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quarta-feira, 4 de julho de 2012

"Brasil perde 9 posições em ranking de inovação"

Isso porque não quiseram classificar os países que mais inovaram em matéria de desvios de dinheiro público, dólares na cueca, concorrências dirigidas, aumento do salário de marajás do serviço público, e outras magníficas contribuições do Brasil para o estoque de "expertezas" da humanidade. Nisso o Brasil estaria, com alguns companheiros dos Brics, nos primeiros lugares...
Paulo Roberto de Almeida 
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Brasil perde 9 posições em ranking de inovação
O Estado de São Paulo, 3/07/2012

País é 58º da lista de países mais inovadores, atrás de Portugal, Chile e África do Sul. Crédito, ambiente de negócios e educação são entraves.
O Brasil desabou no ranking dos países mais inovadores do mundo. Uma classificação publicada hoje (3) pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual e pelo instituto Insead, considerada como a mais completa temperatura do grau de inovação no mundo, aponta que o Brasil ocupa apenas a 58ª posição no ranking, uma queda de nove posições em relação a 2011.

Países como Portugal, Sérvia, Romênia, África do Sul e Bulgária estão melhores colocados que o Brasil. Os principais obstáculos no País: a qualidade do ensino superior e as condições para investir em ciência. O ranking é liderado pela Suíça, seguido pela Suécia, Cingapura e Finlândia. Os Estados Unidos estão na décima colocação.

O levantamento revela que o Brasil foi o país que mais caiu no ranking entre os Brics, sigla que agrupa China, Índia, Rússia e Brasil. Para os especialistas, o bloco todo precisa corrigir obstáculos institucionais para fomentar a inovação. China e Índia são citados como exemplos de países que conseguiram transformar bolsões de tecnologia em ganhos mais generalizados para a economia.

Mas, quanto ao Brasil, o levantamento revela que o País não é líder em inovação nem mesmo na América Latina. O Chile está na 39.ª posição. Já o restante da região está bem abaixo. Na 58ª posição, a situação do Brasil não é cômoda. "Particularmente preocupante é a posição do Brasil no que se refere ao ambiente para negócios (127ª posição de 141 países analisados), a educação superior (115º lugar), condições de crédito e comércio (108º lugar)", alertou o estudo.

O levantamento ainda indica que o peso das importações no PIB brasileiro é o menor do mundo. Em 2010, as importações representavam apenas 12% do PIB, o menor índice entre 141 países avaliados. O Brasil também tem uma baixa taxa de pesquisas publicadas em revistas científicas em comparação a seu PIB. O Brasil tem uma produção menor que Fiji, Irã ou Zimbábue, levando em conta o tamanho das economias.

Exportação - Com apenas 14% de suas exportações com valor agregado de alta tecnologia, o Brasil ocupa a 49.ª posição entre os países com uma pauta de exportação mais avançada. Tunísia, Indonésia e Cazaquistão estão em melhor posição. Outra constatação é de que empresas raramente contribuem com a inovação no Brasil, com menos de 5% das patentes registradas. Hoje, 24% das patentes são registradas por universidades.

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PRA: E depois dizem que sou pessimista...
Mas tenho certeza de uma coisa: em matéria de malandragens políticas e de assalto organizado ao Estado por parte de certos partidos das causas justas ficamos entre os melhores do mundo...
Gostaria de ver as autoridades da área, a Agência Brasil (de notícias suspeitas) comentar esses resultados brilhantes...

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A Via Crucis dos exportadores no Brasil: pequena lista dos horrores

Talvez não seja o martírio de Cristo, tal como representado nos evangelhos, mas certamente o caminho do Gólgota dos empresários brasileiros que se dedicam à exportação é tão áspero, tão incerto, e tão difícil, inclusive no plano físico (mas sobretudo financeiro) que aquele original...
Paulo Roberto de Almeida 

Maeli Prado, de Brasília e Carolina Matos, de São Paulo
Folha de São Paulo, 16/02/2012

Além das aprovações oficiais, exportadores têm de superar mais de cem leis e 130 encargos

