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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Miseria da oposicao no Brasil: preguica, incompetencia ou conivencia?

A oposição, no Brasil, não existe, de fato e de direito. O que temos é lamentável, pois são bobalhões atrapalhados que sequer sabem avaliar o processo político e cumprir seu papel de oposição.
Toda democracia legítima se articula em torno de dois, três, no máximo quatro polos políticos de posições políticas, econômicas e ideológicas (o resto é bobagem, aventureirismo ou porralouquice).
As grandes democracias costumam ter duas alternativas: os distributivistas e os mercadistas, embora nem sempre as forças políticas sejam coerentes com quem prefere mais o mercado ao Estado ou vice-versa.
No Brasil é essa geleia que a gente conhece, e mesmo os mais reacionários arautos da direita, os oligarcas, oportunistas, ladrões, se aliam ao governo, qualquer que seja ele, mesmo um alegadamente (e mentirosamente) de esquerda, como é essa coisa que nos governa.
Já escrevi há mais tempo sobre a miséria de nossa oposição: eu não a considero minha, e acho que esses caras de partidos não governistas são todos uns incompetentes, ou preguiçoso, ou então, o que é pior, coniventes com o estado de coisas.
Quem desejar ler meu artigo sobre a questão, pode ver este link:

Em abril de 2011 publiquei um texto de críticas à nossa medíocre oposição política. Parece que ela continua medíocre, e o texto mais do que atual:
A Miséria da Oposição no Brasil Da Falta de um Projeto de Poder à Irrelevância Política?
Paulo Roberto de Almeida
Revista Interesse Nacional, Abril 2011
Segue o artigo, tal como publicado na revista Interesse Nacional e disponível neste link: http://interessenacional.uol.com.br/2011/04/a-miseria-da-oposicao-no-brasil-da-falta-de-um-projeto-de-poder-a-irrelevancia-politica/#more-245

Abaixo reproduzo o artigo de um jornalista muito conhecido para ser apresentado:
Paulo Roberto de Almeida

Governo Dilma acumula fiascos, mas o fiasco da oposição, em ritmo de ziriguidum, consegue ser maior. Alalaô, ô, ô, ô…
Reinaldo Azevedo, 8/02/2013

Preste bem atenção, leitor amigo!

No dia 3 de setembro do ano passado, escrevi um texto afirmando que a oposição estava em greve havia sete anos — agora, quase oito. Quando decidiu que não iria tentar o impeachment de Lula mesmo depois de Duda Mendonça ter confessado que a campanha eleitoral de 2002 fora paga em moeda estrangeira, no exterior, com “recursos não contabilizados” e já no curso do mandato do Apedeuta, renunciava a seu papel. No dia 2 deste mês, publiquei o post “Tucanos pra quê?”. No dia 4, “Onde está a oposição que vai dizer: ‘isso não’? Para dizer ‘isso sim’ já existe a situação!” Um leitor até afirmou que ouviu de um tucano, amigo seu, a informação de que eu, na verdade, seria um perigoso esquerdista cumprindo o papel de excitar a militância vermelha. Pois é… Pelo visto, se não sou eu a fazê-lo, em companhia de mais uns dois ou três, morreremos no Brasil mais de tédio do que de bala ou de vício…

Os números da inflação de janeiro demonstram que as coisas não vão bem. Houve um aumento generalizado de preços, o que é ruim. Os preços dos alimentos, em particular, dispararam, como sabe quem vai ao supermercado. Dilma está conseguindo conjugar inflação alta, baixo crescimento e investimentos medíocres. Sabe-se agora que a contabilidade criativa de Guido Mantega teve de recorrer a uma grana do FGTS para conseguir fechar as contas. A Petrobras, a cada dia, tem uma má notícia nova, herança maldita da dupla José Sérgio Gabrielli-Luiz Inácio Lula da Silva. E, no entanto, cadê a oposição?

Ontem, lembra reportagem de Maria Lima, no Globo, era dia de a oposição deitar e rolar no Congresso. É o que a minoria faria em qualquer democracia do mundo. O governo foi acumulando notícias ruins. Mas cadê oposição? Foi pular o Carnaval antes da hora, que ninguém é de ferro, pô! Era só o que faltava, né? O Brasil em ritmo de ziriguidum, de balacobado, de telecoteco, e os oposicionistas vão ficar debatendo assuntos aborrecidos como inflação, crescimento, investimento, contabilidade criativa? E olhem que Mantega já começa a fazer inveja a Cristina Kirchner em matéria de manipulação de números, mas nada se diz por aqui. Alguém se espanta que senadores da oposição tenham traído Pedro Taques (PDT-MT) na eleição para o Senado?

