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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

"Um pais se faz com homens e livros"; Livros??!! Onde estao???

Pode ser que a frase de Monteiro Lobato, cunhada (creio) em meados da década dos 20, pretendesse apenas vender livros de sua recém criada Companhia Editora Nacional. Pode ser que ele fosse sincero.
Em todo caso, é um fato que pessoas que leem conseguem ter melhor desempenho didático do que aquelas que não leem. Ainda assim, professores, que deveriam supostamente concentrar sua atenção no lado didático da atividade, leem muito pouco, como indica esta pesquisa. Pode ser também que seja por falta de dinheiro, ou seja, salário reduzido, mas o que não se compreende é por que o MEC não tem um programa de distribuição de livros para os professores primários.
Incompreensível, de fato...
Paulo Roberto de Almeida 

Menos da metade dos professores de escolas públicas leem no tempo livre
Agência Brasil, 5/02/2013
 
A pesquisa foi realizada pelo QEdu: Aprendizado em Foco, uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann
Um cabo de vassoura que era capaz de falar e sentir era o protagonista do primeiro livro lido pela então adolescente Denise Pazito. Hoje, professora e pedagoga no Espírito Santo, ela fala da experiência em seu blog. "O livro foi indicado pela escola. Provavelmente, eu estava no 4° ou 5° ano. Ele se chamava Memórias de um Cabo de Vassoura e o seu autor era Orígenes Lessa. Professora inspirada a minha. Acertou na mosca. Uma história encantadora. Me encantou pelo mundo das letras."

Mas assim como são capazes de encantar, os professores têm em suas mãos o poder de desencantar, não por intenção, às vezes por desconhecimento. Uma pesquisa feita pelo QEdu: Aprendizado em Foco, uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann., organização sem fins lucrativos voltada para educação, mostra que menos da metade dos professores das escolas públicas brasileiras tem o hábito de ler no tempo livre.

Baseado nas respostas dadas aos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e divulgados em agosto do ano passado, o levantamento do QEdu mostra que dos 225.348 professores que responderam à questão, 101.933 (45%) leem sempre ou quase sempre, 46.748 (21%) o fazem eventualmente e 76.667 (34%), nunca ou quase nunca.

No caso de Denise, a leitura levou essa prática para as salas de aula, no entanto, muitos brasileiros terminam o ensino básico sem ler um livro inteiro. Para além da falta do hábito de leitura, a questão pode estar ligada a infraestrutura.

"O número de professores que não leem é chocante, mas isso pode estar ligado ao acesso. É preciso lembrar que faltam bibliotecas e que um livro é caro. Um professor de educação básica ganha em média 40% menos que um profissional de ensino superior. Acho que faltam políticas de incentivo. Não acredito que seja apenas desinteresse", diz a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz.

Um levantamento divulgado em janeiro pelo movimento mostra que o Brasil precisa construir 128 mil bibliotecas escolares em sete anos para cumprir uma lei federal que vigora desde 2010. Segundo a pesquisa, faltam 128 mil bibliotecas no país. Para sanar esse déficit até 2020, deveriam ser erguidos 39 espaços por dia, em unidades de ensino públicas e particulares. Atualmente, a deficiência é maior nas escolas públicas (113.269), o que obrigaria a construção de 34 unidades por dia até 2020.

Para Priscila, uma possível solução seriam os livros digitais. O Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional (ProInfo Integrado) do Ministério da Educação distribui equipamentos tecnológicos nas escolas e oferece conteúdos e recursos multimídia.

Além disso, o governo facilita o acesso aos conteúdos por meio da distribuição de tablets, tanto para professores quanto para estudantes. No ano passado, o MEC transferiu R$ 117 milhões para 24 estados e o Distrito Federal para a compra de 382.317 tablets, destinados inicialmente a professores do ensino médio.

Sobre o acesso digital, os dados do levantamento do QEdu mostram que 68% dos professores (148.910) que responderam à pergunta usam computador em sala de aula. O estado com a maior porcentagem é Mato Grosso do Sul: 95% dos professores disseram que usam o equipamento. O Maranhão é o estado com a menor porcentagem (50,5%) de professores fazem o uso do computador. É lá também onde se constatou a maior porcentagem de escolas onde não há computadores: 38,3%. Estão no Sudeste, no entanto, as maiores porcentagens dos professores que acreditam não ser necessário o uso de computador nas salas: Minas Gerais (16%), Rio de Janeiro (15,4%) e São Paulo (15%).
O responsável pelo estudo, o coordenador de Projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins, diz que o país ainda tem problemas estruturais que dificultam o acesso a tecnologias. "Existem muitos desafios no país ligados a problemas de infraestrutura. Não apenas de acesso às máquinas, mas de acesso à internet, à qualidade dos sinais", disse.
Ao recepcionar o professor norte-americano, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ressaltou a importância dos meios digitais: "O conteúdo ao qual o filho dos mais ricos tem acesso pode ser dado aos menos servidos de educação. Queremos tornar a educação não algo escasso, mas um direito humano que todas as pessoas possam ter", disse.

Um comentário:

Anônimo disse...

O fato é que brasileiro não gosta de ler há bastante tempo. Eis um trecho do livro "Journey in Brazil", do Professor Louis Agassiz, publicado em 1869 (quantos brasileiros já leram?...):

"On one occasion, when staying at a fazenda, I took up a volume which was lying on the piano. A book is such a rare sight, in the rooms occupied by the family, that I was curious to see its contents."

"Nothing strikes a stranger more than the absence of books in Brazilian houses. If the father is a professional man, he has his small library of medicine or law, but books are never seen scattered about as if in common use; they make no part of the daily life. I repeat, that there are exceptions. I well remember finding in the sitting-room of a young girl, by whose family we had been most cordially received, a well-selected library of the best literary and historical works in German and French; but this is the only instance of the kind we met with during our year in Brazil."

http://archive.org/stream/journeyinbrazil00agas3/journeyinbrazil00agas3_djvu.txt