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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Cingapura: cresceu mais de cem vezes desde a independencia - Paulo Silva Pinto (CB)

De favela a primeiro mundo
PAULO SILVA PINTO - Enviado especial
 Correio Braziliense, 19/05/2015

Cingapura — Poucos países têm hoje uma situação econômica de que seus habitantes possam se gabar. Entre os que se livraram da colonização recentemente, a lista é ainda menor. E, se for para aumentar a restrição, considerando apenas as nações pobres em recursos naturais, sobra só uma. É por isso que os 5,47 milhões de moradores de Cingapura se preparam para fazer muita festa em 9 de agosto, quando o país completará 50 anos, cinco a menos do que Brasília. É a data em que os cingapurenses deixaram a Federação Malaia, a qual integravam havia menos de dois anos depois de terem deixado de fazer parte do território britânico.
As comemorações terão um sabor especial pelo fato de que Cingapura não pediu para sair, foi expulsa da Malásia. O argumento, na época, era que haveria grande risco para o equilíbrio de forças mantendo-se uma região na qual a composição étnica era diferente dos demais — 75% dos cingapurenses são de famílias de origem chinesa, e os demais se dividem basicamente entre os descendentes de malaios e indianos.
Com 718 km², 12% do território do Distrito Federal, Cingapura tem um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de US$ 55.187, o terceiro maior do mundo. Entre 1965 e 2013, o PIB per capita foi multiplicado por 107, enquanto o da Malásia ficou em 32 vezes o que era. O Brasil conseguiu um fator intermediário: 43. Para avançar tanto, o governo do pequeno país asiático investiu pesadamente em educação e em infraestrutura.
Parte da água ainda é importada de Malásia, mas, cada vez menos, pois o esgoto é tratado de modo tão rigoroso que o líquido resultante pode ser ingerido pelas pessoas. De uma imensa favela à beira-mar, Cingapura virou um dos lugares mais organizados do mundo. O governo provê habitação social para 85% dos habitantes. Mas não paga aposentadoria com recursos públicos. Com isso, a carga tributária não passa de 16% do PIB. No Brasil, são 36%.
O país é um importante centro de logística, com o segundo maior porto do mundo — perde apenas para Roterdã, na Holanda. Embora o setor de serviços venha se expandindo rapidamente, a indústria responde por 29% do PIB. Mesmo sem produzir uma gota de petróleo, Cingapura tem uma das maiores refinarias do mundo. A construção de navios e plataformas de petróleo é um dos principais setores da economia.
Relações
O país aposta na relação com o Brasil, e uma demonstração disso está no fato de ter instalado em Brasília uma das poucas embaixadas que mantém mundo afora: são apenas 35. Há uma única outra representação nas Américas, em Washington. O embaixador brasileiro em Cingapura, Luís Fernando Serra, afirma, porém, que não é fácil o incremento das relações econômicas. “Tenho dificuldade de convencer brasileiros da importância de estar em um mercado tão significativo quanto esse.” O embaixador de Cingapura no Brasil, Choo Chiau Beng, é também empresário e passa a maior parte do tempo em seu país. Mas acompanha tudo o que acontece por aqui. Para ele, os protestos que ocorreram em junho de 2013 são resultado do aumento da classe média. “Isso eleva as expectativas e cobranças da população”, afirma.
A liberdade de manifestação é, aliás, um dos poucos itens que coloca o Brasil à frente de Cingapura. No país asiático, só é possível protestar se o governo autorizar, e o pedido deve ser feito com um mês de antecedência. Embora haja eleições diretas, a influência do partido que está no governo desde que o país foi criado é muito forte, o que limita o crescimento das legendas de oposição. O primeiro-ministro Lee Hsien Loong é o filho mais velho do fundador de Cingapura, Lee Kwan Yew, que governou o país por três décadas, até o começo dos anos 1990. Ele faleceu em 23 de março, aos 91 anos.
O repórter viajou a convite do governo de Cingapura.

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