Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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segunda-feira, 13 de julho de 2015
Os Brics na Russia e a nova ideologia do grupo: agora virou nao-ocidental - Russia Direct
O número que recebi hoje, segunda-feira 13 de julho, e que resume a visão russa do recente encontro dos líderes dos Brics em Ufá, na Rússia (quase chegando no Kazaquistão), é uma maravilha para quem gosta de ideologia e de mistificação: os Brics podem agora passar a ser, não exatamente anti-ocidentais, mas simplesmente não-ocidentais.
Entenderam essa?
O Brasil agora é um país não-ocidental. Não é uma maravilha?
O Russia Direct também se preocupa em que a visita da presidente do Brasil aos EUA, justo antes do summit dos Brics, pode representar o perigo da falta de unidade nos Brics. Não é gozado? Isso pode atrapalhar a unidade que a Rússia pretende dos Brics para enfrentar o Ocidente. O que é que vai fazer o Brasil? Garantir a unidade dos Brics, ou ajudar na cruzada anti-ocidental não-ocidental?
Os "experts" russos consultados para a terceira matéria listada abaixo se perguntam isto:
"Is Brazil backing away from the BRICS?"
Um outro jornal russo, refletido na matéria, traz uma matéria de opinião, segundo a qual:
"“The BRICS have cracked: Brazil surrenders to the United States” was how REGNUM headlined an opinion piece on Rousseff’s visit to the United States."
O Brasil se rendendo aos EUA, pelas mãos daquela que prometia defender a soberania do país contra a arrogância do império? Parece um pouco grego tudo isso...
O jornal até tenta ensinar aos dirigentes russos que não se deve ser tão anti-ocidental a ponto de prejudicar os interesses russos, como se lê na última matéria, mas como verificamos no Brasil também a natureza dos dirigentes políticos os induzem a atuar conforme suas convicções profundas, e contra os interesses do país.
Assim é a vida. Leiam e se informem sobre o que pensam, e como pensam, os russos...
Paulo Roberto de Almeida
Russia Direct, July 3, 2015
The BRICS and the West: Partners or rivals?
Debates: The annual BRICS Summit in Russia this year marks a breakthrough in the development of the group’s political and financial institutions. The big question now is whether these institutions will choose to partner with the West or go it alone.
The BRICS may be non-Western but they are not anti-Western
Interview: Fyodor Lukyanov, head of Russia’s Council on Foreign and Defense Policy, discusses how the BRICS are evolving in response to changing geopolitical conditions.
The future of BRICS in limbo
The visit by the Brazilian president to the U.S. before the BRICS summit points to a lack of unity within the BRICS, which could dent the Kremlin’s aspirations to break its isolation from the West.
How the US military plans to neutralize Russia
The new military strategy of the U.S., which now includes Russia in the list of top threats, indicates that Washington is trying to maintain its global influence that was established after the collapse of the Soviet Union.
Understanding the context of the Kremlin's post-Crimean ideology
The release of a “patriotic stop-list” of undesirable foreign organizations is just the latest manifestation of the short-term ideological thinking that is currently ascendant in the Kremlin.
sexta-feira, 10 de julho de 2015
Brics: China um exemplo de cibersecurity totalitária. Um exemplo a ser seguido pelos demais? (NYT)
A chamada da matéria é a seguinte:
SINOSPHERE
What You Need to Know About China’s Draft Cybersecurity Law
By AUSTIN RAMZY
China, which has some of the world’s tightest Internet restrictions, has released a draft of a bill that authorizes broad powers to control the flow of online information.
The New York Times, Compiled: July 9, 2015 6:01 AM
Logo, um assunto altamente relevante para todos os cidadãos que se preocupam com a intrusão do Estado, dos governos mais exatamente, em suas vidas privadas.
Carmen Lícia e eu estávamos na China, em 2010, quando soubemos, por acaso, em agosto daquele ano, que finalmente havia sido levantada a barreira total imposta por Beijing no acesso à internet, por toda uma imensa província chinesa (no nome), Xinjiang (na verdade o chamado Kazaquistão chinês), em consequência dos distúrbios causados pelos rebeldes uigures contra dominação Han naquela região, inclusive na capital Urumqi. Uma província inteira, cortada do mundo, durante mais de um ano, segundo dispositivos que integram a atual lei de segurança na internet agora implementada.
