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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Diplomacia partidaria e politica externa do Brasil - Marcio Bittar

Independente do partido do autor do artigo, caberia fixar-se nos argumentos, não em quem os expede.
http://www.contilnet.com.br/Conteudo.aspx?ConteudoID=18194

06/06/2012 14:41 - Atualizado em 06/06/2012 15:26
Os Equívocos da Diplomacia Petista
Marcio Bittar
É eloquente o mutismo da diplomacia brasileira diante dos constantes ataques do governo cubano aos dissidentes políticos em greve de fome, desqualificados pelo presidente brasileiro, à época, como meros criminosos comuns.

O mundo assiste, com indignação, a crescente onda de violência perpetrada pelo governo sírio contra sua população civil, que culminou, na última semana de maio, com o massacre ocorrido em Houla, que resultou em 108 mortos, dentre eles, 49 crianças com menos de 10 anos, marcando a exacerbação das pressões por uma intervenção por parte da ONU naquele país.

No momento em que os principais países recorrem às mais duras medidas para repudiar o massacre sistemático do povo sírio por seu próprio governo, o Brasil mais uma vez decide contemporizar e defende a manutenção do diálogo com o ditador sírio Bashar AL-Assad, isolando o Brasil perante a comunidade internacional.

Este é mais um episódio que mancha a diplomacia brasileira, somando-se aos diversos sinais de apoio a ditaduras que desrespeitam os direitos humanos, promovidos pelo governo do PT, resultando em fatos grotescos, como a recepção em Brasília do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e a viagem do presidente Lula a Teerã para tentar evitar, inutilmente, uma ação da comunidade internacional contra o programa nuclear iraniano. 

Ou manifestações de simpatia pelo ditador do Zimbábue, Mugabe, com quem se reuniu por iniciativa de Hugo Chávez. Ou a impotência diante da transformação da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa num palanque do aliado Manuel Zelaya, presidente deposto de Honduras.

É eloquente o mutismo da diplomacia brasileira diante dos constantes ataques do governo cubano aos dissidentes políticos em greve de fome, desqualificados pelo presidente brasileiro, à época, como meros criminosos comuns.

Também é inegável a ligação umbilical do PT com as FARC, uma notória força terrorista que tem se dedicado muito mais aos sequestros, atentados, assassinatos e tráfico de drogas do que propriamente à luta política contra o governo constitucionalmente eleito da Colômbia. E essa história ligação passou a afetar, de forma negativa, a nossa política externa com aquele país vizinho.

Da mesma forma, o Itamaraty assiste com uma omissão surpreendente, aos arroubos ditatoriais do governo de Hugo Chavez, que cala, com violência, a imprensa e a oposição venezuelana.

Ora, a questão da política externa, em qualquer país democrático, é uma política de Estado, e não de governo ou de partido. Mas, ao longo dos governos petistas tem ocorrido uma clara inversão de valores, com uma grande influência da ideologia partidária nas ações do Itamaraty.

Essa partidarização da política externa respondeu, primordialmente, ao objetivo de dar uma satisfação ideológica aos segmentos mais radicais do PT, como uma espécie de compensação pela continuidade no modelo econômico herdado do governo do PSDB. Ocorre que essa prática tornou-se hábito e hoje a diplomacia “companheira”, promovida nos governos petistas, demonstra uma opção por um modelo terceiro-mundista arcaico e um antiamericanismo infantil e estéril.

São vários os equívocos cometidos pelo governo, no seu afã de pintar com cores ideológicas as relações externas. O Governo brasileiro apoiou para a direção da Unesco o cidadão egípcio antissemita Farouk Hosni, e foi derrotado fragorosamente. E, o mais grave, para apoiar uma indicação de flagrante caráter partidário, o Brasil desprezou o diplomata brasileiro Márcio Barbosa, que teria o apoio dos países europeus e dos próprios Estados Unidos.

Na viagem da presidente Dilma à China em 2011, os direitos humanos estiveram ausentes da pauta, mesmo diante das notícias de que, desde as Olimpíadas e dos protestos em Xinjiang e no Tibete, ocorreu uma onda repressiva que é a pior desde os massacres da Praça da Paz Celestial. A prisão do Nobel da Paz Liu Xiaobobo e do artista plástico Ai Weiwei são somente a ponta do iceberg da violência política chinesa. E o governo brasileiro mantém-se silencioso, em nome de discutíveis interesses comerciais.

É inaceitável que aqueles que ocupam o governo brasileiro e a bem pouco tempo lutavam contra a ditadura militar, empunhando bandeiras em favor das liberdades, hoje relativizem os direitos humanos.

O viés ideológico da nossa política externa significa o abandono de posições constitucionais de defesa dos direitos fundamentais e tem custado caro ao país. Lembro que o governo boliviano expropriou as instalações da Petrobras naquele país, e o Brasil respondeu a esse gesto criminoso contra os interesses nacionais com absoluta omissão.

Atualmente cidadãos brasileiros são vítimas de ataques da polícia do “companheiro” Evo Morales. Agricultores e comerciantes instalados há muitos anos nas franjas da fronteira entre a Bolívia e o Brasil, são expulsos de forma sumária e violenta, e a diplomacia brasileira assiste a todos os arroubos populistas do Presidente Boliviano com absoluta leniência.

É urgente que o governo devolva a diplomacia brasileira ao trilho dos ditames constitucionais, que determina o respeito à prevalência dos direitos

humanos, abandonando a posição dúbia de silencio obsequioso diante de violações cometidas por países como a Síria, o Irã, China, Venezuela ou Bolívia.

Se o Brasil cresce com importância potencial no cenário mundial, não tem como continuar tratando política externa com posições anacrônicas e eivadas por preconceitos. Quando o governo se omite diante de barbáries, a omissão se dá em nome de todos os cidadãos brasileiros.

A diplomacia imposta pelo PT, em razão dos equívocos acima apontados, vem descapitalizando de maneira crescente a credibilidade internacional do Brasil, comprometendo, desse modo, o próprio prestígio do País. Esta situação vem sendo agravada pelo empenho do governo em construir parcerias com regimes pautados pelo arbítrio. A continuidade desta diplomacia é indesejável e inconstitucional.

*Marcio Bittar é Deputado Federal pelo PSDB/AC e Presidente do Diretório Estadual do PSDB/AC

Um comentário:

Anônimo disse...

"buddy diplomacy"(!)

Vale!