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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Prata da Casa: ainda o terceiro trimestre de 2014, mini-resenhas de livros de diplomatas

Eu já havia postado esta coletânea aqui (neste link), mas como efetuei uma substituição de última hora de um dos livros (que ficou para o último trimeste de 2014), volto a postar estas mini-resenhas, cujos livros também já figuram neste e-book:

Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas (Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 151 p. 484 KB; ASIN: B00OL05KYG; disponível na Amazon; link: http://www.amazon.com/dp/B00OL05KYG; e na plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/8815100/23_Polindo_a_Prata_da_Casa_mini-resenhas_de_livros_de_diplomatas_2014_). Prefácio e Sumário disponíveis no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/mini-resenhas-de-livros-de-diplomatas.html). Relação de Originais n. 2693. Relação de Publicados n. 1145.

“Prata da Casa - Boletim ADB: 3ro. trimestre 2014”, Notas sobre os seguintes livros: 
(1) Paulo Roberto de Almeida: Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8); 
(2) José Ricardo da Costa Aguiar Alves: O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas e suas propostas de reforma (Brasília: Funag, 2014, 535 p.; ISBN 978-85-7631-504-9; Coleção CAE);  
(3) Rogério de Souza Farias: A palavra do Brasil no sistema multilateral de comércio (1946-1994) (Brasília: Funag, 2013, 885 p.; ISBN 978-85-7631-477-6; Coleção Política Externa Brasileira);  
(4) Renato L. R. Marques: Memorábilia (Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2013, 378 p.; ISBN 978-85-914949-1-0);  
(5) José A. Lindgren Alves: Os novos Bálcãs (Brasília: Funag, 2013, 161 p.; ISBN 978-85-7631-478-3; Coleção Em Poucas Palavras);  
(6) Francisco Doratioto: O Brasil no Rio da Prata (1822-1994) (Brasília: Funag, 2014, 190 p.; ISBN 978-85-7631-489-9; Coleção Em Poucas Palavras). 
Publicado no Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros – ADB (ano 21, n. 86, julho-agosto-setembro 2014, p. 30-32; ISSN: 0104-8503). 
Relação de Originais n. 2634. Relação de Publicados n. 1140. 


Prata da Casa - Boletim ADB: 3ro. trimestre 2014

Paulo Roberto de Almeida
Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros
(ano 21, n. 86, julho-agosto-setembro 2014, p. 30-32; ISSN: 0104-8503)

(1) Paulo Roberto de Almeida:
Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais
(Curitiba: Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8)


            Tudo o que você sempre quis saber sobre a diplomacia companheira e nunca teve a quem perguntar? Agora talvez já tenha, sobre quase tudo. Em todo caso, figura aqui uma avaliação do que representaram, para a política externa, os anos do lulo-petismo, com a independência de um acadêmico que também integra a diplomacia. Existem episódios que ainda vão requerer pesquisa em arquivos para saber como foram exatamente decididos, e provavelmente lacunas subsistirão, tendo em vista justamente as características especiais de uma diplomacia que não partiu essencialmente de sua casa de origem, mas andou combinada a outros estímulos, não arquivados. Parece que ela foi ativa, altiva e soberana, como nunca antes tinha acontecido. Outros traços emergirão num futuro balanço, ainda sem data. A História a absolverá? A ver...

(2) José Ricardo da Costa Aguiar Alves:
O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas e suas propostas de reforma
(Brasília: Funag, 2014, 535 p.; ISBN 978-85-7631-504-9; Coleção CAE)


            Prefaciada pelo ex-ministro Pedro Malan, que já trabalhou na ONU, a tese representa a mais ambiciosa análise, histórica e estrutural, do papel do Conselho desde sua origem até 2007, período em que foram empreendidas 42 reformas. A revisão das Metas do Milênio, em 2015, provavelmente exigirá novas reformas. O órgão consome mais de dois terços dos recursos da ONU, comprometidos com o desenvolvimento, ao lado daqueles destinados à paz e segurança, no âmbito do seu Conselho de Segurança. A obra é minuciosa no exame dessas propostas de reforma, sem conter, porém, uma avaliação sobre a eficácia dos recursos investidos nessa missão, o que requereria um outro tipo de estudo, feito por economistas. É uma obra importante para o Itamaraty, que está sempre demandando mais recursos para o desenvolvimento, justamente.

