O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Melhorias na linguagem diplomatica (depende do estilo adotado, claro)...

Depois de uma definição genial de um assessor presidencial, quanto à postura que o Brasil não deveria ter na cena internacional -- "ficar de cócoras" -- temos aqui mais uma contribuição do Governo brasileiro para o enriquecimento da linguagem diplomática.
----------------
Paulo Roberto de Almeida

Lula critica política do 'ou dá ou desce' ao falar de possíveis sanções ao Irã
Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília
O Globo, 26/05/2010

Referência foi a países que rejeitam acordo intermediado por Brasil e Turquia.
'Comigo ninguém dá e todo mundo desce. Esse é meu lema', afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira (26) o que chamou de política do “ou dá ou desce” em relação ao programa nuclear iraniano. Segundo Lula, alguns países se recusam a aceitar o acordo com o Irã, intermediado pelo Brasil e pela Turquia, porque, em vez de negociar, querem fazer uma demonstração de “força”. O presidente discursou durante a 4ª Conferencia Nacional de Ciencia e Tecnologia, em Brasília.
“Vocês estão acompanhando pela imprensa. Nas vésperas que eu estava lá, tinha gente dizendo ‘Ah, o Lula é inocente, o Lula não sabe nada’. Porque tem gente que ao invés de sentar na mesa para negociar prefere mostrar ‘Eu tenho força, ou dá ou desce!’. Eu não sou assim. Comigo ninguém dá e todo mundo desce. Esse é o meu lema”, disse o presidente.
Vocês estão acompanhando pela imprensa. Nas vésperas que eu estava lá, tinha gente dizendo ‘Ah, o Lula é inocente, o Lula não sabe nada’. Porque tem gente que ao invés de sentar na mesa para negociar prefere mostrar ‘Eu tenho força, ou dá ou desce!’. Eu não sou assim. Comigo ninguém dá e todo mundo desce. Esse é o meu lema"

Na semana passada, Lula, o primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, e o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, anunciaram um acordo que prevê a entrega em território turco de urânio levemente enriquecido. Em troca o Irã receberia em até um ano combustível nuclear. O governo brasileiro classificou as negociações como uma “vitória da diplomacia”. No entanto, potências internacionais anunciaram que continuarão a discutir sanções ao país de Ahmadinejad.
O acordo foi visto com reservas pelos Estados Unidos e países europeus desde seu anúncio. Os pedidos de sanções são liderados pelos Estados Unidos e devem ser debatidos nas Nações Unidas. A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, já se manifestou várias vezes com ceticismo sobre o acordo intermediado pelo Brasil e a Turquia.

Segundo Lula, o que faltava para conquistar um acordo com o governo iraniano era estabelecer “uma política de confiança”. No entanto, algumas potências internacionais se recusam a aceitar a proposta porque, segundo o presidente, “não sabem fazer política sem um inimigo”.
“Fomos lá humildemente, estabelecemos uma política de confiança, e quando fizemos o acordo, que eu achava que os países que queriam levar o Irã pra mesa iam ficar felizes, eis que eles não queriam. Porque no mundo tem gente que não sabe fazer política sem ter um inimigo. Primeiro é preciso criar inimigo, e o inimigo tem que ser ruim, a cara tem que ser feia e temos então que demonizá-lo”, criticou.

===============

Comentário do jornalista Políbio Braga (Porto Alegre), sobre a substância das tratativas diplomáticas das últimas semanas:

O traiçoeiro Pacto de Teerã encurralou Lula

Vale a pena prestar atenção a estes dois movimentos que ocorreram nas relações Brasil x EUA por conta da trapalhada de Lula no Irã:

1) Lula desembarcou caladíssimo no Brasil e não foi festejado como novo emissário da paz sequer por seu Partido, o PT.

2) O pito que Lula levou quando ainda estava no exterior (a crítica pública de Obama ao Acordo de Teerã), seguiu-se esta semana de dois outros magnos eventos:

a) Obama anunciou publicamente que não aceitou o convite de Lula para visitar o Brasil.

b) Na China, Hillary Clinton repeliu a entrega da cópia do Acordo de Teerã à AIEA, da ONU. Os EUA falam em seu próprio nome e no nome da China, Rússia, Alemanha, França, Inglaterra e Japão.

. Não é pouco. Lula e Ahmadinejad podem até ter pensado que ninguém perceberia que o Acordo de Teerã visou apenas dar tempo ao Irã para produzir sua bomba atômica e com ela destruir Israel e ameaçar os EUA. Embora sem as mesmas dimensões, o Acordo de Teerã lembra muito os Acordos (Pactos) de Munique e Ribentrop-Molotov. As características traiçoeiras de todos eles, são comuns. Lula faz bem em se calar e em recuar. A esta altura do campeonato, Lula faria melhor caso se calasse, colocando-se na posição de um presidente em fim de mandato. Ao recrudescer em suas bravatas, Lula apenas compromete as condições de governabilidade do próximo presidente e os interesses do Brasil.

Um comentário:

José Marcos disse...

EXAGERO...

Esse é o típico comentário exagerado que acirra a opinião pública anti-Irã: "Lula e Ahmadinejad podem até ter pensado que ninguém perceberia que o Acordo de Teerã visou apenas dar tempo ao Irã para produzir sua bomba atômica e com ela destruir Israel e ameaçar os EUA." Destruir Israel? Ahmadinejad pode até ter esse desejo, mas ele sabe que no dia em que uma cidade israelense for destruída por uma explosão nuclear, o Irã desaparecerá completamente do mapa... Uma coisa é construir uma bomba atômica, outra é usá-la. Uma coisa é ter uma bomba atômica, outra é ter centenas como Israel.