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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Clausewitz: o que ele tem a ver com o meu quilombo de resistencia intelectual? - Paulo Roberto de Almeida

Em 2010, já eram vários anos em que eu me dedicava a meus afazeres intelectuais na Biblioteca do Itamaraty, à falta de uma ocupação específica na Secretaria de Estado. Foi, ao mesmo tempo em que uma longa travessia do deserto, um período durante o qual preenchi meu ostracismo fabricado pelos companheiros do regime no MRE com boas leituras e bons textos: alguns livros – entre eles um Maquiavel revisitado: O Moderno Príncipe – e muitos artigos.
Meu blog de seis anos constantes, o Diplomatizzando, convertido em quilombo de resistência intelectual, recebia muitos comentários, vários perfeitamente identificados, que eu tentava responder gentilmente, e vários outros anônimos, que eu supunha ser de colegas de carreira ou de acadêmicos despeitados, indignados com minha postura contestatória das verdades do momento na diplomacia.
Sempre disposto a responder aos ataques com textos reflexivos, produzi o texto que vai abaixo, no início daquele ano, antes de partir para uma missão transitória na China, onde ficamos, Carmen Lícia e eu, durante vários meses, retornando apenas ao final do ano.
A situação atual, começo de 2019, é bem diferente, mas sinto que meu blog pode desempenhar talvez o mesmo papel de quilombo de resistência intelectual, razão pela qual faço nova postagem desse texto de nove anos atrás...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 de fevereiro de 2019


Von Blog: Clausewitz e a estratégia blogueira da defesa

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 26 de fevereiro de 2010

Clausewitz, o militar e teórico prussiano do fenômeno militar, que ele analisava pelo seu lado social e político, considerava a boa preparação para a defesa como uma condição necessária para se vencer uma guerra. Ou seja, a dissuasão, baseada numa excelente defesa, já constituía, por si só, boa parte de uma estratégia militar consequente e efetiva.
Ele também valorizava a meritocracia, e se posicionava contra a aristocracia e seu monopólio dos postos superiores no exército prussiano, onde qualquer aristocratazinho incompetente poderia ser nomeado oficial, em detrimento das patentes inferiores, com melhor preparação no terreno, mas que não ascendiam por falta de "sangue azul" (ou pedigree).

Pois bem, aplicada ao fenômeno blogueiro, o que os ensinamentos de Clausewitz querem dizer?

Um blog é como uma linha de defesa, uma trincheira de resistência contra ataques inimigos.
No caso específico deste blog, imagino-o como uma trincheira clausewitziana, isto é, meritocrática, contra a insensatez, a burrice, a desonestidade intelectual, a má fé, a fraude deliberada, a enganação dos incautos e dos mal-informados, enfim, uma barreira contra a submissão indevida e eticamente duvidosa a idéias erradas e atitudes moralmente condenáveis.
Por exemplo: defender ditaduras, me parece uma atitude não apenas suspeita, mas moralmente abjeta. Observar um tratamento seletivo dos direitos humanos também me parece não apenas questionável, como digno de repúdio e de censura moral.

Tenho a impressão de que Clausewitz concordaria com os meus argumentos e estaria de acordo em que eu use este blog de acordo com o seu manual sobre a guerra.
Minha guerra é contra a mediocridade, a estupidez, a mentira, a fraude e a falta de transparência nos assuntos públicos.

Como não tenho tropas, a não ser minha própria capacidade pensar e escrever, com a ajuda de minhas únicas armas que são dois computadores, fico na minha trincheira fazendo meu trabalho de defesa de certos valores e princípios.
Não tenho sequer capacidade de dissuasão, apenas o poder do convencimento pela aplicação de algumas evidências evidentes (se me permitem a redundância), a lógica elementar, a observação dos fatos, a reflexão ponderada, e a exposição de argumentos que espero condizentes com a realidade do mundo; la verità effetuale delle cose, como diria Maquiavel.

Meu blog é uma trincheira clausewitziana da verdade...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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