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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Juca Paranhos: bon vivant... - Alexandre Belmonte

Há diversos equívocos neste artigo, a começar pelo título: Juca Paranhos nunca foi barão; quando este "surgiu', o personagem já não era mais o Juca Paranhos, e sim o cônsul-historiador, filho do seu pai, ou seja, o Visconde...
Não vamos nos enganar, nem exagerar, nem misturar as coisas...
Esta matéria, aliás, já foi postada aqui, em outro formato...
Paulo Roberto de Almeida
Juca Paranhos: o barão bon-vivant

Patrono da diplomacia brasileira, o Barão do Rio Branco - cujo centenário da morte é lembrado este ano - curtiu muito a vida até ter atuação fundamental na consolidação do território nacional

Alexandre Belmonte
Revista de História da Biblioteca Nacional6/2/2012
Corre o ano de 1862 e a boemia acadêmica está no seu apogeu: o Romantismo está em toda a parte. No quarto de uma república na esquina do Beco dos Cornos, em São Paulo, o futuro barão dorme com a cabeça apoiada num velho paletó, enfiado a socos numa fronha, após uma noite de algazarra. A luz é de velas, postas em gargalos de garrafa. Uma ruidosa comemoração acaba de acontecer.
Sim, estamos falando de José Maria da Silva Paranhos Junior, o barão do Rio Branco – ou Juca Paranhos, para os íntimos. Como lembra Marcio Tavares D’Amaral, em "O Barão do Rio Branco" (Editora Três, 1974), as bagunças aconteciam “a qualquer propósito ou sem propósito algum”. Nada que um banho frio não curasse: Juca costumava se banhar, nu em pelo, no rio Tamanduateí.
Saraus literários, serenatas noturnas com flauta, violão e cavaquinho, e um jovem pela primeira vez longe dos pais, numa cidade estranha. O futuro barão vivia numa república com outros jovens, que o definiam como um “colega agradável, sempre alegre, pronto para as festas e brincadeiras”. A cavalo, ia até a Penha, a Pinheiros e ao Ipiranga. Presença constante em teatros, circos, corridas de cavalo, bailes, e também em procissões e missas cantadas. Na livraria Garraux ou em alguma confeitaria, passava horas a conversar. Vai para o Recife, conclui o bacharelado e parte para a Europa, com um prêmio de loteria de 12 contos de réis nos bolsos!

'Uma vida perdida de boêmio'
Seus hábitos pareciam incomodar muita gente. Era vaidoso, usava cabelos longos, penteados para trás, e uma solene sobrecasaca. Gostava de vestir-se bem, e dizem que era elegante e polido, de uma beleza quase feminina. Luís Viana Filho, um de seus biógrafos, chega a dizer que “nada o deliciava mais do que a indiscrição de um decote, permitindo-lhe avançar o olhar sobre um belo colo”. Ainda no Colégio Pedro II, o futuro barão iniciava sua vida sentimental de mãos dadas com uma menina da sua idade – mas era ainda tão criança que seu pai, o visconde do Rio Branco, ia buscá-lo na saída da escola.
No Rio, o barão passava várias noites em teatros e cafés, e muitos diziam que levava “uma vida perdida de boêmio”. Almoçava às 3 da tarde e jantava de madrugada, na companhia das atrizes do Teatro Alcazar. É aí que, em 1872, apaixona-se pela atriz belga Marie Stevens. O primeiro filho do casal nasce um ano depois, em Paris, e Juca faz com que ela regresse prontamente ao Brasil. Somente após dois anos é que sua mãe aceita batizar o pequeno Raul, e mesmo assim por procuração.
Nascem mais filhos, e a princesa Isabel, valendo-se da ausência do pai, assina seu ato de nomeação de cônsul em Liverpool. Marie vai para Paris com as crianças, enquanto Juca se prepara para ir a Liverpool. Nesse ínterim, apaixona-se pela sobrinha do Duque de Caxias, Maria Bernardina, “um anjo de beleza” de apenas 15 anos. Vai para Liverpool e passa seu tempo entre seus afazeres na cidade inglesa e sua vida familiar em Paris. Escreve a um amigo italiano, em 1877, dizendo que a situação não vai bem com a “marechala”: não consegue romper seu casamento com Marie e desposar Maria Bernardina. “É muito difícil, muito doloroso para um pai não saber qual será o destino e o futuro dos seus filhos”, desabafa.
Na edição impressa você confere um artigo sobre a atuação fundamental do barão na consolidação do nosso território no início da República, incluindo ainda uma foto pouco conhecida do jovem Juca Paranhos, aos 17 anos. Veja também as homenagens ao barão marcadas para este ano no Rio de Janeiro e em Brasília.
Alexandre Belmonte é pesquisador da Revista de História da Biblioteca Nacional
Grande orador, Rio Branco discursa na abertura da 3ª Conferência Pan-Americana, no Palácio Monroe, em agosto de 1906.
Foto: Wikimedia Commons
Foto: Wikimedia Commons











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