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sexta-feira, 21 de julho de 2023

Lula deveria revisar sua postura em relação à guerra de agressão da Rússia à Ucrânia, diz pacifista colombiano (FSP)

Lula faz Putin sentir que não está sozinho, afirma líder de negociações com as Farc

Sergio Jaramillo, hoje à frente da campanha Aguenta, Ucrânia, afirma que Brasil deveria revisar política em relação à Rússia

BOGOTÁ

Folha de S. Paulo, 21/07/2023 

Sergio Jaramillo, 57, já havia visto a barbárie da guerra antes, em seu próprio país, a Colômbia.
De 2012 a 2016, durante o governo de Juan Manuel Santos, ele liderou o Alto Comissariado para a Paz, órgão que negociou com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) o acordo do Estado com a guerrilha colombiana. A atuação de Jaramillo ajudou o agora ex-presidente a ganhar o Nobel da Paz.

Hoje, ele comanda a iniciativa "Aguenta, Ucrânia", campanha que reúne artistas, políticos e intelectuais de vários países da América Latina para pedir paz no conflito que se desenrola no Leste Europeu.

No último dia 27 de junho, Jaramillo, o escritor Héctor Abad Faciolince e a jornalista Catalina Gómez, todos colombianos, além da escritora ucraniana Victoria Amelina, estavam em um restaurante na cidade de Kramatorsk após visitarem diversas regiões afetadas pela guerra promovida pela Rússia.

Embora a pizzaria Ria fosse um alvo civil —e, assim, atacá-la seria um crime de guerra—, Moscou disparou um míssil contra o local. Amelina e outras dez pessoas foram mortas, e mais de 60 ficaram feridas na ação, incluindo Jaramillo, atingido na perna. "A Rússia se tornou um Estado terrorista, e a América Latina, se tiver valores, precisa protestar", afirma ele, de Bogotá, onde conversou com a Folha.

O sr. encabeça a bandeira da campanha "Aguenta, Ucrânia" e foi ao país levar a mensagem de políticos e artistas latino-americanos. O que viu por lá lhe deu qual sensação?
A de que a invasão russa só vai acabar quando o Kremlin perceber que todas as portas estão fechadas. Mas o que Brasil e África do Sul estão fazendo é abrir uma porta muito grande, dando espaço para [o líder russo Vladimir] Putin. Isso o convence de que não está sozinho, reforça suas teorias delirantes de que o problema é o Ocidente, não sua invasão criminosa, prolonga a guerra e torna a paz impossível.

Qual a diferença entre falar da guerra de longe e vê-la in loco?
Não se pode generalizar, mas de modo geral tenho a ideia de que se dá um passo muito rápido da guerra para as questões geopolíticas, e talvez devêssemos dar mais atenção às pessoas que estão sofrendo.

O governo Lula erra em relação à guerra?
O PT deveria ter mais simpatia pelas vítimas ucranianas. Impossível que não saibam disso, [a ex-presidente] Dilma Rousseff e outros foram torturados. Concordo quando Lula defende um mundo multipolar, mas a política externa que ele promove vem contradizendo essa crença. Afinal, o que Putin está fazendo é o contrário: ele está impondo um mundo em que quem tem mais força domina tudo.

Além de o senhor ter ficado ferido na Ucrânia, perdeu uma amiga, a escritora Victoria Amelina.
Foi terrível, e é em nome dela que peço ao governo do Brasil que revise sua política em relação à Rússia e à invasão, porque a única coisa que está conseguindo é prolongar a guerra e afastar a paz.

O que o senhor foi fazer no Donbass, no leste da Ucrânia, com Amelina, Faciolince e Gómez?
Fomos coletar depoimentos de pessoas para a nossa campanha "Aguenta, Ucrânia". Victoria foi a nossa guia. Começamos em Kharkiv, onde uma amiga dela nos contou como, após a invasão russa, especialmente brutal ali, ela decidiu ficar e se tornar voluntária para ajudar pessoas e animais. A guerra deixou centenas, talvez milhares, de cães vagando pelas ruas e nos campos do país, procurando desesperadamente seus donos, que haviam abandonado a cidade.

Em Izium, ela nos levou ao jardim de uma casa muito modesta, onde encontrou enterrado sob uma cerejeira o diário de Volodimir Vakulenko, poeta que os russos assassinaram. Ele escreveu um diário do primeiro mês da invasão, e Victoria o encontrou e o divulgou na feira do livro de Kiev.

E o que os levou a essa pizzaria em Kramatorsk?
Passamos o dia conversando com pessoas nos arredores da cidade. Depois, fomos ao restaurante favorito de Victoria, a pizzaria Ria, um lugar animado em que jornalistas internacionais costumavam se reunir. Estávamos relaxados, fazendo piada sobre o fato de termos de beber cerveja sem álcool. Victoria estava à minha esquerda quando o míssil explodiu. Eu tinha abaixado a cabeça para pegar um guardanapo. Ela recebeu um golpe muito forte na parte de trás da cabeça de algum objeto que voou.

O que sentiram naquele momento?
Uma inusitada serenidade. Tudo gira ao redor, o tempo parece parar, e a mente tenta assimilar o que está acontecendo. Imediatamente pensamos nos outros... Héctor e Catalina saíram ilesos, mas quando virei a cabeça vi Victoria ao meu lado, imóvel, como uma estátua. Verificamos seu pulso, pedimos que chamassem uma ambulância e, quando os paramédicos chegaram para prestar os primeiros socorros, ficou claro que seu estado era muito, muito delicado. Fomos atrás dela no hospital, que estava cheio de feridos. Quase todas as pessoas na pizzaria ficaram feridas de alguma forma, eu sofri apenas um golpe forte na coxa que deixou um hematoma e um ferimento superficial que sangrava bastante no cotovelo. Aqueles que estavam sentados dentro da pizzaria foram os mais atingidos, o teto de concreto caiu sobre eles quando o míssil explodiu. Muitos funcionários jovens morreram.

O sr. já havia vivido algo assim antes?
Quando ocorreu o atentado a El Nogal, em Bogotá [em 2003, de autoria das Farc], eu estava jantando nas proximidades e cheguei logo depois ao local. Várias insurgências recorreram ao terrorismo na América Latina, como os Montoneros, que colocaram muitas bombas nos anos 1970 na Argentina, e o Manuel Rodríguez, que fez o mesmo no Chile nos anos 1980. E, claro, conhecemos o terrorismo jihadista do 11 de Setembro e os ataques em Paris. Mas o que a Rússia está fazendo hoje é um nível de barbárie diferente.

Trata-se de uma superpotência e um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU que, em vez de proteger o direito internacional, usa seu poder para atacar sistematicamente civis em toda a Ucrânia.

É uma política de terror. No dia seguinte ao enterro de Victoria, mataram dez civis e feriram mais de 40 em um prédio residencial na cidade de Lviv, que foi atingida por mísseis, a centenas de quilômetros da linha de frente. A Rússia se tornou um Estado terrorista, e a América Latina, se tiver valores, precisa protestar.

