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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Brasil: um anao diplomatico? Nao! So tem um governo hipócrita e esquerdista - Bernardo Santoro

Brasil não é anão diplomático, só tem um governo hipócrita e esquerdista

anaobrasil
O Governo brasileiro soltou ontem uma nota oficial declarando que considera inaceitável a escalada de violência entre Israel e Palestina. Condenou ainda o uso desproporcional de força por parte do exército israelense que teria resultado na morte de milhares de crianças e mulheres. Em resposta, a chancelaria de Israel chamou o Brasil de “anão diplomático” e que mais atrapalha que ajuda.
O Brasil não é um anão diplomático, sendo um ator internacional ativo desde a criação da ONU, o que demonstra certo despeito e rancor, até compreensíveis, por parte da chancelaria israelense. O problema do Brasil é mais profundo, de ordem moral e emocional: o governo brasileiro é hipócrita e esquerdista.
A hipocrisia do Governo ao retirar o embaixador local para explicações por causa da violência é tão risível que até o momento não consegui imaginar como a nossa chancelaria teve tamanha cara de pau. O “Escritório sobre Drogas e Crime das Nações Unidas” classifica o Brasil como o 16º país mais violento do mundo em termos relativos e o mais violento do mundo em números absolutos de homicídios anuais. A soma populacional das capitais Maceió e João Pessoa equivale ao número de habitantes da Faixa de Gaza. Em 2013 foram 1310 homicídios nessas duas cidades somadas, em tempos de paz, o que equivale a metade dos mortos em Gaza durante essa guerra aberta. Se fôssemos adentrar na discussão da violência do Estado, com suas leis interventoras, e da polícia despreparada sobre o indivíduo brasileiro, os números seriam igualmente assustadores.
Dado o atual panorama da segurança pública brasileira, seria absolutamente razoável que todos os países do mundo com representação diplomática no Brasil convocassem seus embaixadores para explicações sobre o porquê da violência aqui ser tão grande se estamos supostamente em tempos de paz. Mas para o Governo brasileiro é melhor criar um fato político com o problema humanitário alheio do que ter a decência de admitir suas próprias falhas na promoção de direitos humanos.
Falando em direitos humanos e países islâmicos, nessa semana tivemos a declaração do líder do grupo jihadista Estado Islâmico (ISIS), Abu Bakr al-Baghdadi, ordenando a prática da mutilação genital nas mulheres do califado muçulmano organizado por ele dentro da Síria e do Iraque. Há rumores de que o ISIS já está operando também dentro de Gaza e da Cisjordânia, ou seja, em breve teremos mulheres mutiladas aos borbotões em vários pontos do Oriente Médio, inclusive na Palestina. Esse, que é um dos crimes mais horríveis feito sistematicamente contra mulheres, não é feito em Israel, mas esquerdistas são bastante incongruentes na hora de escolher seus rivais.
De acordo com a Anistia Internacional, são 27 os países que hoje praticam sistematicamente a mutilação feminina: Benin, Burkina Faso, Camarões, República Central Africana, Chade, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné Bissau, Quênia, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Somália, Sudão, Tanzânia, Togo e Uganda.
Dado o horror dessa prática, imaginei que um Governo tão diligente com os direitos humanos como o Brasil parece querer se mostrar ser, certamente deveria ter pedido esclarecimentos para os governos citados e até retirado seu corpo diplomático de países bárbaros como aqueles.
Então dei uma entrada no site da chancelaria brasileira, e descobri que temos representantes diplomáticos em praticamente todos os países e que nenhum diplomata brasileiro jamais foi convocado para explicar a barbárie cometida lá contra mulheres indefesas. Pelo contrário, o Governo brasileiro fez questão de perdoar a dívida de vários ditadores desses países com o Brasil.
Dada toda essa situação deprimente, sinceramente, acho que seria melhor se fôssemos apenas anões diplomáticos, e não esquizofrênicos antissemitas. Direitos humanos devem ser defendidos para todos: mulheres, judeus, muçulmanos… indivíduos!

Sobre o autor


Bernardo Santoro
Diretor do Instituto Liberal
Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.        

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