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sábado, 8 de outubro de 2016

Mini-reflexão sobre o significado da satisfação intelectual como objetivo de vida

O prazer intelectual como objetivo de vida

Paulo Roberto de Almeida
 [Mini-reflexão sobre minhas preferências em matéria de hobby e conduta.] 

Eu venho de uma família bem mais pobre do que a condição social de grande parte dos brasileiros da atualidade: meus pais não tinham sequer primário completo, sem qualquer profissão definida, pois meu pai era motorista e minha mãe lavava roupa para fora para o sustento da família. Eu também passei a trabalhar desde muito cedo na vida. A grande diferença em minha vida e formação foi a de que eu residia próximo a uma biblioteca infantil, que comecei a frequentar ainda antes de aprender a ler. Foi o que me permitiu ascender na vida por meus próprios esforços, estudando em escola pública e trabalhando desde criança, e por isso mesmo estudando de noite, lendo no ônibus ou em qualquer lugar. Eu me fiz por minhas leituras e por meu trabalho, mas nunca pensei em ganhar dinheiro ou ficar rico, e sim em ter prazer intelectual pela leitura, e através do estudo, que resumem todos os meus objetivos de vida.
O que se puder fazer para estimular o gosto, e mesmo a necessidade da leitura, constante, regular, intensa, dos bons livros, nos jovens, nos nossos filhos e netos, é um empreendimento meritório em si, e digno de ser levado adiante, em quaisquer circunstâncias, em qualquer tempo e lugar. Não tenho nenhuma outra recomendação a fazer senão esta, muito simples na verdade: o estímulo ao estudo, à leitura, a reflexão própria, a produção intelectual, a promoção do saber, pelo saber em si, não necessariamente por qualquer outro objetivo. 
Ajudou-me, nessa trajetória individual de ascensão social, que pode ser considerada exitosa -- uma vez que hoje faço parte de um grupo considerado de elite dentro do funcionalismo público, o dos diplomatas -- justamente o fato de ter podido, por mérito e esforço próprios, ingressar por concurso, ou por seleção pelo talento, a profissões, na academia e na diplomacia, que me são amplamente gratificantes, no plano puramente intelectual, do ponto de vista do que mais prezo na vida, e que nunca foi o dinheiro, a riqueza ou o conforto material, e sim o prazer intelectual, a satisfação espiritual, a realização pessoal, que é a de viver num mundo de livros, de saber, de conhecimento, para mim, se possível ajudando outros a ter o mesmo tipo de perspectiva na vida.
Contribuiu também enormemente para isso o fato de ter encontrado alguém, Carmen Lícia, minha mulher, que também mantém, e exerce intensamente, o mesmo gosto pela leitura, pelas viagens, pelas descobertas intelectuais, pelo prazer de ter conhecimento das coisas. Fui gratificado por essa circunstância, que se não é excepcional, no sentido de ser exclusiva, constitui pelo menos uma condição essencial para uma vida de satisfação intelectual.

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 8 de outubro de 2016

PS.: Se, um dia, eu resolver escrever minhas memórias (eu não tenho muito o que contar no plano das atividades públicas), elas serão basicamente intelectuais, ou seja, falando de livros, de ideias, de teorias, de conhecimento, e das ideologias, das falsas ideias e dos equívocos conceituais que muito fizeram por afundar o Brasil (e boa parte da América Latina), nestas décadas e décadas de frustração com a roubalheira, a incompetência, o atraso, a desigualdade, a miséria intelectual de nosso continente.

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