O sr. liderou as negociações de paz com as Farc. Que balanço faz da experiência?
Agridoce. Há coisas que se saíram muito bem, como a desmobilização de guerrilheiros, o desarmamento, a incorporação das Farc ao nosso sistema democrático. O sistema de Justiça Especial para a Paz e as políticas de reparação também deram resultados extraordinários. Desde o Estatuto de Roma não havia acontecido algo assim. Mas a paz na Colômbia depende de muitos outros aspectos, econômicos, sociais e relacionados à presença de outras forças violentas, como cartéis de narcotráfico. O caminho é longo.

RAIO-X | SERGIO JARAMILLO, 57

Liderou de 2012 a 2016 o Alto Comissariado para a Paz, órgão que negociou com as Farc o acordo do Estado colombiano com a guerrilha. Antes, foi vice-ministro de Defesa para política e assuntos estrangeiros (2006-2009) e diretor-executivo do Ideas for Peace Foundation em Bogotá (2000-2003). Estudou filosofia e grego nas universidades de Toronto, Oxford, Cambridge e Heidelberg.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Rússia diz que ajuda militar à Venezuela não será usada para atacar Colômbia - Luis Jaime Acosta (Reuters)

 Rússia diz que ajuda militar à Venezuela não será usada para atacar Colômbia

Colômbia acusa Nicolás Maduro de abrigar dissidentes das FARC que rejeitam um acordo de paz de 2016, o que é negado pelo presidente venezuelano.

 

Luis Jaime Acosta

Reuters, 08/02/2022

 

Rússia prometeu que o equipamento militar dado à Venezuela não será usado para atacar a Colômbia, desestabilizar a América Latina ou que vai acabar nas mãos de grupos armados ilegais, disse a ministra das Relações Exteriores e vice-presidente da Colômbia, Marta Lucia Ramirez.

 

“Precisamos que não haja o menor risco de que a cooperação militar que existe entre a Rússia e a Venezuela, há muito tempo, possa eventualmente, por descuido ou qualquer motivo, levar qualquer equipamento militar russo às mãos de grupos armados ilegais que estão presentes na fronteira”, disse Ramirez a jornalistas na noite de segunda-feira (8), após uma reunião com o embaixador russo Nikolay Tavdumadze e outras autoridades.

 

“O embaixador russo nos expressou que nenhuma cooperação militar da Rússia com a Venezuela jamais será usada para qualquer ação militar contra a Colômbia, nem qualquer país da América Latina, nem para afetar a estabilidade da região”, acrescentou.

 

O ministro da Defesa da Colômbia, Diego Molano, disse na semana passada que a Venezuela estava movendo tropas para a fronteira dos países com assistência técnica da Rússia e do Irã, chamando o possível deslocamento de “interferência estrangeira”.

 

Molano, citando fontes de inteligência, disse que houve movimentos de tropas em frente à província colombiana de Arauca, que tem presenciado combates ferozes entre guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) e ex-rebeldes das FARC pelo controle do tráfico de drogas.

 

Autoridades colombianas na reunião entre Ramirez e Tavdumadze, incluindo Molano, pediram à Rússia que garanta que os acordos de uso final de armas sejam cumpridos, para que não possam ser usados ​​por terceiros, disse o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia em comunicado.

 

Tavdumadze, também falando após a reunião, disse que a situação foi resolvida e as conversas continuarão pelos canais diplomáticos.

 

O governo colombiano acusa o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de abrigar dissidentes das FARC que rejeitam um acordo de paz de 2016, bem como o ELN, algo que ele negou repetidamente.

 

A província de Arauca está enfrentando uma onda de violência crescente, com pelo menos 24 pessoas mortas recentemente em confrontos e um carro-bomba.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Com vácuo deixado por Bolsonaro, Colômbia busca protagonismo em pautas pró-Amazônia - Emílio Sant'Anna (Estadão)

 Com vácuo deixado por Bolsonaro, Colômbia busca protagonismo em pautas pró-Amazônia

Presidente colombiano Ivan Duque ocupa espaço deixado pelo vizinho e vende a imagem de um lutador em defesa da floresta

Estadão | Emílio Sant'Anna, enviado especial | 10 de novembro de 2021, 05h00

GLASGOW - O espaço deixado pelo governo Jair Bolsonaro no protagonismo ambiental entre as nações do chamado sul global não ficou vazio por muito tempo. A Colômbia tem preenchido o vácuo deixado pelo vizinho. Ainda que cerca de dois terços da Amazônia estejam no Brasil, é do país presidido por Iván Duque Marques a atenção e as ações que se destacam desde antes da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-26).

Em Glasgow, onde a conferência ocorre há uma semana, Duque teve uma série de encontros com chefes de Estado. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, entre eles. Foi a primeira vez que os dois ficaram frente a frente, o democrata americano de máscara, o sul-americano sem. Além de ambos terem bases conservadoras, param por aí as semelhanças com Bolsonaro.

Duque avança no vácuo deixado pelo País não só de olho no espólio da “soft power” ambiental deixada por Bolsonaro, mas em outras negociações e lucros futuros.“Isso abre espaço para o governo colombiano em outros foros”, diz o professor Relações Internacionais da USP Felipe Loureiro. “Quando um país avança em um tabuleiro (geopolítico) ganha prestígio em outros.”

Em 2019, no mesmo dia em que Bolsonaro afirmou, em discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, que há “falácias” sobre a Amazônia, Duque se disse contra a politização de queimadas na região. Agora, enquanto Bolsonaro sequer colocou os pés no Reino Unido para a COP e preferiu permanecer na Itália após a reunião do G-20 para receber homenagem de um político da ultradireita local, Duque não apenas se encontrou com autoridades estrangeiras, como vendeu a imagem de um país comprometido com a luta contra o desmate. Esteve ao lado do premiê britânico, Boris Johnson, no anúncio de um acordo de proteção de florestas com a adesão de mais de cem países. Dias depois, ele esteve junto do presidente francês, Emmanuel Macron.

“Não podemos sair da COP sem dar ao mundo respostas concretas e esta cúpula deve ser lembrada porque demos um basta a discursos vazios e materializamos a esperança para as gerações que pedem o melhor de nós”, escreveu Duque nas redes sociais.

Na Escócia, ele também promoveu a agricultura colombiana e saiu com US$ 33,5 milhões (R$ 184 milhões) para conter a devastação na Amazônia e reduzir os gases de efeito estufa. O dinheiro veio de uma aliança com a Alemanha, a Noruega e o Reino Unido.

Os dois primeiros, por sinal, são os mesmos países que injetaram mais de R$ 3 bilhões no Fundo Amazônia, congelado desde o início da gestão Bolsonaro. Sobre o assunto, em 2019, o presidente brasileiro assim se dirigiu ao país nórdico: "A Noruega não é aquela que mata baleia lá em cima, no Polo Norte, não? Que explora petróleo também lá? Não tem nada a oferecer para nós”, disse. Foi além e também sugeriu que o dinheiro norueguês fosse usado para reflorestar a Alemanha.

“Em relações internacionais não existe vácuo. Se um país sai de cena, outro vai ocupar o espaço”, diz o professor da FGV André Pereira de Carvalho. Segundo ele, desde que o Brasil criou atritos em relação ao Fundo Amazônia, a Noruega cogitava levar o financiamento ao país vizinho.

