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terça-feira, 5 de março de 2013

ENEM: tropecando na redacao (e no MECssauro)...

Esse triste resultado é obviamente a consequência da má educação que os alunos recebem, por um lado, mesmo nas escolas privadas, e, por outro lado, da incompetência do MEC, que não consegue reunir gente habilitada para fazer exames sensatos. Os companheiros sempre têm uma proposta gramsciana para fazer.
Destaco apenas duas passagens que evidenciam meu argumento:
1) O estudante paulista André Luis dos Santos Valente, de 17 anos, fez o último Enem. Só não tirou nota 1.000 por causa da avaliação dessa exigência. "Em todas as competências tive 100% de aproveitamento, mas na última, fiquei com 80%", diz ele, que critica o modelo. "Não sei bem como eles avaliam, mas é difícil exigir que nós estudantes tenhamos uma intervenção que nem os governos conseguiram."
2)  Para a consultora em educação Ilona Becskeházy, a diferença entre as médias de cada competência é sinal de que há problemas no modelo. "Os critérios são subjetivos o suficiente para confundir tanto quem faz a prova como quem corrige", diz ela. "Como mensurar a qualidade de uma proposta de intervenção?
Pois é, juntou a ruindade, em geral, do ensino no Brasil, sobretudo o domínio da norma culta da língua -- já que o MEC ensina que "nós pega o peixe" é aceitável -- com a ruindade intrínseca das saúvas freireanas, que acham que conscientizar o cidadão no besteirol gramsciano é melhor do que simplesmente ensinar as três matérias fundamentais de modo correto e intensivo.
Paulo Roberto de Almeida

Exigência em redação do Enem derruba nota
Paulo Saldaña
O Estado de São Paulo, 4/03/2013

Na prova de 2011, 37,4% conseguiram elaborar de forma precária proposta de intervenção ao tema, uma das competências avaliadas
Dados do Enem de 2011 mostram que 37,4% dos candidatos conseguiram elaborar "apenas de forma precária" uma proposta de intervenção ao tema da redação. Além de demonstrar domínio da norma padrão da língua, entender a proposta e argumentar, o candidato precisa apresentar uma proposta de resolução ou conscientização do problema - que ainda respeite os direitos humanos.

Essa competência, que vale um quinto da nota da redação, tem jogado para baixo a média geral dos alunos.

As redações do Enem têm cinco competências avaliadas. Cada uma vale 200 pontos e a nota final vem da soma dessas cinco avaliações (mais informações nesta página). Na média do País, a competência que avalia a proposta de intervenção é de 82,30 pontos. O número é no mínimo 25% mais baixo do que a média de qualquer competência. A diferença pode chegar a 35%.

"É possível ver que as notas baixas nessa competência correspondem a redações nas quais os alunos elaboram respostas com intervenções precárias ou tangenciais ao tema, ou até redações nas quais os alunos não elaboram intervenção alguma", explica o economista Felipe Cocco, do portal dadosdoenem.org, responsável pelo levantamento. Cocco utilizou os microdados do exame de 2011, quando o tema da redação foi "Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado".

A pontuação que o candidato consegue em cada competência avaliada representa sua capacidade em atender aos critérios que o exercício pede. Assim, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) estipula uma escala de faixas de pontuação para cada quesito.

Diferença. Nessa divisão, é possível perceber que 35% dos participantes até conseguem elaborar a proposta, "mas pouco articulada à discussão desenvolvida no texto". Apenas 5,5% conseguiram elaborar uma ideia "clara e inovadora", tirando nota máxima nessa parte. Como comparação, na competência 3, que tem a segunda menor média, mais de 11% conseguiram nota máxima.  

O estudante paulista André Luis dos Santos Valente, de 17 anos, fez o último Enem. Só não tirou nota 1.000 por causa da avaliação dessa exigência.
"Em todas as competências tive 100% de aproveitamento, mas na última, fiquei com 80%", diz ele, que critica o modelo. "Não sei bem como eles avaliam, mas é difícil exigir que nós estudantes tenhamos uma intervenção que nem os governos conseguiram." No Enem 2012, a proposta foi "O movimento imigratório para o Brasil no século XXI" - considerado difícil e complexo. Os dados do último exame ainda não estão disponíveis.