E o que constato pela matéria abaixo?
Isto abaixo, que continua a ser preocupante do ponto de vista dos direitos cidadãos.
Paulo Roberto de Almeida
What You Need to Know About China’s Draft Cybersecurity Law
quinta-feira, 9 de julho de 2015
Brics realizam encontro numa "aldeia Potemkin" (combina com eles...)
Um pouco como as maquiagens contábeis feitas pelos companheiros aqui no Brasil, a completa deformação das contas públicas por economistas aloprados, transformando a feitura dos déficits em vistosos superávits.
Não é de estranhar que os Brics sigam o mesmo exemplo de mistificação, como evidenciado nesta matéria da BBC.
Paulo Roberto de Almeida
Fundada por Ivã, o Terrível, cidade veste 'máscara' para sediar cúpula dos Brics
Luiza Bandeira Enviada especial da BBC Brasil a Ufá, Rússia
BBC Brasil, 9/07/2015
Escolha de Ufá para sediar reunião anual dos BRICS pode ter tido motivação política
Uma edição da Gazeta Russa publicada no Brasil na semana passada já alertava: apesar de a socialite americana Paris Hilton ter achado a cidade de Ufá, sede russa da 7ª Cúpula dos Brics, "linda e encantadora", nem todos que visitam a capital da Bachquíria "sentem a vibração logo de cara".
Construída por ordem do czar Ivã, o Terrível, para proteger o território de invasões, Ufá não lembra nem de longe os tempos de fortaleza.
Encravada na Rússia Central, a mais de mil km de Moscou, próxima do Cazaquistão e dos Montes Urais, que marcam a divisa com a Sibéria, a cidade tem ruas largas, arquitetura insossa e luzinhas com aparência natalina acesas em pleno julho.
As centenas de placas do evento espalhadas pela cidade não deixam dúvida da importância para Ufá de sediar a cúpula dos Brics. Mas nos longos trajetos entre os hotéis escolhidos pela organização para abrigar jornalistas e o centro de imprensa, é difícil ver qualquer vibração.
Policiais vigiam as ruas de Ufá, que receberam adesivos para amenizar o visual.
Vazia
Apesar de ter mais de um milhão de habitantes, há poucas pessoas nas ruas e calçadas. A polícia, por outro lado, está em quase toda esquina. Os policiais se posicionam discretamente, normalmente sem carros ou presença ostensiva na rua; costumam ficar sozinhos ou em duplas nas calçadas.
Apesar de abrigar uma população em torno de 1 milhão de habitantes, a maioria das ruas de Ufá tem aparência deserta.
Escolhida para sediar tanto a cúpula dos Brics – grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – a cidade consumiu US$ 189 milhões nos preparativos para o evento, de acordo com o governo.
A maior parte, US$ 108 milhões, veio de investimentos privados, com o governo federal e o da república da Bachquíria bancando o resto. O governo de Vladimir Putin tem interesse em mostrar pujança com o evento - a Rússia sofre sanções devido à crise na Ucrânia e o líder russo quer fazer do encontro uma demonstração de poder.
Os principais investimentos foram para a reforma do aeroporto e construção de novos hotéis – um deles, da rede Hilton, dá uma pista para justificar a propaganda positiva que a herdeira da rede fez da cidade.
Maquiagem
Nas redes sociais russas, os preparativos causaram polêmica: o governo foi acusado de maquiar a cidade para os participantes do evento.
Fotos publicadas por um blogueiro e compartilhadas por milhares mostraram casas escondidas por falsas fachadas, feitas de uma espécie de papel de parede, e também por grandes cartazes de árvores.
Os prédios antigos receberam uma fachada falsa com a aplicação de adesivos.
Um prédio antigo também teria sido escondido atrás de uma espécie de adesivo simulando uma aparência mais moderna. Além disso, calçadas de cimento teriam sido cobertas por grama falsa.
Pela cidade, a reportagem da BBC Brasil viu os cartazes de árvores retratados, mas eles estavam tapando obras.
Segundo a agência de notícias russa Tass, as autoridades de Ufá reagiram dizendo que o blogueiro não era mais bem-vindo na cidade.
Calçadas de Ufá foram cobertas por grama artifical para melhorar o visual urbano.
