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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Relembrando alguns posts de 2013 (1): os guerrilheiros reciclados, a farsa da luta pela democracia e a Comissao da Falta de Verdade...

Permito-me repostar algumas matérias que atraíram mais atenção durante o ano de 2013, sob a forma de comentários.
Este abaixo, eu fiz em Paris, quando ouvi, ou li, o discurso de instalação da tal de Comissão da Verdade (parece que uma verdade parcial), e como não gosto de deixar passar equívocos, esquecimentos, meias verdades, ou mentiras deliberadas, escrevi num repente, e postei. Depois, a Veja aproveitou um pequeno trecho para colocar numa matéria, o que chamou ainda mais a atenção.
Os militares "de pijama"-- já que os da ativa não podem se manifestar -- gostaram do appetizer, e me contataram. Acabei fazendo um depoimento mais longo, depois resumido para publicação num boletim interno.
Recebi muitos comentários, tanto no blog -- e vão reproduzidos abaixo -- como em particular. Evitei responder, para não alimentar um debate que já tem muitas incompreensões, mas vou fazê-lo no momento devido, ou oportuno, uma vez que a tal de Comissão da (In)Verdade continua a produzir petardos numa única direção. Os derrotados vingativos querem por querem atribuir aos militares toda a culpa do que ocorreu durante os anos de chumbo, quando foram os guerrilheiros totalitários que deram início à ofensiva armada contra o Estado "burguês".
Já escrevi sobre isso, mas vou sistematizar meu depoimento, que eu chamei de simples testemunho de um "aprendiz de guerrilheiro", que nunca chegou às vias de fato, pois logo percebi a insanidade daquilo tudo.
Em todo caso, não pretendo deixar passar mentiras como se fossem verdades, e por isso volto a postar o que já foi colocado neste blog meses atrás.
Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 16 de maio de 2012


Dou-me o direito de discordar (Comissao da "Verdade")

Sobre isto:

A presidente Dilma Rousseff empossou nesta quarta-feira, em Brasília, os sete integrantes da Comissão Nacional da Verdade, grupo de trabalho que irá apurar violações de direitos humanos durante a ditadura militar, entre os anos de 1946 e 1988. Com voz embargada, a presidente negou que o colegiado busque “revanchismo” ou a possibilidade de “reescrever a história”. Ex-integrante da organização clandestina VAR-Palmares, a presidente se emocionou ao relembrar os “sacrifícios humanos irreparáveis” daqueles que lutaram pela redemocratização do país...

peço licença para discordar.

Como ex-integrante de dois desses grupos que alinharam contra o regime militar, no final dos anos 1960 e início dos 1970, posso dizer, com pleno conhecimento de causa, que NENHUM de nós estava lutando para trazer o Brasil de volta para uma "democracia burguesa", que desprezávamos.
O que queríamos, mesmo, era uma democracia "popular", ou proletária, mas poucos na linha da URSS, por nós julgada muito "burocrática" e já um tantinho esclerosada.
O que queríamos mesmo, a maioria, era um regime à la cubana, no Brasil, embora alguns preferissem o modelo maoista, ainda mais revolucionário.
Os soviéticos -- e seus servidores no Brasil, o pessoal do Partidão -- eram considerados reformistas incuráveis, e nós pretendíamos um regime revolucionário, que, inevitavelmente, começaria fuzilando burgueses e latifundiários. Éramos consequentes com os nossos propósitos.
Sinto muito contradizer quem de direito, mas sendo absolutamente sincero, era isso mesmo que TODOS os desses movimentos, queríamos.
Essa conversa de democracia é para não ficar muito mal no julgamento da história.
Estávamos equivocados, e eu reconheço isso. Posso até dar o direito a outros de não reconhecerem e não fazerem autocrítica, por exemplo, dizer que nós provocamos, sim PROVOCAMOS, o endurecimento do regime militar, quando os ataques da guerrilha urbana começaram. Isso é um fato.
Enfim, tem gente que pode até querer esconder isso.
Mas eles não têm o direito de deformar a história ou mentir...
Paulo Roberto de Almeida 
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Addendum em 21/05/2012
A revista Veja, em sua edição do sábado 19 (data de capa 23/05/2012), reproduziu trecho desta postagem, desta forma: 


O sociólogo Paulo Roberto de Almeida, que pertenceu a grupos de insurreição armada contra o regime militar brasileiro, colocou a questão com muita clareza:
"Como ex-integrante de dois desses grupos que se alinharam contra o regime militar, posso dizer, com pleno conhecimento de causa, que nenhum de nós estava lutando para trazer o Brasil de volta para uma 'democracia burguesa', que desprezávamos. Nós pretendíamos um regime revolucionário, que, inevitavelmente, começaria fuzilando burgueses e latifundiários."
Essa é a verdade. É uma afronta à história tentar romantizar ou edulcorar as ações, os métodos, as intenções e as ligações com potências estrangeiras dos terroristas que agiram no Brasil durante o período militar.