“É inacreditável que o Brasil não esteja aproveitando esse momento”, diz Loureiro. “Não vai ser fácil reconstruir a imagem do País. Isso pode durar décadas.”

A realidade doméstica do líder do país andino, porém, não é tão pacífica e engajada. A Colômbia é considerado o lugar mais perigoso do mundo para ser um ambientalista: 65 dos 227 assassinatos de ativistas ambientais foram registrados no país em 2020, conforme a ONG Global Witness.

Segundo a ativista colombiana Laura Morales, da Citizen Climate Lobby, Duque faz marketing em cima de ações ambientais que partem da sociedade civil. “Muitas do que ele faz é propaganda. Alguns dos resultados que ele anuncia nunca passaram pelo governo e mesmo assim ele faz questão de dizer que são da gestão dele”, afirma. Procurado, o governo colombiano não atendeu aos pedidos de entrevista da reportagem.

Ainda assim, aos olhos da comunidade internacional, o direitista conseguiu conciliar suas convicções político-ideológicas com uma posição alinhada à postura exigida pela emergência climática que já se sente nos diferentes cantos do planeta.

De acordo com o último relatório do IPCC, o painel de cientistas da ONU, A Terra está esquentando mais rápido do que era previsto e se prepara para atingir 1,5ºC acima do nível pré-industrial já na década de 2030, dez anos antes do que era esperado. Com isso, haverá eventos climáticos extremos em maior frequência, como enchentes e ondas de calor.

Enquanto o Brasil se desentendia com os financiadores do Fundo Amazônia e acumulava resultados negativos nas taxas de desmatamento, a Colômbia fazia o contrário. Apesar de em 2019, o país ter perdido uma área de floresta equivalente à cidade de São Paulo, os 159 mil hectares perdidos de vegetação representaram uma queda de 19% em relação ao ano anterior.

“Há alguns anos a Colômbia vem se destacando com uma série de reformas. Não por acaso entrou para a OCDE e para a Otan e o Brasil continua de fora’, diz a coordenadora do curso de Relações Internacionais da Anhembi-Morumbi, Helena Margarido Moreira.

Para ela, durante a COP, o Brasil pareceu ensaiar um retorno a sua política ambiental anterior com anúncios como o fim da derrubada ilegal da floresta com prazo para acontecer e o acordo do metano, mas “não há nada diferente do que o governo Bolsonaro faz desde o início”, afirma se referindo às dúvidas da comunidade internacional sobre o comprimento dos acordos.

A forma como o Brasil vem conduzindo as políticas ambientais deve causar espanto mesmo na direita, afirma. “O governo Bolsonaro vê a pauta ambiental como uma pauta de esquerda, mas não há nada de incongruente entre a postura do governo colombiano que também é de direita”, afirma. 

https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,com-vacuo-deixado-por-bolsonaro-colombia-busca-protagonismo-em-pautas-pro-amazonia,70003894207


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Colombia entre o sim e o nao, com perdao ou sem perdao para as FARC - artigos diversos

A desinformação da imprensa em geral, no Brasil em particular, sobre as razões do "não" da maioria do povo colombiano ao plano de "paz" com as FARC -- ou de perdão inaceitável, para muitos dos que foram votar --  permanece obscurecida por muito "achismo", e um lamento geral contra a "oportunidade perdida".
Ainda que se possa lamentar a pequena vitória do Não -- certamente imputável a muita raiva de "sofredores" e indignados com o perdão dado ao grupo terrorista e narcotraficante, e informado pelo "direito" desse grupo estar representado no parlamente "de direito" --, e justamente lamentado por intelectuais de diversos calibres e tendências, cabe respeitar a expressão legítima das urnas, ainda que o Não tivesse ganho por apenas UM voto (mas foram mais de 50 mil, em face de muita abstenção e ausentismo por parte dos favoráveis).
Eu também lamento o Não, mas não concordo em que o grupo criminoso saia premiado do processo, o que só se explica pelo afã do presidente colombiano atual de aparecer como um grande "pacificador" de um conflito de mais de meio século na Colômbia.
Também detestaria, e acharia um escândalo, que o presidente Santos e o líder guerrilheiro Timoshenko ganhassem um Prêmio Nobel da Paz por isso, que seria a coisa mais despropositada que poderia ocorrer na história não muito linear do Nobel, só superior ao imerecido Nobel da Paz ganho por Kissinger e Le Duc Tho na saída da guerra do Vietnã.
Abaixo alguns artigos mais bem informados sobre o processo, agora em suspenso.
Paulo Roberto de Almeida

Uribe barrió a Santos
(Infolatam).- "Dos puntos son sapos intragables para la población: que los jefes de la guerrilla no pisen la cárcel y que puedan hacer política. Ahora Santos y Timochenko tendrán que agachar la cabeza y revisar esas concesiones si quiere contar con la mitad del país. En todo caso, lo que quedó claro es que las FARC no vuelven a tomar las armas y el ELN tampoco rechaza las negociaciones que empezará pronto".

Colombia: Uribe no acude a reunión convocada por Santos con los líderes
El expresidente colombiano Álvaro Uribe no acudió a la reunión convocada por el presidente Juan Manuel Santos con los líderes de los partidos políticos del país para analizar el camino a seguir tras la derrota del "sí" en el plebiscito del domingo sobre el acuerdo de paz con las FARC.

Colombia tras el No: Plan B, con Uribe como gran triunfador
(Infolatam, Por Rogelio Núñez)-. El sorprendente triunfo del "No" en el plebiscito de Colombia abre una nueva etapa política en este país Un nuevo tiempo marcado por la puesta en marcha por parte de Juan Manuel Santos de un Plan B para rehacer los acuerdos de paz de La Habana y por la emergencia de Álvaro Uribe como la figura clave del nuevo periodo.

Jefe negociador del Gobierno pone cargo a disposición de Santos
El jefe negociador del Gobierno colombiano en el proceso de paz con las FARC, Humberto de la Calle Lombana, puso su cargo a disposición del presidente Juan Manuel Santos, tras el triunfo del "no" en el plebiscito del domingo con el que se buscaba refrendar el acuerdo alcanzado en La Habana.

Is Leftist Era Fading in Latin America? Ask Colombia and Brazil
By SIMON ROMERO, The New York Times
The rejection of a peace deal in Colombia and leftist party losses in Brazil are the latest signs that conservatives are on the rise in the region.

5 stories to read about Colombia’s 52-year conflict with FARC
Brush up by reading these five stories about Colombia's 52-year conflict with FARC.
By Jennifer Amur , The Washington Post

La sorpresa estalla en Colombia
Carlos Malamud, Instituto El Cano

Colombia después del NO
 Blog Instituto El Cano
 

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Guerra as drogas: o Plano Colombia, as FARC, os EUA e o que aconteceu: book review

Os militares brasileiros nunca gostaram do Plano Colômbia, pois achavam que era apenas uma desculpa para a penetração americana no coração da América do Sul.
Os companheiros detestavam o Plano Colômbia pois se tratava de um ataque direto aos seus amigos das FARC, a pretexto de fazer a guerra às drogas.
Conclusão: o Brasil se autoexcluiu do processo de pacificação da Colômbia, o que para um país que pretende, ou quer, ser líder no continente é uma tremenda contradição.
Mas, contradições sempre existem em quaisquer circunstâncias, ainda que os companheiros sejam campeões nesse tipo de equívoco.
Paulo Roberto de Almeida

Shifter on Tate, 'Drugs, Thugs, and Diplomats: U.S. Policymaking in Colombia' [review]

Winifred Tate. Drugs, Thugs, and Diplomats: U.S. Policymaking in Colombia. Anthropology of Policy Series. Stanford: Stanford University Press, 2015. 304 pp. $25.95 (paper), ISBN 978-0-8047-9566-1; $90.00 (cloth), ISBN 978-0-8047-9201-1.

