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quinta-feira, 14 de março de 2019

Troca de embaixadas do Brasil: espera-se que consigam melhorar a imagem do presidente?

Acho que o presidente se engana. A imagem dele no exterior é formada aqui dentro, por ele mesmo e seus apoiadores mais chegados, que parecem empenhados em reforçar essa mesma imagem que ele julga negativa.
Os embaixadores nas capitais dos principais países cuja imprensa tem se revelado especialmente negativa em relação ao presidente não podem fazer muito, pois as redações recebem insumos a partir de correspondentes estrangeiros no próprio Brasil, ou de agências de imprensa que simplesmente reportam o que está acontecendo por aqui. Relatos geralmente objetivos, ainda que se julgue que esses jornalistas sejam todos esquerdistas e "anti-fascistas", o que pode até ser verdade, mas eles estão fora do alcance dos embaixadores no exterior.
Por outro lado, colunistas e autores de análises de opinião, nesse mesmo sentido – ou seja, atacando o presidente lá fora, e supostamente ao alcance dos embaixadores –, são geralmente "brasilianistas", ou acadêmicos que conhecem razoavelmente bem o Brasil, acompanham a imprensa brasileira e também recebem insumo a partir do Brasil.
Minha recomendação, portanto, é a de que o presidente (e sobretudo seus filhos e outros fanáticos do bolsonarismo) modifique o seu comportamento, não exija muito dos embaixadores no exterior, que dispõem de poucas condições de mudar uma imagem que toma sua origem aqui mesmo.
Cabe fazer uma análise realista das fontes efetivas dessa imagem, e assim facilitar a obra dos embaixadores no exterior.
Se o presidente deixar de colocar videos pornográficos na internet, deixar de ofender jornalistas com base em FakeNews, como faz por exemplo aquele mau exemplo do hemisfério setentrional (ao qual o presidente e seus bolsominions parecem apreciar e enaltecer), se ele adotar uma postura presidencial, isso já é um bom começo para mudar essa imagem de racista, homofóbico e direitista.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14/03/2019

Bolsonaro trocará 15 embaixadores em postos-chave para melhorar sua imagem

Presidente disse a jornalistas que não está sendo retratado de maneira correta no exterior

Bolsonaro: presidente deve escolher o novo embaixador em Washington Foto: EVARISTO SA / AFP
Bolsonaro: presidente deve escolher o novo embaixador em Washington Foto: EVARISTO SA / AFP
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro se prepara para trocar o comando de 15 importantes embaixadas brasileiras, entre as quais as de Estados Unidos, Portugal, Itália e França. A notícia foi dada por Bolsonaro durante café da manhã com jornalistas na manhã de ontem. Entre as razões para as trocas, pelo menos uma foi citada pelo próprio presidente na reunião: a insatisfação com a imagem dele que está sendo propagada no exterior.
Segundo a Globonews, no encontro, Bolsonaro foi perguntado por que iria trocar o embaixador nos EUA, e ele respondeu que sua imagem como presidente do Brasil não estava sendo veiculada de maneira correta. Bolsonaro se queixou de estar sendo chamado de ditador, racista e homofóbico, e afirmou que não é nada disso. Ele deu a entender que caberia aos embaixadores reverter tal imagem.
O presidente acrescentou que a escolha do novo embaixador em Washington só deverá ser anunciada após sua visita àquele país, que começa no próximo domingo. Atualmente o cargo é ocupado pelo diplomata Sergio Amaral. Embaixador aposentado e um especialista em comércio exterior, Amaral deixou a presidência da Câmara de Comércio Brasil-China para assumir a embaixada em Washington no governo de Michel Temer e foi o responsável por preparar a visita de Bolsonaro aos Estados Unidos, na próxima semana.
Até agora, os nomes mais cotados para o cargo na capital americana são o diplomata Nestor Forster Junior, muito ligado ao chanceler Ernesto Araújo, e o consultor Murillo de Aragão. No primeiro caso seria uma escolha mais ideológica, já que Forster apresentou Araújo a Olavo de Carvalho, o guru do bolsonarismo. Já o segundo seria um sinal de que o governo pretende privilegiar o aspecto econômico da relação bilateral.
Nos últimos dois dias, Olavo de Carvalho atacou Aragão nas redes sociais. “By the way, Murilo (sic)Aragão é homem de Lula”, disse na terça-feira. Ontem, Carvalho afirmou que Aragão foi “alegre membro do Conselhão do Lula”, referindo-se ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CNDE), que reunia no Palácio do Planalto, periodicamente, representantes de diversos segmentos da sociedade para discutir temas conjunturais. “Colocar petistas em tudo quanto é cargo, sob o pretexto de qualificações técnicas apolíticas, é fazer o povo de trouxa”, afirmou o ideólogo.
Consultado sobre os ataques de Carvalho, Aragão respondeu apenas:
— Respeito o Olavo de Carvalho, mas provavelmente ele não está bem informado acerca da minha trajetória profissional — disse ao GLOBO.
Existem atualmente 224 postos no exterior, entre embaixadas, consulados, missões e escritórios. Segundo fontes da área diplomática, na troca do comando das 15 embaixadas, a ideia é que parte delas seja ocupada por embaixadores sêniores, ou seja, mais experientes.
O chanceler Ernesto Araújo  já fez uma grande mexida no Itamaraty ao assumir o comando da diplomacia brasileira, criando uma Secretaria de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania e departamentos específicos para as relações com os Estados Unidos e a China.
Nos três dias de viagem aos Estados Unidos, a partir do próximo domingo, Bolsonaro terá um encontro privado com o presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca, e deve assinar três acordos, que ainda estão sendo discutidos pelos dois países. O governo brasileiro trata a visita como a sinalização do início de uma nova etapa na relação com os americanos.
— A visita é a primeira de caráter bilateral realizada pelo presidente Jair Bolsonaro ao exterior, demonstrando a prioridade que o governo atribuiu à construção de uma sólida parceria com os Estados Unidos da América — declarou ontem o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros. 
(Colaboraram Gustavo Maia e Jussara Soares)

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