A diferença em cada parte da correção do texto foi ainda maior na prova de José Albérico da Silva Dantas Filho, de 18 anos, de Maceió. Nas outras quatro competências a nota variou entre 100 e 160. Mas na avaliação da proposta, ficou com 20. "Perdi qualquer chance de concorrer a uma vaga", diz.

O Enem é o único vestibular do País a exigir que o candidato faça uma proposta de intervenção à problemática do tema. Nas últimas edições do exame, a redação centralizou as reclamações de alunos, que se queixavam das correções.

Na opinião da professora de redação Angela Maria de Souza, do colégio Albert Sabin, de São Paulo, os professores ainda não estão acostumados a trabalhar com os alunos essa habilidade. "Não é fácil para o aluno. Se ele não treinar exaustivamente, não consegue ir bem", diz. Pela dificuldade, Angela conta que trabalha a competência desde o primeiro dia de aula. "Acho que é a parte mais importante, que diferencia um dos outros."

Para a consultora em educação Ilona Becskeházy, a diferença entre as médias de cada competência é sinal de que há problemas no modelo. "Os critérios são subjetivos o suficiente para confundir tanto quem faz a prova como quem corrige", diz ela. "Como mensurar a qualidade de uma proposta de intervenção?

Um comentário:

Gilrikardo disse...

-- Caro professor, destaco:

"Os critérios são subjetivos o suficiente para confundir tanto quem faz a prova como quem corrige", diz ela. "Como mensurar a qualidade de uma proposta de intervenção?""

essa eu respondo com o a minha
intervenção:

Efeito colateral

Por Gilrikardo

Isso é o que é, dizia uma antiga propaganda da coca-cola. Lembrei-me disso ao tentar entender porque determinada pessoa ao elaborar um texto se preocupa em recheá-lo com citações, a exemplo de Michel Montaigne que a cada parágrafo nos apresenta passagens de suas prediletas leituras. Imagino que naquela época, e sendo ele o criador do “ensaio”, nos presenteou com descrições didáticas em torno dos temas abordados. Vindo dele, tais recursos parecem justificar-se, bem diferente daquilo que vejo em páginas de jornais, revistas e blogs.

Recentemente ao ler um artigo deparei-me com referências e citações a cada três ou quatro linhas, numa o autor se referia ao livro tal do ano tal que ele adquiriu quando estava fazendo um curso tal. Tentei acompanhar o raciocínio dele, mas confesso que devido à sua prática, pareceu-me impossível entender de que se tratava o tema. Pois as citações viajavam a cada três linhas, assim a referência dum livro era seguida pela citação do documentário alemão exibido em Berlim no ano de mil e novecentos e tantos, ufa, suspirei e em vez de evoluir na leitura, senti-me um idiota brincando de cabra-cega! Sim, pois o texto parecia ir para lugar nenhum e as referências só faziam sentido se eu as relacionasse com o escritor... o cara viajou para Berlim, barbaridade o homem já leu os clássicos, puxa entende dos poetas alemães... aí plimm... cheguei à razão, o escritor simplesmente era refém da vaidade. Enfim, tudo clareou. Era em nome dela que desfilava as inúmeras “provas” de sua erudição... E aí, imaginei, queres uma salva de palmas! Levei algum tempo “remoendo conceitos” no intuito de não ser injusto ou leviano com o cronista.
Eis a resposta: nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Equilíbrio. E para finalizar, não entendi o que ele quis ou não dizer. Talvez por isso, recorro a Nietzsche ao escrever que a vida é para ser vivida a meia altura, ali está o conforto. Nem lá embaixo, nem lá em cima. No meio. No equilíbrio. Fica minha sugestão àqueles que se utilizam deste recurso, cuidado com as citações e referências, elas podem transformar o texto em uma colcha de retalhos e provocar no leitor reações surpreendentes. Esta foi a minha!