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domingo, 6 de agosto de 2017

A Ordem do Progresso (16): resenha de Marcelo de P. Abreu, por Gladson Miranda

Continuidade da transcrição da resenha de Gladson Miranda, desde as postagens anteriores:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-15-resenha-de.html
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-14-resenha-de.html
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http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-ordem-do-progresso-12-resenha-de.html
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Abreu, Marcelo de Paiva (org.):

A Ordem do Progresso: dois séculos de política econômica no Brasil

2. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2014, ISBN 978-85-352-7859-0
íntegra da resenha 
(...)


CAPÍTULO 16 - CONSOLIDAÇÃO DA ESTABILIZAÇÃO E RECONSTRUÇÃO INSTITUCIONAL, 1995-2002

Rogério L. F. Werneck
Fernando Henrique assumiu a presidência a meio de bastante otimismo, o Plano Real parecia estar dando certo, a inflação estava sendo contida, mas foi em 1995 que pareceu haver uma fragilidade, pois a crise mexicana afetou o quadro externo e surgiu o receio de que a política cambial pudesse atrapalhar a balança comercial. (pg. 331-332)

Política econômica, cisão e ambiguidade

“Com a posse do novo governo, no início de 1995, a condução da política econômica tornou-se uma operação muito mais complexa. Por um lado, a agenda passou a ser bem mais ampla do que era. Já não se tratava mais de concentrar todos os esforços no objetivo maior de pôr fim ao processo de alta inflação. Uma extensa gama de novas questões passou a exigir atenção. Ao mesmo tempo, ainda faltava muito para que o novo regime de baixa inflação pudesse ser considerado consolidado. E a melhor forma de assegurar essa consolidação logo mostrou ser questão altamente controvertida dentro do novo governo”. (pg. 334)

Reformas, abertura e privatização

A crise mexicana abriu os olhos dos economistas para possíveis cautelas a serem observadas, pois em razão da “necessidade de financiamento externo da economia teria que ser mantida em níveis bem mais moderados do que se imaginava possível, encurtara-se o tempo disponível para levar à frente as reformas econômicas requeridas para viabilizar o ajuste estrutural do setor público que se fazia necessário”. (pg. 339)
Durante a década de 1990, algumas privatizações tiveram mais importância, como a Vale do Rio Doce. A liberação comercial sofreu uma reversão durante o governo FHC, ainda que estivesse havendo um imenso esforço com a substituição do plano de estabilização pelo Plano Real. O Brasil vinha procurando reforço nas relações com a OMC. (pg. 343)

O projeto da reeleição

O ano de 1996 girou praticamente em torno da mobilização do Congresso para aprovar uma emenda que possibilitasse a reeleição de FHC – aprovada no ano de 1997 –, sendo que sua popularidade vinha em constante crescimento. (pg. 344)
“Expectativas de que, tendo conseguido a aprovação da emenda da reeleição, o governo estaria afinal disposto a mobilizar seus recursos políticos para reverter a deterioração das contas públicas e fazer avançar a agenda de reformas, logo se mostraram infundadas. Na verdade, o Planalto continuou incapaz de mostrar convicção acerca da importância do ajuste fiscal, até nos aspectos mais elementares”. (pg. 346)

Choques externos e crise cambial

No ano de 1997 estourou a Crise Asiática, o que, juntamente com a vulnerabilidade econômica brasileira, trouxe enormes preocupações. A situação foi devidamente controlada em 1998, mas a “inconsistência macroeconômica ainda não tinha sido resolvida”. (pg. 347)
“Em gritante contraste com que o governo contemplava, o abandono do crawling peg deflagrou um processo descontrolado de desvalorização, com efeitos de desestabilização devastadores que perduraram pela maior parte do primeiro bimestre de 1999. Os danos acabaram sendo amplificados por dois fatores. De um lado, como a mudança da política cambial implicava sério rompimento do acordo que acabara de ser firmado com FMI, o país perdeu o apoio das instituições multilaterais e do G-7. De outro, o Banco Central permaneceu precariamente tripulado durante a pior parte da crise, exatamente quando sua atuação se fazia mais necessária”. (pg. 349)

Novo arcabouço de política econômica

A crise precisava ser resolvida e o presidente chegou a conclusão que precisaria mudar sua equipe econômica. Nesse sentido, resolveu nomear Arminio Fraga para a presidência do Banco Central, o que possibilitou novas renegociações de acordos com o FMI e a futura melhora na economia. (pg. 349)

Círculo virtuoso e crise energética

“No início de 2000 a economia parecia bem mais sólida do que um ano antes. A turbulência deflagrada pela desvalorização havia sido superada. A inflação estava sob controle. E havia um programa impressionante de consolidação fiscal em andamento. O ano 2000 estava fadado a ser o melhor ano do segundo mandato de FHC”. (pg. 351)
Internamente, o Brasil vinha sofrendo com incertezas no quadro político e acerca da evolução econômica. Foi então que o país percebeu que o desastre da gestão ocasionou uma exigência descomedida de energia elétrica, sendo que o país estava prestes a encarar uma escassez de energia, causando enorme vulnerabilidade da economia. (pg. 352)

Alternância política e desestabilização

Com queda da popularidade do governo no poder à época e o aumento da popularidade dos candidatos da oposição, o PT, foi feita uma tentativa de renegociação do acordo com o FMI para a estabilização da economia. O acordo sofria resistência, mas ao final acabou sendo realizado, dado o comprometimento em cumpri-lo realizado pelo potencial presidente, Lula. (pg. 355)
“O término do segundo mandato de FHC testemunhou outra mudança da maior importância. Não havia dúvida de que o país tinha feito uma travessia muito difícil em 2002. Mas ao fim e ao cabo dessa travessia, uma mudança política crucial tinha ocorrido. Depois de ter sido derrotado três vezes, o PT tinha finalmente vencido a eleição presidencial. Mas o vencedor teve de se desfazer de boa parte de suas velhas e arraigadas crenças e deixar de lado o discurso radical, para se deslocar rapidamente para o centro do espectro político e adotar como sua a política macroeconômica do governo que chegara ao fim. Não foi uma mudança menor. O que parecia ser um abismo intransponível entre governo e oposição tinha dado lugar a um amplo conjunto de ideias sensatas compartilhadas por governo e oposição”. (pg. 356)

  (continua, para o final)

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