País tem 19 mil pessoas jurídicas exportadoras, metade do número de importadores; governo cogita facilitar processo
Os exportadores brasileiros estão sujeitos aos carimbos de aprovação de até 12 órgãos diferentes do governo. Hoje, há mais de cem leis que regem a área no Brasil e 130 impostos e tributos relacionados à atividade.
Nesse cenário, não causa espanto que o país tenha apenas 19,3 mil pessoas jurídicas exportadoras atualmente. Ou seja, 0,4% das 4,5 milhões das pequenas, médias e grandes empresas brasileiras.
No caso de importadores, o número é maior, de 43,5 mil no ano passado, mas ainda representa somente 0,9% do total, de acordo com estudo feito pela AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
"É essencial que o governo brasileiro racionalize o comércio exterior", afirma José Augusto de Castro, presidente da entidade.
"A burocracia é exagerada e as dificuldades acabam inviabilizando nossa atividade", completa.
A quantidade de documentos necessários para vendas de produtos brasileiros a outros países é enorme. Fazem parte da lista itens como os comprovantes de exportações e de embarque, o certificado de origem e a legalização consular, entre outros. 
"O Brasil é um dos países em que se leva mais tempo no desembaraço de itens na aduana, seja para a importação de insumos ou para a exportação de produtos. Ficamos com uma média de espera de cinco a sete dias", diz Jorge Zaninetti, sócio do setor tributário do escritório Siqueira Castro Advogados.
Dados do Banco Mundial mostram que o país caiu da 120ª para a 126ª posição em ranking que mede a capacidade de países de facilitar negociações comerciais.

CADASTRO POSITIVO
A solução pode vir de uma medida em estudo no Ministério do Desenvolvimento.
A ideia é preparar um tipo de cadastro positivo dos exportadores, para que empresas bem avaliadas possam pular etapas no processo de desembaraço de mercadoria. Também há um esforço para unificar a legislação do setor.
O Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) afirmou, por meio da sua assessoria de imprensa, que menos de 10% das exportações precisam ter anuência da pasta.
Ressaltou também que no último dia 1º entrou em vigor o Novoex, sistema de registro de exportações que pode ser acessado diretamente na internet, sem instalação de programas adicionais.
A burocracia, entretanto, não é o único problema dos exportadores, de acordo com Luiz Barretto, presidente nacional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
"A falta de escala também limita. Tem havido mudanças para favorecer que as pequenas empresas exportem. Uma delas foi o aumento do teto do Simples para as exportadoras", diz.
"O valor dobrou e, desde janeiro, passou a ser R$ 7,2 milhões de faturamento anual, desde que R$ 3,6 milhões venham de exportações."

AVANÇO
O quadro atual não é bom, mas já foi muito pior, diz Ivan Ramalho, presidente da Abece (Associação das Empresas de Comércio Exterior) e ex-secretário-executivo do Mdic.
"Antes, tudo era feito integralmente por meio de papéis. Hoje o exportador já pode usar o Siscomex [Sistema Integrado de Comércio Exterior]", afirma.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Onde alguns veem excelencia, eu vejo atraso, apenas isso, sobretudo mental...

O Brasil exporta café desde 250 anos, pelo menos, talvez mais. Em escala mundial, somos dominantes há pelo menos século e meio.
E apenas agora descobrimos que podemos ganhar mais com qualidade? Apenas agora se começa a combater práticas nocivas que são as de colocar paus, pedras, gravetos, sujeira, no café, para aumentar a quantidade "produzida" e "exportada"?
Parbleu, isso é muito atraso mental...
O Brasil é um país essencialmente atrasado que, por acaso, muito por acaso, conseguiu acompanhar a modernidade no mundo, mais por imitação, e comportamento mimético, do que por iniciativa própria.
No campo político, então, continuamos presos a práticas primitivas e toscas de governança...
Paulo Roberto de Almeida 



