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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Inimigos do capital financeiro: nao apenas no Brasil

Não é só no Brasil que os supostos defensores da "economia popular" e inimigos do "capital financeiro internacional" tentam limitar e estrangular esses banqueiros gananciosos e outros especuladores financeiros.
Nos EUA, também, a demagogia e o populismo inconsequente tentam, por vezes, destruir ou desmantelar essa perna importante do capitalismo americano que são os serviços financeiros, com medidas regulatórias ou, em todo caso, limitativas de sua ação.
Cabe recordar que 70% do PIB americano é feito de serviços, não de indústria manufatureira ou de agricultura -- ridiculamente pequena, a despeito do lobbby gigantesco que captura recursos dos contribuintes -- e que o setor financeiro representa uma boa parte não apenas do PIB mas sobretudo da interface internacional do capitalismo americano.
Tentar cortar suas pernas e braços, portanto, representaria algo como tentar amarrar o Gulliver financeiro pelos liliputtianos do Congresso. Nem sempre isso é bem sucedido, como revela esta nota dos porta-vozes da Febraban americana:

From the Editors of American Banker

Senate Rejects Measure to Cap Size of Banks
WASHINGTON — After more delays and partisan fighting late Thursday over whether and how to proceed on financial reform, the Senate rejected 61 to 33 a populist amendment that would have forced the break up of the nation's biggest banks.
The measure from Democrats Sens. Sherrod Brown of Ohio and Ted Kaufman of Delaware would have placed a hard cap on banks of 10% of the nation's insured deposits. It would have limited a bank's nondeposit liabilities at 2% of the national gross domestic product. That cap would have been 3% for financial institutions that do not own a bank.
Had the provision been adopted and made it into law, these limits would have forced the largest institutions to shrink in size to roughly where they were a decade ago.

Um comentário:

José Marcos disse...

A REGULAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO COM UM MÍNIMO DE METÁFORAS...

Bancos criam moeda. E muita! Como decorrência dessa criação, a oferta monetária é um múltiplo da base monetária. Dados de 2001 para o Reino Unido, mostram que a partir de 33 bilhões de libras esterlinas de base monetária, a oferta monetária calculada pelo M4 era 27 vezes maior: 904 bilhões. Se não houvesse regulação do Estado, o céu seria o limite: o multiplicador monetário poderia atingir valores estratosféricos. Bancos lucram emprestando dinheiro a partir do dinheiro que tomam emprestado. O problema é que eles intermedeiam recursos líquidos dos seus credores para financiar investimentos não tão líquidos assim. E aí reside o problema: da mesma forma que multiplicam a base monetária, a oferta monetária também pode encolher. Quando esse encolhimento é abrupto, produz-se uma crise de liquidez tamanha no sistema econômico que nocauteia a atividade produtiva. Na crise de liquidez da quebra da bolsa novaiorquina em 1929, a atividade produtiva sofreu um baque de 23% entre 1930 e 1933. Para não colapsar a produção, o remédio atual é injetar muita liquidez nas veias do sistema econômico. Parafraseando Celso Furtado, o Estado socializa os prejuízos do sistema bancário para sustentar a atividade produtiva e o emprego. Não é à toa que haja um movimento em prol de uma maior regulação bancária. Quanto mais os bancos multiplicarem a base monetária, tanto mais se corre o risco de ter que ampará-los quando algo dá errado. Os liliputtianos querem amarrar o Gulliver financeiro para não ficarem refém dele. Se temos que andar num carro que é movido por um motor a explosão, é melhor que ele seja o mais seguro possível para que não estoure numa das curvas do caminho...