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segunda-feira, 13 de maio de 2019

Politica externa bolsonarista: chanceler se mostra contrario a imigrantes e a emigrantes brasileiros (noticias internacionais)

Trata-se, sem nenhuma dúvida, de um caso inédito na diplomacia brasileira: um chanceler brasileiro que se declara contrário aos brasileiros emigrados, e contrário a toda a nossa história mais do que secular, de um país aberto à imigração. Ou seja, o chanceler deve concordar -- em todo caso, decide seguir sabujamente -- o que já disse o presidente da CREDN-CD sobre o fato de que os brasileiros ilegais nos EUA (e presumivelmente em outros países também) constituírem "uma vergonha para o Brasil", e também deve concordar com as palavras do presidente que disse, em sua viagem de fevereiro aos EUA, que muitos brasileiros emigrantes nos EUA "não queriam boas coisas para o país", isto é, os EUA, demonstrando que defende mais os interesses do governo Trump -- como certamente é o caso do chanceler trumpista fundamentalista -- do que os interesses do seu próprio povo.
O que o chanceler declarou em suas visitas à Itália e à Hungria constitui uma vergonha para a nossa diplomacia, pois demonstrou, mais uma vez, que despreza os brasileiros, o multilateralismo e os acordos celebrados pelo Brasil, como o Pacto Global sobre as migrações, um instrumento concebido para proteger comunidades estrangeiras em outros países (e que portanto se encaixa na perspectiva de um país provedor de emigrantes, como o Brasil), sem infringir em nada direitos soberanos de implementação de suas leis nacionais relativas a refúgio, imigração e direitos atinentes.
O chanceler envergonha a diplomacia brasileira e os brasileiros.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13/05/2019

Notícias do dia 10/05/2019

Hungary Today (Hungria) – Foreign Minister: ‘UN Migration Compact Most Dangerous Document Ever’


MTI-Hungary Today

Hungary and Brazil share similar approaches to issues that pose dilemmas in world politics today, such as the need for action against migration and that discrimination against Christians is unacceptable, Foreign Minister Péter Szijjártó said on Thursday.

After meeting counterpart Ernesto Araujo, he told a joint press conference that this was the first occasion for a Brazilian foreign minister to hold talks in Hungary.

Szijjártó said he had agreed with Araujo to coordinate their respective countries’ actions in international forums.

We are proud to be among the six countries that voted against the United Nations Migration Compact, the most dangerous document ever”
Szijjártó said. “We reserve the right to decide who should enter and with whom we’ll live together,” he added. They highlighted the security impacts of migration.

Szijjártó and his counterpart agreed that discrimination against Christians, as seen in many parts of the world, was unacceptable. “International public opinion does not see Christianity as the most persecuted religion in the world,” he said, adding that this was lamentable.

Hungary has so far helped 35,000 Christians in the Middle East stay to remain in the homelands or return to them, Szijjártó said. “This should be in the focus of international organisations rather than managing or promoting migration.”

Hungary and Brazil both believe in promoting their national interests and rejecting attempts at influence from abroad, he said. This serves a good basis for cooperation, Szijjártó added. Hungary supports Brazil’s bids to be a member of the United Nations Security Council and to join OECD, he said.

Szijjártó praised Brazil’s international role and announced the Hungarian government’s strategy “to build a new foundation for Hungary-Brazil ties”. The government has set up a 415 million euro credit line with Hungary’s Eximbank to finance bilateral business cooperation with special regard to promoting Hungarian exports of food, IT, water management and pharmaceutical products and to further strengthen Hungarian companies active in Brazil, he said.

They agreed the Hungary-Brazil mixed economic committee will be chaired by the two foreign ministers. Hungary and Brazil will make their cooperation closer in the area of education, too, and give new impetus to bilateral trade, turnover of which was 430 million dollars last year, Szijjártó said.

Szijjártó said hopefully Brazil’s president would visit Hungary, having received Prime Minister Viktor Orbán’s invitation early in January.

Araujo said Hungary and Brazil were countries working “to make their voices heard” in the world and were brave enough to meet challenges if their ideals made it necessary. Brazil is ready to cooperate with Hungary in multilateral organisations to protect their values and Christian minority groups. He called the persecution of Christians worrying, and added that addressing that problem was a top priority for his country.

Xinhua (China) – Hungary, Brazil share similar approaches to migration: FM


BUDAPEST, May 9 (Xinhua) -- Hungary and Brazil share similar approaches to important matters causing dilemmas in global politics such as migration, Hungarian Minister of Foreign Affairs and Trade Peter Szijjarto said here on Thursday.

"We are proud to be among the six countries that voted against the United Nations Migration Compact, the most dangerous document ever," said Szijjarto at a joint press conference held with Brazilian Foreign Minister Ernesto Araujo.

"We reserve the right to decide who should enter and with whom we'll live together in our very own country," he underlined, adding that Hungary and Brazil agreed to coordinate their actions in international forums in the future.

Hungary supported Brazil's efforts to become a member of the United Nations Security Council and to join the Organization for Economic Co-operation and Development (OECD), said Szijjarto.

