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quinta-feira, 4 de maio de 2017

Peron, o primeiro e unico, o demagogo, e suas contrafacoes - Cesar Maia

Cesar Maia, ex-prefeito do Rio, usa as informações disponíveis, e uma recente entrevista a um jornal brasileiro do filho de Tomas Eloy Martinez, que fez um documentário a partir da entrevista gravada que seu pai fez com Perón, exilado em Madrid, antes de retornar à Argentina, para tecer algumas considerações e selecionar alguns trechos dos dizeres de Perón naquela gravação.
Perón foi o homem, o demagogo político, o populista econômico, o líder carismático, essencialmente fascista, que afundou a Argentina, que construiu uma "decadência programada", se ouso dizer, e os argentinos continuam até hoje reféns de um cadáver insepulto, o de Perón e o de sua esposa mítica e mistificada.
Perón foi o líder destruidor que construiu uma única coisa: a República Sindical, mas o fez com uma doutrina justificadora, embora mentirosa: o Justicialismo, que aliás rima com fascismo. A República Sindical destruiu a Argentina, como ela está destruindo o Brasil, com seu patrimonialismo de tipo gangsterista, com seu corporativismo prebendalista, fisiológico, nepotista, rentista, expropriatório, concentrador, até mafioso.
A grande diferença entre a "nossa" República Sindical -- tentada em 1963-64, e desmantelada pelos militares, mas renascida com as hostes lulopetistas e cutistas de 2003 em diante -- e a dos hermanos é que a essa "nossa" não tem nenhuma doutrina, nenhuma conceituação política, mas pura demagogia e puro oportunismo, quando não roubalheira desenfreada. Trata-se de um peronismo de botequim, uma contrafação do original, um rentismo sem qualquer sentido nacional, atividades quadrilheiras no mais alto grau.
Vejamos aqui uma das avaliações finais de Cesar Maia sobre o resultado do peronismo:
"Erro maior dos peronistas: a Volta de Perón em 1973 não foi para construir um futuro, mas para repetir o passado, dos anos de glória entre 1946 e 1955."
No nosso caso, a contrafação também tentou repetir a era Geisel, aquela que, em meio aos grandes projetos de desenvolvimento econômico, acabou por ser um processo amplamente fracassado, aumentando a inflação e a dívida externa, sendo diretamente responsável pelas década e meia perdida, em sua sequência. O lulopetismo, geiseliano em intenção, mas corrupto por vocação e fundamentalmente inepto, levou o Brasil à Grande Destruição que atravessamos atualmente, à margem de (e sem qualquer conexão com) qualquer conjuntura externa de crise ou recessão.
Transcrevo abaixo a coluna de Cesar Maia desta quinta-feira, 4 de maio de 2017.
Paulo Roberto de Almeida 

PERÓN, NA ÉPOCA, COM 75 ANOS! ENTREVISTA: ENSINAMENTOS QUE SERVEM AOS NOSSOS POLÍTICOS DE HOJE!

1. O consagrado escritor argentino Tomás Eloy Martínez, em 1970, com 36 anos, conseguiu que Perón -75 anos e já com 15 anos de exílio- concedesse em sua casa em Madrid (Puerta de Hierro) uma entrevista gravada. Foram 4 dias de gravações. Em base a essa entrevista, Eloy Martinez escreveu dezenas e dezenas de artigos e dois livros de grande sucesso: Santa Evita e A Novela de Perón.

2. Essas fitas, mantidas em caixas, ficaram guardadas até agora. Nos últimos meses foram transformadas em filme e documentário. Dias atrás, antecipando o lançamento, foram divulgadas 5 partes deste documentário, que vão desde a sua infância até sua morte. As respostas de Perón a Eloy Martinez são comentadas por politólogos, historiadores, políticos sêniores e até publicitários.

3. Deveriam ser vistas e revistas por nossos políticos de hoje, pois contêm experiências acumuladas até a sua maturidade. Seguem trechos que este Ex-Blog selecionou.

4. “O líder, primeiro, se faz ver, para que o conheçam. Depois se faz obedecer espontânea e naturalmente para passar a ser percebido como infalível. O que conduz deve ser percebido como infalível. Isso tudo é uma arte.

5. Não sou um político: sou um condutor. Carisma é o produto de um processo técnico de condução.

6. Condução é unificar as ideias dispersas em direção a um objetivo que conhece o condutor.

7. Ao se chegar ao poder se tem 2 objetivos: fazer a felicidade do Povo e a grandeza da Nação. Se se excede em um, se sacrifica o outro. Deve-se conseguir um equilíbrio entre os dois.

8. A política deve ser pendular entre o sindicalismo que está sempre a direita e a esquerda que está na política.

9. A Condução política é sui generis. As pessoas estão acostumadas à gestão da ordem (que de fato é uma gestão militar). Mas em política jamais existe ordem. Há que se preparar e se acostumar a gerir a desordem.

10. A política não pode ser um corpo rígido. Tem que ser flexível.

11. Fui criado com os animais; adoro os animais. Na política há 10% de idealistas e 90% de opiniões dispersas. Estes 10% são como os cães (tenho 4) e 90% como os gatos. Os cães são fiéis e acompanham silenciosamente. Os gatos são dispersos. Saem para caçar à noite. Quando são contrariados preferem ficar num canto e até se ocultar. Mas quando se veem cercados, reagem atacando. São felinos. 

12. Estar longe dos fatos é melhor que se estar perto. De longe se vê a totalidade.

13. Comentários finais. Perón sempre teve o controle do movimento peronista. Só perdeu o controle quando voltou do exílio ao governo em 1973. / Erro maior dos peronistas: a Volta de Perón em 1973 não foi para construir um futuro, mas para repetir o passado, dos anos de glória entre 1946 e 1955.

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