Reviewed by Michael Shifter (Inter-American Dialogue)
Published on H-Diplo (February, 2016)

In Drugs, Thugs, and Diplomats, Winifred Tate constructs a fresh and critical interpretation of Plan Colombia, the US aid package approved by the US Congress in July 2000 which has totaled roughly ten billion dollars. As Tate rightly notes, at least in Washington, DC, the policy is often celebrated and widely deemed a great success, especially if one views it in relation to more recent, notable misadventures in Afghanistan and Iraq.

Employing a wide-ranging anthropological approach and developing a richly detailed “embedded ethnography” of the aid package (p. 15), Tate forcefully disagrees with that popular view. She buttresses her dissent with persuasive arguments that should temper the triumphalism one occasionally hears about Plan Colombia. But in fashioning a balanced and hard-headed assessment of the aid package, scholars should also recognize the package’s contribution to helping Colombia assert the democratic authority of the state. In this respect, the timing of Tate’s book is especially propitious. From all accounts, the Colombian government of President Juan Manuel Santos is on the verge of reaching a final peace accord with the Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC), which would thus bring an end to the Western Hemisphere’s only ongoing armed conflict.

The argument—hard to refute—is that Plan Colombia, for all of the flaws and distortions that Tate properly focuses on, in the end played some part in assisting the Colombian government to reverse its deterioration in the late 1990s and strengthen its capacity to apply pressure on the FARC which made successful negotiations feasible. Of course, Tate’s thorough account of the complex policymaking process behind Plan Colombia, in which she emphasizes “strategic ambiguity” (p. 137), makes it clear that the policy’s essential purpose was to fight drugs and reduce consumption in the United States through substantial security assistance (80 percent of the initial package). True, there were competing concerns and aims, some more benign and noble than others. But as a senior official of the US Agency for International Development (USAID) told Tate, “The drug thing was how to get Congress to approve resources for Colombia” (p. 155).

Based on its ability to make a significant dent in the drug problem, the aid program’s success is dubious at best, despite occasional gains. In fact, one of the main merits of Tate’s book is its penetrating and compelling critique of the “war on drugs,” declared by Richard Nixon in 1971, as an utter failure. Tate’s criticisms are particularly credible in light of her extensive fieldwork in southern Colombia, in the department of Putumayo, where coca plants were fumigated, with deleterious effects on farmers, or the “targeted population” of the aid package (p. 202). In some respects, Tate’s position on drug policy has recently been vindicated, at least politically and rhetorically, if not always reflected on the ground. Washington no longer refers to a “war on drugs” and the Colombian government has now rejected the traditional approach of spraying coca groups. Still, the US obsession with the drug war, especially in the aftermath of the Cold War, when the military was looking for new missions and asserted its political and bureaucratic interests, proved tremendously costly.

Nonetheless, by any measure, as Tate points out, in the late 1990s Colombia was besieged by increasingly powerful violent actors, not only the FARC but also paramilitary forces, organized under the United Defense Forces of Colombia (AUC). The book challenges the common view that the Colombian state was absent or weak during that period. Rather, Tate argues that paramilitary groups in essence served as state proxies in various territories. For her, there is little ambiguity: “Colombian paramilitaries did the work of the state in deciding who would live or die” (p. 84). Tate’s description is bolstered by reports of a number of respected human rights groups over the years, including Human Rights Watch. But even if the paramilitaries performed such a role, that is hardly evidence of a strong or effective state. And I have spoken to officials in Washington and Bogota who were more troubled by an AUC that had grown so powerful—and was seen as out of control—than Tate seems to suggest.

The book analyzes the various ways Colombia attempted to deal with its predicament in the late 1990s. Andres Pastrana, who served as Colombia’s president from 1998 to 2002, proposed a “Marshall Plan” that would emphasize developmental objectives and programs. But at the same time the Colombian government recognized that for external aid to be effective it had to contain a significant security dimension. It would be tough to carry out serious social and humanitarian efforts in the context of such widespread lawlessness and violence, perpetrated by guerrillas and paramilitary forces. Attempting to strengthen the state’s capacity to protect its citizens, through legitimate and democratic means, seemed a sensible, if very tricky, course to pursue.

One of the most illuminating parts of the book deals with the background behind the so-called Leahy amendment to the Foreign Operations Act of 1997. Championed by Patrick Leahy, Democratic Vermont senator, the law sought to insure that US aid would not go to military units of any country that were not thoroughly vetted or credibly accused of a human rights violation. According to Tate, while the measure reflected the coming of age of the “human rights era,” it also divided the human rights community between those who opposed military aid altogether and sought to “stake utopian ethical claims” and those who were more pragmatic and focused on incremental gains (p. 65). Tate also points out a disturbing, unintended consequence of the application of the Leahy amendment in the Colombian case: that it may have given an incentive for outsourcing and encouraged the role of paramilitary forces, since they would not be subject to the demands of the law and would give the military plausible deniability.

Despite the demobilization of more than thirty thousand paramilitaries over a decade ago under the administration of Alvaro Uribe, Tate mentions, there are criminal bands, known as bacrim, that continue to engage in violence today. Some observers of the current peace process with the FARC are concerned a similar phenomenon might emerge after an agreement is signed, an issue that Tate does not address. Still, though the progress has been uneven and serious problems persist, these and other efforts have contributed to an improvement in the country’s security situation over the past fifteen years.                                   

Tate’s prodigious research enriches an understanding of the alternative visions and narratives related to Plan Colombia that are fundamental but too often overlooked in more conventional, narrowly focused treatments. The interviews with key players in the wider story, from the corridors of power in Washington, DC, to the coca fields in Putumayo, are often instructive. The book explores previously unchartered territory with skill and insight and deepens an interpretation of a policymaking process that will surely be debated for many years to come.              

