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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Venezuela: os partidos brasileiros tomam posicao - PSDB, sem nota oficial

Procurei na página oficial do PSDB e não encontrei nenhuma nota oficial do partido sobre o caso da Venezuela, como ocorreu ontem na página do PT (mas em nome do presidente).
Existe, porém, um pronunciamento do seu presidente nacional, Senador Aécio Neves, e também um artigo de seu ex-presidente, deputado José Anibal:

Senador cobra “posição firme e equilibrada” do governo brasileiro sobre a Venezuela

20 de fevereiro de 2014
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IMG_7792Brasília (DF) – O agravamento da situação na Venezuela foi duramente criticada nesta quinta-feira (20) pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves. O tucano cobrou do governo brasileiro uma “posição firme e equilibrada”  em favor da democracia e da busca pelo diálogo. Para ele, é fundamental que o Brasil e os demais países se esforcem pela paz na região.
“O agravamento da situação  na Venezuela, com a violência da resposta das forcas oficialistas e o desrespeito aos direitos da cidadania, exige uma posição firme e equilibrada do governo do Brasil e dos lideres democráticos para que haja reabertura do dialogo e se restabeleça o clima de paz e confiança próprio dos regimes constitucionais”, ressaltou o senador.
Aécio lembrou que a Venezuela é um país-irmão do Brasil. “Nessa hora difícil para o país irmão, o PSDB acredita que a tomada sectária de partido em defesa do governo, como fez o presidente do PT, em nada contribui para a reconstrução da almejada concórdia [concordância] dos venezuelanos”, disse.
Segundo o senador, é essencial buscar o entendimento. “É hora para estabelecer pontos de entendimento, não para aumentar conflitos. Esperamos que o governo brasileiro atue em beneficio da paz e do fortalecimento da democracia na Venezuela”.
Desde o início dos protestos nas principais cidades da Venezuela, especialmente, Caracas seis pessoas morreram. Ontem (19) uma cena chocou o mundo: Génesis Carmona, de 22 anos, miss e modelo profissional, foi atingida com um tiro na cabeça e não sobreviveu.
A presidente Dilma Rousseff não se manifestou sobre a violência das manifestações na Venezuela.
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Eu entendo que este governo nutra pela Venezuela chavista boa dose de admiração, além de respeitosa lealdade. Também compreendo as afinidades existentes entre os dois. Mas a condescendência do Estado brasileiro com a degeneração institucional da Venezuela e com a escalada da violência política atenta contra a nossa história e tradição diplomática.
Com relatos de truculência e prisões arbitrárias, lá se vão 15 dias de protestos ininterruptos. O maior deles, há uma semana, terminou com três mortos e quase 30 feridos. Milícias têm atuado contra adversários e manifestantes sob os bigodes do Estado. A imprensa foi dobrada. A oposição protesta contra a omissão de organismos multilaterais e de vizinhos, Brasil à frente.
O presidente Nicolás Maduro reagiu como de costume: criando factoides. Denunciou uma conspiração golpista e expulsou diplomatas americanos. Criminalizou os partidos de oposição e prendeu inimigos. Convocou e insuflou partidários para enfrentar os manifestantes. Por fim, solicitou aos governos amigos na região que fizessem vista grossa e que se calassem. E foi atendido.
O voluntarismo messiânico dessa escola política parece ser incapaz de entender e de tolerar o sistema de contrapesos da democracia. Se o governo é ruim, como é o da Venezuela, o sistema republicano não perdoa. À mercê de estruturas mentais superadas e portador de um heroísmo fraudulento e autoritário, Nicolás Maduro não é mais do que uma figura patética.
Que ele fale com Chávez por meio de passarinhos, é um problema do povo venezuelano. Que o Brasil abandone seus princípios e enxovalhe sua trajetória diplomática, é um problema nosso. Foi o nosso multilateralismo e a vocação para a resolução pacífica de controvérsias que fez de nós líderes do continente. Quando a gente acha que este governo não pode mais se rebaixar, ele se supera.

José Aníbal é economista, deputado federal licenciado e ex-presidente do PSDB.

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