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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Incendio na base da Antartida: minhas condolencias aos mortos e a pesquisa brasileira

Um desastre incomensurável, que deve atrasar por muitos anos qualquer pesquisa e qualquer novo esforço brasileiro na Antártida. Qualquer que seja o destino futuro dessa base (enfim, uma outra, próxima dali), é evidente que o golpe é rude para a pesquisa científica brasileira, ainda mais rude do que o golpe terrível (de impacto também comercial e tecnológico) ocorrido na base de Alcântara seis ou sete anos atrás.
Minhas condolências aos familiares dos mortos, minha solidariedade aos que tudo perderam na base, e minha esperança de que voltemos ao esforço, aprendendo com os erros, o que ainda não conseguimos fazer em relação a diversos outros episódios da vida nacional (em política, e em economia, por exemplo).
Paulo Roberto de Almeida 

 Estadão Online, 25/02/2012

A Estação Comandante Ferraz, base militar e científica brasileira na Antártica, foi destruída por um incêndio na madrugada deste sábado, 25, causando a morte de dois militares. Havia 60 pessoas na estação, metade delas pesquisadores de universidades nacionais, que escaparam ilesos. À tarde, a base foi abandonada pelos militares que ainda tentavam conter as chamas.
Em nota, a Marinha não reconhece nem as mortes dos militares nem a destruição da base. Informa apenas que o sargento Roberto Lopes dos Santos e o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo continuam desaparecidos e que o sargento Luciano Gomes Medeiros sofreu ferimentos, mas não corre risco de morte.
O fogo começou na praça das máquinas, onde funcionavam os geradores de energia da estação, e se alastrou com rapidez. A Comandante Ferraz tem um formato contínuo. A praça das máquinas não é separada fisicamente dos alojamentos, laboratórios e demais ambientes.
“A estação acabou.” A frase foi usada por um oficial da Marinha lotado na Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm), envolvida nas atividades brasileiras na Antártica, em telefonema à bióloga Yocie Yoneshigue Valentin, coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia-Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável por algumas das mais importantes pesquisas brasileiras no continente.
A especialista, que voltou da Antártica este ano, ainda conseguiu contato com alguns colegas que escaparam do incêndio com a roupa que vestiam.
“Eles deixaram tudo para trás, documentos, pesquisas, bagagem. É uma perda irreparável. Contaram que uns foram sendo acordados pelos outros, porque o alarme de segurança da estação não soou. Estamos consternados. Parece que não sobrou nada”, lamentou.
Cientistas que estavam na estação contam que os dois militares que morreram não conseguiram sair da praça de máquinas quando as chamas se espalharam. Os corpos continuavam à tarde dentro da estrutura onde funcionam os geradores da base, totalmente destruída.
O fogo começou às 2h. Uma explosão acordou a todos. As causas são desconhecidas. Os 30 pesquisadores, um alpinista que presta apoio às ações de campo, um representante do Ministério do Meio Ambiente e 12 funcionários civis do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (especializados em reparos e manutenção) foram transferidos ao amanhecer, em helicópteros, para a base antártica Eduardo Frei, do Chile.
De acordo com a Marinha, um avião cedido pela Força Aérea da Argentina resgatou o grupo brasileiro na base chilena, levando-o para a cidade de Punta Arenas, na Patagônia do Chile. De lá os brasileiros deverão voltar em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que decolou neste sábado à tarde do Rio.
Em contatos por e-mail com parentes no Brasil, os pesquisadores relataram de modo bastante sucinto o que aconteceu e avisaram que somente em Punta Arenas, por causa dos transtornos e dificuldades decorrentes do incêndio, poderão retomar os contatos.
“Aconteceu um incêndio na estação. Fomos resgatados agora sem ferimentos. (…) Estamos na base chilena. (…) Assim que puder telefono”, avisou cedo o biofísico João Paulo Machado Torres, da UFRJ, à mulher Susana Fonseca.
Uma equipe de 15 militares da Marinha, comandadas pelo capitão-de-fragata Fernando Tadeu Coimbra, permanecera na base, sediada na Baía do Almirantado, ilha Rei George, no arquipélago Shetlands do Sul, a 130 km do continente antártico, para apagar o fogo. À tarde, a Marinha informou que até eles tiveram que abandonar a base, oficialmente devido às “condições meteorológicas adversas”.
“Assim que as condições meteorológicas permitirem, a Marinha do Brasil, com apoio do navio ‘Lautaro’, da Armada do Chile, enviará uma equipe do grupo-base,liderada pelo chefe da Estação Antártica Comandante Ferraz (capitão-de-fragata Fernando Tadeu Coimbra) para avaliar os danos causados à estrutura da Estação”, informa comunicado da Marinha.

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