Printable Version: http://www.h-net.org/reviews/showpdf.php?id=44554

Citation: Michael Shifter. Review of Tate, Winifred, Drugs, Thugs, and Diplomats: U.S. Policymaking in Colombia. H-Diplo, H-Net Reviews. February, 2016.
URL: http://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=44554

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 3.0 United States License.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Conflito Colombia-Venezuela: diplomacia do Brasil trata igual agressor e vitima - Clovis Rossi

A questão mais importante é a postura que o Brasil deveria assumir no conflito da Colômbia com a Venezuela (ou o contrário, pois foi a Venezuela quem agrediu colombianos, expulsando-os de maneira desumana e arbitrária).Segundo o jornalista, o Brasil não deveria colocar no mesmo plano agressor e vítima.
Pois é...
Paulo Roberto de Almeida

Em busca do "país que falta"
Clóvis Rossi
Folha de S. Paulo, 8/10/205

Visita de Dilma à Colômbia busca atrair para o Sul o olhar dos colombianos, hoje voltado para o Norte

A presidente Dilma Rousseff está hoje na Colômbia em busca do "país que nos falta", conforme se diz no Itamaraty. Tradução: a Colômbia, durante os últimos anos, olhava acima de tudo para o Norte (leia-se: Estados Unidos) e o Brasil quer que passe a olhar mais para o Sul.
Não que esse olhar já não exista: o intercâmbio comercial cresceu 165% de 2005 a 2014, passando de US$ 1,5 bilhão para US$ 4,1 bilhões.
Mas é pouco, acha a diplomacia brasileira, ainda mais quando se sabe que a Colômbia é a terceira maior economia da América do Sul, mas apenas o sétimo parceiro comercial do Brasil na região.
O olhar da Colômbia para o Norte tinha plena justificação nos anos da guerra contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia): os EUA financiavam o chamado "Plano Colômbia", essencial no combate aos guerrilheiros. Agora que o processo de paz está para ser concluído (a previsão é fevereiro de 2016), o Brasil pode ser mais útil.
De fato, já está sendo, informa o Itamaraty: "A contribuição brasileira concentra-se, sobretudo, na transferência da tecnologia social do Programa de Aquisição de Alimentos, que tem como objetivos principais fortalecer a agricultura familiar e promover o acesso à alimentação às populações em situação de insegurança alimentar".
Parece uma contribuição técnica, mas é também política, talvez acima de tudo.
Afinal, a guerra na Colômbia nasceu no campo e foi travada em boa medida em torno da questão fundiária. Tanto é que um dos pontos principais do acordo com as Farc girou exatamente em torno do problema agrário, que pressupõe reassentamentos, posse da terra e afins. Se a operação for bem sucedida, a paz terá mais chances de se afiançar.
Adicionalmente, o Brasil também coopera com os colombianos no processo de retirada das minas semeadas pelos guerrilheiros durante os anos de conflito.
O que não se comenta no Itamaraty é que a visita de Dilma visa também a desfazer um certo incômodo dos colombianos com a neutralidade do Brasil no confronto Colômbia/Venezuela em torno da fronteira, ainda aberto.
O Brasil absteve-se de votar, na Organização dos Estados Americanos, a proposta colombiana de se convocar uma reunião de chanceleres para discutir a crise. O Itamaraty ficou com medo de desagradar Nicolás Maduro, o presidente venezuelano –medo que explica a neutralidade na questão.
Para os colombianos não é uma posição aceitável porque consideram, com toda a razão, que há um lado agressor (a Venezuela, que tomou a iniciativa de fechar a fronteira e deportar ilegalmente colombianos) e uma vítima, a Colômbia.
Tratar igualmente vítima e agressor não é de fato decente, mas as autoridades colombianas não pretendem criar caso com o Brasil.
A crise fronteiriça é um problema conjuntural, ao passo que o processo de paz é a prioridade estrutural do presidente Juan Manuel Santos.
Nesse item, o Brasil pode e tem ajudado, ao contrário da omissão na crise da fronteira.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Venezuela: Alvaro Uribe (ex-presidente de Colombia) escreve sobre o castro-chavismo

Recebido pela internet, de amigo, em 4/04/2014:

 No entendía la furia y ensañamiento hacia Uribe hasta que leí este escrito del Expresidente de Colombia. Hasta ahora no había leído una descripción tan exacta sobre la situación venezolana; y adicionalmente, en obsequio a la expresión “lo bueno si breve mejor”, contiene, en dos páginas, la historia de Venezuela en los primeros catorce años del siglo XXI.

ALVARO URIBE SOBRE VENEZUELA
El ex-presidente colombiano Uribe conoció bien a Chávez y a Maduro.  Los enfrentó duramente por 8 años.  No es de sorprender entonces la certeza de las palabras que verás más adelante.  Incluso conoce mejor a su sucesor el presidente Santos, a quien dedica al final un párrafo demoledor. 

ALVARO URIBE
Fecha: 20 de Febrero de 2014

Declarar empate en Venezuela es como mandar condolencias al asesino por las molestias que en su agonía le causó la víctima.

Lo que pasa en Venezuela tenía que llegar y llegó, así sea que todavía falte lo peor. Por desgracia.
El castrochavismo será recordado como autor de un milagro económico a la inversa, de los que se registran tan pocos en el devenir de los pueblos. Convertir en país miserable el más rico de América no es hazaña de todos los días. Habiendo tanta pobreza en tantas partes, en pocas tiene que pelear la gente, a dentelladas, por una bolsa de leche, por una libra de harina o por un pedazo de carne.
Convertir en despojos una de las más organizadas, pujantes y serias empresas petroleras del mundo no es cualquier tontería. Llevar a la insolvencia una nación ante las líneas aéreas, los proveedores comerciales y los que suministran material quirúrgico y hospitalario no es cosa que se vea cualquier día. Y arruinar al tiempo el campo y la industria, el comercio y los servicios, la generación eléctrica, la ingeniería, la banca y las comunicaciones es tarea muy dura, cuando se recuerda que la sufre el país que tiene las mayores reservas petroleras del mundo.
En esa frenética carrera hacia el desastre, el gobierno castrochavista tuvo que proceder a la eliminación paulatina de todas las libertades, al sacrificio del pensamiento y la conciencia, a la ruina de las instituciones, del periodismo, de los partidos, de la universidad, de los gremios, de los sindicatos. 
Pues todo se ha cumplido tras el designio implacable de los ancianos inspiradores del sistema, Fidel y Raúl Castro, que una vez más han demostrado su audacia, su carencia total de consideración y respeto por los valores más caros de la especie humana, pero también su falta absoluta de talento. Llevar a Venezuela a la ruina total es matar su propia fuente de subsistencia. Y es lo que han hecho, moviendo los resortes del fanatismo más imbécil, de los odios más cerriles, de los desquites más torpes.
Nicolás Maduro tiene la inteligencia y el tacto político que exhibe en cualquiera de sus discursos. Pero al fin de cuentas es un pobre rehén de los intereses inconfesables de la clase corrupta que ha llevado a Venezuela a su perdición. Si ese títere fuera libre, hasta de sus menguadas condiciones de estadista pudiera esperarse algún acto de rectificación, algún gesto de apaciguamiento, alguna voluntad de comprender el desastre y de corregirlo. Pero Maduro es el primer esclavo de las pasiones atroces que dominan en Venezuela. Los saqueadores de esa gran nación no están dispuestos a que nadie ensaye el menor examen de su conducta. En los antros del delito se pierde todo, empezando por el pudor.
El régimen de Venezuela se va a caer, porque se tiene que caer. No podría subsistir sino amordazando totalmente al pueblo, imponiendo cartillas de racionamiento, levantando un paredón, como el del Che Guevara en La Cabaña. Y no están dadas las condiciones para que el mundo soporte estas afrentas. Con una Cuba le basta a América.
El pueblo está en las calles, dispuesto a hacerse matar. Y lo están matando. La juventud estudiantil, que sabe cerrados los caminos del porvenir, le apuesta a cualquier cosa, menos al continuismo cobarde. Los empresarios lo perdieron todo hace rato. No tienen cuentas para hacer. Y los paniaguados del sistema ven con horror que el sistema ya no tiene mercados para comprar sus conciencias.

