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sábado, 18 de agosto de 2018

Crise no mercado editorial brasileiro: meu comentario - Paulo Roberto de Almeida

Acabo de receber a seguinte mensagem do organizador de uma obra coletiva, em vários volumes, da qual eu participo com um capítulo, em tema de minha especialidade. Abaixo transcrevo meu comentário a ele e a todos os demais colaboradores:

On 18 Aug 2018, at 15:46, Xxxx Xxxxxxx <xxxxxxxxxxx@gmail.com> wrote:

Prezados colegas,
Esperamos encontrá-los bem.
Escrevemos para todos os que revisaram/atualizaram seus capítulos ou escreveram textos inéditos para os volumes 2, 3 e 4 da coleção X Xxxxx Xxxxxxxxx.
Nós havíamos planejado com a Editora relançar os quatro volumes de X Xxxxx Xxxxxxxxx  revisados e ampliados, com novo ISBN, junto com o novo volume, o 5 (Xxxxxxxxx). O lançamento dos 5 livros estava previsto para setembro próximo.
Os livros, inclusive, estão quase prontos, faltando apenas a última leitura e a impressão. Mas, infelizmente, os planos foram alterados.
Recebemos dos diretores da Editora a notícia de que a crise econômica se abateu, de maneira muito grave, sobre o mercado editorial. Segundo nos informaram, as livrarias não vendem e, devido a isso, não pagam às editoras. As duas maiores redes de livrarias do país vêm renegociando dívidas e isso está impactando a produção e distribuição de todas as editoras do país.
Nesse sentido, todo o planejamento teve de ser revisto. Neste ano, em setembro, serão lançados apenas o livro 5, totalmente inédito, e o volume 1, que introduz o leitor à coleção. Todos os outros volumes – 2, 3 e 4 – serão lançados no início de 2019, em sequência, conforme já acordado com a Editora.
Não escondemos nossa surpresa com a decisão tomada pela diretoria da Editora. E tais decisões independeram de nossa vontade. No entanto, queremos enfatizar que são anos de parceria com a Editora Xxxxxxx Xxxxxxxxx, sempre baseada no diálogo e na confiança. A produção editorial dos livros está praticamente pronta e foi um grande investimento de todos os envolvidos (os volumes sairão com novo projeto gráfico, inclusive as capas, e encartes com novas fotos). Nada será modificado em relação ao conteúdo e tamanho dos textos. Todos os livros têm ISBN e estão paginados, de maneira que poderá constar nos currículos daqueles que precisarem informar às suas instituições, embora com lançamento para 2019.
Lamentamos muito o ocorrido e queremos contar com a compreensão de todos os colegas, reiterando que a decisão foi independente de nossa vontade.
Abraços a todos,
Xxxxx Xxxxxxx

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Minha resposta, imediata;

Plenamente explicado, caro Xxxx Xxxxxxx. Venho acompanhando o cenário editorial desde muito tempo, e as explicações dos editores são inteiramente corroboradas pela realidade atual do mercado de livros, com essas insolvências de livrarias e anúncios de cortes e fechamento de locais físicos. A culpe NÃO é da Amazon, que aliás contribui enormemente para aproximar os leitores potenciais dos livros desejados. A culpa é do quadro macroestrutural e setorial da economia brasileira, com erros enormes acumulados ao longo de mais de dez anos de inepta gestão companheira, e uma incapacidade do governo sucessor – enredado em seu próprio labirinto de denúncias e tentativas de salvação entregando os anéis para um Congresso extremamente corrupto e chantagista – de realizar as reformas que tirariam o Brasil da profunda crise fiscal criada pela Grande Destruição lulopetista da economia.
            A recuperação vai provavelmente durar mais tempo do que o previsto, e eu não estranharia se os editores postergassem novamente a publicação dos demais volumes. Cabe esperar que a situação melhore, mas confesso meu profundo desalento com o atual quadro eleitoral. Qualquer que seja a tendência do presidente eleito em outubro, vai ter de haver-se com um Congresso não muito diferente do atual, e portanto teremos mais quatro anos de travessia dificultosa de um pântano econômico e a continuidade da anomia política que caracteriza o atual sistema, superficialmente reformado até aqui.
            Eu mesmo pertenço a uma “grande” editora de livros, a Funag, possivelmente a maior atualmente na área de relações internacionais, e reduzimos pela metade praticamente a edição de livros impressos, devido a cortes orçamentários, o que parece prolongar-se no futuro previsível. Uma solução parcial parece estar na simples preparação de livros eletrônicos, mas também eles exigem despesas de editoração, embora não de distribuição física. Esse é o quadro.
            Agradeço sua excelente nota explicativa, embora possa compreender a frustração de muitos colaboradores.
            Cordialmente, 
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Paulo Roberto de Almeida
Diretor do IPRI-Funag-MRE
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais
www.funag.gov.br/ipri
https://funag.academia.edu/ipri

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