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sábado, 7 de julho de 2018

Ricardo Bergamin disseca a deplorável situação econômica do Brasil

Prezados Senhores
Como todos (ratificando: todos) os indicadores macroeconômicos do governo Temer estão muito piores do que os do governo Dilma, nada mais racional do que os eleitores, intuitivamente, desejarem a volta do menos pior.
Cabe lembrar que legalmente essa senhora estaria impedida de exercer qualquer cargo público nos próximos oito anos, mas como a sociedade brasileira aceitou passivamente a decisão de abrir mão dessa exigência, os indignados que se suicidem.
Ou essa merda de país se torna adulta e debata a verdade com clareza técnica, ou somente nos restará à masturbação mental ideológica. Nesse caso, por total falta de direita no Brasil, a esquerda reinará de forma absoluta muito em breve. Escolham!
Na tragédia brasileira não existem inocentes. Somos todos cúmplices por omissão, covardia ou conivência (Ricardo Bergamini).

Estive certo quando tive todos contra mim (Roberto Campos).
Prezados Senhores

A tragédia econômica promovida pelo governo Temer (réu confesso, aguardando as algemas) foi responsável pelo rebaixamento das notas do Brasil no mercado financeiro internacional. Tendo sido o aumento de gastos concedidos aos servidores públicos até o ano de 2019 que inviabilizou o ajuste fiscal necessário para a recuperação da economia. Cabe lembrar ter sido o descontrole dos gastos com pessoal a fonte primária que provocou a maior crise fiscal da história econômica do Brasil. 

A tragédia econômica do governo TEMER

Base: Junho de 2018

Ricardo Bergamini

O governo atual tem como bandeira única e exclusiva a redução da inflação, e a óbvia redução nominal de juro, porém sem uma análise mais profunda não quer dizer coisa alguma, haja vista que no período dos governos Dilma/Temer (2011/2017) o ano de 2017 foi a de menor inflação (2,9473% ao ano), entretanto pagou o maior juro real (7,39% ao ano), tendo sido 32,20% acima da média do período (5,59% ao ano). Já o ano de 2015 com a maior inflação de (10,6735% ao ano) pagou o menor juro real (3,57% ao ano).

Em junho de 2016 a taxa SELIC era de 14,15% ao ano e a inflação anualizada, na mesma data, era de 8,84% (ganho real dos investidores de 5,31% ao ano). Em junho de 2018 a taxa SELIC estava em 6,50% ao ano e a inflação do IPCA anualizada, na mesma data, em 4,39% (ganho real dos investidores de 2,11% ao ano). Com redução do ganho real dos investidores de 60,26% no período. 
                                                                                                                         
Cabe lembrar que de 2011 até 2017 a média do ganho real dos investidores foi de 5,59% ao ano, e o ganho real apurado em junho de 2018 foi de 2,11% ao ano, ou seja: 62,25% menor. Com a inflação em ascendência e o estoque de dívida aumentando de forma desordenada somente restará ao Banco Central retornar o caminho de volta, aumentado a taxa de juros SELIC. Não creio que para um país que opera em “grau de especulação” seja a atual, uma taxa de retorno atrativa. Já estamos observando uma fuga de capitais desvalorizando o real em relação ao dólar. Cabe lembrar que o IPP (Índice de Preços ao Produtor) que nada mais é do que o IPCA futuro teve aumento de 10,45% em doze meses até maio de 2018.

No acumulado em doze meses até junho de 2016, registrou-se deficit primário (sem juros) de R$ 151,2 bilhões (2,51% do PIB). No acumulado em doze meses até maio de 2018, registrou-se deficit primário de R$ 95,9 bilhões (1,44% do PIB), Redução real de deficit primário (sem juros) de 42,63% em relação ao PIB, comparado com os últimos doze meses do governo Dilma. Nesse ritmo o Brasil vai levar mais 2,6 anos para atingir resultado fiscal primário “zero”.

Em junho de 2016 a dívida líquida da União (Interna e Externa Líquida) era de R$ 4.278,1 bilhões (68,26% do PIB). Em maio de 2018 era de R$ 5.470,1 bilhões (82,05% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 20,20%.

Em junho de 2016 a dívida interna da União carregada pelo Banco Central do Brasil em carteira era de R$ 1.319,5 bilhões (21,05% do PIB). Em maio de 2018 era de R$ 1.753,4 bilhões (26,30% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 24,94%.