Y ante esta catástrofe, el presidente Santos no ofrece más que su silencio perplejo. Porque, si sigue ofendiendo a ese pueblo, tendrá un enemigo formidable. Y si ofende a Maduro, se le cae el proceso de paz. Esa es la consecuencia del primero de sus actos torpes, el de tomar por nuevo mejor amigo a un tirano despreciable. Y el de montar un proceso que llama de paz sobre los hombros caducos de unos patriarcas en su ocaso.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Livre comercio: enquanto isso, do outro lado do continente...

Enquanto Brasil e Argentina (mais Venezuela, Bolívia e Equador) fecham as portas ao comércio internacional e à globalização, países mais inteligentes preferem a liberalização comercial...
(enfim, dizer países é apenas uma maneira elegante de não chamar ninguém em particular de pouco inteligente...).
Paulo Roberto de Almeida

Colombia, Chile, Peru, Mexico to eliminate trade barriers

pacto
Colombia, Chile, Peru, and Mexico will eliminate 90% of all trade barriers between their respected countries, said Colombian president Juan Manuel Santos on Monday.
The agreement marks a new era of relations between the constituent countries of the Pacific Alliance, a trade bloc which serves to increase competitiveness in international commerce. Besides improving competitiveness, the Pacific Alliance was created to offset the Mercosur group, which includes Brazil and Argentina. The alliance has a combined GDP of $1.7 trillion dollars, which is equal to 35 percent of Latin America’s GDP.
"Not only did we reaffirm our willingness to accelerate the process of integration between our countries and announce concrete measures to that end, but we also set out some very precise targets in terms of involving other countries," said Colombia president Juan Manuel Santos. Japan and Guatemala will be included in the Alliance as observers.
"The remaining 10% will have a timetable in which to achieve the goal of 100% free trade," Chilean president Sebastian Piñera said.
The Pacific Alliance's marked progress was augmented by the expansion of the integrated stock exchange, created in May of 2011 and known as the Integrated Latin American Market. The exchange is comprised of the Lima, Santiago, and Bogota stock markets.
The announcement came at the conclusion of the CELAC-EU Summit where heads of state from Latin America and Europe convened to discuss geopolitics and economic issues related to the two regions. In May, Santos will take on the body's rotating presidency when the group meets in Cali.
"As we have said, we see the Alliance, for its characteristics, as the most important integration process that has happened in Latin America," said the Colombian head of state.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Diplomacia brasileira: entre o Oriente Medio e a Colombia

As razões que impedem o Brasil de colaborar com a pacificação da Colômbia não são exatamente essas que aponta o ex-chanceler. Para ajudar, é preciso ser isento, apenas isso.
Paulo Roberto de Almeida 


Celso Lafer defende ação brasileira na pacificação da Colômbia

Chico Santos
Valor Econômico, 22 de outubro de 2012







RIO - O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer (1992 e 2001-2002) disse nesta segunda-feira que o Brasil deveria ter uma atuação mais ativa no esforço para a obtenção da paz na Colômbia — na luta entre o Estado e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) — antes de se preocupar com a busca da paz no Oriente Médio, por mais legítima que essa seja.
“O chanceler [Antonio] Patriota esteve há pouco tempo no Oriente Médio preocupado com o problema dos palestinos e da paz, um tema legítimo, sem dúvida. No entanto, o Brasil tem se abstido de uma atuação mais ativa com relação ao tema das Farc, na Colômbia”, destacou Lafer. Para o ex-ministro, o tema pode ser encarado como um problema da América do Sul. “Minha prioridade seria olhar nossa vizinhança antes de olhar o que está acontecendo no resto do mundo”, disse ao responder a uma pergunta sobre a atual política brasileira para a América do Sul e o Oriente Médio.
Lafer disse que o Brasil poderia estar agora ajudando no esforço de paz que as duas partes em guerra na Colômbia tentam implementar, mas ressaltou que a falta de uma participação anterior dificulta qualquer tentativa de auxílio neste momento. O ex-chanceler disse ainda que, estando fora do governo, ele carece de informações para dizer o que poderia ser feito para que a diplomacia brasileira recuperasse o tempo perdido no tema colombiano.
Ainda em relação à política regional, Lafer criticou a atuação brasileira no episódio da suspensão do Paraguai do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e da posterior admissão da Venezuela sem o respaldo paraguaio. “Já escrevi sobe isso e disse que a suspensão do Paraguai se fez ao arrepio das regras de suspensão previstas no Protocolo de Ishuaia [que trata dos princípios democráticos no Mercosul, Chile e Bolívia].”
Quanto ao Oriente Médio, “uma região muito complexa”, Lafer acha que o Brasil pode até ter um papel na construção da paz, “na medida em que isso for solicitado”. Segundo ele “o terceiro, em prol da paz, tem um papel, desde que conte com avaliações positivas de todas as partes envolvidas”.
Lafer fez nesta segunda-feira palestra durante o Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), que acontece em Águas de Lindóia (SP).

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

FMI: Colombia troca Grupo do Brasil pelo do Mexico

Consequência inevitável dos desacordos entre o Brasil e a Colômbia, inclusive por causa do humor mal-humorado -- se me permitem a contradição -- do representante brasileiro, a Colômbia prefere escapar dessa vizinhança que não lhe tem sido muito favorável, e ficar com quem pensa mais ou menos como ela.
O grupo Brasil vai ter sua participação diminuída nas organizações de Bretton Woods, o que sempre é uma pena. Mas, a culpa é do próprio Ministro Mantega: quem mandou votar para uma europeia para a direção do FMI? Por que não escolheu o mexicano, que poderia, com os EUA, realizar essas mudanças desejadas pelo Brasil, diminuindo o poder excessivo da Europa?
Paulo Roberto de Almeida 

Colombia to Leave Brazil IMF Group for Mexico’s, Uribe Says
Bloomberg, October 15, 2012

Colombia will leave Brazil’s group at the International Monetary Fund and join one headed by Mexico as part of a reshuffle at the lender’s board of directors, central bank chief Jose Dario Uribe said. 
“It’s a group where there’s a receptivity towards a country like Colombia, where there are great historical and commercial ties,” Uribe said in an interview in Tokyo today, where he is attending the IMF’s annual meetings. “It’s a group, without doubt, of interest.” Nicaragua, Cape Verde and East Timor will be added to Brazil’s constituency, according to an IMF document obtained byBloomberg News. 

Brazil has been one of the most vocal of the IMF’s 188 member countries, pushing policy makers to grant emerging marketsmore say at the institution and criticizing guidelines on capital controls. Brazil’s increasing clout on the global stage probably makes it challenging for a nation like Colombia to be heard, said Bessma Momani, a political science professor at the University of Waterloo in Canada. 
“It can be difficult to be in a group with a rising economic power like Brazil” that “can be self-centered in its pursuit of its agenda,” Momani said in an interview in Tokyo. “Without Colombia, Brazilians are freer to act as they will, but losing a Spanish-speaking country doesn’t help its legitimacy as a regional power.” 