23 comentários:

Anônimo disse...
PRA,
E ate dificil acreditar neste texto, visto que os demais sempre foram favoraveis a economia de mercado, democracia, liberdade.
O Sr. Ja escreveu como deu-se esta mutacao de participante de grupos armados para um diplomata bem intencionado? Quando percebeu que trilhava um caminho inconsistente?
Nao ha muitos com esta autocritica, seja para o que for.
Seria demais interessante ler relato deste periodo sob sua otica.
Gustavo Stein
Gustavo disse...
Faço coro com o xará do post anterior.

Abraços
Anônimo disse...
Até hj só vi o Gabeira e, agora, vc, admitirem isso publicamente.

Existem muitos que já revisaram o pensamento e amadureceram, mas não admitem publicamente, ou admitem com eufemismos - talvez até por uma certa proteção psicológica, já que não deve ser fácil aceitar o fato de ter passado um bocado de tempo enganado.

Infelizmente, ainda existem alguns refratários alocados em algum partido irrelevante ou no PT.

Vc que conhece os bastidores da política e deve saber bem como pensam os petistas do governo, ilumine-me: quando é que chega a luz para os cabras, e quando é que eles se aliarão com o PSDB em prol do progresso social(democrata)? Porque quando cair a ficha dos comunas mais ortodoxos, eles vão virar alguma coisa parecida com tucano, não?

abraços, Zamba
Anônimo disse...
Muito estimulante encontrar mais um indivíduo corajoso, honesto, culto e inteligente como este! Recurso escasso neste pais surrupiado por demagogos e safados........
Gustavo disse...
Parabéns pela coragem e honestidade, Sr Paulo Roberto de Almeida. Texto louvável!
Juliana disse...
Sr Paulo Roberto, meus parabéns pela honestidade moral. Sou educadora e apesar de civil, sinto repugnância dessa grande falsidade chamada comissão da verdade, que descaradamente quer reescrever unilateralmente a história, mesmo que a saibamos cheia de desacertos. Fico feliz em vermos brasileiros corretos e comprometidos com a verdadeira verdade como o senhor. Felicidades e parabéns pelo espaço inteligente e que nos transmite a grande capacidade de que é dotado o seu autor.
Anônimo disse...
Seria interessante que a imprensa abrisse espaço para outras pessoas que viveram aquele período e conhecem a verdade verdadeira sobre os fatos que ocorreram durante a chamada guerra suja. Infelizmente,a imprensa livre faz o jogo seus maiores inimigos de sempre, que são estes que estão no poder. Raramente há uma contestação às inverdades pregada pela esquerda como a luta pela democracia citada pela presidente.
Anônimo disse...
Oh! Inocente Juliana, pergunte ao Dr. Paulo o que ele acha dos pensadores que você estudou durante toda a sua faculdade, como por exemplo, Paulo Freire. Depois ficarei aguardando sua opinião sobre tudo o que disse acima...
Quanto à comisão da verdade é uma das coisas mais ridículas que já vi na política brasileira.
Ass: Alguém
Juliana disse...
Anônimo de 21/5

