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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Venezuela no Mercosul: a posicao a favor - tecnicos do Ipea

Os autores estão mal informados sobre os tratados de integração existentes, se enganam no quadro jurídico-legal do Paraguai e se equivocam completamente quanto ao sentido do comércio entre o Brasil e a Venezuela. De toda forma, são funcionários obedientes do governo, e por isso escolheram deformar totalmente o processo político em relação ao Paraguai, e edulcorar as relações dos países do Mercosul com a Venezuela.
Eles estão a serviço de uma causa, que não é exatamente a verdade. Aliás, escondem a verdade, por razões totalmente políticas.
Paulo Roberto de Almeida

Folha de S.Paulo, 05/07/2012 - 03h00

Tendências/Debates: Bem-vinda ao Mercosul, Venezuela

PEDRO BARROS
LUIZ PINTO
FELIPPE RAMOS
O caso do golpe ocorrido no último dia 22 no Paraguai, que destituiu o presidente Fernando Lugo, gerou uma resposta uníssona dos chefes de Estado do Mercosul em condenação à ruptura da ordem democrática no país vizinho --posição amparada pelo Protocolo de Ushuaia II, que prevê a cláusula democrática para permanência no bloco.
A suspensão do Paraguai do bloco permitiu a adesão da Venezuela como membro pleno do Mercosul, que vinha sendo postergada pela maioria oposicionista do Congresso paraguaio há três anos. O ingresso da Venezuela é um grande avanço para a integração sul-americana.
A decisão dos presidentes tem impacto político forte, uma vez que serve para pressionar o governo de facto do Paraguai sem recorrer a sanções econômicas que acabam por penalizar a população. Simultaneamente, resolve-se o impasse da adesão de um novo membro.
A nova adesão amplia geopoliticamente o Mercosul em direção ao norte da América do Sul, superando a fase "Cone Sul" do bloco.
Com a entrada da Venezuela, os Estados amazônicos passam, de fato, a ser parte do Mercosul. É um novo fôlego é vislumbrado.
A importância econômica da Venezuela pode equilibrar a díade entre Brasil e Argentina no bloco. Com o 24º PIB do mundo, de US$ 389 bilhões, segundo o relatório de 2010 do Banco Mundial, a economia da Venezuela é maior do que as do Chile (43°), do Peru (50º), da Bolívia (101°) e do Paraguai (103°) juntos. Nessa lista, o Brasil aparece em 7°. A Argentina, em 27°.
A Venezuela apresenta ainda as maiores reservas certificadas de petróleo do mundo, com a faixa do Orinoco, que permitirá nos próximos anos um desenvolvimento acelerado. O Brasil e os demais membros do Mercosul podem cooperar.
Para o Brasil especificamente, a entrada da Venezuela potencializa o processo de aprofundamento das relações econômicas: em 2003, o comércio entre os dois países era de US$ 880 milhões, ampliando-se para US$ 5,9 bilhões em 2011 --uma ampliação de cerca de sete vezes.
Nos cinco primeiros meses deste ano, as exportações do Brasil para a Venezuela cresceram 40,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A Venezuela é hoje o terceiro superávit comercial do Brasil, oscilando entre os três maiores sócios comercias do país desde 2007.
Para além das vantagens e oportunidades econômicas, a presença da Venezuela no bloco apresenta claro sentido estratégico.
A integração do Brasil com os países vizinhos segue ritmo menor do que a entrada massiva da China e outras potências extrarregionais no continente. Essa nova presença ameaça diminuir o comércio intraregional de produtos com mais valor agregado. Para uma política de competição com a China, é preciso ampliar a integração do Mercosul.
A entrada da Venezuela pode abrir caminho a alguns países andinos, amazônicos e caribenhos para ingressar no bloco. O Mercosul pode, então, caminhar para um salto qualitativo em duas dimensões:
1) Ampliação do número de membros, para além da Venezuela;
2) E o impulso à reforma da agenda do bloco em direção à superação definitiva da fase comercialista para a integração produtiva.
Conforme recordava Celso Furtado, a crise pode acelerar a história.
PEDRO SILVA BARROS, 32, é professor do departamento de economia da PUC-SP e titular da missão na Venezuela do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); LUIZ FERNANDO SANNÁ PINTO, 28, doutorando em economia política internacional na UFRJ e FELIPPE SILVA RAMOS, 26, mestre em sociologia pela UFBA, são pesquisadores vinculados à missão do Ipea na Venezuela

2 comentários:

Fabrizzio disse...

Prezado Paulo Roberto de Almeida, o Sr. já foi melhor nas suas análises, esta, especialmente escrita de maneira superficial e deslocada da realidade, o que ocorre frequentemente, como bem sabe, quando estamos "do outro lado". Mesmo que os pesquisadores tenham influência da atividade que exercem, o que é natural, o artigo foi escrito de maneira serena, sensata e com tendência integracionista, distante da teoria da conspiração que beira a esquizofrenia apresentada no pequeno texto raivoso e pretensioso. Deve ser difícil para o profeta do apocalipse do Mercosul ver toda sua fundamentação teórica cada vez mais distante do mundo real. Gostaria que o Sr. se aprofundasse, em dois argumentos: qual o sentido do comércio entre o Brasil e a Venezuela? Qual é a verdade?

Fabrizzio Cedraz

Paulo Roberto de Almeida disse...

Vou responder num novo post.
Posicoes politicas enviesasas, mesmo as mais debeis, merecem uma refutacao explicita, pois tem gente que nao separa comercio de politica.