Turisticamente, Ufá se vende como uma divisa entre Ocidente e Oriente. Ela não tem grandes atrações turísticas: segundo o Trip Advisor, o melhor programa da cidade é visitar o monumento Slavat Yulaev (líder de uma rebelião no local), visível a partir do centro onde será realizada a cúpula.
Já o guia Lonely Planet recomenda, em seu site, uma visita ao Museu Lênin, em uma casa onde o próprio líder da Revolução Russa morou por algum tempo, a 30 quilômetros de Ufá. A Gazeta Russa, suplemento em português financiado pelo governo russo, aconselha provar o mel de Ufá, especialidade local.
O turista que visitar Ufá, porém, pode ter problemas de comunicação: a maior parte das pessoas que a reportagem da BBC Brasil encontrou não falava inglês - mas elas não se abstiveram de falar em russo, mesmo sabendo que o interlocutor não falava a língua.
Exposição
Logo na entrada do centro de imprensa, há uma exposição sobre Ufá com basicamente quatro itens: uma maquete do antigo kremlin (fortaleza) da cidade, que não existe mais; um traje usado pelo bailarino Rudolf Nureyev, celebridade maior da cidade; um troféu do time de hóquei local e o motor de um caça produzido em Ufá.
A mostra termina com maquetes de projetos que prometem, nos próximos sete anos, mudar a paisagem da cidade – que, hoje, é marcada por alguns prédios de arquitetura funcional típica soviética, sem grandes atrativos e em tons pastéis - com prédios modernos e espelhados e grandes áreas verdes.
Na sala de imprensa, grandes telões mostram imagens turbinadas da cidade – luzes acesas à noite, prédios históricos, igrejas e mesquitas com iluminação especial e imagens aéreas do rio que banha a cidade.
Jornalistas que se interessaram em saber um pouco mais pela cidade ganharam pelo menos três livros: um sobre a história de Ufá, um sobre a Bachquíria e um sobre a Rússia em geral.
Mas qual o interesse da Rússia em realizar um evento de grande porte em uma cidade longínqua e pouco conhecida?
Para o professor de Relações Internacionais da FGV Oliver Stuenkel, o objetivo é promover uma cidade fora do eixo.
"Assim como outros países, a Rússia usa a cúpula para beneficiar politicamente um aliado e apresentar ao mundo algumas regiões que não têm visibilidade", afirma.
Ele lembra que, quando o Brasil foi anfitrião da cúpula, escolheu Fortaleza como sede do evento – um afago ao aliado Cid Gomes, que quando governador, construiu um grande centro de convenções que acabou sendo usado para o evento.
Brics pretendem aprofundar ainda mais as bobagens economicas dos paises desenvolvidos
Quem não se lembra das lamúrias, protestos, reclamações dos lulo-petistas (e nem preciso lembrar quem) que, no auge da crise dos desenvolvidos (que parece largamente superada atualmente, menos nas escusas fajutas dos mesmos lulo-petistas), acusavam as economias desenvolvidas de fazerem "guerra cambial", e de "tsunami financeiro".
Eles reclamavam contra o manancial de dinheiro que os bancos centrais do G7 despejavam no mercado, estupidamente, ou seja, keynesianamente, para sustentar a demanda, como eles se justificavam.
Pois agora são os Brics, que na iminência da interrupção dos diversos "quantitative easing", e sa subida dos juros, reclamam que vai faltar dinheiro, e querem a extensão das linhas de crédito em divisas fortes. Eles querem mais liquidez, querem mais dinheiro fácil, querem fazer tsunami financeiro, querem aumentar a inflação e a dívida pública...
Vão ser contraditórios lá em Ufá...
Paulo Roberto de Almeida
Contra turbulência, Brics querem acesso a moeda de países ricos
Por Assis Moreira
Valor Econômico, 9/07/2015
Os países do Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - querem que as nações desenvolvidas garantam linhas de swap de moedas, no caso de restrição de liquidez no mercado cambial, que poderia afetar os emergentes, quando os EUA voltarem a elevar os juros, provavelmente ainda neste ano.
No começo da crise global, em 2008, o Brasil foi um dos países que obtiveram linha de swap de moedas de US$ 30 bilhões com o Federal Reserve, que nunca foi acionada. A China, com quase US$ 4 trilhões de reservas, fez bilateralmente vários acordos com emergentes nos últimos tempos.