As menções que faço de Paulo Freire em meu blog (http://umaeducadora.blogspot.com) tratam-no como um embuste tão grande quanto essa comissão da verdade. Quanto a Vygotsky e outros pensadores de esquerda, vejo o que de bom tem na teoria que eles apresentaram à humanidade. Nada é tão ruim que não possa ser filtrado. Como em nosso país não há teóricos na área de educação, os que existem mundo afora devem nortear o trabalho dos educadores interessados em progredir. Quanto ao que pensa o autor deste blog sobre a educação, concordo com seu post de hoje, em que ele apresenta em poucas linhas o caos que foi construído pela esquerda rançosa e primitiva. No mais, de inocente não tenho nada. Felicidades.
Anônimo disse...
Prezada Juliana,
em resposta às suas colocações sobre o que afirmei sobre sua inocência, confesso que derrubou minha argumentação. Acabo de ler seu blog e gostei do que li, apesar de ter feito de forma dinâmica, mas passarei a acompanhar seus escritos. Quanto ao meu blog, infelizmente, não poderei divulgá-lo, mas saiba que temos alguns pensamentos semelhantes.
Felicidades e um beijo carinhoso para você !
Anônimo disse...
Sr Paulo Roberto, vejo que a sua lucidez contrasta com aqueles que hoje pregam de inocentes e vítimas que nunca foram. Entendo que, na juventude, o senhor possa ter sido levado por ideologias retrógradas que hoje permeiam ascabeças dos que estão no poder. Eles sabem a verdade tanto quanto o senhor, só não admitem.
Anônimo disse...
uma leitora
Comissão da verdade , a verdade sempre tem dois lados , estão dando conotação de horror,ao gov militar, será?.. mas o outro lado apavorava psicologicamente a população,com ideias que nem os proprios eram conscientes , eram puramente ideologias ,acredito queriam fazer revolução ideologica
Anônimo disse...
Também me posiciono contra essa comissão pela sua inutilidade, ranço e descarada unilateralidade, que me parece injusta, principalmente com o grande número de vítimas inocentes das desastrosas ações acontecidas.
Espero sinceramente que a sociedade reaja e evoque que sejam investigados então TODOS os atos criminosos, de ambos os lados, pelo bem da Verdade, e que doa a quem doer. Será?
Temos que cobrar isto, afinal, não é a verdade que se busca?
Gostei de ver sua coerência e honestidade, felicidades.
ramos disse...
Prezado Sr Paulo Roberto, parabenizo pela sua hombridade de trazer à público a verdadeira intentona dos comunas. Como seria bom para o país se esses velhos fanáticos -que causaram tantas vítimas inocentes; muitas sem saber ao certo o motivo de tanto sangue derramado – refletirsem , assim como o Sr o fez, e, através da mídia- que tende a enveredar para uma única mão- mostrem ao povo a verdadeira história, não a que lhes covém. Parabéns Sr Paulo Roberto, por contribuir com a verdade.
Eugenio ramos de melo
Anônimo disse...
Elogiável seu texto. Trabalhava numa grande multinacional, na época. Para a população comum e aqueles que trabalhavam em grandes empresas, esses elementos que dizem ter lutado pela democracia eram uma contínua dor de cabeça. Todo executivo de empresas e a população estavam ameaçadas de ser morto por eles. Eles estavam ameaçados pelo regime militar como estão hoje ameaçados os foras da lei. O que se instalou foi uma comissão da inverdade, pois na época lutavam pela instalação de um regime muito pior do que o que tínhamos. Como é um logro e um desfalque ao povo brasileiro as indenizações que se pagam aos que participaram desses movimentos. Pessoas de bem asumem seus erros e não ficam tentando mentir e construir algo em cima de inverdades, para serem beneficiadas por estas. Quem construiu a transição do regime militar para o democrático foi o povo ordeiro e trabalhador do Brasil. Já pensei até em pedir indenização, pois enquanto muitos faziam baderna eu trabalhava duro para construir um Brasil melhor e recebe migalhas de aposentadoria, enquanto os revolucionáriso da época recebem pensões milionárias. Este é o país da mentira e da enganação. JALI
Anônimo disse...
Melhor seria que a comissão da verdade apurasse mesmo a verdade verdadeira do maldito mensalão, episódio gerador de eterna dívida para com a história, semelhante à mácula negra da escravatura que nos constrange até os dias de hoje, pecha terrível dos “mensaleiros” que igualmente enlutaram e enojaram a Pátria, servindo de péssimo exemplo para outros tantos descalabros, impunes, praticados por malfeitores que, infelizmente, ainda permeiam os tecidos da sociedade em todos os níveis e as entranhas da Pátria, como verdadeiros cânceres morais da Nação.
Gilberto de Oliveira disse...
Felizmente apareceu mais um que teve a hombridade de reconhecer seu erro e desmentir esses canalhas petistas/comunistas que só sabem roubar, assassinar, sequestrar, mentir, denegrir e acusar mentirosamente seus antigos opositores. Aos poucos a população está chegando à conclusão que uma mentira não se sustentar por muito tempo, chegará o momento que haverá uma grita totalmente contra tudo isso que está acontecendo. Essas aberrações são inadmissíveis.
Gilberto de Oliveira disse...
Felizmente apareceu mais um que teve a hombridade de reconhecer seu erro e desmentir esses canalhas petistas/comunistas que só sabem roubar, assassinar, sequestrar, mentir, denegrir e acusar mentirosamente seus antigos opositores. Aos poucos a população está chegando à conclusão que uma mentira não se sustentar por muito tempo, chegará o momento que haverá uma grita totalmente contra tudo isso que está acontecendo. Essas aberrações são inadmissíveis.
Anônimo disse...
Cabe uma ressalva. Os que como o senhor lutavam para implantar uma outra ditadura, de esquerda, não podem colocar na mesma vala aqueles que queriam simplesmente derrubar a nossa ditadura. Apenas aparentemente estariam todos na mesma posição, mas eu abomino a nossa ditadura sem concordar com a ditadura dos outros. Essa posição simples assim me parece injusta e fornece munição para a os torturadores do regime.
Lubeck disse...
Eu estou muito surpresa com essa corajosa declaração. Eu tenho me sentido como um "João Batista" pregando no deserto e tentando mostrar o "outro" lado da História que parece esta oculta e manipulada. Parabéns! Que outros tenham a mesma ousadia de dizer a verdade e desmascarar essa turma podre que tomou posse do Brasil e está arruinando tudo.
Anônimo disse...
Essa comissão da verdade é uma mentira.
Que vergonha!!
Ronaldo Castro de Lima Jr. disse...
A confissão do Paulo Roberto é legítima e honesta, ao contrário do Paulo Freire. Entre os dois Paulos há um fosso abissal. A pedagogia de Paulo Freire é pura militância. O que há de bom é pura cópia, aqui sim um eufemismo.
Ronaldo Castro de Lima Jr. disse...
Por falar em teóricos da educação, Anisio Teixeira é infinitamente melhor.

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