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segunda-feira, 7 de março de 2011

Economia brasileira: o que esperar em 2011? - George Vidor

Um retrato honesto, factual, objetivo.

Desenho de 2011
George Vidor
O Globo, 7/03/2011

O quadro macroeconômico para 2011 no Brasil já está desenhado: juros básicos na faixa de 12% ao ano com o propósito de fazer a inflação recuar para menos de 5,5%, o que também dependerá do ritmo de crescimento do país (em torno de 4,5%). Já existem alguns sinais de redução na velocidade tanto no ritmo da atividade econômica como no da inflação, que ficarão mais evidentes, em breve.

Os números do primeiro trimestre serão acompanhados com lupa pelos analistas financeiros, pois esses indicadores é que darão pistas sobre a provável duração do novo ciclo de aperto monetário. Na quinta-feira, o Banco Central divulga a ata da reunião do Comitê de Política Monetária, descrevendo o cenário que levou as autoridades a se decidirem pelo aumento de 0,5 ponto percentual na Taxa Selic, o que, aliás, já era aguardado pela maioria das instituições financeiras ouvidas pelo próprio BC.

Os juros deverão permanecer elevados ao longo de 2011 e o melhor que se pode esperar é que as taxas parem de subir já na próxima reunião do Copom, marcada para meados de abril.

Entre os sinais de moderação observados pelos analistas estão os da contratação de mão de obra pela indústria da construção civil. No ano passado, as contratações formais, com carteira assinada, deram um salto no setor, com aumento de mais de 20%. Mas muitas das obras em execução, especialmente de novos edifícios e casas, estariam agora numa fase em que a necessidade de contratações se estabiliza (o período crítico teria sido no fim de 2009).

Por efeito estatístico, mesmo que a economia brasileira parasse de crescer daqui por diante, o Produto Interno Bruto de 2011 já evoluiria 1,7% (em 2010, esse efeito foi de 3,7%). Se a economia brasileira vier mesmo a se expandir os desejados 5%, crescerá bem acima da média dos últimos dez anos.

A safra brasileira de algodão em 2011 será a maior da história. Deve atingir o patamar de dois milhões de toneladas, motivada pelos preços internacionais do produto, que, em termos relativos, somente haviam alcançado cotações semelhantes durante a Guerra de Secessão nos Estados Unidos, quando os estados sulistas confederados, na época essencialmente agrícolas, rebelaram-se contra o Norte que se industrializava, deflagrando o conflito fratricida mais sangrento já visto pela humanidade. Mas isso foi na segunda metade do século XIX.

A colheita nem começou e os produtores já se comprometeram com trading internacionais a exportar um milhão de toneladas. Com isso sobrará para o mercado interno — se sobrar... — um milhão de toneladas, exatamente o volume consumido pela indústria nacional.

As empresas do setor têxtil estão apreensivas, pois ficaram espremidas entre o custo da matéria-prima (que, em um ano, aumentou quase 250%) e a concorrência de produtos acabados da China e de outros países asiáticos, que jogam os preços para baixo.

Como não é possível segurar o preço do algodão, ditado pelo mercado internacional, nessa altura dos acontecimentos as indústrias vão negociar com os produtores o fornecimento de matéria-prima (Mato Grosso atualmente responde por 45% da produção nacional).

A indústria têxtil e de confecções cresceu no ano passado 4,5%, menos que a média da economia (7.5%). É uma extensa cadeia produtiva, que envolve também a indústria química, os fabricantes de aviamentos (botões etc.), a rede do varejo, os estilistas, a mídia especializada, e por aí vai.

A Granja Brasil, empreendimento imobiliário lançado há 12 anos em Itaipava, na Região Serrana do Rio, adotou o sistema de fracionamento em novos lançamentos. Para os apartamentos grandes, com área interna de 600 metros quadrados (e preços que podem chegar a R$2,5 milhões) o fracionamento é oferecido como opção para quem sobe a serra eventualmente, pois o proprietário passa a ter direito a ocupar o imóvel por um certo número de fins de semana por ano (com os feriados longos em esquema de rodízio). Tal opção está conjugada ao recém-inaugurado hotel Clarion, dentro do condomínio, cujo foco são altos executivos que vão a Petrópolis durante a semana, a negócios. Os proprietários de apartamentos fracionados terão direito a desconto de 50% na diária do hotel, em fins de semana, e poderão usufruir de serviços de arrumadeira, lavanderia etc.

Nos Estados Unidos e na Europa esse sistema já é comum. No Brasil é relativamente recente, pois havia dificuldade em se lavrar escritura de apartamentos fracionados (no caso de terreno vazio isso já era rotineiro) e os potenciais investidores não se sentiam atraídos por essa opção.

Livro: A Economia Brasileira - Antonio Dias Leite
Com uma versão atualizada e revisada, a Editora Elsevier está lançando a segunda edição do livro do ex-ministro Dias Leite sobre a economia brasileira (com o subtítulo “Onde estamos, para onde vamos”). O prefácio dessa nova edição foi escrito por Arminio Fraga.

Dias Leite, professor emérito do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi presidente da então Companhia Vale do Rio Doce e depois ministro de Minas e Energia nas décadas de 60 e 70. Meu sogro, que foi colega dele na Escola de Engenharia na antiga Universidade do Brasil, no Largo de São Francisco, no Rio, dizia que Dias Leite já se destacava como um dos mais brilhantes alunos da faculdade.

O livro é muito interessante porque alterna análises históricas com alguns conceitos, em linguagem didática e acessível a qualquer tipo de leitor que tenha gosto pela economia, tema geralmente visto como árido demais.

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