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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Embrapa: uma empresa de sucesso, mas ainda contaminada pela ideologia companheira

A Embrapa é uma realização brasileira que poderia ter emergido em quaisquer circunstâncias, pois corresponde ao que pode ser chamado de especializações ricardianas, ou seja, as vantagens comparativas relativas, inteiramente cobertas pela teoria do comércio internacional de David Ricardo (uma teoria rejeitada por companheiros mais obtusos, que a confundem com alguma fatalidade do essencialmente agrícola).
Quis o destino -- e nossa trajetória política e tecnológica -- que ela surgisse durante o governo militar, mais exatamente em 1971. Ela se fez, como ocorreu com a "substituição de importações" na pós-graduação de maneira geral, com base na formação de quadros, ou seja, de capital humano, no exterior e no desenvolvimento de tecnologia própria, adaptada ao Brasil.
Trata-se do maior sucesso técnico em matéria de agricultura tropical do mundo, e sua experiência pode ser estendida a todas as demais regiões com biótipos relativamente semelhantes aos do Brasil, e mesmo diferentes, pois o essencial está na P&D adaptada ao ambiente geográfico, ecológico.
Com os companheiros no poder, quiseram transformar a Embrapa em auxiliar da pequena agricultura camponesa, o que é uma estupidez monumental, pois agricultura responde a condições técnicas e a dados de mercado, independente de quem está atrás da máquina ou da propriedade. Agricultura de sucesso é aquela que produz ao menor custo com o maior volume possível, ponto.
O mercado se encarrega do resto, e guia, justamente, os passos dos técnicos que precisam responder aos incentivos e estímulos de mercado para orientar a agricultura.
Tentar transformar a Embrapa em instrumento de justiça social, de redistribuição de renda é criminoso, pois ela foi feita para resolver problemas técnicos, não sociais, que devem ser resolvidos na esfera das políticas públicos, ao maior nível de eficiência possível.
Essa coisa da "diplomacia Sul-Sul" é uma estupidez em si, para si, e para o Brasil, pois é ideologia misturada ao interesse nacional.
A Embrapa deve colaborar com outros países da mesma faixa de latitude pois é nisso que residem suas vantagens comparativas, não porque se pretenda fazer política da agricultura, ou de uma instituição como ela. Ela deve disseminar sua tecnologia pois é do interesse da humanidade, não do governo companheiro. Ela deve ajudar na produtividade agrícola de outros povos pois é nisso que reside sua vocação, sem qualquer exploração política ou ideológica, ou restrição de natureza partidária.
Enfim, uma Embrapa liberta das loucuras companheiras seria uma Embrapa melhor, e mais eficiente.
Paulo Roberto de Almeida

Brasil quer expandir "diplomacia agrícola" na África e na América Latina


UOL/Midiamax, 2/022014

O Brasil pretende expandir em 2014 sua "diplomacia agrícola", como é conhecida a rede de cooperação em tecnologia agropecuária que o governo vem realizando em mais de 30 países da África e América Latina e que faz parte da estratégia sul-sul da política externa brasileira.
"Este será o ano de massificar os projetos de agricultura familiar, sobretudo na África, destinados principalmente à segurança alimentar", disse à Agência Efe o diretor de projetos de cooperação técnica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Alberto Santana.
A estatal atua na África e na América Latina através da Agência Brasileira de Cooperação, órgão do Ministério das Relações Exteriores, e é uma das ferramentas da política externa do país, que aspira ser um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 2014 será o Ano Africano da Agricultura e da Segurança Alimentar.
De 2002 até 2013, por exemplo, a relação comercial entre Brasil e África cresceu 449%, de acordo com os números do fluxo comercial do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, como parte da estratégia traçada em 2003 com a chegada ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Isto faz parte da cooperação sul-sul iniciada com o governo Lula, porque a grande questão na África é a cultura alimentícia e dotar a população rural de conhecimento e técnica para que não sejam dependentes dos alimentos estrangeiros", política que continua com a presidente Dilma Rousseff, segundo Santana.
Na África, o Brasil tem escritórios de Embrapa em Moçambique e Gana e a presença de um funcionário no Mali.
Os países que recebem cooperação do Brasil, principalmente destinada à agricultura familiar, são Senegal, Guiné-Bissau, Mali, Burkina Fasso, Gana, Togo, Benin, Nigéria, Chade, Gabão, Congo, Angola, Zâmbia, Moçambique, Malawi, Quênia, Etiópia, Uganda e Burundi.
"Sempre atuamos sob a demanda do país interessado", ressaltou Santana.
Em Moçambique, a Embrapa trabalha com o Japão no programa Pró Savana para a difusão entre os agricultores familiares de produtos como milho, feijões, sorgo, mandioca, amendoim, algodão, arroz e soja.
Da mesma maneira, trabalha com a agência de cooperação americana (USAID) na confecção de uma rede de produtos agrícolas que possam ser provedores da merenda escolar, à base de hortaliças, aos alunos das escolas públicas.
"Nosso trabalho é fortalecer a pesquisa rural, a infraestrutura e o treinamento dos agricultores", sustentou Santana, para quem um dos pontos mais importantes na cooperação será o envio de maquinaria agrícola.
A experiência brasileira sobre algodão nos países do centro da África foi levada a partir dos resultados da produção na Bahia e em outros do nordeste.
Os resultados, de acordo com os técnicos de Embrapa, serão vistos em cinco anos porque devem sobrepor-se, para estes cultivos, barreiras culturais e antropológicas em relação ao uso da terra.
Em relação à América Latina, existem cooperações diferenciadas, como na Venezuela com um programa de plantação da soja extensiva.
No âmbito sul-americano, o Brasil tem um projeto de aplicar na Bolívia, Peru, Argentina, Uruguai e Paraguai um projeto para financiar a cooperação técnica em adaptar o cultivo do algodão nas pequenas propriedades rurais com a produção de alimentos.
Esta iniciativa se encontra no marco da sanção da Organização Mundial do Comércio (OMC) de 2009 que autoriza o Brasil a adotar represálias comerciais contra os Estados Unidos no valor de US$ 830 milhões por ano pelo fato de ter subsidiado seus produtores de algodão, o que prejudicou os brasileiros.
Na América Central, a apicultura em Honduras é o principal projeto e no Caribe a cooperação aponta à assessoria técnica no plantio de frutas e hortaliças em Trinidad e Tobago e no Haiti, com agricultura familiar voltada para a alimentação nacional.
Nesse sentido, a Empraba desenvolve em Cuba, país visitado nesta semana por Dilma, uma das maiores conquistas da pesquisa brasileira desde os anos 70, que é a semente de soja tropical.
Em Cuba "temos quatro projetos: soja, milho, combate às pragas agrícolas e controle de metais pesados na agricultura, além de criação de gado ovino e caprino", concluiu Santana.

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