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domingo, 7 de outubro de 2018

Brasil vai ter de provar ao mundo que não corre risco de se tornar uma autocracia de direita

A impressão disseminada por intelectuais "progressistas" e por jornais de centro-esquerda, inclusive ajudados continuamente por militantes do partido do prisioneiro, é a de que o Brasil vai mergulhar no terror de um regime fascista se o candidato da direita for eleito, hoje ou no segundo turno.
Acho que eles prestam um desserviço ao Brasil, ao colocar em dúvida a solidez de suas instituições democráticas, e ao disseminar "impressões", ou "hipóteses", apenas com base nas declarações e posturas, sem dúvida assustadoras, emitidas por esse candidato.
Não creio que se deva partir de suposições para ameaçar o Brasil e o mundo com a inauguração de um regime antidemocrático no Brasil, inclusive porque essas são ilações que não terão espaço facilitado para se concretizar.
Isso faz parte justamente do terrorismo eleitoral dos candidatos de esquerda, em especial da organização criminosa que assaltou o Brasil e os brasileiros de 2003 a 2016.
Jornalistas que deixam sua opinião política prevalecer sobre um comentário objetivo da situação eleitoral prestam um desserviço à causa da imprensa.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de outubro de 2018

Mundo olha para Brasil com horror

Há relativo consenso de que a democracia corre risco

Oliver Stuenkel, excelente analista, professor de Relações Internacionais na Fundação Getúlio Vargas, relata, em artigo para Americas Quarterly:
“Em debate em classe, um dos meus alunos notou secamente que os eleitores [brasileiros] teriam que escolher entre o terror e horror”, em referência a um eventual segundo turno entre Jair Bolsonaro  e Fernando Haddad.
É esse, basicamente, o tom que marca o olhar externo sobre o pleito brasileiro, pondo ênfase em Bolsonaro quando se trata de falar de terror.
Já não bastasse a Economist ter levado Bolsonaro à capa, faz duas semanas, com o título “A mais recente ameaça à democracia na América Latina”, vem Le Monde deste sábado com a manchete de capa: “Extrema direita às portas do poder”.
Não preciso dizer que o vespertino francês considera a extrema direita uma ameaça, tanto quanto a Economist.
Rocio Cara Labrador, que cobre América Latina para o Council on Foreign Relations, escreve: “A eleição geral no Brasil será um dos maiores testes para a sua democracia em décadas”.
Em artigo para o Projeto Syndicate, Robert Muggah, cofundador do Instituto Igarapé, belo centro de estudos especializado em segurança, prevê que os conservadores brasileiros farão “um pacto do diabo com o demagogo de extrema direita Jair Bolsonaro”, do que decorreria “pôr em risco o sistema democrático”.
Essa ideia de que a democracia está em risco com a eleição perpassa boa parte das análises externas sobre o pleito brasileiro.
Minha opinião, já manifestada uma e outra vez em colunas anteriores: o risco Bolsonaro já se manifestou, ganhe ou perca a eleição. Quando um terço ou mais dos eleitores se dispõe a votar em um candidato que faz a apologia da tortura, o Brasil retrocede vários passos  na escala civilizatória.
Se a democracia ficará ameaçada, em caso de vitória dele, é questão em aberto. Mas seria um erro eventualmente trágico se os democratas se acomodarem com a pesquisa do Datafolha que mostra recorde de apoio (69%) ao sistema democrático.
O apoio maciço à democracia não deve esconder o fato de que há profunda insatisfação com a maneira como ela está funcionando no Brasil. Numa ponta, há a corrupção tremenda, um vício antigo mas que a Lava Jato trouxe à tona de uma forma estonteante.
Na outra ponta, escreve Roberto Castello Branco, diretor do Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da FGV, para a revista Inteligência: “O populismo do século 21 acabou por produzir a mais profunda recessão sofrida pela economia brasileira dos últimos 100 anos. A perda de produto real, de 7,2% em 2015-2016, superou a de outras grandes recessões (-3,8% em 1990/1992, -6,3% em 1981-1983 e -5,3% em 1930/1931)”. Corolário inevitável: assustadores 13% de desempregados.
Esse cenário de horror será encarado por um presidente politicamente fraco: é inédito que todos os candidatos à Presidência tenham mais rejeição do que a intenção de voto de cada qual.
Fica claro que vale a frase com que o Projeto Syndicate abre seu conjunto de artigos sobre a eleição: “O futuro do país está em jogo”.
Se o novo presidente, seja qual for, não conseguir puxar o país do poço, poderá afundar e, junto com ele, a democracia.

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