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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O yuan (China) supera o euro como moeda de comercio internacional

E, por acaso, a Alemanha é o único país da zona do euro a ter saldos positivos no comércio  bilateral com a China.
Paulo Roberto de Almeida 
El yuan se ha convertido en la segunda moneda más usada en el comercio mundial por delante del euro, según los datos actualizados hasta el pasado mes de octubre por la organización de servicios a las transacciones financeras SWIFT. El adelanto ha tenido lugar gracias a lanueva política del Gobierno de Pekín, que ha tomado medidas para potenciar la internacionalización de su divisa.
En concreto, el uso de la moneda china alcanzó en octubre una cuota de mercado del 8,66%, muy por encima del 1,89% registrado en enero de 2012, frente al del 6,64% del euro, que ha visto como su uso ha caído desde enero del año pasado, cuando representaba el 7,87% del total.
Los cinco países con mayor uso del yuan durante el pasado mes de octubre fueron China, Hong Kong, Singapur, Alemania y Australia, precisó la organización.
"El yuan es claramente una monedatop en los intercambios financieros globales y aún más en Asia", destacó Franck de Praetere, responsable de pagos y mercados comerciales para Asia Pecífico de SWIFT. No obstante, el uso del yuan aún está lejos de amenazar el dominio del dólar, cuya cuota de mercado se situó en octubre en el 81,08%, según los datos aportados por SWIFT.
Por otro lado, en cuanto al volumen de pagos en yuanes, la moneda china se mantuvo estable en octubre en decimosegunda posición con una ligera caída de la actividad al 0,84% del total, frente al 0,86% de de septiembre.
Sin embargo, durante el mismo periodo los pagos en yuanes aumentaron su valor un 1,5%, mientras que el crecimiento para el conjunto de monedas fue del 4,6%.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mais maquiagens contabeis? Desta vez no comercio exterior...

 Economistas sugerem manobra para melhorar saldo comercial
Por Angela Bittencourt e Cristiano Romero | De São Paulo
Valor Econômico, 06/08/2013

Criatividade para melhorar as estatísticas do país não é característica exclusiva do governo Dilma Rousseff ou do Tesouro Nacional, pilotado por Arno Augustin. Na sexta-feira, durante encontro com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, economistas de mercado fizeram proposta inusitada: a realização de manobra contábil para mudar o resultado da balança comercial.
Quando era ministro da Fazenda, Pedro Malan dizia que "no Brasil até o passado é incerto". Na reunião de sexta-feira, dois economistas-chefes de bancos sugeriram que o governo transfira, para o resultado da balança comercial de 2012, parte da importação de petróleo e derivados feita pela Petrobras no ano passado e registrada apenas neste ano.
Nos últimos meses de 2012, a estatal importou óleo bruto e derivados no valor de US$ 4,6 bilhões, mas só registrou a compra entre janeiro e março deste ano. Fez isso graças a norma da Receita Federal que permite o registro de importações até 50 dias depois do desembarque do produto. Se o registro tivesse sido feito em dezembro, o saldo comercial de 2012 teria encolhido de US$ 19 bilhões para US$ 14,4 bilhões.
A ideia de transferir importações para a estatística do ano passado tem uma motivação: melhorar o resultado da balança comercial em 2013. No primeiro semestre do ano, o Brasil registrou déficit comercial de US$ 3,1 bilhões. Uma das causas do déficit foi justamente a balança de petróleo e derivados, que acumulou saldo negativo de US$ 8,2 bilhões.
A mudança de registro de importações diminuiria esse déficit para US$ 3,6 bilhões. E produziria um superávit comercial, no primeiro semestre, de US$ 1,5 bilhão. Há mais de uma década o Brasil não registra déficits anuais na balança comercial.
Para o economista-chefe de um grande corretora, presente à reunião com Holland, ao creditar importações de petróleo no ano em que realmente ocorreram, "o governo teria a vantagem de regularizar a série da balança comercial por uma razão estatística e não econômica". Na avaliação do economista-chefe de um dos maiores bancos privados do país, a sugestão teve o objetivo de corrigir uma estatística importante. "Superestimou-se o saldo comercial de 2012 da mesma forma que, agora, está se subestimando o desempenho da balança comercial [de 2013]."
Os economistas alegaram que a prática de transferir registros de exportação e importação de um ano para o outro é comum em outros países. "As importações da Petrobras foram registradas com atraso. Seria adequado, portanto, registrá-las como sendo de 2012", explicou um dos participantes da reunião. "Do ponto de vista técnico, é errado fazer isso? Não. O problema é que o governo já está sem credibilidade", opinou um economista. "É um ajuste que vai sair pela culatra. Não deveria ser feito neste momento", advertiu.
Segundo apurou o Valor, Holland não fez, durante o encontro, comentários sobre a proposta. Além disso, o ajuste das estatísticas não depende da Fazenda e sim do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A princípio, o governo não está pensando em acolher a sugestão.

O maior deficit comercial em 20 anos: a volta da "heranca maldita"?

Brasil registra pior resultado no comércio internacional em 20 anos

Em julho o país comprou mais do que vendeu bens e matérias-primas de outros países. No acumulado do ano, déficit de quase US$ 5 bilhões.


O país registrou, este ano, o pior resultado do comércio internacional em 20 anos. Só as exportações de petróleo caíram pela metade em julho. E não foi só isso: preços de produtos que o Brasil vende para o exterior também despencaram.
O prato dos importados ficou mais pesado, por causa do aumento das importações de petróleo e derivados. Já o outro prato, das exportações, ficou mais leve, com a queda nas vendas de produtos como o café, petróleo bruto e ferro. O resultado: déficit de quase US$ 5 bilhões.
Em julho o país comprou mais do que vendeu bens e matérias-primas de outros países. Assim, a balança comercial fechou com saldo negativo. No acumulado do ano, o déficit é histórico: chega a quase US$ 4,989 bilhões. Foram US$ 135,2 bilhões em exportações e US$ 140,2 bilhões em importações.
É o pior resultado desde 1993, quando o governo começou a divulgar os dados. No mesmo período de 2012, a balança teve superávit de US$ 9,92 bilhões.
Especialistas explicam que o comércio mundial está em queda por causa da crise financeira. Além disso, compras de petróleo e derivados feitas pelo Brasil ano passado foram contabilizadas este ano.
“Nós estamos consumindo mais, e a Petrobras provisoriamente está exportando menos. Mas estamos aumentando a produção de derivados e a produção da Petrobras está aumentando, então daqui a pouco voltaremos a exportar mais petróleo”, afirmou o ministro Guido Mantega.
Apesar de déficit na balança comercial, o governo decidiu reduzir o imposto de importação de cerca de 100 produtos, a maioria matéria-prima para as indústrias. O corte passa a valer a partir de primeiro de outubro. São itens como vidros, chapas de aço, cordas, que tiveram as alíquotas aumentadas no ano passado para proteger as indústrias dos artigos estrangeiros.
Segundo o governo, as tarifas voltaram ao patamar normal porque o dólar mais caro inibe as importações e o setor está fortalecido. A expectativa é que os produtos finais fiquem mais baratos.
Segundo o economista Renato Baumann, a medida não vai prejudicar a balança comercial. “A composição final do preço desses itens ainda é algo que desestimula as importações. Você tem dois componentes: imposto de importação e o dólar mais alto”, ressalta.
Na lista de importados mais baratos, dois podem ser comprados direto da prateleira: pneus e batatas fritas congeladas. A família Silva, que adora o petisco, comemorou. “Eu fiquei feliz, porque a gente pode comprar mais”.
O dólar fechou na quinta-feira (1) com a maior cotação dos últimos quatro anos: R$ 2,30.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

