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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Brasil: universidades padrao companheiros? A queda da USP era esperada- Editorial Estadao

A USP sai da elite mundial

Editorial/OESP/08out13
Dois anos depois de ter ficado entre as 200 melhores universidades do mundo, no levantamento comparativo que a Times Higher Education vem realizando desde 2004, a USP despencou no ranking. Em 2012, a instituição foi classificada no 158.º lugar. Na pesquisa de 2013, ela figura entre as 226 e 250 melhores (o estudo não revela a posição de cada universidade depois do 200.º lugar).
A segunda melhor instituição brasileira no ranking - a Unicamp - nem sequer aparece entre as 300 primeiras. A classificação leva em conta o orçamento de cada universidade, o nível de ensino, a reputação do corpo docente, o número de títulos de doutor concedidos, a quantidade de pesquisas e o volume de receitas delas decorrente, citações de artigos em periódicos de prestígio mundial, a influência das pesquisas na inovação industrial e o grau de internacionalização. Para o ranking de 2013, a Times Higher Education entrevistou mais de 10 mil acadêmicos e analisou cerca de 50 milhões de menções em revistas científicas.
Dos países que tinham ao menos uma universidade entre as 200 melhores nas edições anteriores da Times Higher Education, o Brasil é o único que não está mais na lista. No levantamento de 2013, há 26 nações com universidades bem avaliadas - e nenhuma delas é da América Latina. Os Estados Unidos, com 77 instituições, lideram o ranking, seguidos do Reino Unido, com 31. Apesar das dificuldades financeiras e políticas por que passam, Espanha e Turquia entraram para o grupo de elite.
Para os especialistas em educação, a saída do Brasil da elite universitária mundial afetará negativamente a imagem externa do País. "Com seu tamanho e poder econômico, o Brasil precisa de universidades competitivas internacionalmente. É um golpe perder a única entre as 200 no topo do ranking", diz o editor da Times Higher Education, Phil Baty. "Um país do porte do Brasil precisa ter mais universidades de nível global para o crescimento com base em inovação científica", afirma a especialista que analisou o sistema educacional brasileiro, Elizabeth Gibney.
A queda da USP no ranking da Times Higher Education se deve a vários fatores. A instituição apresenta problemas na proporção entre doutores e alunos da graduação. Tem um número baixo de doutorados premiados por mérito acadêmico. E o desempenho nos indicadores de reputação internacional caiu, apesar dos programas de internacionalização adotados pela instituição. A reputação é medida por questionários enviados a milhares de acadêmicos em todo o mundo.
Segundo os especialistas, se os professores e pesquisadores da USP e das demais universidades brasileiras publicassem mais artigos em revistas internacionais com conselho de arbitragem, a imagem melhoraria. Nos últimos anos, nossas universidades aumentaram a produção de artigos, em termos absolutos, mas a qualidade - medida pelo total de citações nos periódicos mais respeitados - deixa a desejar. Além disso, as atividades de intercâmbio internacional de nossas instituições de ensino superior são muito baixas - só nos últimos dois anos é que o País ampliou seus investimentos na área, com a criação do Ciência sem Fronteiras. E, mesmo assim, muitos bolsistas desse programa não têm o domínio de outros idiomas, o que compromete seu aprendizado numa instituição estrangeira. O inglês é apontado como um dos principais obstáculos para pesquisadores brasileiros em trabalhos e publicações científicas no exterior.
Uma parte dos problemas que afligem nossas universidades resulta de dificuldades burocráticas e falta de foco na definição de prioridades. Outra parte resulta do viés ideológico das autoridades educacionais - desde a ascensão do PT ao poder, elas desqualificam os órgãos responsáveis pelos levantamentos comparativos e insistem em aumentar a quantidade de universidades federais, abrindo campi onde não há demanda, admitindo alunos antes de existirem instalações adequadas, criando cursos noturnos sem preocupação com a qualidade e aumentando os custos do ensino superior sem modificar seus objetivos e formas de atuação.

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