O Valor apurou, que no comunicado de 75 parágrafos que vão divulgar hoje, ao final de sua cúpula em Ufá, na Rússia, os líderes das cinco grandes economias emergentes vão manifestar persistente "preocupação com o potencial efeito das repercussões de politicas monetárias não convencionais de países avançados, que poderiam causar volatilidade disruptiva nas taxas de câmbio, nos preços dos ativos e nos fluxos de capital".
Para "reduzir os riscos potenciais'' desse cenário, a presidente Dilma Rousseff e seus colegas Xi Jinping (China), Vladimir Putin (Rússia), Jacob Zuma (África do Sul) e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Mori, conclamarão as principais economias desenvolvidas a "reforçar seu diálogo politico e a coordenação no contexto do G-20".
Os líderes dos Brics consideram importante fortalecer a cooperação financeira internacional por meio de instrumento como linhas de swap "para mitigar os impactos negativos de divergência de política monetária nos países emissores de moedas de reserva" - essencialmente os EUA, a zona do euro e o Japão.
Existe o sentimento entre autoridades do grupo de que, mesmo com uma melhor preparação e boa comunicação do Federal Reserve (o BC dos EUA) sobre a normalização de sua política monetária, o aumento da volatilidade nos mercados é possível quando os juros aumentarem nos EUA e o dólar continuar se valorizando globalmente.
Produtores de matérias-primas, incluindo o Brasil, entram nesse cenário com o fim do superciclo dos preços de commodities, no rastro da desaceleração da economia da China que pode agora se acentuar com o estouro da bolha no seu mercado de ações.
O acordo operacional do fundo de reservas dos Brics, de US$ 100 bilhões, que entra em vigor no fim deste mes, servirá para defesa no caso de algum dos cinco países do grupo enfrentar problemas de liquidez em dólar.
Mas a Índia é um dos países que dá ênfase à garantia de acesso a linha de swap também pelos bancos centrais dos países ricos, como deixou claro em reuniões no G-20, grupo que reúne as maiores economias do planeta.
Para Nova Déli, é preciso assegurar que linhas de swap de moedas estejam disponíveis, como em 2008, para evitar o estigma de um país em dificuldade recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ter de se submeter a suas condicionalidades.
O que o Brics defende, porém, sofreu no G-20 resistência dos EUA e da Europa no ano passado, com alguns países ricos estimando que a primeira linha de proteção deve vir do FMI.
No comunicado do Brics, que será divulgado hoje, os líderes avaliam que a recuperação global não está consolidada, resta frágil e com divergências consideráveis entre países e regiões.
Eles estimam que os mercados emergentes e os países em desenvolvimento continuam a ser os grandes motores do crescimento economico global.
Para o Brics, reformas estruturais, ajuste doméstico e inovação são importantes para o crescimento sustentável e para fornecer uma contribuição significativa para a economia mundial.
''Notamos os sinais de melhora das perspectivas de crescimento em algumas das principais economias avançadas. No entanto, riscos para economia global persistem'', dirá o documento.
Para o grupo, os desafios têm relação com endividamento público e desemprego elevados, pobreza, menos investimentos e comércio, taxas de juros reais negativas juntamente com sinais de prolongada inflação baixa nos países desenvolvidos.
Economia lulo-petista propoe ao Brasil recuo de 80 anos no comercio internacional: de volta aos anos 1930 com o Brics
Não surpreende: o lulo-petismo econômico é pior que uma Grande Depressão. Significa uma derrocada completa dos saudáveis princípios do multilateralismo econômico, da abertura no comércio internacional, e um recuo inacreditável ao mais vulgar mercantilismo e protecionismo.
Aceitar comércio em moedas locais, inconversíveis, num momento em que a China pretender tornar o yuan uma moeda conversível e inserida na cesta do SDR, os Direitos Especiais de Saque do FMI, é de uma estupidez imensa, só compatível com a esquizofrenia econômica lulo-petista.
Bando de bárbaros regressistas.
Paulo Roberto de Almeida
Putin pede a Dilma uso de moedas locais em trocas
Assis Moreira
Valor Econômico, 9/07/2015
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, conclamou a presidente Dilma Rousseff para os dois países "trabalharem mais" para a possível utilização de real e rublo no comércio bilateral, que visa reduzir o uso de dólar nas trocas.