CAFÉ ESPECIAL
Xico Graziano
O Estado de S.Paulo, 7/022012

Você sabe quanto custa uma saca de café? Provavelmente, não. No mercado atual, que está aquecido, se paga ao redor de R$ 500 por uma saca (60 kg) de grãos secos. Mas o café da fazenda Rainha, vendido no leilão eletrônico da Bolsa de Nova Iorque, valeu R$ 5400, dez vezes acima do preço normal.  Mágica? Não, qualidade.
Ocorre que as 22 sacas oriundas dos cafezais da fazenda Rainha, situada no município de São Sebastião da Grama, ali dentro da Mogiana paulista, venceram o 12º concurso chamado “Cup of Excelence”, promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais. Outros produtores selecionados compuseram 25 lotes de excelente bebida, todos eles arrematados por elevadíssimos preços no referido leilão (18/01).
Um consórcio asiático comprou o lote campeão, entre vários estrangeiros que disputaram no tapa a primazia de comercializar um café inesquecível. Reconhecer a qualidade e, melhor ainda, pagar um bom diferencial por ela, estimula os cafeicultores a investir em boas práticas agrícolas. Custa mais, porém vale a pena.
Não existe segredo, mas sim trabalho apurado. Um cafezal somente gera produto de qualidade especial se for muito bem cuidado, na adubação das plantas, no controle de pragas e doenças, na colheita do fruto maduro e, por fim, no trato dos grãos durante o processo de pós-colheita, seca e beneficiamento. Esse zelo agronômico, porém, ainda será insuficiente se as condições ambientais não forem propícias.
Café, para dar excelente bebida, precisa estar plantado em terrenos com elevada altitude, acima de 800 metros, no mínimo. Nas encostas da Serra da Mantiqueira, por exemplo, seja do lado paulista ou mineiro, os cafezais encontram excelente clima, onde as noites frias são essenciais. Durante a colheita, normalmente entre julho e outubro, o tempo precisa estar seco, sem chuvas. Senão, o grão de café pode “arder”, perdendo sabor.
Comandada por uma mulher, Ana Cecília, a fazenda Rainha apresenta 280 hectares de cafezais localizados até a altitude de 1300 metros. Possui um sistema de gestão ambiental de última linha, controlando minuciosamente cada gleba de produção, anotando tudo – da tecnologia, do trabalho humano ou dos fenômenos naturais - como se fosse um diário feminino. Esmero no campo.
Nessas condições, seu café adquire características que os degustadores classificam como “bebida mole, adocicada, acidez equilibrada, aromas intensos”. Parece coisa de enólogo. Origem certificada, nome próprio, assim os produtores e distribuidores começam a customizar o apreciador de café, ganhando clientela sofisticada. Caso do Café Orfeu, controlador da fazenda Rainha.
O trabalho de marketing baseado na qualidade da bebida começou a mudar o mercado de café no Brasil desde 1989. Nessa época, 67% dos brasileiros pesquisados pela Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) acreditavam que café bom era exportado, restando aqui dentro a porcaria. A ABIC criou um selo de qualidade e resolveu enfrentar as costumeiras fraudes na composição do café torrado e moído distribuído no país. Havia de tudo. Grãos de café estragados, misturados com casca, ou pior, acrescido de palha de arroz, até areia colocavam no pó-de-café para aumentar o peso. Sempre muito adoçada, a bebida tradicional escondia tais mazelas.
O “selo de pureza” da ABIC pegou. E os consumidores começaram a ficar mais espertos com a qualidade do café que adquiriam, conferindo no rótulo da embalagem a etiqueta de garantia. Nessa mesma época, as modernas máquinas de café expresso começaram a vencer o velho coador nos botecos da cidade. A disputa do expresso na xícara contra o cafezinho no copo contou com a ajuda da medicina, que progressivamente desmistificava a fama de que beber café fazia mal à saúde, dava gastrite. Pelo contrário, pesquisadores médicos passaram a recomendar a bebida no combate ao stress e, inclusive, à depressão humana, graças ao efeito estimulador, não apenas da cafeína, mas também dos polifenóis que contém.
A somatória de fatores positivos resultou, globalmente, no estímulo ao consumo de café, cuja qualidade melhorou, e muito. O mercado, demandando mais, puxou os preços, estimulando os produtores rurais com boa remuneração. Criou-se um círculo virtuoso que agrada a todos. Países que nunca participaram do mundo cafeeiro despertaram para a oportunidade surgida. Assim, o longínquo Vietnan se tornou o segundo maior produtor mundial de café. Quem diria!
Robusta se chama a espécie de café plantada pelos vietnamitas. Poucos sabem, mas existem duas espécies básicas: o Coffea arábica e o Coffea canephora, esta conhecida como café robusta. A primeira, mais delicada, se originou na Etiópia; a segunda, mais rústica, surgiu na costa atlântica da África. O arábica sempre predominou, pois sua bebida é mais expressiva, com paladar marcante. Já o robusta, embora apresente teor mais elevado de cafeína, oferece uma bebida meio sem graça. Figurava na segunda linha da cafeicultura mundial.
Tudo mudou, todavia, com a chegada do café expresso. Sabem o por quê? Acontece que aquela espuma da xícara, apreciada pelos consumidores, somente se consegue misturando um pouco do robusta no pó do arábica, técnica que gera o blend característico das marcas de expresso. Foi a sorte dos capixabas. No Espírito Santo, os pesquisadores agrícolas investiram, há anos, na lavoura do café robusta, fazendo-o ganhar produtividade. Dominam hoje esse veio do mercado.
Anda animada a cafeicultura nacional. Investe na qualidade, faz bons negócios e dorme alimentando um sonho: ver cada chinês tomando uma xícara de café expresso. Café, e agricultores, especiais.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Tragedia educacional brasileira: decisao, sem qualquer conteudo...

