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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Informacoes completamente inuteis: batatas fritas...

...pois é...
De vez em quando, este blog, que se pretende inteligente, veiculador de ideias inteligentes para pessoas inteligentes, descamba para o besteirol.
Mas é apenas com o intuito de demonstrar como pessoas supostamente inteligentes, estudiosas, até formadas em universidades e se dedicando a causas nobres -- neste caso, os Objetivos do Milênio, uma das muitas boas intenções dessa central de boas intenções e de desperdício de dinheiro que é a ONU -- podem, eventualmente, se dedicar a pesquisar perfeitamente inúteis e totalmente estapafúrdias.
A ONG abaixo descrita pretende que americanos comedores de batatas fritas deixem de comer, e portanto gastar dinheiro, com batatas fritas, e dediquem energias e recursos a criancinhas desnutridas ao redor do mundo (subdesenvolvido, por certo).
Sabem quando isso vai acontecer? NUNCA!
E não porque americanos sejam pessoas perversas e dedicadas apenas a seu bem-estar egoista. Eles são, simplesmente, um dos povos mais generosos do mundo na dispensa de favores e na ajuda aos mais pobres e necessitados, embora não relativamente, mas sim absolutamente. Isso não vai ocorrer, apenas porque o mundo não é assim.
E lamento pelo pesquisador das batatas fritas, ou pelo dispensador de bondades ao custo das batatas fritas alheias, mas ele faria melhor em poupar suas próprias batatas fritas e deixar que os outros decidam o que é melhor para cada um.
Enfim, apenas um besteirol inútil, que não deveria sequer figurar neste blog, mas a matéria também configura uma reflexão útil justamente sobre o que não fazer.
Perco o meu tempo dizendo que os outros perdem tempo com bobagens, em lugar de me ocupar de coisas sérias.
E o que seriam coisas sérias? Suponho que fazer com que essas crianças desnutridas não o sejam, pela qualificação produtiva de seus pais.
Isso passa, por exemplo, pelo desmantelamento da Política Agrícola Europeia, ou pelo menos pela eliminação de seus aspectos mais nefastos em termos de subsídios internos e de subvenções às exportações, que constituem dois poderosos fatores de desqualificação da agricultura produtiva em países que justamente exibem crianças desnutridas. Os EUA também praticam esses pecados europeus, mas em menor grau, e estariam dispostos a modificar seu sistema se os europeus o fizessem.
Ao vencedor, as batatas, disse alguém, mais precisamente Machado de Assis.
Neste caso, só existem perdedores, por enquanto, inclusive este blogueiro, que não precisaria estar escrevendo estas inutilidades se o mundo fosse diferente.
A proposta, inclusive, é completamente idiota - com desculpas pelo termo -- pois não é o dinheiro das batatas fritas americanas que vai diminuir a desnutrição das pobres criancinhas do Terceiro Mundo -- ou de alguns países subdesenvolvidos -- pois sabemos perfeitamente que essas coisas não funcionam assim. Países muito pobres a ponto de terem crianças desnutridas -- inclusive no próprio Brasil, em regiões rurais atrasadas ou em certas situações urbanas -- não o são por falta de dinheiro e sim por uma série de disfunções sociais e econômicas que não são corrigidas apenas com aportes de dinheiro.
Se o fossem, não haveria mais esse tipo de espetáculo, pois desde os anos 1950, dezenas de bilhões de dólares foram despejados, literalmente, nesses países e talvez a metade tenha voltado para bancos ocidentais. Pode-se despejar algumas centenas de milhares, alguns milhões a mais e isso não vai resolver o problema, ou apenas remediá-lo episódica ou temporariamente. Aliás, pode até agravar pois esse tipo de ajuda costuma desestruturar esquemas produtivos pré-existentes, que são assim empurrados para fora do mercado pela oferta generosa de alimentos.
Quando é que os ingênuos vão aprender?
Paulo Roberto de Almeida 

BATATAS FRITAS: o clipping diário do jornalista Marco Roza, com notícias selecionadas para os dirigentes nacionais da União Geral dos Trabalhadores (UGT), traz uma notícia interessante, se não fosse trágica: o valor gasto com batatas fritas nos Estados Unidos seria mais do que suficiente para evitar a morte de crianças por desnutrição. Segundo a nota, "para se desenvolver programas que beneficiariam 90% das crianças em estado grave de desnutrição no mundo, seria necessário investir 11,8 bilhões de dólares por ano, valor inferior ao que é desembolsado, anualmente, pelos Estados Unidos, em batatas fritas, estimado em 13,6 bilhões de dólares". O cálculo citado por Roza é da ONG Visão Mundial, uma das entidades que participam do fórum sobre os ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio).

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