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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O Stalin Sem Gulag e seu laranja panamenho: cobertura para lavagem de dinheiro do narcotrafico?

Esse tipo de investimento, descrito na matéria do Jornal Nacional transcrita na postagem do jornalista, costuma ser usado por criminosos, para lavar dinheiro. Seja que o dinheiro é oriundo do narcotráfico -- o que é bem provável -- seja que ele venha de algum capitalista brasileiro que não quer revelar sua fortuna, em qualquer hipótese a atividade e o próprio funcionamento do hotel parecem fazer parte de um empreendimento criminoso.
Acho que combina com o chefe da quadrilha, o Stalin Sem Gulag -- e agora talvez sem emprego no hotel-lavanderia -- já que ele sempre foi chegado a essas montagens misteriosas, que costumam ter as quatro patas afundadas no pântano da ilegalidade, quando não da criminalidade.
Aprendeu com os cubanos, certamente, que devem ter dado um curso completo daquilo que os americanos da NSA e da CIA chamam de deception.
Não que seja uma decepção para nós que conhecemos a história do Stalin mineiro: ele vem se revelando uma decepção como quadrilheiro que era; agora é só um bandido preso, sem emprego aparente...
Paulo Roberto de Almeida

Reinaldo Azevedo, 3/12/2013

Reportagem do Jornal Nacional que acaba de ir ao ar, de autoria de Vladimir Netto, indica que há algo de profundamente errado com o tal hotel St. Peter, que resolveu “empregar” José Dirceu, com salário de R$ 20 mil. A dona da empresa seria uma “empresa” do Panamá chamada “Truston International Inc.”. Seu presidente é José Eugenio Silva Ritter, um panamenho pobre, que não tem um gato para puxar pelo rabo. Ele admite ser sócio de centenas de empresas porque é funcionário de uma empresa chamada “Morgan y Morgan”. Leiam o que vai Portal G1. Volto mais tarde.
*
O Jornal Nacional localizou em uma área pobre do Panamá o homem que seria o presidente da empresa que administra o hotel Saint Peter, em Brasília, onde o ex-ministro José Dirceu, condenado no julgamento do mensalão, pretende trabalhar.
Dirceu está preso na Penitenciária da Papuda, onde cumpre pena em regime semiaberto, que permite a ele trabalhar durante o dia e voltar à noite para a prisão, para dormir. Ele recebeu uma oferta de trabalho do Saint Peter, hotel no centro de Brasília, que fica em um prédio de 15 andares e 424 apartamentos. O Saint Peter pretende pagar ao ex-ministro R$ 20 mil por mês para que ele exerça o cargo de gerente administrativo.
O homem que preside a empresa administradora do hotel mora numa área pobre da Cidade do Panamá, capital do Panamá, país da América Central, e trabalha como auxiliar de escritório numa empresa de advocacia. Um dos sócios do hotel, Paulo Masci de Abreu, é irmão de José Masci de Abreu, presidente do PTN (Partido Trabalhista Nacional), que em 2010 apoiou a eleição da presidente Dilma Rousseff. Mas ele é sócio minoritário. Tem uma cota, no valor de R$ 1, como mostra o contrato social da empresa.
Todas as outras cotas, que somam R$ 499.999,00, pertencem a uma empresa estrangeira, a Truston International Inc, com sede na Cidade do Panamá. A Truston está inscrita no registro público do Panamá e tem como presidente um cidadão panamenho, José Eugenio Silva Ritter. O nome dele, abreviado, aparece , junto a outros dois nomes: Marta de Saavedra, tesoureira, e Dianeth Ospino, secretária. José Eugênio Silva Ritter também aparece ligado a mais de mil empresas em um site criado por um ativista anticorrupção. O procurador da Truston no Brasil, como mostra o contrato do hotel Saint Peter, é Raul de Abreu, filho de Paulo Masci de Abreu.
