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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Diplomatas e a escravidao moderna: ainda o caso da India vs EUA -editorial NYT

Eu já tinha postado aqui uma matéria informativa do mesmo jornal sobre este caso de escravidão contemporânea, um típico exemplo do padrão Casa Grande e Senzala muito comum na Índia e ainda vigente em certas partes do Brasil, onde o elitismo e o racismo ainda perduram (e não é no Sul Maravilha).
Agora temos esse editorial do NYTimes para nos relembrar de que não se trata de um ataque à soberania da Índia -- como aliás tentaram fazer alguns calhordas, no passado, ao explorar politicamente um outro caso vinculado ao Brasil, querendo fazer acreditar que a soberania do país residia nos sapatos de um seu representante -- e sim de simples cumprimento à lei.
Mais até do que um caso de soberania, se trata apenas de uma questão de dignidade humana, e até de simples civilidade regular.
O regime de castas na Índia sempre foi uma forma de escravidão e de opressão social. Misturar isso com a soberania do país é um outro exemplo de calhordice, de que são capazes certas pessoas que não tem grandes princípios de direitos humanos, apenas se enrolam na bandeira da pátria, como os canalhas do conhecido refrão sobre o cinismo político.
Paulo Roberto de Almeida 

EDITORIAL

India’s Misplaced Outrage



Instead of concerning themselves with that injustice, many in India seem incensed that Ms. Khobragade was arrested at all.India’s overwrought reaction to the arrest of one of its diplomats in the United States is unworthy of a democratic government. Officials in New Delhi have inflamed anti-American outrage instead of calling for justice, especially for the domestic worker who is at the heart of the case.
The charges brought against Devyani Khobragade, the deputy consul general in New York, by Preet Bharara, the United States attorney in Manhattan, should concern anyone who values worker rights. Ms. Khobragade was arrested last week and accused of submitting false documents to obtain a work visa for her housekeeper and paying her far less than the minimum legal wage. Prosecutors say the diplomat promised American authorities she would pay $4,500 a month but actually paid just $573 a month and made the housekeeper work far more than 40 hours a week.
It is not unusual in India for domestic employees to be paid poorly and required to work more than 60 hours a week. But such practices are not allowed under American law, and abuses by anyone should not be tolerated, regardless of their status. It was puzzling that Secretary of State John Kerry issued a statement on Wednesday expressing regret for the incident. All diplomats, including Ms. Khobragade, presumably are made aware of their legal obligations and American procedures before accepting an assignment in the United States.
Even more disturbing is the fact that Indian officials would take extreme steps to retaliate for the arrest — they removed security barriers surrounding the American Embassy compound. Despite the way many Indians seem to view the case, it is not a challenge to India’s honor. It is a charge against one diplomat accused of submitting false documents to evade the law. Ms. Khobragade’s lawyer said she would plead not guilty and challenge the arrest on the grounds of diplomatic immunity, which prosecutors say does not apply in this case. In any event, she will have a full opportunity to defend herself against the charges.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

India: nosso parceiro estrategico no IBAS, no BRICS, no G20 comercial, aliado bilateral dos companheiros, etc...

Tudo isso e mais um pouco..., que ingenuidade pouca é bobagem...
Nota: quando se fala de G20, neste contexto (em outras matérias que não nesta), não tem NADA a ver com o G20 financeiro; este G20 comercial, que não se sabe ao certo quantos países o compõem (tantas foram e tantas são as mudanças de composição), foi formado na ministerial da OMC de Cancun, quando o Brasil, e o G20 comercial, deram, segundo as palavras do guia genial dos povos e reformador da ordem mundial, um "truco" nos países ricos, a versão passando pela história oficial nas palavras e na propaganda da mídia companheira, obviamente sem qualquer conexão com a realidade.
Mais uma vez, a Índia ameaça prejudicar os interesses comerciais, e nacionais (menos para os companheiros) do Brasil, e ainda assim é considerada "parceiro estratégico" (um conceito mais que abusado) e aliado preferencial.
Santa ingenuidade dos companheiros...
Paulo Roberto de Almeida

Destino de acordo na OMC depende da Índia
Por Assis Moreira | De Bali (Indonésia)
Valor Econômico, 2/12/2013