Já a presidente, pelo menos na declaração inicial diante dos jornalistas não tocou no tema. A área econômica do governo brasileiro acha que as propostas na mesa ainda não levam a um consenso.
Moscou está particularmente engajado no uso de moeda local, no momento, tirando as lições de seu confronto com americanos e europeus, que impuseram sanções contra Moscou.
Por sua vez, uma declaração de empresários dos Brics, que será entregue aos líderes hoje, também coloca como uma das prioridades o uso de divisas nacionais no comércio entre eles.
O volume de comércio entre os países dos Brics saltou, entre 2005 e 2014, de US$ 72 bilhões para US$ 297 bilhões, um incremento de 311%, acima do crescimento do comércio mundial, de 80%, no mesmo período. Os países dos Brics dobraram a sua participação no comércio desde 2001, representando, hoje, 18% do comércio global, segundo o Itamaraty.
Em todo caso, Dilma e Putin prometeram se engajar para que o comércio bilateral aumente para USS 10 bilhões, comparado a USS 6,8 bilhões no ano passado.
Segundo Putin, o comércio bilateral cresceu 15% em 2014, mas diminuiu no primeiro trimestre deste ano. Ele, porém, disse ter certeza de que as trocas vão continuar aumentando. O Brasil exporta sobretudo carnes para o mercado russo.
Os dois presidentes abordaram os acordos de ciência e tecnologia que vão assinar, incluindo na área de astronomia.
Dilma foi a última dos líderes a chegar a Ufá para a cúpula dos Brics. Mas o anfitrião, Putin, demorou tanto em encontros bilaterais que o jantar de abertura começou com grande atraso. Já tarde da noite, os dois presidentes tiveram um encontro bilateral. Ao retornar para o hotel, a presidente não quis comentar as turbulências nas bolsas da China, que apagaram mais de US$ 3,5 trilhões em valor e podem implicar em mais baixa na demanda por commodities.
Hoje, a presidente terá reuniões bilaterais com os presidentes da China, de Belarus e do Cazaquistão, e com o primeiro-ministro da Índia. Segundo sua assessoria, todos pediram para falar com ela, enquanto Dilma não requisitou nenhuma conversa.
É possível que o Brasil consiga uma ligeira satisfação na sua luta pela reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O governo considera isso ainda mais simbólico neste ano em que a ONU completa 70 anos.
A China não quer apoiar a entrada do Japão no Conselho de Segurança e tampouco tem simpatia pela entrada da Índia. Ocorre que Brasil, Índia, Japão e Alemanha formam o G-4, engajados pela reforma. Os chineses dizem que, se o Brasil não estivesse nesse tipo de grupo, seria menos complicado para Pequim dar algum apoio para a reforma do Conselho.
A declaração dos líderes e o texto da parceria econômica terão juntos 80 páginas, resultado de meses de negociações.
quarta-feira, 20 de maio de 2015
Bric, Brics, bric-a-brac: russos dispoem do grupo a seu bel prazer... (Bloomberg)
Que tal "Bric-à-Brac"?
Paulo Roberto de Almeida
BRICS
Rússia pede ampliação do Brics e novo nome
Em Moscou, diplomatas veem adesão de novos membros em até 2 anos
POR BLOOMBERG NEWS, 20/05/2015
Aceitar a África do Sul foi a parte fácil. O Brics, clube dos mercados emergentes que deve sua existência ao então economista do Goldman Sachs Group Inc. que cunhou a sigla para designar o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China, busca uma expansão maior. E qualquer ideia para rebatizá-lo é bem-vinda, ao menos para os russos.
— Pode levar um ano ou dois, mas este é um processo absolutamente inevitável. Muitos países querem entrar no grupo, grandes economias em desenvolvimento — afirmou Vadim Lukov, vice-representante da Rússia no bloco.
A Rússia receberá, em julho, a sexta cúpula anual da organização, cuja importância é crescente em Moscou num momento em que o presidente Vladimir Putin trava a maior batalha contra os Estados Unidos e a Europa desde a Guerra Fria devido ao conflito na Ucrânia, que já dura um ano.
Na cúpula do ano passado, no Brasil, o Brics chegou a um acordo para criar um banco de desenvolvimento com US$ 50 bilhões para rivalizar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, além de criar uma reserva cambial de US$ 100 bilhões. A Rússia está promovendo a criação de uma rede de rating do Brics para contrabalançar os relatórios de crédito das americanas Standard and Poor’s e Moody’s Investors Service, segundo Lukov “escancaradamente politizados”, e também uma associação energética.