Por telefone, Paulo de Abreu e o advogado de Raul de Abreu disseram que José Eugenio Silva Ritter é um empresário estrangeiro apresentado por meio de um advogado. Também afirmaram que a empresa presta contas a José Eugenio regularmente. O repórter Vladimir Netto, da TV Globo, travou o seguinte diálogo por telefone com Paulo de Abreu:
- Vladimir Netto: Quem é o seu sócio majoritário?
- Paulo de Abreu: É a Truston. É uma empresa que investe em hotéis.
- Vladimir Netto: Quem é o dono da Ttruston?
- Paulo de Abreu: Ah, tem vários acionistas, né? Precisa ver, até porque as ações, como são vendidas constantemente, né?
- Vladimir Netto: Quem é José Eugenio Silva Ritter?
- Paulo de Abreu: É o presidente.
- Advogado: É o presidente da empresa.
- Vladimir Netto: mas vocês o conhecem?
- Paulo de Abreu: Uma vez nós já tivemos… em reunião.
- Vladimir Netto: Ele veio ao Brasil, dr. Paulo?
- Paulo de Abreu: não, eu estive lá em Miami.
- Vladimir Netto: Isso foi quando? Foi quando os senhores resolveram fazer uma sociedade pra administrar o Saint Peter?
- Paulo de Abreu: É, quando formalizamos a parceria. De lá pra cá, a gente manda as informações pra lá e ele se dá por satisfeito, enfim, ou pergunta alguma coisa, mas houve essa reunião em miami quando da formalização do entendimento.
O Jornal Nacional foi ao Panamá para tentar entrevistar o presidente da empresa que administra o hotel Saint Peter. Jose Eugenio Silva Ritter mora em uma rua em um bairro pobre na periferia da cidade do panamá. Quando o repórter chegou, ele estava lavando o carro na porta de casa. Ritter disse que trabalha num escritório de advocacia, o Morgan y Morgan, há mais de 30 anos. E reconheceu que aparece mesmo como sócio de muitas empresas mundo afora. “Trabalho na Morgan y Morgan e eles se dedicam a isso”, afirmou.
Ele disse que não lembra da Truston International Inc, que administra o hotel Saint Peter, empresa da qual ele é o presidente. “Eu sequer sei se é o nome de uma sociedade de várias pessoas. Você, por favor, vá lá na Morgan y Morgan, lá com um advogado e tudo, aí eu posso te dar a informação que você precisa. Se me autorizam, se posso falar, te dar as respostas, porque pode botar em perigo meu emprego”, afirmou.
No órgão que regulamenta e fiscaliza o mercado de capitais dos Estados Unidos consta que José Eugenio Silva Ritter é auxiliar de escritório do Morgan y Morgan. A Morgan y Morgan fica em um prédio no centro financeiro da Cidade do Panamá. É uma firma que ajuda na fundação e administração de empresas internacionais com sede no Panamá. A legislação do país permite que ações de companhias sejam transferidas de um empresário para outro sem que seja necessário informar as autoridades. Isso faz com que seja muito difícil saber quem é o verdadeiro dono de empresas como a Truston International Inc, proprietária do hotel Saint Peter.
“Esses países percebem como uma estratégia econômica de trazer recursos para aquele país, justamente flexibilizar as regras sobre tributação, sobre identificação. Então, esses países acabam diminuindo essas exigências de identificação de documentação pra atrair capitais, pra atrair ativos pra fomentar a propria riqueza do país”, afirmou Pierpaolo Bottini, professor de direito penal da Universidade de São Paulo (USP).

O Jornal Nacional procurou Morgan y Morgan para perguntar sobre a propriedade da administradora do hotel Saint Peter, mas ninguém quis atender. A advogada de Paulo Masci de Abreu, Rosane Ribeiro, revelou que a sócia majoritária da Truston International é a nora dele, a empresária lara Severino Vargas. E que a nora vendeu a Paulo de Abreu o controle acionário do hotel Saint Peter. A advogada lembrou também que o cliente é dono de 60% do prédio onde funciona o hotel Saint Peter. Os outros 40%, segundo a advogada, pertencem ao empresário Paulo Naya.

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