para 2022, requisitado pelo presidente Lula. Conversou com quase todos os ministros. Não com Dilma Rousseff, da Casa Civil, que estava em viagem. "Falei com a Erenice Guerra." Será um plano com metas previstas, e "para cada meta vão se estabelecer instrumentos quantificáveis".

Que tema o apaixona mais? "Um país se desenvolve quando aumenta o número e a variedade dos bens que produz, como nos Estados Unidos", responde. São necessários conhecimento tecnológico, e muitos recursos, inclusive humanos, complementa. "Daí a necessidade muito importante de formar quadros, engenheiros das mais diversas áreas." Para formar engenheiros, são necessários bons cursos, e, para isso, bons professores de matemática. "Os chineses fazem isso, temos de começar agora", diz ele, que ainda ficará, por alguns minutos, à porta do restaurante, sem pressa de ir embora, lembrando histórias de sua formação política. Telefonará, depois, ao repórter, para aclarar dúvidas e contar os nomes dos filhos e enteados. Perdão, embaixador, o espaço acabou.

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