BANCO COM US$ 50 BI
O Brics evoluiu em relação ao termo cunhado para os quatro membros originais em 2001 pelo então economista do Goldman Sachs, Jim O’Neill, para descrever o peso crescente dos maiores mercados emergentes na economia global. Em 2011, a África do Sul se juntou ao clube para dar uma representação geográfica mais ampla ao Brics — mas embora atualmente haja uma moratória para a admissão de novos membros, a melhor hora de pensar na expansão será quando as novas estruturas financeiras estiverem em operação, avaliou Lukov. Segundo ele, o banco de desenvolvimento tem um capital separado de US$ 50 bilhões para alocar e está disposto a admitir qualquer país que compartilhe os valores do Brics.
A Grécia poderia ser um deles. A possível entrada do membro da União Europeia no banco do Brics está em discussão, mas isso não ocorreria antes da cúpula de julho, disse à agência RIA Novosti o vice-ministro das Finanças russo, Sergei Storchak.
Como ficaria o nome da organização com novos membros?
— Vou pensar a respeito. Pense você também — sugeriu Lukov.
domingo, 8 de março de 2015
Brasil no Brics: intensidade de acessos em dois dias (Academia.edu) -Paulo R. Almeida
Hi Paulo Roberto,Congratulations! You uploaded your paper 2 days ago and it is already gaining traction.Total views since upload:You got 81 views from Brazil, Belgium, Australia, Paraguay, and the United States on "108) Brasil no Brics (2015)".Thanks,
The Academia.edu Team
sábado, 7 de março de 2015
Seria o Brics ou o Brasil, o objeto de tanta curiosidade?: Brasil no Brics tem avalanche de consultas
“Brasil no Brics”, In: Jorge Tavares da Silva (coord.), Brics e a Nova Ordem Internacional (Casal de Cambra: Caleidoscópio; Aveiro: Mare Liberum, 2015, 320 p.; ISBN: 978-989-658-279-1; p. 71-115). Disponível no Academia.edu (links: https://www.academia.edu/10200076/108_Brasil_no_Brics_2015_ e https://www.academia.edu/attachments/36883658/download_file?s=work_strip).
Logo em seguinda, mais exatamente às 15:56hs, eu postava a informação neste blog, e depois anunciava no Facebook, embora não saiba dizer o efeito desta última ação. Pelo relatório, alguns acessos foram feitos pelo Facebook e outros por este blog, mas muitos diretamente no Academia.edu.
Consultando agora à noite (22:00hs) os acessos ao Academia.edu, pela ferramenta Analytics, constato agora que esse arquivo foi objeto de algumas dezenas de visitas, mais exatamente 113 no momento em que escrevo.
Parece que existe uma febre pelos Brics, ou talvez pelo Brasil, embora os dois termos podem despertar interesse.
Apenas para registrar a pequena febre, não curável por nenhum analgésico, transcrevo mais abaixo o Analytics por "Overview", apenas até as 21h49
No "Document View", esse arquivo já estava em segundo lugar, com as mesmas 113 visitas e 32 downloads, embora algumas visitas se referissem a uma versão anterior do texto, quando eu ainda não havia recebido o livro de Portugal.
Agradeço o interesse por este meu texto.
Paulo Roberto de Almeida
sexta-feira, 6 de março de 2015
O Brasil no Brics: capítulo em novo livro - Paulo Roberto de Almeida
Participei com um capítulo sobre o Brasil, de acordo com a ficha abaixo:
terça-feira, 3 de março de 2015
Educacao: o que sera' que o Brasil tem a aprender com os Brics, ou Rics? Tambem pergunto...
Por que teríamos de multiplicar canais de cooperação com países de línguas não tradicionais -- russo e chinês, por exemplo -- quando a ampliação e reforço dos laços com países com os quais temos décadas de cooperação e intensos contatos culturais e turísticos podem ser feitos a um custo bem menos e com muito mais retorno do que com os ditos BRICS?
Eu sempre procuro medir qualquer coisa em termos de investimento e retorno, ou seja, o menor investimento e o maior retorno possíveis. Será que os BRICS passam no teste?
Eu sempre me pergunto essas coisas...
Deve ser mania...