E por falar em OMC, Páginas Amarelas da Veja, uma outra entrevista (PRA)

Dei a entrevista abaixo à revista Veja, em 2001. Por causa dela, recebi uma punição do Itamaraty, que acreditava estar defendendo não sei quais posições. Nunca soube por que fui punido, pois não encontro nada nessa entrevista que se oponha, agora ou antes, às posições oficiais da chancelaria. Vai lá saber...
Paulo Roberto de Almeida


Ricos e arrogantes

Especialista em relações internacionais
diz que os países desenvolvidos agem de
forma desleal com seus parceiros pobres
Cristiana Baptista
Páginas Amarelas, VEJA, Edição 1 723 - 24 de outubro de 2001
Ron Sachs/CNP
"O Brasil é competitivo na área agrícola, assim como os americanos o são em tecnologia. A abertura tem de ser recíproca"
O sociólogo Paulo Roberto de Almeida, 50 anos, é autor de sete livros sobre comércio internacional. Outros três serão lançados nos próximos meses. São Os Primeiros Anos do Século XXI: Relações Internacionais Contemporâneas, com as atualizações que se mostraram necessárias depois dos atentados terroristas nos Estados Unidos, e Formação da Diplomacia Econômica no Brasil,os dois em português. Além desses, ele é autor de um livro de história brasileira destinado a leitores estrangeiros, que está sendo editado na França. Ultimamente, ele tem se interessado pela hipocrisia que norteia as relações de troca entre os países ricos e as nações pobres.
Em artigo publicado recentemente no jornal O Estado de S. Paulo, Paulo Roberto de Almeida demoliu com argumentos avassaladores as idéias fora do lugar de Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, que defendeu a política agrícola européia, viciada em proteção excessiva e subsídios e altamente nociva aos interesses brasileiros. Paulo Roberto de Almeida vive atualmente em Washington, nos Estados Unidos.
Veja – Os países ricos são hipócritas por pregar o livre comércio para os outros ao mesmo tempo que erguem barreiras protecionistas em torno de suas economias. Há alguma chance de eles mudarem de atitude? Almeida – Não. É desalentador constatar que os países mais avançados, amparados nas melhores teorias econômicas, preconizam as virtudes do livre comércio, mas estão longe de praticá-lo. Os Estados Unidos têm um déficit comercial de 400 bilhões de dólares ao ano e são de longe a economia mais aberta do planeta, mas em relação a uma gama de produtos, que por acaso coincidem com nossos principais bens de exportação – especialmente na área agrícola –, os americanos praticam um protecionismo renitente, com a utilização de barreiras não-tarifárias de diversos tipos. Isso sem falar dos subsídios maciços com que adubam sua agricultura. Para outros produtos, como o aço, existem medidas anti-dumping que também são abusivas. Não é preciso lembrar os efeitos nefastos que o protecionismo agrícola da União Européia provoca não só em nossas exportações, mas no comércio internacional como um todo. Os europeus praticam não apenas um protecionismo para dentro, ou seja, restringem o ingresso de produtos de outros países em seus mercados. Eles também praticam uma concorrência desleal para fora, na medida em que subvencionam pesadamente as exportações de determinados bens que poderiam ser vendidos por países produtores agrícolas não-subvencionistas. O protecionismo agrícola é certamente um obstáculo importante porque penaliza uma parte substancial do comércio exterior brasileiro. Os subsídios internos também são um fator relevante à medida que eles distorcem os preços. Se alguém dá subsídios aos produtores de soja, por exemplo, faz com que os preços caiam nos mercados internacionais, e isso penaliza produtores não-subsidiados.
Veja – No caso do aço, eles têm alguma razão econômica indiscutível para sobretaxar o produto brasileiro? Almeida – O aço é uma das indústrias tradicionais americanas. Ela emprega centenas de milhares de pessoas e patrocina um dos mais ativos e bem-sucedidos lobbies dos Estados Unidos. As siderúrgicas americanas por força do lobby vêm mantendo como verdadeira a idéia falsa de que o aço estrangeiro é vendido a preço baixo em seu mercado apenas porque os países exportadores praticam o dumping – o rebaixamento irreal e, no caso do comércio internacional, ilegal de preços. Isso é uma falsidade. O Brasil consegue vender produtos siderúrgicos a preços mais baixos que os Estados Unidos pela simples razão de que nossa indústria, nesse setor, é mais eficiente. A siderurgia brasileira é mais competitiva que a americana. Obviamente existem fatores naturais que nos favorecem, como a proximidade das jazidas e a qualidade do minério. Mas, em modernização tecnológica, a siderurgia brasileira dá um banho na americana. Por isso ela recorre aos lobbies e abusivamente acusa o Brasil de fazer dumping. Como vimos, são alegações sem fundamento.
Veja – Os países ricos estão sendo sinceros quando criam dificuldades ao comércio das nações em desenvolvimento em nome da preservação ambiental ou da coibição do trabalho infantil?
Almeida – A intenção declarada é a mais meritória possível: defender o meio ambiente e melhorar as condições de trabalho dos operários. Na prática, sabemos que tais cláusulas acabam atuando em detrimento dos países em desenvolvimento e justificando medidas protecionistas abusivas, a pretexto de defender regras "leais de comércio". O Brasil não tem nada a temer nesse tipo de questão. Não apenas porque possuímos uma legislação ambiental adequada, mas também porque nossas empresas exportadoras apresentam alto grau de conformidade com os princípios mais modernos do ciclo de vida dos produtos. No plano trabalhista, igualmente, o Brasil aderiu à maior parte das convenções internacionais que defendem direitos dos trabalhadores e liberdade sindical. Em muitos pontos estamos à frente dos Estados Unidos, que exibem um registro pouco lisonjeiro nessa área.
Veja – Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, afirmou que a Europa tem lá suas razões para defender a agricultura com subsídios e barreiras. A política agrícola européia é defensável?
Almeida – Não. A política européia está em total contradição com o que os europeus pregam sobre abertura econômica, competição leal e livre concorrência. A questão central, a meu ver, não é dar dinheiro aos agricultores. Se os europeus acharem que devem subsidiar a agricultura, é uma questão interna deles. O condenável é barrar a competição de fora tanto na Europa quanto nos países onde eles vendem seus produtos. Se achar certo, o governo francês tem todo o direito de levar os agricultores a Paris, hospedá-los nos melhores hotéis da Avenida Champs-Élysées e ainda pagar um bônus para eles se divertirem. Esse não é o ponto. Essas mordomias até sairiam mais baratas que a política agrícola européia atual. Os europeus gastam 60 bilhões de dólares por ano em subvenções agrícolas. Eles que gastem como quiserem o dinheiro público. O problema começa quando eles, além disso, usam mecanismos francamente condenáveis para barrar a competição externa. Obviamente, está-se diante de um grave problema de eficiência. A competição externa permitiria baixar à metade o preço da cesta de comidas típicas dos europeus. Não há legitimidade na defesa da política agrícola européia.
