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sexta-feira, 4 de julho de 2014

O projeto totalitario do PT - Olavo de Carvalho

Antes de rejeitar o artigo e o autor como sendo de "direita", caberia ler e refletir sobre o que eles dizem.
Não concordo, por exemplo, com a afirmação de que o PT pretende instalar o comunismo no Brasil, pois sendo assim, ademais do rótulo de totalitários, o que os companheiros são inequivocamente, estaríamos atribuindo a eles a qualidade de estúpidos, o que eles não são. Podem ser ignorantes, ingênuos, de má-fé, mentirosos, fraudadores, ladrões, enganadores, mistificadores, demagogos, populistas, autoritários e várias outras coisas mais, mas estúpidos eles não são.
Como disse acima, eles são totalitários, e pretendem se consolidar no poder, congelar seu controle sobre a máquina pública e simplesmente extorquir os capitalistas, pois já perceberam que quem cria riquezas na sociedade são os capitalistas, e os trabalhadores, não essas baboseiras de coletivos e empresas socialistas, como estão fazendo os estúpidos dos bolivarianos, e os comunistas de Cuba, que agora são apenas totalitários, e querem arrumar fórmulas para não perder o poder, passando para uma espécie de capitalismo administrado pelo PCC, um pouco ao estilo chinês.
Portanto, os companheiros no poder no Brasil não querem construir o socialismo, eles apenas querem se eternizar no poder. Para isso vão fazer de tudo, inclusive mentir, enganar, e sobretudo tentar conquistar apoio suficiente na população para o seu projeto totalitário.
Com isso, eles distribuem migalhas ao seu curral eleitoral do Bolsa Família, ao mesmo tempo em que tentam moldar corações e mentes de imensas massas, para "provar" que o seu modelo é melhor do que qualquer outro, dos partidos tradicionais.
Até agora, auxiliados pela propaganda de tipo gramscista-freireana, do distributivismo via Estado, eles tem conseguido se manter no poder. Os brasileiros têm dificuldade em se convencer de que, se quiserem ficar ricos mais rapidamente, precisariam aderir a um sistema capitalista mais livre, inclusive porque não dispõem de educação suficiente para compreender o que é uma economia de mercado.
Portanto, o Brasil vai continuar nessa mediocridade de crescimento -- com um Estado que rouba da sociedade dois quintos da riqueza que ela produz -- e com uma extensão dos poderes públicos sobre a vida privada poucas vezes vista fora dos fascismos clássicos e do comunismo europeu.
Estamos indo a caminho da mediocridade socialista dos companheiros, com um fascismo corporativo rapidamente se disseminando.
Este é o perigo.
Paulo Roberto de Almeida

Sonho Mau
Olavo de Carvalho
(recebido em 3/07/2014) 

Muitas previsões, dizia Thomas Mann, são enunciadas não porque vão se realizar, mas na esperança de que não se realizem. Todas as que fiz, especialmente as mais alarmantes, foram assim. Com uma diferença: as previsões sempre se realizaram, a esperança nunca.

Nos assuntos humanos, a certeza absoluta é geralmente uma utopia. O máximo que se alcança é uma probabilidade razoável. E o culto devoto que o homem contemporâneo consagra aos números não o levará mais longe: uma probabilidade, calculada até os centésimos de milionésimos, continuará sempre sendo o que é -- uma probabilidade, não uma certeza.

