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sábado, 9 de fevereiro de 2013

Onorevole banditi: a inversao da moral no pais dos novos bandidos...

Pois é, cada país tem a máfia que merece. A deles, a dos sicilianos, a legítima, vivia de crimes, assassinatos, tráficos, contrabandos, extorsões, mas tudo à margem da lei, não apenas da Itália, mas também em outros países, notadamente nos EUA, onde ela virou objeto dos melhores filmes de Hollywood, o que glamorizou um pouco o crime ordinário. Mas, seja na Sicília, seja na Itália, seja nos EUA, a máfia nunca chegou ao poder, embora tenha tentado: intimidou figuras políticas, comprou policiais e juízes, chegou a ter senadores, cantores, e talvez até um governandor. Mas nunca chegou à preeminência que alcançou em certos lugares.
Como neste nosso país, por exemplo, onde a máfia alcançou completo sucesso, não apenas em termos de poder econômico e político, mas sucesso de mídia, de publicidade, até de respeitabilidade, quem diria? Se trata da mais formidável inversão moral a que já pudemos assistir. Mafiosos completos, embora de uma espécie diferente dos sicilianos, conseguem se distinguir na sociedade.
Bem, quem tem um Maluf como aliado deve ser mesmo o padrinho dos padrinhos, o poderoso chefão, o próprio Godfather em pessoa.
Paulo Roberto de Almeida

Reinaldo Azevedo, 07/02/2013
às 4:59

Existe um lugar no Brasil em que roubar dinheiro público, corromper e corromper-se transformam as pessoas em heroínas. E não é no PCC!

Existe um lugar no Brasil em que roubar dinheiro do Banco do Brasil, comprar a consciência alheia, vender a própria consciência, usar dinheiro público em benefício pessoal e formar uma quadrilha para cometer crimes transformam as pessoas em guias morais, em celebridades, em referências positivas. E não é numa das “comunidades” a que as UPPs ainda não chegaram. Nada disso! O lugar em que o crime compensa e em que criminosos já condenados pela Justiça são disputados para uma fotografia é o PT. Não fosse a sujeição, nesse caso, voluntária e não fossem os fãs e seus ídolos formados pela mesma têmpera moral, eu juro que iria sugerir a Dilma que mandasse uma UPP para o partido. O objetivo seria libertar aquela pobre gente de seus algozes espirituais. Mas não há inocentes por ali. Todo mundo sabe o que todo mundo sabe. E, mesmo assim, o clima é de festa, de euforia, de algazarra.
A Folha informa que lideranças do partido fizeram em São Paulo, nesta quarta, uma festa em homenagem aos 78 anos de Ricardo Zarattini. Os convidados de honra eram José Dirceu, Delúbio Soares e os deputados José Genoino e João Paulo Cunha. Quando estão juntos, os patriotas somam exatos 36 anos de cadeia.
Mesmo assim, conta a reportagem, os quatro eram muito assediados para tirar fotografias. Imagino. Uns queriam sair ao lado do condenado a 10 anos e 10 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha — Dirceu. Outros, quem sabe não se sentindo à altura do chefe do grupo, escolhiam a corrupção passiva, o peculato e a lavagem de dinheiro e reservavam seu melhor sorriso para posar ao lado dos 9 anos e 4 meses de João Paulo. Delúbio rivalizava nos crimes com Dirceu, mas sua pena foi menor: 8 anos 11 meses. É o bastante para deixar honrado quem posa a seu lado. Genoino, com os mesmos crimes desses dois, levou apenas 6 anos e 11 meses. Sabia de tudo, participou de tudo, mas parece que o STF não o considerou  esperto o bastante para estar no comando — embora fosse presidente da legenda.
No morro, os bandidos provam o seu poder, impõem a ordem e mobilizam um séquito de admiradores exibindo suas pistolas e seus fuzis. Os  mensaleiros, em pleno regime democrático e de direito, exibem suas penas quase como galardões conquistados por seu amor à causa. Não é de espantar que os valentes agora comecem a mobilizar a delinquência política latino-americana para vir em seu socorro, a exemplo do embaixador da Venezuela no Brasil, o tal Maximilien Sánchez.
Na festa, João Paulo aproveitou para desfilar seu humor inteligente e sua picardia, dando uma pista de qual será seu destino quando for oficializada a cassação de seu mandato e a suspensão dos direitos políticos: “Dirceu, Genoino e Delúbio foram condenados sem provas. Eu fui condenado contra as provas. Isso não é mensalão, é ‘mentirão’”. O piadista, nesse momento, acusava o Supremo Tribunal Federal de promover uma mentira. Até Marcola é mais respeitoso com a Justiça, não é mesmo?
Por Reinaldo Azevedo

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