Leiam um trecho do texto do Globo. Volto depois.

Quinta-feira de anúncio de novos números negativos da inflação seria, como avaliou um líder governista, dia de a oposição ocupar as tribunas e “nadar de braçada” nas críticas ao governo. Mas, no Senado, nenhum senador ou líder do PSDB ou do DEM apareceu para faturar. Só os governistas ocuparam o espaço da tribuna, com transmissão ao vivo pela TV Senado. Além da criticada omissão em relação às eleições de Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Alves (PMDB-RN) para os comandos do Senado e da Câmara, esta quinta-feira foi só mais um exemplo de como, num período em que o governo da presidente Dilma Rousseff enfrenta dificuldades de gestão e na condução da política econômica, a oposição se encolhe e silencia, em vez de partir para o ataque.

Ausentes desde a quarta-feira — alguns desde terça — para uma folga carnavalesca de duas semanas, os líderes da oposição fazem um mea-culpa da desarticulação, mas prometem unificar a atuação depois do carnaval. “A constatação é: o processo eleitoral do ano passado provocou um distanciamento da oposição. Mas nós do DEM, o PPS e o PSDB já superamos essas dificuldades e nos entendemos, e o diálogo voltou a ficar lubrificado. Vamos nos reunir depois do Carnaval para retomar uma ação unificada. O governo está errando e surfando sozinho porque nos distanciamos”, admitiu ontem, por telefone, o líder do DEM, senador Agripino Maia (RN).

Em conversas esta semana com colegas da oposição, o ex-líder do PSDB no Senado Álvaro Dias (PR) admitiu que o partido se perdeu na eleição do Senado. E culpa a eterna briga entre as alas ligadas ao senador Aécio Neves (MG) e ao ex-governador José Serra (SP). Ele chegou a defender que o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) abrisse mão da 1ª Secretaria da Mesa para reduzir o estrago no partido. Sem sucesso.
(…)
O professor de Filosofia Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Roberto Romano lembra que, na História recente do país, a oposição quase sempre foi minoria no Congresso Nacional, mas considera que nunca foi tão dramática a sensação de sua inexistência como na atualidade. “Em troca de um cargo na Mesa do Senado Federal, eles traíram, em sigilo, a palavra de ordem oposicionista. Essa oposição não diz a que veio, ela não tem uma alternativa de curto, médio e longo prazos para a economia do Brasil. A oposição nunca foi tão insignificante do ponto de vista político e legal como neste momento”, afirmou.

Os líderes governistas comemoram a ausência de ação do campo adversário. No plenário quase vazio do Senado, ontem, o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), subiu à tribuna para defender o governo Dilma. “Hoje seria um prato cheio para a oposição, com esses números da inflação, que é uma preocupação nossa. Mas é a cabeça de cada um, né?”, comentou Eunício.
(…)

Voltei
Viram só a que ponto chegamos! O próprio líder do PMDB no Senado admite que a oposição tinha motivos para botar a boca no trombone. Mas já estava no “esquenta”, preparando-se para o alalaô… Uma oposição ausente, que não dialoga com os eleitores e que não politiza os temas que têm de ser politizados vai ser considerada alternativa de poder por quê?

Ora, se a oposição não constrói uma narrativa, não consegue contar nem a própria história. O Chile teve no ano passado uma inflação de 1,5% e cresceu quase 6% (5,4%). O Brasil cresceu 1% com uma inflação de 6,15%. Naquele país, o mandato é de quatro anos, sem reeleição. É grande a chance de Sebastián Piñera não fazer seu sucessor na eleição de dezembro. A oposição não lhe deu trégua — e isso com um baita terremoto em 2010, do qual o país se levantou de maneira notável. “Ah, mas é que lá não há os programas sociais, e os pobres estão descontentes…” Escolham o indicador social que vocês quiserem, e o dos chilenos é bem melhor. Acontece que, no Chile ou nos EUA, oposição se comporta como… oposição. Exótico, não? Podemos ir longe? A da Tunísia ou a do Egito são bem mais presentes do que a nossa, num cenário bem mais adverso…

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