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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Crescer ou nao crescer: nao se resume a isso o dilema

Alguns acham que o Brasil vai muito bem em termos de política econômica, e creditam ao atual governo todo o sucesso do crescimento econômico na fase presente. Exibem números e dizem que o Brasil é um sucesso.
A verdade é que, durante todo o período de crescimento da economia mundial, o Brasil se manteve sistematicamente abaixo das médias mundiais, fazendo inclusive três vezes menos do que os emergentes dinâmicos.
Agora, que a economia mundial está na recessão, se diz que estamos bem, apenas porque ficamos um pouco melhor na fotografia.
Se esquece de relembrar que isso é em grande medida o resultado da manutenção da política econômica anterior, sem NADA de novo.
Aliás, o que existe de novo é a manutenção, por CINCO ANOS, da mesma taxa de inflação, que é mais do que o dobro da mundial.
Aos olhos de qualquer economista sucesso, isso é um fracasso completo. E que não se credite isso ao Banco Central, que teria gostado de baixar a meta para uma medida mais razoável.
Ou seja, o governo ENCOMENDA inflação para corroer nosso poder de compra. Isso é simplesmente um roubo...
Vejam a matéria abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

A meta de inflação que deu certo, segundo o ministro
Editorial Econômico
O Estado de S.Paulo, 25 de junho de 2010

O Conselho Monetário Nacional (CMN) manteve, para 2012, a mesma meta de inflação de 2011, isto é, o centro da meta em 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos.

A decisão era prevista, mas mostra a disposição do governo de manter uma meta elevada, evitando que o Banco Central tenha de praticar uma política monetária muito restritiva, que, aos olhos do governo, freia o crescimento econômico.

Entre os países com política monetária baseada em meta de inflação, a do Brasil é a mais alta. Além disso, a meta não muda desde 2005, dando a impressão de que, apesar do crescimento da economia desde então, não conseguimos reduzir a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - o índice de referência para a meta.

Desde 2005, a inflação medida pelo IPCA ficou duas vezes abaixo da meta, uma vez praticamente igual e os outros anos, acima, sem ultrapassar a margem de tolerância superior. Daí a declaração do ministro da Fazenda de que o CMN escolheu "a meta que está dando certo".

Para um país que pretende se equiparar aos do Primeiro Mundo, é preciso notar que nossa inflação é praticamente o dobro da que neles ocorre. Mas o mais grave é que nos resignamos a uma inflação que se aproxima de 5% ao ano, sem um esforço sério para diminuí-la.

A cada ano, apesar de uma taxa cambial valorizada - que nos leva a comprar no exterior produtos mais baratos -, nosso poder aquisitivo real perde 5%. E esse é um bom pretexto para os sindicatos defenderem uma política de indexação dos salários, levando em conta não apenas a inflação passada, mas também a que é tida como meta futura.

Perdemos de vista o fato de que uma inflação oficialmente aceita serve de base para os reajustes dos serviços e que a concorrência não é intensa o bastante para compensar.

A escolha do governo se baseia no princípio de que um pouco de inflação é necessário para o crescimento econômico. Na realidade, o que mais teme o governo é a política monetária do Banco Central, que fixa uma taxa básica de juros que se traduz por uma alta do spread bancário e tem influência desastrosa sobre o custo da dívida interna, ao mesmo tempo que atrai investimentos estrangeiros de renda fixa. Em período de inflação baixa, nunca se pensou em reduzir a Selic para evitar esses inconvenientes, mas sempre se aceita que ela suba fortemente em períodos de pressão inflacionária.

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