Pressão da Índia é como 'tsunami' para o acordo comercial de Bali

Um embaixador mostra em seu celular a foto que tirou em uma praia em Bali, capital e principal destino turístico da Indonésia: um grande pôster avisa que, em caso de tsunami, a pessoa deve correr para o segundo andar do prédio mais próximo.
Na véspera da conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Bali, que tem na agenda o que poderia ser o primeiro acordo comercial global em quase duas décadas, o verdadeiro temor é o de um tsunami diplomático provocado pela Índia. O país concentra as atenções de outras 159 nações e de toda a comunidade empresarial.
O encontro começa amanhã e segue até a próxima sexta-feira, 6 de dezembro. Importantes negociadores concordam que o resultado de Bali depende da Índia e da 'cláusula de paz', ou seja, de autorização para países em desenvolvimento com programas de segurança alimentar darem subsídios acima do permitido para seus agricultores. O objetivo dessa medida é a formação de estoques de commodities.
Na verdade, a Índia colocou-se numa 'sinuca de bico', como resume um negociador. Se agir apenas com a lógica eleitoral pode derrubar de vez um acordo na OMC e enfurecer países em desenvolvimento que esperam ganhar com o entendimento. Por outro lado, se optar por flexibilizar e aceitar o acordo precisará saber vender muito bem ao eleitorado que vai às urnas no ano que vem na Índia que o país conseguiu algo importante e, assim, evitar perder votos na área rural.
"Tudo está nas mãos da Índia", diz um importante negociador em Bali. Os dez textos da negociação estão praticamente fechados. O documento sobre facilitação de comércio tem colchetes, significando divergências, mas elas podem ser logo resolvidas, dizem outros negociadores.
Acontece que a Índia vem a Bali com exigências consideradas impossíveis de serem atendidas por países exportadores agrícolas. Nova Déli quer que, após o prazo de quatro anos, a 'cláusula de paz' seja mantida até que uma solução permanente seja alcançada na OMC sobre segurança alimentar. Para vários países, porém, a Índia poderá sempre argumentar que não aceita as propostas dos parceiros. Nesse caso, os quatro anos se transformariam em cláusula perpétua para a concessão de subsídios maiores.
O que a Índia vem fazendo agora é o que fez nos últimos tempos na OMC. Aproveita qualquer oportunidade para reabrir o acordo agrícola. A diferença é que, ao contrário de vários outros países, os indianos querem recuar e dar margem para mais subvenções no setor, alegando que têm centenas de milhões de pobres no campo.
As regras sobre segurança alimentar da OMC autorizam governos a comprar alimentos a preços de mercado e depois vender os estoques a preços subsidiados para os consumidores. Ocorre que o programa indiano de US$ 20 bilhões a mais por ano é visto como encorajamento ao excesso de produção. Mais tarde essa prática poderia derrubar os preços globais, algo similar às montanhas de manteiga e vinho produzidos até recentemente pela União Europeia (UE). A Índia já se tornou, por exemplo, o maior exportador de arroz em 2012, superando Tailândia e Vietnã. Suas exportações aumentaram 120% em relação a 2011.
O ministro de comércio da Índia, Anand Sharma, deverá constatar que a dinâmica na OMC mudou. Não dá mais para argumentar que a defesa de interesses de países em desenvolvimento tem poder para bloquear negociações. Em Bali, contam-se nos dedos os apoiadores das exigências de Nova Déli: Argentina, África do Sul e países da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), formada por Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua.
O G-33, grupo da Índia na questão de segurança alimentar, quer o acordo que foi esboçado em Genebra, a começar pela Indonésia, anfitriã da conferência ministerial e ansiosa por um resultado positivo. Países em desenvolvimento também se uniram na sexta-feira em apoio ao diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, para buscar um acordo.
Liderando o G-20 nas negociações, o Brasil tem papel relevante nas conversas. Um dos pontos em que há caminho aberto para acordo é a facilitação de comércio, por meio da qual países se comprometem a harmonizar procedimentos aduaneiros, baixado custos de transações no comércio exterior. Cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que há um potencial de redução de 14%, para produtos manufaturados, dos custos aduaneiros no Brasil.
Um comunicado mistura vários países desenvolvidos, como grupos do Asean (asiáticos), com países mais pobres da África, Caribe e Pacífico (ACP), além dos grupos africano e árabe.
Países mais pobres esperam contar com ajuda financeira para tentar melhorar suas condições de exportação. Somente a União Europeia prometeu € 400 milhões em cinco anos, a partir do momento em que o acordo de facilitação de comércio (simplificação de regras e procedimentos aduaneiros) for assinado.
O comportamento da Índia pode resultar na perda potencial de centenas de bilhões de dólares em negócios, além de causar o enterro final da Rodada Doha e aumentar o risco de irrelevância da OMC, incapaz mesmo de fazer acordos modestos. Sobre o futuro da entidade, um negociador lembra um personagem de Ernest Hemingway que uma vez foi indagado: 'Como você faliu?' Sua resposta foi: 'De duas maneiras. Gradualmente, depois subitamente'."