Este artigo de opinião é extraordinário: incrivelmente rico em atitudes, sem jamais tocar no conteúdo do que se ensina nas escolas brasileiras. Ou seja, é completamente vazio.
Parece que incita à qualidade, mas não diz o que, exatamente.
Desse jeito, a educação brasileira não vai melhorar nem em um século...
Paulo Roberto de Almeida

A decisão pela educação

12 de dezembro de 2011 | 3h 05
Priscila Cruz, diretora executiva do Movimento Todos pela Educação - O Estado de S.Paulo
O Brasil não cumpre o preceito constitucional de assegurar educação de qualidade a todos os jovens e crianças. Comparativamente com as necessidades do País e levando em conta a dívida histórica que temos, principalmente com a população mais pobre, ainda estamos longe de afirmar que estamos bem.
Não poderíamos aceitar que metade das nossas crianças do terceiro ano do ensino fundamental não esteja alfabetizada nem saiba fazer contas simples. No entanto, os pais e as mães dessas crianças, quando indagados por pesquisadores, respondem que a escola de seus filhos é nota 8, numa escala de 0 a 10. Temos aí a enorme contradição que resulta na baixa demanda por qualidade.
Ainda falta muito para garantirmos que todos aprendam e concluam seus estudos na idade correta. Somente se pusermos a educação no centro das políticas o Brasil terá como romper o ciclo de pobreza e exclusão. O recente crescimento da classe média, tão festejado por todos nós, poderá ruir mais adiante se não tomarmos a decisão de efetivamente dar um salto na educação, que é o caminho mais poderoso e sustentável para a promoção de justiça social, com resultados persistentes, duradouros.
Na cena mundial, países com melhor desempenho na educação, como Finlândia, Coreia do Sul e Canadá, conduziram políticas bem-sucedidas, cuja aplicabilidade no Brasil deve ser refletida pela diferença de contexto social e cultural. Mas o que mais chama a atenção são alguns fatores que eles têm em comum e deveriam inspirar a ação de todos nós, brasileiros. Primeiro, decisão e coragem. Segundo, persistência.
Existe nesses países, há décadas, a decisão institucionalizada de garantir uma educação de qualidade. É uma decisão das autoridades por influência da sociedade, que tem a educação como um dos seus valores principais. Consciente, alerta, a sociedade desses países cobra, participa, atua, e as autoridades planejam, cumprem, avaliam, numa movimentação de mão dupla. Não se trata simplesmente de uma decisão do governo e seguida pela população. É também, e ao mesmo tempo, o anseio manifestado pela população que leva o governo a colocar a educação como política central e articuladora das demais, com a garantia de que seja de qualidade e com equidade.
A partir do impulso dado pela decisão, vem a coragem da implementação. Os responsáveis pela educação precisam enfrentar resistências, derrubar padrões antigos, viciados, e, ao mesmo tempo, ousar novos caminhos. Seja nos mais altos gabinetes, seja na linha de frente, na sala de aula, os desafios de seguir adiante com uma proposta inovadora, renovadora, exigem atitude corajosa, firme.
Essa atitude deve ter como princípio o diálogo com a sociedade, incluindo a comunidade escolar; e como base, um planejamento que todos conheçam e estejam preparados, e engajados, para cumprir. São essenciais metas claras, de entendimento imediato, com monitoramento permanente e transparente. Como não existe solução única para melhorar a educação no Brasil, é necessário que diferentes políticas estejam integradas em todos os níveis. E que funcionem em sintonia, de forma a apoiar o trabalho de milhões de profissionais da educação na enorme tarefa de garantir, a todos os alunos e plenamente, o direito à educação.
Tramita no Congresso Nacional o novo Plano Nacional de Educação (PNE), com metas que o Brasil deverá cumprir nos próximos dez anos - uma década sabidamente decisiva para nosso país. Além de metas, o PNE propõe um conjunto de estratégias. Convergem para esse documento as esperanças e os esforços de diversas instituições e de cidadãos que nos últimos anos participaram ativamente dos debates sobre a construção do plano. Mas de nada adiantará termos um excelente plano se não pusermos uma enorme energia também em sua operacionalização, para que vá muito além de uma declaração de boas intenções e se torne o documento-guia para saldarmos a nossa dívida social e darmos dignidade e oportunidade a todos os brasileiros.
Do planejamento à prática, dos conceitos à realização, percorre-se uma trajetória que passa necessariamente pela rotina que disciplina e aperfeiçoa. A educação ocorre no dia a dia e se as políticas públicas e as ações de governos e sociedade não conseguirem chegar à sala de aula, para garantir uma educação de qualidade, todos nós fracassamos nessa missão.
Por fim, deve-nos inspirar a persistência com que os países que estão no topo da educação mundial conduzem sua política educacional. Não há solução mágica e rápida, nem como promover melhorias sustentáveis sem continuidade - em que políticas, projetos e ações são implementados, avaliados, aperfeiçoados, num processo contínuo.
Ainda que o PNE esteja com sua tramitação muito atrasada na Câmara dos Deputados, pois ficamos todo o ano de 2011 sem plano vigente e continuaremos assim em boa parte de 2012, suas metas e estratégias, logo que aprovadas, devem ser assumidas com o engajamento de todos nós. Os resultados esperados só serão possíveis se houver o compromisso de sermos persistentes, não desistirmos diante das inúmeras dificuldades que certamente surgirão ao longo desse imperativo percurso.
Enquanto o plano tramita, o cotidiano das escolas e dos gestores educacionais continua. Já sabemos boa parte do que é preciso com urgência, como melhorar a formação docente e a carreira dos professores, definir as expectativas de aprendizagem, ter avaliações que sejam compreendidas e utilizadas na gestão educacional e mais tempo dos alunos na escola. A tramitação no Congresso não nos pode imobilizar, há muito a ser feito já.
Sem decisão, coragem e persistência dificilmente cumpriremos a missão que este início de século 21 nos impõe.