Paulo Roberto de Almeida
Brics: países debatem cooperação multilateral na área de educação
Por Redação, com ABr - de Brasília
Especialistas e representantes dos governos dos países do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estiveram reunidos em Brasília nesta segunda-feira para discutir propostas de cooperação multilateral em educação profissional e tecnológica, educação superior e desenvolvimento de metodologias conjuntas para indicadores educacionais, além dos princípios básicos para a criação de uma rede universitária do bloco.
As propostas serão encaminhadas ao ministro da Educação, Cid Gomes, e aos vice-ministros da África do Sul, Mduduzi Manana, da China, Yubo Du, da Índia, Satyanarayan Mohanty, e da Rússia, Alexander Klimov, que vão se reuniram à tarde no 2º Encontro dos Ministros de Educação do Brics. Nesta segunda-feira, ao final do encontro, os ministros assinaram a Declaração de Brasília com as principais decisões do grupo e recomendações para ações futuras na área, informou o Ministério da Educação (MEC),.
Os temas debatidos foram educação superior, com foco em mobilidade de alunos e pesquisadores na pós-graduação, indicadores sociais de educação e propostas de cooperação em educação profissional e tecnológica. “A ideia na parte da manhã foi trabalhar grupos técnicos com os especialistas de cada país. Os ministros receberão relatos dos especialistas para tomarem decisões políticas. Também houve encontros bilaterais entre representantes de universidades do bloco para no futuro desenvolver sistemas de mobilidade (acadêmica entre as instituições)”, disse a assessora internacional do MEC, Aline Schleicher.
Na área de educação profissional, o coordenador-geral de Planejamento e Gestão da Rede do MEC, Nilton Nélio Cometti, disse que um dos objetivos é compartilhar experiências dos cinco países no setor. No caso brasileiro, segundo ele, entre os pontos fundamentais estão orientar a oferta de cursos conforme as demandas do setor produtivo e atender às pessoas que realmente necessitam da educação profissional.
O encontro desta segunda avança nas discussões do plano de ação aprovado na 6ª Cúpula do Brics, em julho do ano passado, em Fortaleza, e da primeira reunião de ministros de Educação do bloco, que ocorreu em novembro de 2013, em paralelo à Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura, em Paris.
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Consequencias diplomaticas de uma mudanca: Russia tambem se inquieta por posicao do Brasil no Brics
Paulo Roberto de Almeida
Russia hopes relationship with Brazil doesn't run into BRIC wall
Brazil's presidential candidates Aecio Neves (right) of Brazilian Social Democratic Party and Dilma Rousseff of Workers' Party. Photo: Reuters
In the second round of Brazilian presidential elections on Oct. 26, the current resident of the presidential palace, Dilma Rousseff, will face Aecio Neves, a candidate from the business community holding a right-center position. Potentially at stake is the future economic direction of this influential BRICS nation – including the relative importance that Brazil places on its growing trade relationship with Russia.
In the current Brazilian campaign, there have been many unexpected twists, making the outcome of the presidential election too close to call. One of Rousseff’s main rivals was supposed to be Socialist Party member Eduardo Campos. However, on Aug. 13 of this year, his airplane crashed and the presidential candidate was killed.
After his death, the leadership of the party proposed that Marina Silva, Brazil's famous "green" leader, participate in the elections. Marina burst into the campaign like a whirlwind and began gaining points rapidly. By the end of August, her advantage over Rousseff was being measured in double-digit numbers.
However, Silva's ratings have plummeted as fast as they have soared. Voters have seen that she often contradicts herself and her recipes for "happiness for all" do not seem very convincing. In the first round she came in third after Rousseff, who received nearly 42 percent of the vote and Aecio Neves, who took 34 percent. Now, though, much depends on the votes given to Silva – not so many, but then again, not so few – nearly 22 million in all. She herself has encouraged supporting Neves in the elections.
After the elections entered the final stretch, the main campaign issue became whether or not Brazil’s government would continue its social orientation and paternalistic policies. The country is now debating a greater shift to free market policies and greater integration into the global economy.
The current left-center Workers' Party has been in power for 12 years. It considers its greatest achievement to be enabling 30 million Brazilians to escape from poverty and join the ranks of the middle class. Brazil has been talked about around the world as the "country of the future." In 2010 TIME referred to Brazil as a country entering the ranks of First World countries.