quinta-feira, 7 de março de 2013

Noticias de outro continente...

Atenção, se você for a Bombai, ou Mumbai, como os indianos preferem, cuidado com os leopardos soltos na periferia...
Isso me lembra aquela velha piada dos três leões que escaparam do zoológico, e cada um tentou se esconder em algum lugar: dois foram logo recapturados, mas o terceiro sobreviveu durante longos meses dentro de um armário numa repartição pública e só foi capturado depois que comeu o servidor de cafezinho. Na Índia o serviço público deve funcionar nas mesmas bases...
Paulo Roberto de Almeida
Inde
A Bombay, la plus grande ville du pays, se déroule une guerre de l'espace entre les habitants et les animaux sauvages qui bordent la ville. La capitale économique indienne est l'une des mégalopoles les plus peuplées au monde, avec près de 20 millions d'habitants, et le manque de logement est tel que plus de la moitié d'entre eux vivent dans des habitations informelles.
Des bidonvilles qui ont commencé à s'étendre jusqu'à l'intérieur d'une énorme forêt nationale qui jouxte Bombay, et où vivent une vingtaine de léopards. Mais durant les sept derniers mois, six personnes, dont des petits enfants, ont été tués par des léopards. Aujourd'hui, les autorités essaient, tant bien que mal, de gérer la coexistence entre les deux espèces de mammifères pour faire cesser cette hécatombe.

sábado, 21 de julho de 2012

Brics: ficcao e realidade - Diario da Russia

Como sempre ocorre nesse tipo de evento, existem os utópicos (ou desinformados) que proclamam grandes coisas, mas sem qualquer base real, e os realistas (economistas sensatos), que sabem distinguir a retórica da realidade.
Não é difícil separar as duas tribos, na matéria abaixo....
Paulo Roberto de Almeida 

BRICS estariam distantes da integração

Especialistas avaliam perspectivas do grupo




O grupo BRICS ainda está distante de uma verdadeira integração, o que vai requerer enorme quantidade esforço e tempo ou, simplesmente, ela não irá ocorrer.” Esta opinião foi manifestada por especialistas em economia mundial que participaram da videoconferência “Moscou – Nova Déli” sobre o grupo, realizada nas dependências da agencia de notícias RIA Novosti, em Moscou.
O diretor do setor de previsões econômicas mundiais do Instituto de Economia Internacional e Relações Internacionais “IMEMO-RAN”, Givi Machavariani, afirmou que “se for comparado o processo de integração entre o grupo BRICS e a União Europeia, há de se ver que não existe praticamente nada em comum.” Segundo ele, a relação comercial entre os países do BRICS não mudou, e a interação do grupo só acontece no âmbito da política externa, restringindo as questões da economia mundial às reuniões do G-8. Para Givi Machavariani, a Europa atingiu um nível muito elevado de integração em termos de mercado livre, fluxos de capitais, de câmbio, de trabalho, remoção de diversas barreiras. Os países do BRICS, segundo o especialista, ainda não atingiram nada parecido com este nível.
De acordo com o Diretor do Centro de Estudos Asiáticos da Faculdade de Economia da Universidade Estatal de Moscou, Eugene Avdokushina, no espaço dos BRICS e da Comunidade dos Estados Independentes, ocorre um novo tipo de integração que “ainda não está nos livros de ensino”. Na opinião do especialista, nos últimos dez anos, foi alcançado algum progresso, apesar de não ser muito visível.
Segundo Avdokushina, os países do BRICS teriam uma presença mais forte caso conseguissem se opor às moedas dominantes, como o dólar ou o euro, criando a sua própria moeda. Já Machavariani argumentou que estas são perspectivas muito distantes, difíceis de serem concretizadas. Ele observou que o yuan chinês ainda não é uma moeda conversível, e, por isso, ainda não se pode discutir este tema seriamente.
O representante do Instituto Nacional de Política Financeira da Índia, professor Bhanumurti, opinou que o grande mercado interno da Índia permitiu ao país sobreviver à crise econômica de 2008 de forma menos dolorosa, pois os problemas econômicos do país são atribuídos a razões de caráter interno. Por isto, as questões relacionadas ao desenvolvimento das relações entre os países do BRICS para combater a crise mundial não se apresentam como uma das prioridades da Índia.
O Professor Bhanumurti acredita que os países do BRICS devem criar um "banco de desenvolvimento" próprio, o que significaria um passo real no processo de integração econômica dos países membros do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