Veja – Lula a defendeu...
Almeida – Não posso acreditar que líderes políticos defendam uma guerra de subsídios. Isso claramente não é do interesse nacional. Não tenho nada contra o fato de que os europeus façam o que quiserem com seu dinheiro. Mas interessa a todos os brasileiros e deveria interessar também aos partidos de oposição que o mercado mundial funcione com regras leais de competição. Por lealdade, entendo uma situação em que os produtos brasileiros recebam na Europa o mesmo tratamento que os europeus recebem no Brasil.
Veja – Como avançar diplomaticamente nesse campo, em que os países ricos mostram tanta intransigência?
Almeida – Com negociação. Há muito tempo o Brasil vem insistindo na abertura dos mercados agrícolas, assim como os Estados Unidos e os europeus insistem em regras para a proteção da propriedade intelectual. Cada grupo de países tem seus interesses. O Brasil é competitivo na área agrícola, assim como os americanos o são em tecnologia e propriedade intelectual. Queremos que essas áreas sejam negociadas da mesma forma. A abertura precisa ser recíproca. O papel dos países ricos no comércio mundial tem de sofrer uma mudança radical. Internamente, eles precisam aceitar mais competição. Mas o dano maior que causam é pela maneira ilegal como massacram os produtos originários de países pobres nos mercados não-europeus. Ao subsidiar seus produtores rurais, os europeus estão arruinando os produtores agrícolas dos países pobres. Essa situação não pode continuar.
Veja – É correta a alegação de que uma maior abertura da Europa aos produtos agrícolas importados arruinaria a economia da região?Almeida – Não. Está provado por uma série de evidências recentes que abertura comercial não tem relação direta e causal com problemas econômicos internos. Os Estados Unidos ostentam um déficit comercial anual de 400 bilhões de dólares e são a economia mais aberta do planeta. Poucas vozes aqui relacionam os problemas atuais da economia americana com o grau de abertura de seu mercado. Outras duas economias que estão entre as mais abertas do mundo, Cingapura e Holanda, são também altamente desenvolvidas. Os países podem ter problemas internos em quaisquer circunstâncias, com ou sem abertura da economia. A idéia de que praticar o livre comércio de duas vias pode fazer as economias entrar em colapso é retrógrada. Essa visão corresponde a uma concepção mercantilista do comércio e da economia internacional que não tem mais razão de ser em nossa época. A União Européia, uma potência comercial e nosso mais importante parceiro econômico, é protecionista e desleal. Ponto. Agindo assim, a Europa provoca efeitos econômicos danosos a si própria e ao bom funcionamento do comércio mundial.
Veja – Com terrorismo e recessão, podemos estar entrando numa fase de retrocesso da globalização?
Almeida – Não acredito. Uma série de medidas já foram tomadas para inverter essa tendência recessiva. E não acho que haja uma tendência à volta ao protecionismo.
Veja – A crise argentina e as dificuldades enfrentadas por Brasil, Uruguai e Paraguai estão enfraquecendo os laços criados pelo Mercosul. O senhor acredita na eficiência e sobrevivência dos blocos econômicos regionais?
Almeida – A União Européia começou em 1957 e levou praticamente quarenta anos para ser totalmente constituída. Ela alternou momentos de euforia, de crescimento, de recessão, pessimismo e otimismo. O Mercosul tem apenas dez anos. Ele cresceu extraordinariamente nesse período. Hoje enfrenta dificuldades temporárias que serão certamente superadas.
Veja – Depois dos atentados terroristas aos Estados Unidos, o senhor sentiu necessidade de revisar seu livro Os Primeiros Anos do Século XXI: Relações Internacionais Contemporâneas, que está prestes a ser publicado. O que mudou na situação mundial?
Almeida – Talvez não seja totalmente correto afirmar que o mundo mudou radicalmente com essa ação espetacular do terrorismo fundamentalista, mas é absolutamente certo que a agenda internacional já é outra. A prioridade agora são os temas de segurança e a luta contra as redes de terroristas. O Brasil também partilha essas preocupações, ainda que não seja alvo provável de atentados. As prioridades centradas na questão do desenvolvimento passaram para o segundo plano.
Veja – Por que o comércio internacional é sempre uma questão tensa e confusa?
Almeida – Porque ele funciona de uma maneira que não é exatamente a esperada pelo senso comum. O comércio internacional não pode ser uma via de mão única. A visão mercantilista, segundo a qual exportar é bom e importar é ruim, não cabe mais nos tempos de hoje. Isso não corresponde à realidade econômica dos países em geral, nem do Brasil em particular. Quando o país importa ele moderniza sua economia e passa a estar qualificado também para exportar mais e melhor. Precisamos certamente exportar mais, mas isso também não significa dizer que precisamos voltar a ter saldos superavitários estrondosos como nos anos 80, quando eles chegavam a 12 bilhões de dólares ao ano.
Veja – Os produtos brasileiros são competitivos no mercado internacional?
Almeida – O Brasil é bastante competitivo em alguns setores e perde feio em outros. Mas diferenciais de competitividade e de produtividade não podem ser de nenhuma maneira invocados como justificativas para o protecionismo, sobretudo quando levados às raias do absurdo comercial e do irracionalismo econômico, como acontece com a política agrícola européia. Na verdade, a competitividade agrícola brasileira não deixa nada a desejar quando confrontada à da Europa ou dos Estados Unidos, com exceção de poucos setores de notória especialização e de alta intensidade tecnológica. De fato, é justamente por ser competitivo que o Brasil está sendo penalizado no acesso ao mercado europeu de alimentos e insumos processados.
Veja – O Brasil está finalmente descobrindo que uma das funções dos diplomatas é vender a imagem do país no exterior e com isso facilitar os negócios?
Almeida – O Brasil descobriu que precisa criar uma cultura exportadora. Como todo grande país, ele está voltado para dentro. Isso também acontece com os Estados Unidos. O comércio exterior ocupa um pedaço muito pequeno na economia brasileira, algo como 10% do produto nacional bruto. Agora, a condição para que o Brasil se desenvolva, para que a população tenha um progresso social, uma melhoria no padrão de vida, um aumento na renda, é a inserção bem-sucedida do país no comércio internacional. O Mercosul e a abertura econômica foram passos importantes nesse sentido, mas é preciso avançar mais. 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Containeres: mais globalizadores do que o livre-comercio


