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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Juros e Inflacao: qualquer decisao do BC sera' ruim, pois ja' tem sua credibilidade abalada..

TAXA DE JUROS
BACEN. COPOM. (17/04/2013) – PREVISÕES DO MERCADO

DE OLHO NA INFLAÇÃO E NO PIB, COPOM PODE SUBIR JURO PELA 1ª VEZ DESDE 2011. MERCADO AVALIA QUE JUROS PODEM SUBIR PARA CONTER ALTA DE PREÇOS NO PAÍS. AUMENTO DA SELIC PODE, PORÉM, COMPROMETER CRESCIMENTO ECONÔMICO. Em meio ao risco de aumento da inflação e à necessidade de manter a economia aquecida para combater os efeitos da crise internacional, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reune em 16-17/04/2013 para deliberar sobre o patamar para fixação da taxa básica de juros do país, a chamada Selic, atualmente fixada em 7,25% ao ano. A mais recente pesquisa feita com agentes do mercado financeiro, divulgada pelo BACEN no relatório Focus, aponta para a expectativa de que o Copom promova nesta quarta a primeira elevação na Selic desde 2011, quando a autoridade monetária deu início ao processo de redução que levou a taxa de juros ao seu menor patamar histórico. O aumento seria uma tentativa do Banco Central de conter a inflação no país – a alta dos juros acaba por deixar o crédito mais caro e desestimula as pessoas a consumirem, o que pode gerar queda de preços. Em 10/04/2013 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA acumula alta de 6,59% em 12 meses até março, acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo BC. A última vez em que o índice superou a meta foi em dezembro de 2011, quando atingiu 6,64%. A PR afirmou afirmou que o governo não terá o menor problema em atacar a inflação sistematicamente. Apontou, porém, que se houver necessidade de elevar os juros para combatê-la, isso seria feito em patamar bem menor que o realizado em anos anteriores, sinalizando que não há possibilidade de grandes mexidas na Selic para frear a alta dos preços. Já havia afirmado que a inflação no Brasil está sob controle e avaliou que a tendência é que diminua ao longo deste ano, assim como ocorreu em março, que teve inflação de 0,47%, ante de 0,60% registrado em fevereiro.
DÚVIDAS SOBRE O PIB. Por um lado se preocupa com a inflação, do outro o governo está pressionado a manter medidas para que a economia reaja e cresça em um ambiente de crise. Por conta disso, o mais provável é que o Copom mantenha a taxa de juros inalterada em 7,25% na reunião desta quarta, justamente para não prejudicar o crescimento da economia brasileira, que já caminha a passos lentos – o aumento do PIB em 2012 foi de 0,9%. Caso o BACEN eleve a taxa de juros, seria para reduzir consumo. Em um momento em que se está morrendo de medo de a economia não crescer neste ano, essa alta pode ser o tiro final. No entanto, há setores do mercado que acreditam que, nesse momento, o Copom não vai mexer na taxa de juros. Vão ponderar essa questão do crescimento e optar por olhar mais um pouco, ver como a economia se comporta e se haverá uma reação.
CONSENSO ESPERA ALTA NA SELIC, MAS HÁ DIVERGÊNCIA DE QUANTO SERÁ ESSE AUMENTO. DAS 83 PROJEÇÕES COMPILADAS PELA AE BROADCAST, 53 INDICAM AUMENTO DA TAXA BÁSICA DE JUROS; DOS QUE APOSTAM NA ALTA, 20 ESPERAM UM AUMENTO DE 0,5 P.P. Apesar do crescimento da economia continuar fraco, a expectativa do mercado por um aumento da Selic está crescendo continuamente, em meio às preocupações com a inflação. Com isso, as análises estão cada vez mais preponderantes de que haverá um aumento da taxa de juros em pelo menos 0,25 ponto percentual. Desta forma, o que a algumas semanas atrás era quase um consenso, a possibilidade de manutenção da Selic foi revista por diversas casas de análise, principalmente após a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) de março e com os pronunciamentos do MF e do BACEN: (i) o governo pode tomar medidas não populares; (ii) não haveria tolerância com a inflação; respectivamente. Até a semana passada, das 76 casas de análise com projeções divulgadas, 14 acreditavam em alta da taxa de juros já na próxima quarta-feira. Entretanto, este número subiu e, das 83 projeções divulgadas, agora 53 projetam um aumento da taxa de juros e 30 esperam manutenção. Destes 53, 33 acreditam que a alta será de 0,25 p.p., para 7,5% ao ano e 20 acreditam que o juro subirá 0,5 p.p., para 7,75% ao ano, de acordo com informações do AE Broadcast.
POR QUE MANTER A SELIC? Para o coordenador do curso de ciências contábeis da Faculdade Santa Marcelina, Reginaldo Gonçalves, a taxa Selic deve ser mantida em 7,25% a.a., pois qualquer que seja o aumento, ele pode inviabilizar o projeto do governo, que está em busca da redução do endividamento interno e a possibilidade de novos investimentos. Segundo ele, caso haja o estouro da meta de inflação, o Copom deve manter a taxa nos patamares atuais e fazer uma nova avaliação no próximo mês. Gonçalves destaca que o governo está em um telhado de vidro, que pode romper a qualquer momento, com a situação econômica ainda preocupante - o próprio governo revisou para baixo os números do crescimento do PIB em 2013, para 3% frente aos 3,5% iniciais. A preocupação com o crescimento econômico deve ser uma constante para o Copom, sobretudo após a divulgação do IBC-Br (Índice de atividade econômica do Banco Central), avalia a equipe do Santander. Considerado uma prévia do PIB brasileiro, o indicador ficou bem abaixo do esperado ao apontar alta de 0,4% em fevereiro. Embora esperam uma manutenção na Selic, eles esperam com expectativa o comunicado pós-reunião para entender melhor os próximos passos da política monetária em 2013. A agência de classificação de risco Austin Ratings, que revisou para baixo as suas perspectivas para a economia após a divulgação do dado, acredita que a Selic deve voltar a subir só a partir de julho.
