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domingo, 16 de julho de 2017

O livro verde do BNDES: mais para preto - Rodrigo Constantino 

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 RODRIGO CONSTANTINO

 

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.


ARTIGOS

 

HISTORIADOR MARCO ANTONIO VILLA REBATE PRESIDENTE DO BNDES E DEFENDE: BANCO MERECE UMA AUDITORIA EXTERNA


 


15 de julho de 2017


 

O historiador Marco Antonio Villa, apresentador da Jovem Pan, rebateu o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, após ter acesso ao “Livro Verde” produzido pelo banco, para “justificar” sua política de “seleção de campeões nacionais” durante a gestão petista. Que um economista liberal, doutor em Chicago, preste-se a esse papel é realmente algo lamentável, que só pode decepcionar a todos envolvidos no movimento liberal brasileiro. Vejam:


Hoje mesmo, no jornal O GLOBO, há uma reportagem com base no mesmo “Livro Verde” que mostra como é possível contar mentiras com meias verdades, como fez Paulo durante a entrevista na Jovem Pan. Ao afirmar que a JBS não foi tão expressiva no total de empréstimos do banco nos últimos 5 anos, o atual presidente ignorou a folgada liderança da empresa dentro do seu setor, ou seja, na seleção do “campeão nacional” no setor de frigoríficos, está claro que o grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista tiveram grandes vantagens:


Alvo de investigações da Polícia Federal e do Tribunal de Contas da União, o BNDES apresentou nesta terça-feira seu “Livro verde: nossa história como ela é”, uma compilação de dados e explicações sobre a atuação do banco, com foco no período de 2001 a 2016. A versão preliminar do livro mostra que a JBS, dos irmãos Wesley Joesley Batista, abocanhou a maior fatia do apoio financeiro do banco ao setor de carnes. Dos R$ 31,2 bilhões desembolsados pelo BNDES para os frigoríficos entre os anos 2005 e 2016, a empresa ficou com 38% do total, considerando também o Bertin, que se fundiu à JBS. O grupo BRF ficou com 16%, seguido pela Marfrig/Seara, com 14%. A Seara foi comprada pela JBS do Marfrig em 2013.


Outra coisa injustificável, além do uso do BNDES para o projeto criminoso de poder do PT, é sua enorme concentração em grandes grupos, inclusive estatais, que não precisariam do BNDES para obter financiamento. Quando usam este canal, isso implica em juros maiores para o restante da economia, e Paulo Rabello de Castro não tem como fingir desconhecer esse conceito tão básico de economia. Vejam os maiores beneficiados com os subsídios do banco:


 


http://constantino-static.gazetadopovo.com.br/assets/2017/07/bndes.png

Fonte: BNDES/GLOBO


O BNDES está fomentando o desenvolvimento nacional ou irrigando os cofres dos grandes grupos e das estatais com o dinheiro suado dos trabalhadores? Para quem ainda tem dúvidas da estranha concentração nos grandes grupos, seria bom comparar com o perfil de clientes de um dos maiores bancos privados do país, o Bradesco:


 


http://constantino-static.gazetadopovo.com.br/assets/2017/07/bndes-x-bradesco.png


Não dá, portanto, para ficar defendendo a política do BNDES. Que um suposto liberal o faça é algo ainda pior, inadmissível. Alguns podem argumentar que ao menos é melhor ter alguém com esse perfil no comando, em vez de um desenvolvimentista como Luciano Coutinho. Pode até ser. Não sou um xiita completamente contrário ao pragmatismo.


Mas há dois problemas graves que vejo aqui: 1. Não tenho notado muita diferença, ao menos nos discursos, entre um e outro; 2. Quando um economista associado ao liberalismo faz esses discursos, isso é terrível para a imagem do liberalismo. Por isso tenho sido duro com Paulo, apesar do respeito que tenho (ou tinha) por ele, da mesma forma que fui com Afif Domingos, quando achou que poderia mudar alguma coisa dentro do governo Dilma, em vez de só emprestar alguma credibilidade para uma máfia que destruiu o Brasil.


Paulo Rabello de Castro, pelo visto, não vai mudar o BNDES; é o BNDES que já o mudou, e para muito pior! Aquele que escreveu O mito do governo grátis não é mais o mesmo, e agora parece crer no mito que denunciou. Uma pena…

Rodrigo Constantino

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