Finance and economics

Free exchange

The humble hero

Containers have been more important for globalisation than freer trade

THE humble shipping container is a powerful antidote to economic pessimism and fears of slowing innovation. Although only a simple metal box, it has transformed global trade. In fact, new research suggests that the container has been more of a driver of globalisation than all trade agreements in the past 50 years taken together.
Containerisation is a testament to the power of process innovation. In the 1950s the world’s ports still did business much as they had for centuries. When ships moored, hordes of longshoremen unloaded “break bulk” cargo crammed into the hold. They then squeezed outbound cargo in as efficiently as possible in a game of maritime Tetris. The process was expensive and slow; most ships spent much more time tied up than plying the seas. And theft was rampant: a dock worker was said to earn “$20 a day and all the Scotch you could carry home.”
Containerisation changed everything. It was the brainchild of Malcom McLean, an American trucking magnate. He reckoned that big savings could be had by packing goods in uniform containers that could easily be moved between lorry and ship. When he tallied the costs from the inaugural journey of his first prototype container ship in 1956, he found that they came in at just $0.16 per tonne to load—compared with $5.83 per tonne for loose cargo on a standard ship. Containerisation quickly conquered the world: between 1966 and 1983 the share of countries with container ports rose from about 1% to nearly 90%, coinciding with a take-off in global trade (see chart).
The container’s transformative power seems obvious, but it is “impossible to quantify”, in the words of Marc Levinson, author of a history of “the box” (and a former journalist at The Economist). Indeed, containerisation could merely have been a response to tumbling tariffs. It coincided with radical reductions in global trade barriers, the result of European integration and the work of the General Agreement on Tariffs and Trade (GATT), the predecessor of the World Trade Organisation (WTO).
Yet a new paper aims to separate one effect from the other. Zouheir El-Sahli, of Lund University, and Daniel Bernhofen and Richard Kneller, of the University of Nottingham, looked at 157 countries from 1962 to 1990. They created a set of variables which “switch on” when a country or pair of trading partners starts using containers via ship or rail (landlocked economies, such as Austria, often joined the container age by moving containers via rail to ports in neighbouring countries, such as Hamburg in Germany). The researchers then estimated the effect of these variables on trade.
The results are striking. In a set of 22 industrialised countries containerisation explains a 320% rise in bilateral trade over the first five years after adoption and 790% over 20 years. By comparison, a bilateral free-trade agreement raises trade by 45% over 20 years and GATT membership adds 285%.
To tackle the sticky question of what is causing what, the authors check whether their variables can predict trade flows in years before container shipping is actually adopted. (If the fact that a country eventually adopts containers predicts growth in its trade in years before that adoption actually occurred, that would be evidence that the “container” jump in trade was actually down to some other pre-existing trend.) But they do not, the authors say, providing strong evidence that containerisation caused the estimated surge in trade.
What explains the outsize effect of containers? Reduced costs alone cannot. Though containers brought some early savings, shipping rates did not drop very much after their introduction. In a 2007 paper David Hummels, an economist at Purdue University, found that ocean-shipping charges varied little from 1952 to 1970—and then rose with the cost of oil.
Put them in a container
More important than costs are knock-on effects on efficiency. In 1965 dock labour could move only 1.7 tonnes per hour onto a cargo ship; five years later a container crew could load 30 tonnes per hour (see table). This allowed freight lines to use bigger ships and still slash the time spent in port. The journey time from door to door fell by half and became more consistent. The container also upended a rigid labour force. Falling labour demand reduced dockworkers’ bargaining power and cut the number of strikes. And because containers could be packed and sealed at the factory, losses to theft (and insurance rates) plummeted.
Over time all this reshaped global trade. Ports became bigger and their number smaller. More types of goods could be traded economically. Speed and reliability of shipping enabled just-in-time production, which in turn allowed firms to grow leaner and more responsive to markets as even distant suppliers could now provide wares quickly and on schedule. International supply chains also grew more intricate and inclusive. This helped accelerate industrialisation in emerging economies such as China, according to Richard Baldwin, an economist at the Graduate Institute of Geneva. Trade links enabled developing economies simply to join existing supply chains rather than build an entire industry from the ground up. But for those connections, the Chinese miracle might have been much less miraculous.
Not only has the container been more important than past trade negotiations—its lessons ought also to focus minds at future talks. When governments meet at the WTO’s December conference in Bali they should make a special effort in what is called “trade facilitation”—efforts to boost efficiency at customs through regulatory harmonisation and better infrastructure. By some estimates, a 50% improvement in these areas could mean benefits as big as the elimination of all remaining tariffs. This would not be a glamorous outcome, but the big ones seldom are.
Sources
"Estimating the Effects of the Container Revolution on World Trade", by Daniel Bernhofen, Zouheir El-Sahli and Richard Kneller, Lund University, Working Paper 2013:4, February 2013
"Transportation Costs and International Trade in the Second Era of Globalisation", by David Hummels, Journal of Economic Perspectives, 21(3): 131-154, 2007

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Brasil recua no comercio internacional - Luiz Felipe Lampreia


As opções internacionais do Brasil

12 de maio de 2013 | 2h 04
Luiz Felipe Lampreia*
"In Latin America, and elsewhere, it's no coincidence that the practitioners of free trade are also the ones who consistently enjoy the most robust economic growth and development." 
Claudio Loser, revista 'Forbes', maio de 2013


É minha convicção que estamos crescentemente limitados e isolados em nossas opções de comércio internacional. Em termos de acordos, só temos a exibir uma lista particularmente magra, em especial pela obrigação de negociar conjuntamente com os demais sócios do Mercosul. Ora, na realidade o Mercosul desviou-se totalmente de sua concepção original de projeto de integração comercial e econômica e hoje é quase que somente uma frente política. Há fortes tendências protecionistas internas que frequentemente colidem com os propósitos originais do próprio Mercosul.
Há 20 anos era possível encher o peito para dizer que o Brasil era um global trader. Hoje somos apenas um grande exportador de um número restrito de commodities de pouco valor agregado e de uma pequena e decrescente porcentagem de manufaturados que só se destinam a um número muito limitado de mercados. Daí é legítimo concluir que algo deu errado.
Nossa pauta de exportações voltou a ser, como era antes dos anos 1970, marcada pela preponderância dos produtos de base, com todos os riscos gerados pela volatilidade de preços inerente a esse tipo de mercados. Nossos produtos manufaturados vêm perdendo espaço, seja por obra do protecionismo, em particular da Argentina, seja pela perda de vantagem competitiva criada por preferências comerciais dadas por nossos tradicionais compradores a nossos competidores em razão de acordos comerciais ou, enfim, por concorrência intensa de produtos chineses.
A persistir esse quadro, o Brasil terá déficits de balança comercial cada vez maiores, ficando mais vulnerável a flutuações de preços de commodities e mais dependente de grandes ingressos de capital estrangeiro para equilibrar a conta corrente. Além do mais, é preciso enfatizar que não pertencer a acordos comerciais importantes significa tornar o Brasil menos atrativo para a integração de cadeias produtivas que, sempre mais, constituem a essência dos acordos de comércio modernos.
Recorde-se, aqui, a existência dos diversos acordos de grande alcance: entre Estados Unidos e Coreia do Sul (Korus), o acordo entre China e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), a Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile), a Parceria Trans-Pacífico (TPP)e o acordo Estados Unidos-União Europeia. Alguns deles em fase de negociação, outros já em plena vigência. O Brasil não pertence a nenhum deles.
Pertencemos à Organização Mundial do Comércio (OMC), entretanto, e ela continua a ser a tábua das leis. As 550 páginas de seus textos normativos são o fundamento do livre-comércio. Há grandes lacunas, sem dúvida, especialmente na agricultura, em que o protecionismo que falseia o comércio continua a vigorar em todo o mundo desenvolvido. Mas a OMC é a instituição em que impera o sistema de solução de controvérsias que permite a qualquer de seus membros questionar os atos de outros, qualquer que seja a disparidade de força entre eles. Por isso ganhamos importantes questões dos Estados Unidos e da União Europeia. Temos de defender a OMC, porque ela é o último reduto contra os abusos dos mais fortes.
A vitória de Roberto Azevêdo para diretor-geral da OMC é, antes de mais nada, um êxito pessoal de um diplomata de grande profissionalismo e competência. Sem isso não teria sido possível eleger um brasileiro que serve a um governo cada vez mais protecionista e, portanto, pouco afinado com o espírito de liberalização do comércio, que é a alma da OMC. Mas o que contou na eleição foi a mensagem central de Roberto de que não há tempo a perder, pois - uma vez institucionalizados os acordos extra-OMC, como os acima mencionados, em vigor ou em gestação, entre um limitado número de países - será dificílimo retomar a dinâmica multilateral e evitar que a OMC se torne um organismo apenas subsidiário.
Independentemente dessa vitória e da luta permanente pelo fortalecimento da OMC, é urgente reavaliar as opções internacionais do Brasil. Será necessário rever a regra da posição solidária de todos os membros do Mercosul ou deveremos continuar a nos apresentar, sem muitas chances, em companhia da Argentina e da Venezuela nas mesas de negociação que virão? Devemos estudar a possibilidade de buscar acordos bilaterais com a União Europeia, os Estados Unidos e outras grandes potências do comércio internacional? Podemos explorar um entendimento com os quatro países da Iniciativa do Pacífico? São questões de grande atualidade que precisam ser estudadas a fundo pelo governo, pelo Congresso Nacional, pelos atores econômicos brasileiros e por todos os que nelas têm interesse. O que não é possível é praticar a política da cabeça enterrada na areia, que o avestruz aperfeiçoou.
O preço do imobilismo seria o aprofundamento do protecionismo nacional e, portanto, o afastamento dos principais centros de inovação. Seria também a exclusão crescente do Brasil do movimento de integração de cadeias industriais produtivas que está em marcha em escala global.
Esses grandes temas precisam ser objeto de uma reflexão profunda entre nós. Não levá-la a cabo significará uma crescente marginalização do Brasil em termos de investimentos, balanço de pagamentos, comércio internacional e, portanto, de desenvolvimento econômico.    
 * Foi ministro das relações exteriores no governo Fernando Henrique Cardoso