Brazil has reason to be proud of its accomplishments. It is the world's fifth largest state in terms of territory, the world’s seventh largest economy, and its fourth largest food exporter. It is the global leader in the supply of such products as sugar cane, coffee and beef. The country has begun to produce or export nearly everything needed by world markets, from minerals to water, electricity, and steel.
Nevertheless, Brazil has not been able to live up to the confidence placed in it. From 2011 to 2013, its economic growth was only 2.1 percent (during the "zeros" decade, growth reached as high as 7 percent a year). In the first half of 2014, the country was generally mired in a technical recession. In 2011, after Rousseff came to power, the Brazilian real fell against the dollar by 33 percent. The level of consumer confidence was at its lowest in a decade.
This new reality has placed difficult questions before the candidates for presidency in the current elections. Voters will choose the candidate they feel is the most capable of pulling Brazil out of its economic doldrums and enabling the country to take its rightful place in the modern world.
According to the most recent opinion polls, Neves is two percentage points ahead of Rousseff. He is a well-known politician in the country. For two terms, Neves was the governor of the second largest state Minas Gerais (as measured by population) in the country. During the election campaign, Neves has advocated drastically cutting state expenditures (while still maintaining the main social programs instituted by his predecessors), granting new initiatives to the private sector, and starting direct trade talks with the United States. At the same time, he has sharply criticized the current leaders for their outdated ideological stance and potentially corrupt deals related to the activities of the Petrobras energy company.
As Shannon O'Neil, an analyst at the Council on Foreign Relations, points out the opportunity that Neves could exploit, "The country has yet to complete its decade–long negotiations with the EU, even as other Latin American nations have signed some thirty free trade agreements since Rousseff entered office in January of 2011.”
Brazilian business actively welcomed the fortifying of Neves's position. After he made it into the second round, the stock market index rose sharply and the Brazilian real strengthened its position in relation to the dollar noticeably. The increase in the share price of the oil giant Petrobras by 17 percent was indicative of the market’s buoyant mood.
What awaits the world if the right-centrist Neves wins? As Julia E. Sweig, the Nelson and David Rockefeller Senior Fellow for Latin America Studies and Director for Latin America Studies at the Council on Foreign Relations, says: “Wall Street made its preferences known well before the first round: The markets wanted change. Anything but Dilma…”
If Aecio Neves, boosted by his position as a liberal reformist guided by the spirit of the free market, is victorious, it can be expected that Brazil will enter into a new, sturdier relationship with the U.S., which will in turn activate the Washington bureaucracy that had lost interest in Brazil’s leftist government. At the very least, it is hardly likely Neves will refuse to meet Obama or cancel any visits to the U.S. because of any sense of outrage over American intelligence services listening in on foreign leaders, as Rousseff has done.
A change in the balance within the BRICS can be expected, but not a drastic one. If Neves wins, this union of "emerging economies" will probably continue to pose itself as a counterweight to the G7 and claim a special role in the world but to a lesser extent.
Significant changes should not be expected regarding the relationship between Brazil and Russia although it seems doubtful that the Brazilian authorities will allow Russia Today to broadcast within the country as does Cristina Kirchner's government in Argentina.
However, it is possible that mutually beneficial trade contracts between the two countries will be maintained. Petr Yakovlev, the head of the Center for Iberian Studies of the Institute of Latin America (Russian Academy of Sciences), points out the growing role of trade in the Russian-Brazilian relationship, "In the first decade of the 21st century, relations between Russia and Brazil gained additional momentum and were diversified significantly. This resulted in a dramatic increase in trade turnover (from $994 million in 2000 to $5.7 billion in 2013)."
However, if Neves gains power, the country's new government will likely lend greater heed to the recommendations of Washington, which has imposed sanctions on a number of Russia's leading companies and banks, thereby depriving them of the possibility of raising capital in the U.S.
This may, first and foremost, affect military cooperation between Russia and Brazil. Currently the Brazilian Air Force has Mi-35M multi-purpose helicopters in its arsenal that were supplied by Rosoboronexport. However, the sanctions imposed by the U.S. on this Russian company could even affect military contracts with Brazil.
Any change in the economic relationship between Russia and Brazil brought about by Western sanctions will impede the transition awaited in Russia from a simple trade in goods between the two countries to a more complex economic partnership that includes investment and diversification into new industries.