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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Candidatos a carreira diplomatica, num mundo quase bolivariano; estarei errado?

Recebi, no formulário de consulta do meu site, a seguinte mensagem de um jovem candidato à carreira diplomática: 


On Nov 5, 2014, at 14:51, Rxxxxx Lxxxx Axxxx <rxxxxxxxxx@hotmail.com> wrote:
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.

Nome:
Cidade:
Estado: São Paulo
Email: xxxxxxxx@hotmail.com
Assunto: Sugestao
Mensagem: Caro diplomata,

Assim como o senhor, tenho imensurável interesse em empreender a profissão diplomática. Portanto, já com meus 18 anos, quero iniciar com antecedência meu preparo intelectual para a rigorosa prova do Instituto Rio Branco. E, para tanto, seria-me muito útil ser aconselhado por um tão bem sucedido, cognitiva e eticamente, diplomata sobre a bibliografia básica de estudo.

Além disso, gostaria de perguntar sobre a criteria de correção: as respostas deverão estar associadas a algum tipo de ideologia ou linha de pensamento? Acompanho fervorosamente seus artigos sobre a globalização e o \"neoliberalismo\" e compactuo com alguns postulados, digamos, de \"direita\". Deveria eu abandonar minhas posições enquanto faço a prova?

Em conclusão, desde já agradeço profundamente a nobre atenção do Senhor.

Atenciosamente,
Xxxxxxx
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Respondi o que segue:  

Xxxxxx, meu caro
       Saudo seu desejo de se tornar diplomata e de comecar a preparar-se desde ja, mas permita-me corrigir algumas coisas.
       Eu nunca tive a intenção de tornar-me diplomata, até os 27 anos, depois de um longo exilio na Europa durante a ditadura militar, e entrei mais para testar a minha ficha do SNI -- veja o que foi isso na Wikipedia -- do que propriamente para entrar no Estado burguês. Sim, nessa época eu ainda era marxista, e pretendia fazer o Brasil caminhar para o socialismo, ainda que numa versao light e reformista, e não mais no formato bolchevique ou castrista dos anos pré-universitários.
       Não me considero liberal, e muito menos de direita, mas não dou muita importancia para rotulos e slogans. Sou apenas um ser racional, certamente bem mais liberal em economia do que fui no passado, mas que busca solucoes de bom senso para os problemas brasileiros, e não mais em função de qualquer ideologia ou de projetos de engenharia social que possam existir no supermercado de ideias.
       Mas, isso não responde a sua pergunta, que é sobre leituras do concurso.
       A prevalecerem os companheiros no poder, as respostas a determinadas questoes devem ser conforme a verdade do momento, nao exatamente a verdade verdadeira. Eles moldaram tudo, inclusive os exames de ingresso na diplomacia, mas isto vc vai aprender ao estudar. Meus textos justamente nao servem para essa versao deformada da historia, e portanto deixe isso de lado e se concentre na bibliografia classica que está disponivel em alguns cursinhos preparatorios e em listas e grupos de estudos de preparaçao ao exame da carreira diplomatica. Tem muitos.
       Sim, leia todos os discursos da diplomacia brasileira atual, impregne-se do espírito companheiro (se eles continuarem no poder quando vc fizer concurso), e responda na linha do comitê central: os argentinos são otimos hermanos, os bolivarianos são bons companheiros, e por aí vai. Por enquanto é isso.
       O abraço do
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Paulo Roberto de Almeida

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