terça-feira, 7 de maio de 2013

Istvan Hont (1947-2013) - Leonidas Montes

Um grande intelectual desaparece, infelizmente.
Paulo Roberto de Almeida 

Istvan Hont (1947-2013)
Leonidas Montes
Society for the History of Economics

Istvan was born in Hungary. He was educated in Budapest at the King Stephen I Gymnasium and then at the University of Budapest. First he studied Engineering, moving then to History and Philosophy. In 1974 he finished his MA and PhD (with the benefit of hindsight, perhaps his early engagement with mathematics and physics contributed to his rigorous or almost scientific standard for research). His PhD thesis, supervised by Professor Eva Balázs, was entitled “David Hume and Scotland”. Since his PhD dissertation, he could not leave this fascinating period of our history. In fact, David Hume, Adam Smith and their context became the passion and motive of his life. Immediately after completing his PhD, Istvan was appointed Research Officer in the Institute of History in the Hungarian Academy of Sciences. One of his early jobs consisted on making summaries of papers for a journal. As a voracious reader, besides devouring plenty of books, that early job also helped to broaden his vast knowledge.

In 1975, with the help of Sir Michael Moissey Postan (1899-1981), by then Professor of Economic History at the University of Cambridge, Istvan and his wife Anna left Hungary to start an academic life in the UK. They went to Oxford University. He continued with his interest on David Hume and the Scottish Enlightenment, but got interested in political economy. At Oxford University, under the supervision of Professor Hugh Trevor-Roper (1914-2003), Regius Professor of Modern History, he obtained another PhD. He was immediately appointed, in 1977, to the Research Fellowship in Intellectual History at Wolfson College, Oxford. A year later, he moved to Cambridge as a Fellow of King’s College where he directed, along with Michael Ignatieff, the newly established Research Centre project on “Political Economy and Society 1750-1850.” During the six years of this project (1978-1984), he organized a series of groundbreaking conferences. One of this conferences resulted in the seminal collection on eighteenth-century political economy essays gathered in Wealth and Virtue: The Shaping of Political Economy in the Scottish Enlightenment (Cambridge, 1983), which he co-edited and introduced with Michael Ignatieff. Istvan contributed to this book with two influential papers: his “The ‘rich country – poor country’ debate in Scottish classical political economy” and, with Ignatieff, “Needs and Justice in the Wealth of Nations”. The economic limits to national politics, Hume’s treatment of credit, the nation-state and nationalism in 18th century, the language of the debate and its context, remained his intellectual motivations. Istvan began his academic career at Cambridge University. He became Lecturer in the Faculty of History and then he was appointed Reader in Political Thought.

Between 1986 and 1989 Istvan and Anna moved to Columbia, where he was appointed Assistant Professor. After this experience in the US, they returned to King’s College, Cambridge. Except for one failed attempt to move to Harvard, and short visiting appointments at Princeton, Chicago, Harvard, Göttingen, Budapest, among others, Cambridge and King’s College became and remained their home. The attempt to move to Harvard, or better said, the attempt to move Istvan Hont to Harvard, became famous. I vividly remember this episode as I was member at King’s College. Early in 2002, the Faculty of Government at Harvard University, normally divided over appointments, had reached a unanimous consensus to appoint Istvan Hont. The Faculty had discussed about the candidate for nearly a year and requested around 20 evaluations from outside experts. Lawrence Summers was then President of Harvard. And Summers, as an economist, had regularly promoted younger candidates who would produce more. When he heard about this appointment, he was concerned with Hont’s research productivity. Finally Summers vetoed Istvan’s unanimously approved appointment. This created a hot debate in Harvard and also in Cambridge. Istvan, who was 54 years old at the time, declared to the WSJ: "I don't feel old… I feel I'm in the full swing of my research activities. I was originally a refugee in Hungary and I got all my appointments 10 years later than anybody else. It took me a long time to get to England and establish myself." At the end, he was happy to remain at King’s College, Cambridge. And as a young Smith scholar, I celebrated Summers’ decision.

After this experience, Istvan began to work on his Jealousy of Trade. International Competition and the Nation-State in Historical Perspective (Harvard, 2005). It is a collection of his essays, but it contains a carefully written long introduction that summarizes his life research. Actually this long introduction can be read as a new book. Perhaps Summers was right: Istvan was not productive with his research. But in Istvan’s case there was definitely a trade-off between quality and quantity: what he wrote and published is seminal and fundamental.

Istvan would attend some History of Economics Society Meetings, and was enthusiastic with the development of the Society. In 2007 Istvan Hont received the Joseph J. Spengler Prize for the best book. Cristina Marcuzzo, chair of the Spengler Committee, stated:

“We found Hont's book to be monumental in the detail and breadth of its scholarship. His understanding of both the primary texts he utilizes and the broader political-economic-historical contexts of that work is indeed masterful. The ground of international trade in that era has certainly been ploughed before, but not often with the depth and skill Hont brings to the work. This is both an outstanding work in the history of economic and political ideas and a work that is relevant to ongoing discussions today about globalization and the nation-state. Its contemporary relevance is but one more reason to honor it with this year's Spengler Prize.”

His Jealousy of Trade (2005), using the title of Hume’s famous essay, concentrated and expanded his idea that eighteenth century political economy, mainly represented by Hume and Smith, established the framework of our modern conception about international politics. After publishing this celebrated book, the corruption/luxury debate led him to explore the intellectual extent of the relationship between Rousseau and Smith. This was the subject of his Carlyle Lectures (Oxford University, 2009) and Benedict Lecture (Boston University, 2010). (*)

Istvan was an enthusiastic and fervent member of the so-called Cambridge School, a tradition that owes much to Peter Laslett, Quentin Skinner, J. A. G. Pocock and John Dunn, among others. His influential legacy is the best proof that he was an important representative of this approach to intellectual history.

I remember the first time I met Istvan as a PhD student. We used to have lunch at King’s College dining hall. After some conversations, I finally dared to ask him to read a paper on the Adam Smith Problem. He invited me for lunch. And I asked Istvan “what do you think about it?” He immediately replied, with his Hungarian accent, “it is rubbish”. One would first feel threatened, but he had his way. And at the end, he would be very helpful. As my PhD dissertation developed, he became a great and inspiring company. Gradually we became acquainted, had dinner together with Anna, and had regular lunches at King’s where our conversation went beyond Adam Smith and David Hume.

As a scholar Istvan knew almost everything about the Scottish Enlightenment. Besides his encyclopedic knowledge, he studied and he chewed each idea. And he thought carefully about every word he wrote. His undergraduate students, I remember, thought he was extremely demanding, but he was respected as a very good teacher. I imagine that writing a paper with him was a challenge, but also an intellectual experience. He was certainly terrifying and at times awkward, but he was immensely generous with his time and knowledge. I still remember his smile which was a sign of approval. And I still remember, after we became acquainted, that whenever we would talk about Adam Smith, I would call for his opinion paraphrasing Adam Smith’s definition of the virtue of self-command: “what does the awesome and respectable Istvan Hont think about this idea”. He liked that, as he realized a student would need some self-command with him. But he also was inspiringly helpful.