domingo, 28 de agosto de 2011

Seria o Brasil um pais normal? (2) Acho que nao, pelo menos nao nos seus ministros do Supremo...

Leio na entrevista da ministra aposentada do STF, Ellen Gracie Northfleet, nas Páginas Amarelas da Veja desta semana, esta frase:

"O Supremo faz, sim, política. Mas política ampla, de desenvolvimento nacional, de contribuição ao crescimento do país, de atenção às realidades do país."

Bem, eu já tinha uma péssima impressão de alguns juízes supremos (minúsculas, por favor), mas nenhuma impressão dessa juíza pouco suprema. Agora vou ter de incluí-la no rol dos juízes malucos, vocês sabem, aqueles que pretendem fazer justiça com as mãos -- enfim, alguns fazem até com os pés, quando não com armas -- em lugar de fazê-lo apenas com a cabeça (racionalidade, quero dizer) e a Constituição, adequadamente interpretada.

Quando um juiz decide que quer contribuir com o desenvolvimento nacional já está extravasando e sendo um péssimo juiz, pois esta não é a sua função. Sua função é apenas e tão somente julgar da constitucionalidade das leis e de casos levados ao supremo (minúscula, preciso repetir?), sem jamais considerar condição social, renda pessoal, estatus profissional, ou necessidades materiais, digamos assim. Juiz é apenas para julgar, não para salvar ninguém, sobretudo nos salvar das nossas misérias materiais (isso o governo já se encarrega de agravar, e não é preciso nenhum juiz para piorar a situação).

Decididamente, o Brasil não é um país normal. Com essa mentalidade, vai demorar para ficar, ou virar, um país normal. Talvez mais duas ou três gerações, apenas. Vocês estão achando muito? Então não escolham juízes malucos para o supremo (que talvez um dia vire Supremo).
Paulo Roberto de Almeida