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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Argentinizacao do setor eletrico brasileiro: legado da atual administracao?

Parece incrivel como o fascismo corporativo entranhou de tal maneira o comportamento, os hábitos e as mentalidades em Brasilia, que os potentados, baronetes, chefes e chefetes, sem falar no soberano onisciente, se julgam habilitados, mandatados, até obrigados a impor suas soluções canhestras sobre os cidadãos e as empresas de qualquer setor -- público ou privado, não importa -- para qualquer problema que apareça na agenda.
Estão construindo, a partir da capital isolada, e com base em péssima análise técnica dos problemas, "soluções" que vão pesar de maneira terrível sobre o futuro do crescimento brasileiro, um país condenado a conviver com taxas ridículas, medíocres de crescimento econômico, com alta incompetência gerencial (se este adjetivo se aplica, o que não parece ser o caso), e com poucas chances de criar um processo dinâmico de expansão econômica.
Isso porque os keynesianos de botequim que nos governam têm pretensões e interpretar o momento histórico brasileiro a partir de uma visão do mundo não só ultrapassada como singularmente carente de maior consistência intrínseca.
Não precisa apertar o cinto, pois a mediocridade dominante garante uma velocidade de cruzeiro equivalente a um jegue carregado de areia...
Paulo Roberto de Almeida
Choque de incompetência
06 de dezembro de 2012
Editorial O Estado de S.Paulo
Incompetência, autoritarismo e uma espantosa desinformação condenaram o governo federal ao fracasso em seu plano de antecipar a renovação de concessões do setor elétrico. Se ainda houvesse alguma dúvida, teria sido eliminada pelo secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, na entrevista coletiva de terça-feira à tarde. "Essas companhias privilegiaram seus acionistas e não a população brasileira", disse ele, referindo-se à Cesp, à Cemig e à Copel, como se a decisão dessas empresas de rejeitar a proposta do governo fosse, além de surpreendente, censurável. É quase incrível, mas o número dois de um Ministério responsável por grandes sociedades por ações, como a Petrobrás e a Eletrobrás, parece desconhecer as obrigações de empresas desse tipo em relação aos detentores de seus papéis. Mas a aparente surpresa do secretário, embora chocante no primeiro momento, combina perfeitamente com o estilo de ação seguido pela cúpula federal nessa e em várias outras iniciativas desastradas.
A Fazenda paulista detém 94,08% das ações ordinárias da Cesp e, juntamente com outras entidades ligadas ao governo do Estado, 40,6% do capital. A maior parte está distribuída entre vários acionistas, incluída a Eletrobrás (2,05%). Os papéis são negociados na Bovespa e no mercado de balcão americano. As ações do Grupo Cemig, controlado pelo governo de Minas Gerais, estão espalhadas entre 114 mil investidores em 44 países e são negociadas em São Paulo, Nova York e Madri.
O secretário executivo do Ministério teria encontrado ideias esclarecedoras se tivesse visitado o portal eletrônico da Cemig. A declaração sobre "missão, visão e valores" inclui referências a "dividendos, juros sobre capital próprio, agregação de valor, capacidade de geração de caixa e retorno sobre investimento". Sua responsabilidade social cobre a oferta de energia à sociedade, o respeito ao meio ambiente e também aos "clientes, colaboradores, acionistas, governos e comunidades". Rentabilidade, geração de caixa e respeito aos acionistas são condições para o bom atendimento de todos os princípios e valores enunciados.
O governo federal, no entanto, segue ideias diferentes ao decidir o destino das empresas sob seu controle, sem levar na devida conta os interesses dos demais acionistas. A adesão da Eletrobrás ao esquema proposto pelo Ministério de Minas e Energia foi decidida contra a opinião de minoritários. Apesar de seus protestos indiscutivelmente legítimos, esse grupo foi desconsiderado e o governo impôs sua vontade. O alerta para o mercado é inequívoco: investir em estatais controladas pela União é assumir riscos muito sérios de perda de patrimônio. Perdas já ocorreram com a redução do valor de mercado da Eletrobrás, iniciada há meses e acelerada a partir de setembro, quando a presidente Dilma Rousseff anunciou a proposta de renovação das concessões. A adesão da empresa ao esquema oficial justifica mais preocupações. Mas ninguém deveria surpreender-se. Quantos danos foram impostos à Petrobrás, com o controle de preços de combustíveis e com a interferência desastrosa em seus planos de investimento?
Bons propósitos, como o barateamento da energia, são insuficientes para a produção de bons resultados. Competência ainda é um requisito importante, mas esse artigo continua muito escasso em Brasília. O governo tenta compensar essa deficiência apelando cada vez mais para o voluntarismo e o autoritarismo. Todos querem contribuir para a redução das tarifas de energia, "mas é um risco, uma imprudência, quase um desatino", fazer isso à custa da insolvência do setor, disse o senador Aécio Neves.
Especialistas conhecidos também se manifestaram contra a maneira de agir do governo. A proposta oficial não levou em conta o valor necessário para as empresas manterem a qualidade do sistema, disse o professor Luiz Pinguelli Rosa, do Coppe-UFRJ. O professor Ildo Sauer, da USP, atribui à presidente Dilma Rousseff uma política de argentinização do setor elétrico. É uma descrição tão apropriada quanto assustadora. Os industriais deveriam levá-la em conta, antes de reafirmar seu apoio ao novo desatino federal.

Um comentário:

Anônimo disse...

http://www.clarin.com/politica/Ley-prorrogan-solicitada-Grupo-Clarin_0_823717881.html

http://www.clarin.com/politica/completo-Camara-prorrogo-cautelar-CIJ_CLAFIL20121206_0003.pdf

http://www.clarin.com/politica/Alak-confirmo-Gobierno-recurrira-Corte_0_823717894.html

http://www.clarin.com/politica/Fuerte-independencia-Poder-Judicial-funcionamiento_0_823717844.html

http://www.clarin.com/politica/Indivision-Poderes_0_823717668.html

"Juquinha" neles!

Vale!