Istvan certainly liked what he did in his life. I imagine him at his bed, happily reading Lucretius, as David Hume did. I also imagine that he might have asked Anna to burn some of his unpolished manuscripts, as Adam Smith did. He passed away on Friday, 29 March 2013, aged 65.

(*) Istvan develops his thesis in a conversation at Harvard University (see “Rousseau and Smith: A Conversation with Istvan Hont”: http://www.youtube.com/watch?v=v83Zh2IenM4

Leonidas Montes
Dean School of Government, Universidad Adolfo Ibáñez

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About Jealousy of Trade (Cambridge, MA: Harvard University Press, 2005)
This book connects the commercial politics of nationalism and globalization in the 18th century to theories of commercial society and Enlightenment ideas of the economic limits of politics. It considers British neo-Machiavellian political economy after the Glorious Revolution and explores eighteenth-century theories of international market competition that continue to be relevant for the twenty-first century. 'Jealousy of Trade' refers to a particular conjunction between politics and the economy that emerged when success in international trade became a matter of the military and political survival of nations. Today, it would be called 'economic nationalism', and in this book Istvan Hont connects the commercial politics of nationalism and globalization in the eighteenth century to theories of commercial society and Enlightenment ideas of the economic limits of politics. The book begins with an analysis of how the notion of 'commerce' was added to Hobbes' 'state of nature' by Samuel Pufendorf. Hont then considers British neo-Machiavellian political economy after the Glorious Revolution. From there he moves to a novel interpretation of the political economy of the Scottish Enlightenment, particularly of David Hume and Adam Smith, concluding with a conceptual history of nation-state and nationalism in the French Revolution."Jealousy of Trade" combines political theory with intellectual history, illuminating the past but also considering the challenges of today. 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Brasil recua no comercio internacional (posicao sempre foi modesta)

Brasil perde espaço no comércio internacional, mostra OMC
Por Assis Moreira
Valor Econômico, 12/04/2013

GENEBRA - Relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostra que o Brasil perdeu espaço no comércio mundial. O país foi atingido nas exportações pela menor demanda global e nas importações pela desaceleração da economia e proteção adotada pelo governo.

Em termos reais, ou seja, no volume do comércio, as exportações brasileiras de mercadorias caíram 1,2% em 2012, comparado a crescimento de 3,1% em 2011 em relação ao ano anterior.

Por sua vez, as importações brasileiras caíram 2,1% em volume, ante a alta de 8,5% importado em 2011.

Essa situação é mais negativa quando se leva em conta que as exportações mundiais cresceram 2,1% e as importações subiram em 1,9% em volume - nos dois casos, menos do que o crescimento em volume de 5,1% do ano anterior.

As exportações brasileiras vêm sofrendo o impacto da menor demanda de matérias-primas da China, que por sua vez não pode exportar no mesmo ritmo para mercados em recessão, como os da União Europeia.

Em valor, a posição do Brasil como grande exportador de commodities também sofreu. Afora petróleo, os preços de commodities em geral declinaram em 2012, derrubando os ganhos do país.

Assim, em valor as exportações brasileiras também caíram mais do que a média mundial em 2012. Enquanto as trocas globais baixaram 2%, as exportações brasileiras declinaram 5% em relação ao ano anterior. O país ficou na 16ª posição entre os exportadores e sua fatia na exportação global caiu de 1,8% para 1,7%.

Do lado das importações, em valor, o Brasil também perdeu terreno, caindo uma posição para 16ª. O montante das compras externas, de US$ 233 bilhões, foi inferior em 2% ao ano anterior.

A expectativa na OMC é de que os preços das commodities em geral vão se estabilizar este ano, portanto freando a queda registrada no ano passado nos resultados do comércio.

Com relação ao comércio de serviços, as exportações brasileiras aumentaram 5% e as importações 7% em valor - muito abaixo dos crescimento de 20% do ano anterior.

Entre os Brics, sempre levando-se em conta resultado em valor, somente a África do Sul teve pior desempenho que o Brasil, com queda de 11% nas exportações. A China aumentou suas vendas em 8% e manteve-se como a principal nação comerciante com US$ 2,049 trilhões.

A Índia e a Rússia também exportaram mais que o Brasil em valor, o primeiro com US$ 293 bilhões e o segundo com US$ 529 bilhões. As vendas brasileiras alcançaram US$ 243 bilhões.

As exportações do Mercosul caíram 4% em valor as importações 3%. Já países da Ásia mantiveram as vendas com alta de 1% e as importações aumentando 6%.

domingo, 3 de março de 2013

A China volta a ser o centro do mundo economico - Assis Moreira (Valor)

Como não podia deixar de ser: até o século 18, a China era a maior economia do planeta, embora com qualificações. Ela tinha um terço do PIB global, nominalmente pelo menos.
Se tratava do tamanho do seu PIB, necessariamente enorme, pelas dimensões do país e de sua população, em relação ao PIB global. Isso não quer dizer que ela ocupasse uma enorme importância estratégica na economia mundial, pois o Império do Meio era essencialmente autocentrado, recusando contatos com o estrangeiro, o que isolou a China e esteve na origem de sua defasagem tecnológica, enfraquecimento estatal e militar, e portanto, foi responsável pela sua humilhação por forças estrangeiras, europeias, que se tinham tornado mais poderosas, desde o início da era moderna.
Foram praticamente dois séculos de humilhações, junto com uma queda brutal da economia e da prosperidade do país, dividido internamente, esquartejado por forças hostis e invadido pelo Japão.
Depois veio o desastre maoista, o mais impressionante delírio econômico jamais conhecido no mundo, que reduziu a China a uma miséria inacreditável, tendo ainda sido responsável pela morte induzida de dezenas de milhões de chineses, muitos dos quais reduzidos ao canibalismo.
O PIB deve ter decaído a menos de 5% do PIB global, e vem crescendo rapidamente desde as reformas capitalistas empreendidas por Deng Xiao-ping e continuadas por seus sucessores.
A China hoje é, possivelmente, mais capitalista do que o Brasil, e não estou brincando. Seus empresários dispõem de mais liberdade econômica, de menos impostos e de uma logística de primeira qualidade. O Brasil é um país do século 19 comparado com a China.
Quando é que vamos aprender a ser modernos?
Paulo Roberto de Almeida 