Spain, Venezuela 
Colombia’s new group is currently represented on a rotational basis by Mexico, Spain and Venezuela, which takes over the leadership on Nov. 1. The chair’s voting power will rise as a result of Colombia joining, and cement the group’s position as the largest of three Latin American constituencies on the board. 
Uribe said details about Colombia’s role will be announced later. 
The movements on the 24-seat IMF board, which approves loans and economic assessments of member countries, aren’t limited to emerging economies. Europe is making changes in its constituencies to meet a 2010 pledge to reduce representation by two chairs in favor of developing economies. 

European Shifts 
Belgium, Luxembourg and the Netherlands are forming their own group, along with countries currently represented by the Netherlands, Belgian Finance Minister Steven Vanackere told the IMF’s steering committee today. Turkey, Austria, the Czech Republic and Hungary are now in a group as well, and will rotate as executive directors, he said. 
The chair of Nordic countries will extend its rotation to Baltic members of the group, Swedish Finance Minister Anders Borg said. 
The European moves were criticized by Brazil and South Africa. Brazilian Finance MinisterGuido Mantega called them “cosmetic” and said they will upgrade the status of emerging markets from the European Union. 
“This of course fails to correct the overrepresentation of Europe in the board, sending yet another negative signal to the outside world,” Mantega said in his speech in Tokyo. 

domingo, 7 de outubro de 2012

Farc: Colombia, Brasil e os amigos

Não tenho certeza de que seja exatamente o Brasil, ou o Itamaraty, que as Farc estão requisitando para o processo de paz. Talvez os narcoguerrilheiros estejam pensando nos companheiros do Foro de S.Paulo.

O Globo - Farc querem ter Brasil de mediador 

Um representante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no processo de paz, que começa dia 15 em Oslo, disse ao GLOBO que a guerrilha deseja contar com o Brasil nas negociações com o governo colombiano. O Itamaraty se disse pronto a ajudar.

Farc querem Brasil à mesa

Negociador da guerrilha defende participação do país no processo de paz com o governo

Por Vitor Sorano, repórter

O Globo, 3/10/2012
Apoio. Militares e helicóptero brasileiros usados no resgate de reféns libertados pelas Farc: apesar de fornecer armamentos à Colômbia, Brasil é visto com bons olhos pela guerrilha

Diálogo na Colômbia

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) defendem a participação do Brasil no processo de paz colombiano. "É um país que tem tido uma boa posição. Sobretudo, não declarou as Farc terroristas", justifica Marco León Calarcá, um dos quatro negociadores nomeados pela guerrilha para se sentarem à mesa de negociação. O primeiro encontro está previsto para ocorrer no dia 15 em Oslo. Depois, as reuniões continuam em Cuba, de onde Calarcá falou, por telefone, ao GLOBO.

No início do mês passado, o governo colombiano e a guerrilha anunciaram aquela que será a quarta tentativa de pôr um ponto final ao conflito, iniciado há 48 anos. A decisão tomada pelo governo do presidente Juan Manuel Santos significou uma guinada em relação à postura de confronto intransigente adotada pelo então presidente Álvaro Uribe (2002-2010), padrinho político de Santos e hoje uma das principais vozes críticas ao processo de paz.

- As Farc sempre quiseram tratar o problema nacional pelo diálogo e não pela guerra. Se as circunstâncias permitirem, esse será o caminho a seguir e esse será o caminho à paz - diz Calarcá, que nega o risco de que, uma vez firmado o acordo pela cúpula da guerrilha, grupos dissidentes possam manter vivo o conflito. - As determinações que se tomem  numa mesa são compromisso para toda a organização. Não há espaço para que isso aconteça.

O processo conta com o apoio direto de Venezuela, Cuba, Chile e Noruega. O Brasil ficou de fora. O presidente Santos ligou para a presidente Dilma Rousseff pouco antes de anunciar o acordo. Segundo uma fonte da diplomacia brasileira, a ausência brasileira não causa nenhum prejuízo e está de acordo com a política "de resultados, não de prestígio" adotada pelo país.

itamaraty "pronto a apoiar"

As Farc são consideradas uma organização terrorista pelos EUA (desde 1997) e pela União Europeia (desde 2002). Tanto Uribe como Santos tentaram convencer o Brasil a fazer uma declaração semelhante, mas sem sucesso. Isso fez com que o país ganhasse pontos com a guerrilha, como indica a declaração de Calarcá. Isso apesar de o Exército colombiano contar com aviões da Embraer para combatê-la, e de declarações como a feita pelo então ministro da Defesa Nelson Jobim, em 2010, de que receberia os guerrilheiros "à bala" se entrassem no Brasil.

Além disso, o acordo de cinco pontos discutirá temas como a questão agrária colombiana e o narcotráfico - a guerrilha, acusada por EUA e ONU de ser ativa no tráfico, é favorável à legalização das drogas, alegando ser uma forma de combater o fenômeno - além de prever a possibilidade de participação dos desmobilizados na política. Ou seja, caso o processo de paz dê certo, as Farc poderão emergir como um ator político convencional. Nessas condições, o peso brasileiro é outro atrativo.

- O Brasil é um dos países que têm importância latino-americana, que pode influir sobre a economia regional em eixos de grande alcance - diz Calarcá. - Nós sempre consideramos que são necessárias mudanças na vida colombiana e em todo o continente por igual. Se nos dão a possibilidade de fazer parte das decisões do país (Colômbia), bem-vinda seja.

Em nota, o Itamaraty afirmou que "o governo apoia o processo de negociação" e que, "na medida em que puder ajudar, o Brasil está pronto a continuar a apoiar o diálogo e as negociações."

Professora da Universidade Nacional de Quilmes (Argentina) e bolsista do ipea, Monica Hirst avalia que uma eventual participação brasileira seria positiva para o país, inclusive no que toca ao pleito de uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Alguns analistas políticos afirmam que a recente chegada ao poder de governos de esquerda - como os liderados pelos ex-guerrilheiros Dilma Rousseff e José Mujica (no Uruguai) - é um dos estímulos à desmobilização das Farc. Calarcá vê o caso colombiano nesse contexto.

- O conflito colombiano com certeza parece muito com (os de) Brasil, Uruguai, Paraguai e Chile.

O negociador das Farc também indica que não irá exigir que o cessar-fogo, um dos pontos do plano de paz, seja uma condição para os diálogos. Santos diz que não haverá tréguas.

- Tem que se chegar a isso no momento claro. Quando já houver todos os elementos em concordância e definidos na mesa, então se acordará como fazer o cessar-fogo - diz Calarcá.

Mas, enquanto Santos tem dito que o processo de paz será uma questão de "meses, não de anos", o negociador da guerrilha prefere rejeitar quaisquer limites de tempo.

- O importante é que o acordo saia, e não o tempo.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Demagogia de genero na Colombia: salario igual para mulheres e homens

Legisladores adoram contrariar tendências de mercado, como os da Colômbia, que acabam de adotar a determinação legal de se pagar salários iguais para homens e mulheres.
Como os mesmos legisladores não conseguem influenciar os níveis de produtividade entre os gêneros, bem como reduzir os custos relativamente superiores da contratação de mulheres pelos empregadores, o que eles vão acabar produzindo, na verdade, maior desemprego feminino.
Esta é a consequência inevitável deste gesto demagógico. Posso apostar nisso. Alguém quer apostar comigo? Teremos de verificar os números de desemprego, ou de emprego, entre gêneros, na Colômbia, dentro de um ano aproximadamente, e verificar a tendência.


Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil, 29/12/2011 - 9h58
Brasília – O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, sancionou a lei que determina que homens e mulheres tenham equivalência de salários. A medida atende a uma série de apelos de entidades de defesa das mulheres que se queixavam da discriminação salarial por sexo ou gênero, como definem os especialistas.
"Acabo de aprovar a lei que elimina a discriminação que existe contra as mulheres em matéria salarial", disse o presidente. Segundo ele, estudos recentes mostram que mulheres que ocupam os mesmos cargos de homens e têm tarefas idênticas às desempenhadas por eles chegam a receber um salário 20% inferior.
Santos determinou ainda que o Ministério do Trabalho atue com "muito rigor" no cumprimento da nova lei. De acordo com o departamento nacional de estatísticas da Colômbia, no trimestre entre agosto e outubro de 2011, a população economicamente ativa estava estimada em 22,8 milhões de pessoas, dos quais 9,76 milhões, o equivalente a 42,8%, eram mulheres.
Na relação de desempregados, estimados em cerca de 2,18 milhões, 1,24 milhões de pessoas eram mulheres, o equivalente a 56,8%.
*Com informações da Presidência da República da Colômbia e da agência pública de notícias de Portugal, Lusa // Edição: Juliana Andrade

sábado, 5 de novembro de 2011

Mataram um companheiro: o Foro de S.Paulo de luto?


Morre na Colômbia 'Alfonso Cano', líder máximo das Farc

Morte teria acontecido há duas semanas, mas só agora foi confirmada a identidade do rebelde

O Estado de S.Paulo, 5 de novembro de 2011 | 1h 59
Efe
BOGOTÁ - O líder máximo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), conhecido como "Alfonso Cano", morreu na Colômbia, informou na sexta-feira, 4, à Agência Efe uma fonte do Ministério da Defesa do país.
Alfonso Cano, líder das Farc - Scott Dalton/AP
Scott Dalton/AP
Alfonso Cano, líder das Farc
Embora a fonte não tenha detalhado nem a data nem o local da morte de Guillermo León Sáenz, verdadeiro nome de "Alfonso Cano", se especula que inclusive sua morte teria acontecido há duas semanas, mas só agora foi confirmada plenamente a identidade do rebelde.
Horas antes de se confirmar a morte do líder máximo das Farc, se especulou que ele estivesse ferido como resultado de um bombardeio a um acampamento desta guerrilha no sudoeste do país.
O ministro da Defesa colombiano, Juan Carlos Pinzón, disse anteriormente em entrevista coletiva que em uma ofensiva contra "Alfonso Cano" foram capturados quatro guerrilheiros, entre eles seu chefe de segurança, conhecido como "El Índio Efraín".
Nessa operação, realizada na Salvajina (departamento de Cauca), também morreram um operador de rádio e a suposta companheira de "Cano".
A morte do líder máximo das Farc aconteceu depois da de Luis Edgar Devia, conhecido como "Raúl Reyes" em março de 2008 em território equatoriano, e a de Víctor Julio Suárez Rojas, conhecido como "Jorge Briceño Suárez ou Mono Jojoy", em setembro de 2010, na Serranía de La Macarena, no sul do departamento de Meta.
"Alfonso Cano" assumiu o comando das Farc após a morte de Manuel Marulanda Vélez conhecido como "Tirofijo".

sábado, 15 de outubro de 2011

O Brasil e o livre comercio (ma non troppo...)

Efeitos para o Brasil (todos negativos, claro) da entrada em vigor dos acordos de livre comércio concluídos pelos Estados Unidos com Coreia do Sul, Panamá e Colômbia.
O Brasil, vejam vocês, recusou o acordo da Área de Livre Comércio das Américas porque ele representaria uma "anexação da América Latina" pelos EUA. Que tragédia!
O Mercosul também corria o risco de desaparecer. Outra tragédia.
Preferimos ficar sem acordo nenhum.
A clarividência de nossos ministros e industrias é tamanha, que eles implodiram conscientemente e deliberadamente as negociações da Alca, para ficar com... o Mercosul, a Rodada Doha e o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Ufa! Conseguimos o melhor para o Brasil, como vocês podem constatar.


Fiesp prevê perdas com acordos dos EUA
Isable Fleck e Flavia Marreiro
Folha de S.Paulo, 14/10/2011


Tratados de livre-comércio aprovados por americanos com Colômbia, Panamá e Coreia do Sul ameaçariam exportações
Produtores colombianos preocupados com a concorrência dos EUA já iniciaram lobby por medidas de proteção


Os tratados de livre-comércio aprovados pelo Congresso dos Estados Unidos anteontem com Colômbia, Coreia do Sul e Panamá vão representar perda de mercado para o Brasil nos países envolvidos.
A previsão é da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que vê como única solução para manter os produtos brasileiros competitivos a adoção de medidas internas como o estabelecimento de um câmbio mais competitivo e a desoneração tributária total.
"Nós perderemos participação no mercado dos EUA porque esses países ficarão com vantagens tarifárias melhores que a do Brasil. Na Colômbia e no Panamá, perderemos mercado para empresas americanas", diz Roberto Giannetti, diretor de Comércio Exterior da Fiesp. Segundo ele, Brasil e EUA concorrem no mercado colombiano com máquinas agrícolas, equipamentos e material de construção e eletrodomésticos. Já os dois sul-americanos competem na exportação de alimentos -em especial café, frutas e sucos-, produtos metalúrgicos e papel para os EUA.
Até a Coreia do Sul representará uma ameaça para o Brasil na exportação de autopeças, máquinas e equipamentos para os EUA.

IMPACTO INTERNO
Na Colômbia, o governo Juan Manuel Santos comemora a aprovação do acordo com EUA após cinco anos de espera, mas corre contra o tempo para aprovar medidas que amortizem o impacto do TLC na agricultura e impulsionem a infraestrutura do país, uma das piores da América Latina.
"A Colômbia não está preparada para o acordo", disse o ministro da Agricultura, Juan Camilo Restrepo, citando o setor lácteo como um dos mais prejudicados pela competição americana.
O ministro da Fazenda, Juan Carlos Echeverry, respondeu ao colega de pasta: afirmou que o TLC será o empurrão que a Colômbia precisa para aumentar a produtividade.
Produtores de arroz e milho, no entanto, já iniciaram o lobby por medidas governamentais que os ajudem a resistir ao novo concorrente. O tratado deve vigorar em meados de 2012.
"A Colômbia tem carências muito grandes para poder aproveitar bem o acordo. Uma das principais questões é a infraestrutura terrestre. É mais caro trazer um produto do porto de Cartagena até Bogotá do que trazê-lo de Nova York à Colômbia", disse à Folha Diego Sandoval, diretor da consultoria colombiana Econometria. "Dessa maneira, é impossível ser competitivo."
Ao receber o presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, Barack Obama disse que o TLC era uma vitória para os países.