A taxa de desemprego medida pela PNAD contínua era de 11,3% no trimestre encerrado em junho de 2016 e foi de 12,7% no trimestre encerrado em maio de 2018. Crescimento de 12,39% no período.

O número de empregados com carteira de trabalho assinada (32,8 milhões) caiu 1,1% frente ao trimestre anterior (dezembro de 2017 a fevereiro de 2018). No confronto com o trimestre de março a maio de 2017, a queda foi de 1,5% (-483 mil pessoas).

No Brasil, em 2017, das 48,5 milhões de pessoas de 15 a 29 anos de idade, 23,0% (11,2 milhões) não estavam ocupadas nem estudando ou se qualificando. Em 2016, o percentual dos que não estudavam nem trabalhavam era de 21,8% (10,5 milhões). De um ano para o outro, houve um aumento de 5,9% nesse contingente, o que equivale a mais 619 mil pessoas nessa condição. Essa trajetória pode estar relacionada ao momento econômico vivido pelo país.

No primeiro trimestre de 2018, a taxa de subutilização da força de trabalho (que agrega os desocupados, os subocupados por insuficiência de horas e a força de trabalho potencial) subiu para 24,7%, o que representa 27,7 milhões de pessoas. Essa é a maior taxa de subutilização na série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012. O contingente de subutilizados também é o maior da série histórica.

O balanço patrimonial da União apresentou um patrimônio líquido negativo de R$ 1,4 trilhão em 2015, de R$ 2,0 trilhões em 2016 e de 2,4 trilhões em 2017. Crescimento de 71,43% em relação ao ano de 2015 e de 20,00% em relação ao ano de 2016.
Para se livrar das algemas o presidente Temer (réu confesso, aguardando as algemas) cometeu mais um crime de responsabilidade fiscal ao descumprir o PLOA concedendo renúncia fiscal da ordem de R$ 354,7 bilhões (5,40% do PIB), tendo sido orçado apenas R$ 284,4 bilhões (4,53% do PIB) para o ano de 2017, ou seja: 19,20% acima do orçado em relação ao PIB.

Cabe lembrar que o seu mais grave crime de responsabilidade fiscal foi o de ter concedido em 2016 aumentos salariais aos servidores públicos federais programados até 2019 (o seu efeito cascata se propagou para os estados e municípios) inviabilizando qualquer programa de ajuste fiscal no Brasil, já que o gasto com pessoal é a fonte primária da tragédia fiscal brasileira, conforme abaixo:

Em 2002 os gastos com pessoal consolidado (união, estados e municípios) foi de 13,35% do PIB. Em 2017 foi de 15,90% do PIB. Crescimento real em relação ao PIB de 19,10% representando 49,20% da carga tributária de 2016 que foi de 32,38%. Para que se avalie a variação criminosa dos gastos reais com pessoal, cabe lembrar que nesse mesmo período houve um crescimento real do PIB Corrente de 36,10%, gerando um ganho real acima da inflação de 43,00% nesse período. Nenhuma nação do planeta conseguiria bancar tamanha orgia pública.
Em 2016 os gastos com pessoal da União (civis e militares) foi de R$ 277,2 bilhões. Em 2017 migra para R$ 304,1 bilhões. Aumento nominal de 9,75% para uma inflação de 2,9473% gerando um aumento real de 6,81%. Cabe lembrar que o teto para o limite de gastos deveria ser a inflação do ano de 2016 de 6,2881%, assim sendo está claro que Temer cometeu crime de responsabilidade fiscal, além dos crimes comuns já conhecidos de todos. Espero que o pau que dá em Chico, também dê em Francisco, ou transformaram o Brasil num grande puteiro, porque assim se ganha mais dinheiro. Que Deus tenha piedade da abissal escuridão e ignorância reinante no Brasil.

Em 2018 está previsto gastos com pessoal da União de R$ 322,8 bilhões, o seja: 6,15% acima do ano de 2017, enquanto o limite constitucional aprovado pelo próprio governo seria de 2,94%, correspondente à inflação do ano de 2017. Com isso ratificando o seu crime de responsabilidade fiscal ao conceder em 2016 aumentos salariais até o ano de 2019, além dos crimes comuns já conhecidos de todos.