A nova paisagem do comércio
Por Assis Moreira
Valor Econômico, 1/03/2013

Quem se aproxima da Organização Mundial do Comércio (OMC) é atraído a partir de agora primeiro por um tradicional jardim chinês, antes mesmo de ver o emblema do xerife do comércio internacional, na movimentada rue de Lausanne.
Um jardim no estilo dos clássicos da antiga cidade de Suzhou, que são classificados como patrimônio da humanidade pela Unesco, foi doado à OMC por Pequim pelo aniversário de dez anos da entrada chinesa no sistema multilateral de comércio.
Na verdade, o presente na entrada da entidade simboliza o crescente poder da China, que em dez anos multiplicou exportações e importações, em 2010 superou os Estados Unidos como principal nação manufatureira do planeta, confirmando-se como a "fábrica do mundo", e em 2011 tornou-se a segunda maior economia mundial.
Além disso, a inauguração do jardim na entrada da OMC, no meio do mês passado, coincidiu com o anúncio de que a China se tornou em 2012 a maior nação comerciante do mundo, somando exportações e importações, superando os EUA.
O Centre William Rappard, com seu prédio e jardim à margem do lago de Genebra, antes de ser sede da OMC pertenceu à Organização Internacional do Trabalho (OIT). E foi nessa época que recebeu vários presentes dados por países. O Brasil decorou uma sala de reunião, Portugal concedeu azulejos para um corredor, a Irlanda ofereceu um mural, a Austrália presenteou com um balcão de madeira que está na portaria da entidade.
No ano passado, Pascal Lamy, diretor-geral da OMC, sugeriu ao ministro chinês de Comércio, Chen Deming, que a China, por sua vez, criasse um jardim chinês no Centre William Rappard, que passava por renovação e extensão.
Deming entusiasmou-se com a ideia. Mas a China, afinal, tem 5 mil anos de história, como os chineses não cessam de repetir, e o ministro insistiu que o presente tinha que ser proporcional à importância do país.
Três projetos foram propostos pelas autoridades chinesas. E somente depois de várias consultas entre a delegação chinesa e paisagistas da cidade de Suzhou, de um lado, e responsáveis pela reforma da sede da OMC, de outro, é que foi aprovado o projeto do chamado Jardim Gusu.
Pequim despachou para Genebra uma equipe de 20 trabalhadores e sete contêineres com todo o material para a construção - de cimento a tijolo, madeira, telhas, pedras, mas tudo com significado. Por exemplo, alguns monólitos foram esculpidos pela erosão, tirados do lago Tai, no delta do Yangzi Jiang, considerados mais antigos que a vida na Terra.
Os chineses trabalharam em silêncio, com pausas para tomar o chá verde. Cada um tinha pelo menos duas especialidades, como talhar pedra e fazer o madeiramento. O mestre paisagista, o artista, procurou criar um ambiente de "harmonia e serenidade" precisamente no local onde as disputas entre nações sobre as trocas comerciais aumentam cada vez mais, tendo a China como um dos protagonistas.
Segundo um experiente diplomata, os chineses assumem um papel cada vez maior no sistema comercial e procuram mostrar isso. Neste ano, a China completa 11 anos como membro da OMC - algo que necessitou 15 anos de arrastadas negociações com os parceiros.
Já se foi o tempo, na OMC, em que o poder estava concentrado nos EUA e na União Europeia. Hoje, quando há uma reunião importante, os jornalistas querem logo saber a posição dos chineses.
Pequim está agora também no centro da escolha do novo diretor-geral da entidade. Se o vencedor não for um asiático, as chances de Pequim querer um dos quatro cargos de diretor-adjunto serão grandes. Pequim, sobretudo, tem pressa em mais abertura do comércio mundial, para exportar mais e mais.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Teoria das (des)vantagens (nao)comparativas (ultra)relativas: o Brasil e o (nao)comercio internacional - Editorial O Globo

Em materia de comércio exterior, pode-se dizer, numa caracterização benigna, que o Brasil tem feito raríssimas coisas certas, para não dizer que fez tudo errado. Vejamos.
Primeiro, os companheiros inventaram um tal de "nova geografia do comércio internacional", que só existia na cabeça deles, já que todo mundo estava mesmo comerciando com base na velha geografia, ou seja, aquela que tem montanhas, vales, rios, oceanos, portos, grandes metrópoles consumidoras, países importadores de tarifas liberais, países em desenvolvimento protecionistas e todas as outras modalidades que são conhecidas há décadas, senão há séculos.
Depois tentaram consolidar essa "teoria" estapafúrdia num tal conceito Sul-Sul, que também só existia na cabeça deles, já que os do Sul estavam preferencialmente exportando para o Norte, e onde mais fosse, para o Sul também, especialmente para aqueles países que tinham inventado uma outra maravilha maravilhosa, a tal de "substituição de importações", em favor do Sul, claro, que o grande arauto dos povos defendia como sendo uma "diplomacia da generosidade", ou seja, que o Brasil deveria importar dos vizinhos e de outros países em desenvolvimento, mesmo que fosse mais caro e de menor qalidade, apenas por "ser do Sul", entendem?, e o Brasil, por ser grande, forte, generoso e rico, importaria ainda assim, pois assim é que os verdadeiros amigos do Sul deveriam fazer.
Alguém sabe me dizer se algum outro país -- do Sul, ou de qualquer outra latitude, longitude, altura e extensão como a nossa -- seguiu essa ideia maravilhosa?  
Claro, tudo isso era para "dar um truco" nos países ricos, e "não ficar dependente do comércio com os Estados Unidos", entenderam a estratégia inteligente?
Outro representante dessas novas teorias do comércio internacional até chegou a dizer que tinha sido uma maravilha o Brasil ter recusado a Alca, pois imagina o que teria acontecido conosco no quadro da crise americana??!! Teríamos afundado muito mais, entenderam,? mesmo tendo exportado mais para os malvados americanos, entenderam?
Em terceiro lugar, organizaram uma tais de conferências só do Sul, com aliados estratégicos, e também desenvolveram mecanismos de integração exclusivos, ou seja, excluindo o Império e os outros colonialistas e imperialistas, entenderam? Esses malvados só queriam manter-nos acorrentados ao velho padrão de comércio internacional Norte-Sul, pelo qual nó só exportávamos commodities e eles nos exportavam manufaturas. O tal de "intercâmbio desigual", entenderam? E ainda por cima com a tal "deterioração dos termos do intercâmbio", como ensinava mestre Prebisch, entenderam? Ou seja, com os imperialistas nós estávamos condenados a só exportar matérias primas, e ficar dependentes da importação de produtos de alto valor agregado.
Isso não! Onde já se viu? Tínhamos mesmo de desenvolver a nossa indústria, mesmo se para isso fosse preciso praticar subsídios generosos aos industriais amigos do rei e ser um pouquinho protecionistas, mas só um pouquinho, entenderam?
Finalmente, os companheiros, já tendo definido os nossos "aliados estratégicos", sugeriram que tínhamos mesmo de desenvolver o comércio com a China, com a Índia e outros parceiros preferenciais, esses caras que nunca foram imperialistas, hegemônicos, e que só trabalham para o nosso bem, entenderam?
E assim fomos, de etapa em etapa, com a maravilha do Mercosul e seus acordos maravilhosos, aumentando nosso comércio, graças à nossa generosidade e a dos nossos aliados estratégicos. Foi assim que chegamos ao perfeito comércio Norte-Sul, com a China, entenderam?, no qual conseguimos realizar a proeza de exportar 95% de commodities (cinco ou seis, no máximo), e de importar 95% de manufaturados, essas bugigangas chinesas que deixam os nossos bravos industriais da Avenida Paulistda de cabelos em pé, entenderam?
Não é uma maravilha a tal de "teoria das desvantagens pouco comparativas e ultrarelativas do (não)comércio internacional"? David Ricardo não teria elaborado teoria melhor, que merece figurar em todos os manuais de economia internacional. Ainda bem que temos os gênios companheiros que nos ajudaram a desenvolver essa brilhante elucubração da economia teórica e prática, a que nos elevou significativamente de patamar, e nos conquistou a admiração de todos os povos deste nosso planetinha redondo, desde os fenícios até os malvados americanos.
E não é que os americanos, sempre conspiradores, se preparam para nos passar a perna, dando um truco nas nossas pretensões? Pois a gente discute com a UE faz mais ou menos 15 anos um acordo de liberalização comercial -- já tendo abrido convenientemente o caminho para isso, implodindo a Alca, esse malvado projeto de anexação imperial -- e não é que agora os europeus traidores dizem que querem um acordo de livre comércio com o Império? Ingratos! Assimétricos! Anti-geográficos!
Me segura que vou ter um troço...
(Não, não sou eu; estou apenas fazendo figuração, entenderam?)
Paulo Roberto de Almeida