POR QUE ELEVAR A SELIC? Por outro lado, conforme aponta a LCA Consultores, está se tornando cada vez mais preponderante a indicação pelo mercado de que a taxa básica de juro suba já neste reunião. A alteração de cenário está ligada, principalmente, devido à mudança no tom das declarações anti-inflacionárias da diretoria do BC. Tombini destaca que está monitorando atentamente a evolução dos indicadores para sinalizar a iminência de alterações da política monetária. Além disso, o presidente do BC destacou que o monitoramento será utilizado para a definição ''não da estratégia, mas da tática [da política monetária] no período vindouro'', aponta a LCA. ''Isso parece indicar que a estratégia de apertar as condições monetárias já está definida, restando estabelecer o timing e a intensidade da elevação da Selic'', avaliam os consultores. O alinhamento retórico de outros integrantes do governo com relação a essa possibilidade - como no caso de Guido Mantega - também reforçam essa percepção. Neste quadro, apontam, as chances da Selic ser elevada já nesta reunião do Copom aumentam preponderantemente, após a inflação ter atingido 6,6% em março no acumulado de doze meses, apontando para uma justificativa técnica para a elevação dos juros. O quadro de elevação de juros também deve elevar os juros, aponta a Rosenberg Consultores Associados. Segundo apontam os economistas, as notícias dramáticas não se limitaram à inflação acima do teto, mas também o índice de difusão alto ao mostrar que três quartos de todos os itens tiveram elevação nos preços. ''A política fiscal poderia ser mobilizado para combater a inflação, mas o seu impacto é muito lento e, além disso, não mostra nenhum sinal de reversão de sua trajetória expansionista'', afirmam os economistas, o que dá ''luz verde'' para uma volta do ciclo monetário mais apertado.
AJUSTE  DEVE SER MODERADO. Entretanto, aponta a LCA, a perspectiva é de que a intensidade do ajuste será moderada, suficiente apenas para trazer a política monetária para níveis mais próximos da neutralidade. ''Nas nossas contas, tal objetivo demandaria uma elevação da taxa básica de juros de 150 pontos-base'', afirma a LCA - uma vez que a inflação está mais ligada aos efeitos de choque na oferta do que na demanda. A expectativa dos economistas é também por uma maior desaceleração da inflação, com menor pressão dos grupos de alimentação. Com isso, o BC não deve adotar um ciclo de alta da Selic de modo a contrair a atividade e sim para levar a política monetária para perto das condições de neutralidade.
DISCURSO PR SOBRE JUROS CAUSA MAL-ESTAR NO BC. Os comentários da PR sobre juros e inflação, feitos no primeiro dia de reunião do Copom, causaram certo mal-estar no Banco Central, mas a avaliação é que as declarações pelo menos não chegaram a ser ruins nem "engessam" a decisão a ser tomada hoje sobre a taxa Selic. A equipe do BC considera que o "ideal" seria que ninguém do governo, inclusive a presidente, fizesse avaliações sobre taxa de juros durante os dois dias de reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) por causa de riscos de interpretações erradas pelo mercado. Principalmente num momento em que o próprio governo admite que o Banco Central tem sua credibilidade questionada pelo mercado e precisa reafirmá-la para recuperar seu poder de coordenador das expectativas sobre os rumos da inflação. O tom das declarações da PR, contudo, gerou uma leitura "até favorável" pela equipe do BC. Foi destacada a frase em que ela diz que irá atacar "sistematicamente" a inflação. Além disso, no discurso técnicos consideram que a PR sinalizou não descartar um aumento de juros agora ao dizer que qualquer necessidade de combate à inflação será possível fazer num patamar menor, numa referência ao tamanho de uma eventual alta dos juros. A PR fez questão de dizer a interlocutores que o BC terá autonomia para decidir o que fazer com a taxa Selic. O Planalto, apesar de preferir que os juros não subam, trabalha com essa possibilidade e torce para que a alta, se for decidida, seja de 0,25 ponto percentual e não ultrapasse um ponto percentual ao longo do ano, o que levaria a taxa dos atuais 7,25% para 8,25%.
APOSTAS. No mercado, analistas apostam que o BC pode optar por um aumento mais elevado, de 0,50 ponto percentual, exatamente em razão do clima de interferência política nas decisões do banco. Dentro do BC, há um desconforto entre os técnicos diante das declarações públicas sobre juros vindas de autoridades do governo, como as da presidente na África do Sul, quando ela disse ser contra medidas de combate à inflação que afetem o crescimento. Esse tipo de comentário, segundo a equipe do BC, prejudica o trabalho que o banco vem fazendo desde o início do ano de endurecer seu discurso para tentar reverter as expectativas sobre os rumos da inflação

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