(3) Rogério de Souza Farias:
A palavra do Brasil no sistema multilateral de comércio (1946-1994)
(Brasília: Funag, 2013, 885 p.; ISBN 978-85-7631-477-6; Coleção Política Externa Brasileira)


Um empreendimento de alta qualidade, que completa, com louvor, uma coletânea do gênero feita pelo Embaixador Seixas Corrêa para os discursos de abertura da AGNU. Ele é, aliás, o prefaciador da compilação seletiva dos mais importantes pronunciamentos feitos por representantes brasileiros desde o início do Gatt, passando pela Unctad, até a criação da OMC, e destaca a relevância dos materiais como instrumento de trabalho para os negociadores de hoje. O livro vem acompanhado por informações e fotos dos representantes e de notas de rodapé explicativas de cada contexto negociador. O denso prefácio e a longa introdução merecem leitura atenta; os temas abordados em cada capítulo constituem matéria prima indispensável para conhecer a história econômica e diplomática brasileira no plano do comércio internacional. Parece que pouco mudou... 

(4) Renato L. R. Marques:
Memorábilia
(Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2013, 378 p.; ISBN 978-85-914949-1-0)


            Como diplomata, Renato Marques é bom um escritor, com sua prosa elegante, frases em latim, vasto conhecimento da cultura humanista, sobretudo da história, e grande tino para a observação dos seres humanos, como Balzac, Dickens ou Flaubert. Como escritor, ele não é um diplomata, já que escreve sem os trejeitos típicos dos colegas, falando tudo com grande sinceridade. Nestas suas memórias sentimentais, ele vai desde as origens familiares nos pagos gaúchos, até os últimos postos, que eram, não muito tempo atrás, partes do império soviético. Mais do que um recorrido pela sua vida em vários continentes, elas são reflexões intelectuais sobre países, pessoas, processos e eventos a que assistiu, de que participou, sobre os quais leu; a referência aos grandes escritores é constante, e as fotos são um complemento agradável ao seu texto cortante. 

(5) José A. Lindgren Alves:
Os novos Bálcãs
(Brasília: Funag, 2013, 161 p.; ISBN 978-85-7631-478-3; Coleção Em Poucas Palavras)


            Os “novos Bálcãs” talvez se pareçam um pouco com os “velhos”, no sentido em que os muitos povos eslavos – católicos, ortodoxos, ou islamizados – voltaram a se dividir em meio a conflitos por vezes sanguinários. Depois de algumas décadas de socialismo, quando eles estavam “unidos” pela razão ou pela força, eles estão prontos para receber novamente o Orient Express, que ia das terras cristãs ao império dos otomanos justamente atravessando essas terras complicadas. Lindgren Alves esclarece como a fragmentação étnica reconstruiu a balcanização, com alguns massacres no caminho. Um alerta de como a Europa também pode recriar os velhos demônios da guerra e da violência étnica. O chauvinismo está na origem dessa utopia estilhaçada. Uma síntese que se apoia na melhor bibliografia e num conhecimento direto da região.

(6) Francisco Doratioto:
O Brasil no Rio da Prata (1822-1994)
(Brasília: Funag, 2014, 190 p.; ISBN 978-85-7631-489-9; Coleção Em Poucas Palavras)


            Metade, ou quase, de toda a política externa brasileira, das origens aos dias de hoje, se fez e se faz no Rio da Prata. Daí a escolha deste “semi-diplomata” para escrever uma história que começa na contenção de Buenos Aires, passa pela guerra do Paraguai – sobre a qual o autor publicou o clássico Maldita Guerra –, avança do americanismo ingênuo para o pragmatismo conciliador, nutre desconfiança e cautela (de 1930 a 1955), retoma o aprendizado da cooperação e da superação de divergências, para finalmente chegar à integração no Mercosul (pelo menos até 1994, numa fase ainda feliz). Mesmo “em poucas palavras”, o autor usou fontes primárias, mas várias das secundárias são de autores hermanos: eles são a nossa “circunstância”. A história trata mais de diplomacia do que de comércio e desenvolvimento; parece que é a política que move a economia.


Paulo Roberto de Almeida
[Hartford, 28/07/2014]
Revisão: Twin Falls, Idaho, 5/09/2014

No próximo post, tem mais mini-resenhas, as últimas do ano. Já estou pensando na seleção para o primeiro trimestre de 2015. Livros não faltam, mas tenho de escolher os melhores, para ler e resenhar.
Paulo Roberto de Almeida  

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