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Ideologia prejudica comércio exterior
Editorial O Globo, 14/02/2013

Os discursos anuais do Estado da União proferidos pelos presidentes americanos perante sessão conjunta do Congresso funcionam como peça política de afirmação de doutrinas, programas e linha de governo.
O feito no fim da noite de terça-feira por Barack Obama teve sua importância amplificada por se tratar de um pronunciamento balizador do segundo mandato do presidente, quando o governante tenta deixar sua marca na Casa Branca, sem se preocupar mais em disputar votos. Deseja encerrar a carreira política em cargos eletivos com um passaporte para a História.
Devido ao peso dos Estados Unidos, deve-se prestar atenção a tudo que emana do governo e Congresso americanos.
No caso deste discurso, destaca-se o anúncio formal feito por Obama de apoio às negociações bilaterais com a União Europeia sobre um acordo comercial transatlântico.
O Brasil tem interesse direto no assunto — ou deveria ter. E mesmo que os responsáveis pela política externa brasileira desdenhem este projeto, o país será afetado por ele, caso venha a ser fechado.
Em artigo no GLOBO de terça, o ex-embaixador Rubens Barbosa chamou a atenção para a fase de mudanças por que passa o comércio internacional, com a assinatura de vários acordos bilaterais, na esteira do fracasso da Rodada de Doha, de liberalização do comércio em escala planetária.
Deste processo de evolução o Brasil está alijado, por ter feito uma opção ideológica errada.
Como a política externa foi capturada pela visão terceiro-mundista simpatizante do chavismo e bolivarianismo, o comércio exterior brasileiro vai sendo engessado nas limitações crescentes do Mercosul, paralisado pela crise política, econômica e institucional da Argentina, situação agravada na absorção do bloco pela Alba, associação dominada por Chávez e os irmãos Castro.
Enquanto o Mercosul e o Brasil estão paralisados, o comércio mundial tende a fluir cada vez mais por meio de acordos entre economias e blocos.
Não faz muito tempo, Chile, Colômbia, Peru e México se uniram na Aliança do Pacífico, próxima dos Estados Unidos e Ásia. O México já é do Nafta, junto com os EUA e Canadá.
Há dias, países latino-americanos reuniram-se com a União Europeia, no Chile. Perda de tempo, devido à visão autárquica de argentinos, venezuelanos, equatorianos e bolivianos, aliados preferenciais de Brasília.
Não será fácil a negociação entre americanos e os 27 países da UE. Separa-os um contencioso semelhante ao que existe quando brasileiros e europeus tentam se entender: desentendimentos em torno de exportações agrícolas, o setor de serviços, proteção à propriedade intelectual, por exemplo.
Mas se trata de um gigantesco fluxo comercial de US$ 2,7 bilhões diários. Se chegarem a algum entendimento — importante para os dois —, o Brasil, amarrado a um Mercosul de tonalidade chavista, ficará mais para trás neste novo comércio internacional.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Brazil Institute at Wilson Center: debate sobre o progresso industrial

O importante, para quem não puder participar do debate (e só podem os que vivem em Washington, DC, e nas cercanias), é o trabalho sobre a competitividade (ou falta de) das exportações brasileiras, linkado no anúncio abaixo.

How to Improve Brazil's Industrial Growth and Export Performance

Please join the Woodrow Wilson Center’s Brazil Institute and the Program on America and the Global Economy for “How to Improve Brazil’s Industrial Growth and Export Performance”
 Tuesday February 12th, 2013
4:00 pm – 5:30 pm

Woodrow Wilson International Center for Scholars 6th Floor Flom Auditorium
Featuring

- Otaviano Canuto, Vice President and Head for Poverty Reduction and Economic Management Network, World Bank           
- José Guilherme Reis, Lead Trade Economist, World Bank
- Matheus Cavallari, Consultant, World Bank
Discussants:    

- John Bryson, Distinguished Scholar, Wilson Center, and former Secretary of Commerce under President Barack Obama
- Kent Hughes, Director, Program on American and the Global Economy

Moderator: Paulo Sotero, Director, Brazil Institute
Please RSVP to brazil@wilsoncenter.org (acceptances only) with your name and affiliation


Modest industrial production growth and disappointing export performances are at the center of an economic policy debate that has been raging in Brazil since 2011, in which the rate of GDP expansion abruptly declined from 7.5% in 2010 to 2.7% and dropped again to around 1% last year.
On February 12, the Brazil Institute and the Program on America and the Global Economy will convene a seminar to examine the causes of the negative trend and what needs to happen for the country to return to the average 4% annual growth of the Lula years, while improving the productivity and competitiveness of its economy, as President Dilma Rousseff has pledged to do. 


The discussion will feature the co-authors of an important policy research working paper recently published by the World Bank under the title:
Brazilian exports: climbing down a competitiveness cliff 
http://econ.worldbank.org/external/default/main?pagePK=64165259&theSitePK=469382&piPK=64165421&menuPK=64166093&entityID=000158349_20130107091437.
 

Location: Woodrow Wilson Center at the Ronald Reagan Building
1300 Pennsylvania Ave., NW ("Federal Triangle" stop on Blue/Orange Line).
A map to the Center is available at www.wilsoncenter.org/directions
Note: Please allow additional time to pass through security.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

FIESP: Negociacoes Economicas Internacionais - nova publicacao

A FIESP, por meio de seu Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior, acaba de dar início a uma nova publicação:
RELATÓRIO PERIÓDICO DE NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS,
cuja primeira edição foi dvulgad em 24/01/2013
A equipe técnica é da melhor qualidade, como constatado abaixo.
 Paulo Roberto de Almeida

RELATÓRIO DIVULGADO PELA FIESP APONTA TÍMIDO AVANÇO NA AGENDA DE NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS BRASILEIRA EM 2012.
O ANO TAMBÉM FOI MARCADO PELA CRISE INSTITUCIONAL DO MERCOSUL.
A Fiesp divulgou o  “Relatório Periódico de Negociações Internacionais”. A publicação, inédita, faz uma análise dos principais acordos comerciais  internacionais vigentes, e das mudanças ocorridas ao longo de 2012. Os desafios impostos à agenda de integração econômica regional e à expansão da rede de acordos comerciais assinados pelo Brasil foram marcados, principalmente, pela crise institucional do Mercosul, pela renegociação do acordo automotivo com o México e pelo tímido avanço na agenda de negociações internacionais brasileira, que ficou pra trás em todas as frentes tradicionais (bens, serviços e investimentos), quando comparada com outros países e blocos regionais. O Relatório traz ainda detalhes sobre a suspensão paraguaia e a adesão da Bolívia ao bloco sul-americano e a reforma do Sistema Geral de Preferências Europeu (SGP), a qual excluirá o Brasil a partir de 2014.

DOCUMENTO: http://www.fiesp.com.br/arquivo-download/?id=48843

DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E COMÉRCIO EXTERIOR
EQUIPE TÉCNICA
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP
Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior – DEREX
Diretor Titular: Roberto Giannetti da Fonseca
Diretor de Negociações Internacionais: Mário Marconini
Gerente: Frederico Arana Meira
ÁREA DE NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS
Coordenador: José Luiz Pimenta Júnior.
Equipe: Sabina Silva e Vinicius Santos
Endereço: Av. Paulista, 1313, 4º andar – São Paulo/ SP – 01311-923
Telefones: (11) 3549-4615
Fax: (11) 3549-4730