Em 2016 os gastos com pessoal consolidado (união, estados e municípios) foi de 47,16% da carga tributária. Em 2017 foi de 49,20% da carga tributária, ou seja: acréscimo de 4,32%.

Ricardo Bergamini
“Dilma está voltando, queridos!”
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Por mais inacreditável que possa parecer, Dilma Rousseff, a mandatária estabanada nas ações e palavras, deposta por mutretagem nas contas públicas, resolveu testar de novo a paciência dos brasileiros e está retornando à cena política. Na ativa. E o que é mais surpreendente: desponta como candidata ao Senado por Minas Gerais com reais chances de se eleger, na dianteira das pesquisas, celebrada de novo na condição de “mãe dos pobres”. Se brincar tenta até o governo do Estado. Não está fechada ainda a melhor posição. Os petistas a enxergam como um “ás” na manga. Trata-se de uma estranha patologia nacional, esta de não aprender com erros passados e, o que é pior, de insistir neles como a imaginar que no trêfego debruçar sobre experiências desastrosas o País vai acabar por encontrar a boa saída. Ledo engano. Nas últimas décadas, o Brasil exibiu qualidades invulgares como cenário de aprendizes de feiticeiro que deixaram de herança uma bagunça administrativa de alto custo a pagar. Foi assim nos idos de Collor, o primeiro a abrir a fila de “impichados” – depois reconduzido ao Congresso – e voltou a se repetir com Dilma, o célebre poste de Lula, inesquecível no plano das anedotas por suas lições de como estocar vento, de saudação à mandioca, de respeito ao ET de Vaginha e de imprecações linguísticas do tipo “mulheres sapiens”. Seu intuito de ir às urnas constitui, por um variado e amplo leque de motivos, uma aberração. O País que passou o que passou nas mãos dessa senhora – responsável por colocar a economia de joelhos praticando a mais devastadora recessão de todos os tempos, que esteve no comando quando os saqueadores dos cofres públicos fizeram a festa, quebraram a estatal de ouro Petrobras e roubaram a rodo – não poderia cogitar a hipótese de aceitá-la novamente saracoteando no poder. A não ser que tenha vocação para o sofrimento. Sob outro aspecto não menos danoso, do ponto de vista legal, a candidatura fere de forma gritante os preceitos da Constituição que atrela o impeachment à perda dos direitos políticos por oito anos. Está lá, letra por letra, disposto na Carta Magna o crime e respectiva descrição da pena decorrente da cassação. Ocorre que o ministro Ricardo Lewandovski, outro mestre do triunvirato da Segunda Turma do STF, ao lado de Toffoli e Gilmar Mendes, que de uns tempos para cá vem sacudindo o coreto legal com decisões arrepiantes, achou por bem costurar junto com o então presidente do Senado Renan Calheiros, mais uma gambiarra jurídica: a perda do cargo sem inabilitação. Fatiou as votações no parlamento em duas etapas e assim manteve a presidente deposta como apta a participar de futuros escrutínios. Diversos partidos se organizam para tentar impugnar essa possibilidade. Pareceres de magistrados são emitidos negando a condição de elegível para Dilma. Mas tribunais não se mostram muito receptivos a considerar a revisão – embora a dita cuja ex-presidente siga sob o peso de processos, inclusive da CVM, pela compra superfaturada de Pasadena, fio-condutor de toda operação Lava Jato.
Você pode estar se perguntando como é possível isso? Mas o ressurgimento de Dilma na atual circunstância simboliza, na prática, de maneira dramática, o enorme fosso de dificuldades e desânimo que tem tido o eleitor para garimpar e ungir ao comando seus líderes. Pode-se atribuir à índole cordata do povo a predisposição de, mesmo depois de ir às ruas gritar “Fora Dilma!”, assumir logo a seguir um estágio de resiliência absoluta na qual é capaz de perdoar falhas dos vilões de outrora. Ou aduzir outros motivos, tal qual a propensão nata do eleitorado a mover-se quase sempre, cegamente, pelo recall de imagem dos postulantes a cargos públicos e pela enganação marqueteira de informações fabricadas que os programas partidários tratam de veicular. De um jeito ou de outro, a excrescência de uma candidatura Dilma está posta. Cabe a cada um repudiá-la, dizendo não na urna.

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