terça-feira, 15 de março de 2011

Existem ricos e existem aqueles que nao merecem ser ricos...

A partir da nova lista da Forbes, descobrimos que existem, no que outrora se chamava Terceiro Mundo, pessoas muito ricas, como este magnata mexicano, que é considerado, ao meu ver erradamente, o homem mais rico do mundo.
Minha lista pessoal não incluiria barões ladrões, como se dizia antigamente.
É evidente que esse indivíduo, diferentemente de Bill Gates e Warren Buffett que fizeram suas fortunas no mercado, só é rico porque pode contar com a preciosa ajuda do Estado mexicano, que lhe garantiu uma posição monopólica no mercado de comunicações, permitindo essa acumulação às custas dos mexicanos, que transferiram renda em condições de reserva de mercado. Ora, isso não é ser rico; isso é ser aliado do Príncipe, quase um ato de assalto à mão armada contra os consumidores indefesos.
O mesmo talvez ocorra com aquele que é chamado de homem mais rico do Brasil: recebendo 800 milhões do BNDES ajuda qualquer um.
Minha lista só conteria os que fizeram fortunda com seu próprio esforço, no mercado. O resto eu excluíria, principalmente os barões ladrões...
Paulo Roberto de Almeida

Brics viraram ‘fábrica de bilionários’, diz ‘FT’
BBC Brasil – 10/03/2011

Os chamados países Bric – Brasil, Rússia, Índia e China – se tornaram uma “fábrica de bilionários”, avalia uma reportagem do jornal britânico Financial Times nesta quinta-feira.

O texto noticia a última lista de multimilionários da revista Forbes, na qual aparecem 30 brasileiros, entre eles o empresário Eike Batista, número oito no ranking geral.

Os Bric têm hoje 301 bilionários, um a mais que a Europa, e 108 a mais que no ano passado. Assim, os quatro emergentes se aproximam dos EUA, que continua liderando a lista de bilionários, com 413.

“O número de bilionários nas principais economias emergentes superou o número na Europa pela primeira vez e está se aproximando rapidamente dos Estados Unidos”, observou o diário financeiro.

O diretor da revista Forbes, Steve Forbes, afirmou que, “os bilionários globais neste ano refletem o que está acontecendo na economia global”.

O número total de bilionários no mundo superou 1,2 mil e bateu recorde este ano.

América Latina
O homem mais rico do planeta é o magnata das telecomunicações Carlos Slim, que está à frente dos americanos Bill Gates e Warren Buffett.

Mas o grande destaque da América Latina é o Brasil, que tem o maior número de multimilionários da América Latina, destaca o espanhol El Mundo.

Para o jornal, o país “se converteu ao longo dos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um forte palco de investimentos, tanto domésticos quanto externos”.

“Dois dos homens mais ricos do mundo, os americanos Sam Zell e Warren Buffett, são sócios fortes de empresas brasileiras”, observa o jornal.

A reportagem destaca a opinião da Forbes, para quem a facilitação das regras de investimento e a melhoria das normas de transparências deram confiança aos investidores interessados no Brasil.