The Hungarian government set up a 415-million-euro (about 465.4 million U.S. dollars) credit line with Hungary's Eximbank to finance bilateral business cooperation focusing on the promotion of Hungarian exports of food, IT, water management and pharmaceutical products.

The goal of the Hungarian government was to strengthen the Hungarian companies' activities in Brazil, the minister noted, adding that a new impetus was needed concerning bilateral trade.

Araujo, in his turn, said both Hungary and Brazil were countries committed to "making their voices heard."

Brazil was fully ready to cooperate with Hungary in multilateral organizations to protect their values.

Before the press conference, the two ministers signed a bilateral agreement on the extradition of criminals.

Corriere della Sera (Itália) – Araújo: «Lutar pela soberania para salvar a nação (e a alma) / Entrevista / Ernesto Araújo


(Tradução da Embaixada em Roma)

“O Brasil está com os soberanistas

O ministro das Relações Exteriores encontrou-se com Matteo Salvini em Roma e hoje está na Hungria: "Gostaríamos de nos tornar membros da OTAN para todos os efeitos".

ROMA - Uma aliança soberana entre países que querem recuperar o orgulho nacional e patriótico. Este é o fio que une a giro europeu - Itália, Hungria e Polônia - do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, de 51 anos, no cargo há quatro meses. A primeira etapa terminou ontem em Roma depois de dois dias de encontros com empresários italianos que operam no Brasil, mas, acima de tudo, com representantes do governo: em primeiro lugar o ministro do Interior e vice-presidente do Conselho dos Ministros, Matteo Salvini, e a ministra da Defesa, Elisabetta Trenta.

Por que começar pela Itália?
Porque no Brasil existe a maior comunidade italiana no exterior e porque com vocês temos a mais forte parceria política e econômica. Abriremos um diálogo com empresas italianas que estão no Brasil; há um enorme potencial. Mas, acima de tudo, compartilhamos os mesmos valores, uma visão semelhante do mundo.

Quais são esses valores?
A promoção da democracia, em primeiro lugar. Mas também a visão de uma nação com raízes. Queremos recuperar uma abordagem patriótica. Neste sentido, Matteo Salvini é o mais próximo de nós.

É por isso que a Hungria e a Polônia serão as próximas etapas de sua viagem?
Sim, de certo modo, porque eles querem preservar nossas raízes cristãs. As reformas econômicas só podem funcionar se houver um background cultural sobre o qual se apoiar. A cultura pós-moderna distanciou-se da identidade nacional; no entanto, é necessário recuperar o nacionalismo, continuando a ser uma sociedade aberta.

Vocês acham que chegou a hora de uma Europa soberanista?
Estamos prontos para trabalhar com todos na Europa; em Brasília, encontrei-me recentemente, com grande proveito, com o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros. Mas há certamente uma proximidade com os soberanistas. A Europa precisa se reinventar; para nós, o projeto europeu é uma inspiração, mas precisamos dar um passo à frente.

O Brasil olha para o Velho Continente...
Nosso país tem fortes conexões com o Ocidente, tanto em termos de história quanto de tradições. Nesse sentido, minha presença aqui é simbólica porque Roma é o centro de nossas raízes. Toda vez que volto, fico profundamente comovido. Não é por acaso que, na academia diplomática, eu queria que fosse inaugurado um curso de cultura clássica. Conhecer Aristóteles e Platão nos dá uma dimensão diferente.

Vocês pleiteiam um envolvimento mais forte na OTAN?
Já somos um aliado importante, mas agora estamos pensando na possibilidade de nos tornarmos membros para todos os efeitos. Seria um desafio militar, mas também político, porque, por exemplo, precisaríamos pensar em como o Brasil pode contribuir para a defesa comum. Em breve nos tornaremos membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico; temos o apoio dos países europeus.

Por que é tão importante se sentir parte do Ocidente?
Isso nos permite acelerar nossas reformas econômicas e é um estímulo para que o país adote políticas saudáveis. Por enquanto, começamos com a Lei da Liberdade Econômica, que facilita a abertura de negócios.

Ao contrário de Trump, vocês não abandonaram o acordo de Paris sobre o clima, mas algumas ONGs denunciam o desmatamento na floresta amazônica. Qual é a sua posição?
Queremos preservar a floresta amazônica, somos um país muito respeitoso do meio ambiente, no Brasil apenas 30% do território é usado para agricultura e pecuária. Mas 30 milhões de pessoas vivem na Amazônia e devemos dar a elas meios de subsistência.

O senhor fala frequentemente de forma crítica à ideologia "globalista". Por quê?
Porque é a visão de uma economia liberal em uma sociedade fragmentada em que não há mais sentimentos nacionais fortes. O homem pós-moderno é um homem sem alma.

Trump diz “A América em primeiro”; Salvini, “os italianos em primeiro”. Qual é o seu slogan?
Eu diria “primeiro o Brasil e os brasileiros”. Precisamos de reformas que atendam as necessidades daqueles que até agora não se sentiam representados

O Presidente Bolsonaro virá à Itália?
Antes, convidamos o primeiro-ministro Giuseppe Conte ao Brasil; depois, Bolsonaro reciprocará a visita. 

(Entrevista concedida a Monica Ricci Sargentini, Corriere della Sera)

 

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