No entanto, continua válido o preceito de que a exatidão de uma ciência se mede pela sua capacidade de fazer previsões corretas. Nas ciência humanas, e especialmente na ciência política, a previsão deve sempre assinalar as variáveis que podem modificá-la no curso do processo. Muitas dessas variáveis dependem da criatividade, da iniciativa e da coragem dos personagens envolvidos. Se as previsões mais deprimentes se realizam com exatidão quase matemática, isto se deve mais à ausência desses três fatores do que aos méritos científicos de quem as enuncia.
Numa apostila já velha, que nunca tive a ocasião de corrigir para publicação, expliquei que a liberdade é uma propriedade vital da psique humana, mas que esta não a possui como um dom perfeito e acabado, e sim apenas como uma possibilidade que de certo modo se cria e se amplia a si mesma na medida em que se assume e se exerce. Por isso é que a famosa controvérsia de determinismo e livre arbítrio não tem solução geral teórica: esses dois fatores não pesam uniformemente em todas as vidas, mas se distribuem de maneira desigual conforme um jogo dialético muito sutil que varia de indivíduo para indivíduo, de situação para situação, de caso para caso. Não há como provar a liberdade senão exercendo-a, mas colocá-la em dúvida é já abster-se de exercê-la, provando portanto sua inexistência mediante uma profecia auto-realizável.

Inversa e complementarmente, a própria psique se torna rala e evanescente quando, por abdicação voluntária ou sob a pressão de condições adversas, a liberdade cede o passo à intervenção de fatores “externos”: a pura fisiologia, os hábitos inconscientes, o jogo das influências ambientais, o acaso, etc. Numa situação extrema, já não há mais atividade psíquica livre: a psique torna-se o reflexo passivo e mecânico de tudo quanto lhe é estranho.

Essa distinção aplica-se aos indivíduos como às sociedades. Em qualquer grupo social pode-se avaliar sem muita dificuldade se ali predominam a percepção alerta, a presteza e criatividade das reações, ou o apego indolente a chavões e frases feitas que se repetem como mantras enquanto a realidade vai correndo, mudando e passando como um trator sobre a multidão de sonsos.

Depreciando instintivamente as mudanças e diferenças, a mente letárgica apega-se à “heurística disponível”, que o manual de psicologia forense de Curtis R. Bartol, muito usado nos EUA, define como um atalho mental construído com os fatos mais vulgares e acessíveis – em geral os fatos repetidos pela mídia --, simulando uma explicação.

É assim que os riscos e ameaças mais graves e iminentes passam despercebidos sob uma afetação de segurança tranqüilizante. E foi assim que os planos do PT para a implantação do comunismo no Brasil, registrados nas atas de assembléias do partido, repetidos nas do Foro de São Paulo e insistentemente explicados nos meus artigos e conferências, foram solenemente ignorados como se fossem meras tiradas verbais sem a menor conseqüência, até que agora podem ser postos em prática diante dos olhos de todos, com a certeza de que a o povo e as elites, degradados e estiolados por décadas de indolência mental e repetitividade mecânica, nem saberão como reagir.
Não é preciso dizer que, deteriorada num grupo humano a capacidade de percepção rápida e reação criativa, o curso das coisas vai se tornando cada vez mais previsível graças ao império geral da passividade mecânica. O que era apenas uma probabilidade, manejável pela livre vontade humana, torna-se o cálculo matemático de uma fatalidade. 

Pela milésima vez: Quando um homem normal diz “sociedade civil”, ele designa com isso a totalidade das pessoas dotadas de direitos civis e políticos. Quando um comunista usa o mesmo termo, ele sabe que os profanos o ouvirão exatamente assim, mas que os iniciados saberão perfeitamente que se trata apenas de um reduzido círculo de organizações e movimentos criados pelo Partido para fazer a parte suja do serviço sem comprometê-lo diretamente.

Na estratégia comunista, trocar a representação eleitoral pelo governo direto dessas organizações e movimentos é, desde há mais de um século, a virada decisiva, o “salto qualitativo” que, após uma longa acumulação de subversões e corrosões, marca a passagem de qualquer regime para uma ditadura socialista.

Para quem quer que conheça a história do comunismo, isso é uma obviedade patente, mas quem está acostumado a pensar segundo a “heurística disponível” da mídia usual, quem se recusou por mais de vinte anos a enxergar o que se preparava, talvez não venha a enxergá-lo nem mesmo depois de realizado.  Muitos irão para o Gulag ou para o “paredón” jurando que é apenas um sonho mau.

Do site Mídia Sem Máscara

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