A carta que me fez refletir sobre meu próprio futuro:


“Quero que meu filho não cometa os mesmos erros financeiros que eu cometi”


Caro leitor,


Em 24 de junho recebi uma carta de um senhor chamado Nestor, que acompanha a série de Aposentadoria da Empiricus.
Isso mesmo, uma carta. Daquelas que você cola selo e leva ao correio.
Seu Nestor me pediu um favor inusitado.
Ele escreveu contando que seu filho está hoje com 35 anos. Do mesmo modo que Seu Nestor agia nessa idade, o filho se acha muito esperto para ouvir os conselhos de um senhor “ultrapassado”.
Disse ele: “Talvez se você escrevesse para meu filho sobre as armadilhas financeiras que ele vai enfrentar…”
Eu, Rodolfo, ainda não tenho filhos. Mas tenho quase a mesma idade do filho do Seu Nestor e sei como é difícil ouvir aqueles que realmente se preocupam com a gente e que têm muito a ensinar.
Quando eu fui comprar meu primeiro carro, meu pai me aconselhou a nunca medir a capacidade de compra simplesmente pelo valor do veículo, mas sim pelos custos recorrentes (gasolina, pedágios, seguros, revisões, etc.). Eu não fiz isso e fui obrigado a vender o carro.
Por sorte, errar na compra de um carro é muito mais fácil de corrigir. O impacto desse erro ao longo da vida é mínimo.
Porém, existem erros que nos acompanham até o fim dos nossos dias…
Vou reproduzir um trecho da carta do Seu Nestor:

  Quando a secretária deixou um envelope na minha mesa e eu li esse apelo, senti que precisava fazer algo a respeito.
O Nestor não falou o nome do seu filho. Mas tenho certeza que tudo que escreverei abaixo serve para milhares de filhos que estão cometendo os mesmos erros.
Poucas pessoas conseguem imaginar muito além do presente.
A imensa maioria mede a felicidade e o bem-estar pautada apenas na situação do momento.
Se estiver bom agora, ótimo. Amanhã será ainda melhor.
É algo que chamamos de otimismo excessivo. Uma crença de que tudo vai sempre melhorar. Característica muito presente nas pessoas que estão no auge produtivo, entre os 30 e os 50 anos.
Uma vez que, naturalmente, a vida profissional desses indivíduos vem em uma crescente. Mas é bom lembrar que as árvores não crescem até o céu…
Esse otimismo relega a segundo plano uma necessidade fundamental da vida: envelhecer com saúde financeira para ter uma aposentadoria que permita mais do que apenas sobreviver.
O próprio sistema previdenciário do Brasil induz ao trabalhador a sensação de que os quatrocentos e poucos reais que o governo desconta da folha de pagamento são o passaporte para um futuro maravilhoso num lugar chamado INSS.
Em países como os EUA, o cidadão aprende desde cedo a montar sua carteira de investimentos para chegar aos 65 anos com um montante que lhe permita viver bem até o fim da vida.
Talvez por não ser obrigatório, faça a pessoas agirem a respeito. Diferente daqui.
Pesquisa divulgada pelo jornal Valor Econômico de 7 de abril deste ano revela que 57% dos brasileiros não poupam para aposentadoria.

Fonte: Valor Econômico

É um dado muito preocupante.
Pela carta do Nestor, interpretei que a ajuda que ele me pediu é justamente essa:
Desenvolver no filho uma necessidade de formar um patrimônio sólido para no futuro gozar de uma vida sem privações. 
Escrevo sobre aposentadoria há um bom tempo e nesse período consegui identificar aqueles que são os principais inimigos da formação de patrimônio e, consequentemente, de uma aposentadoria tranquila.
A boa notícia para o Seu Nestor – e principalmente para o seu filho – é que 35 anos é uma idade muito boa para mudar os hábitos e iniciar a construção de uma carteira de investimentos focada no longo prazo. 
Com essa idade, a pessoa já tem uma posição relevante na carreira, muitas vezes já resolveu as questões de estudo (com pós-graduações, MBA, etc), já casou e já possui casa própria. Agora é focar na formação do patrimônio.
Qual o melhor caminho para atingir o objetivo de uma aposentadoria milionária?

Os 8 Arrependimentos de Nestor


Separei as 8 lições que considero fundamentais para que qualquer pessoa atinja um patrimônio milionário e assim consiga se aposentar sem abrir mão de um padrão de vida excelente.
São pequenas mudanças que TODOS nós devemos fazer.
Quem evita esses erros está praticamente selando um futuro de tranquilidade e bem-estar.  

1 – Não confie na aposentadoria pública

Já comentei um pouco sobre esse assunto. Não faltam exemplos que nos mostram que a situação do INSS vai piorar a cada ano.
Você ainda pode ficar totalmente desamparado, pois o rombo da previdência compromete as contas públicas:

Fonte: Valor Econômico

Basta você puxar na memória os inúmeros ajustes que são feitos a cada mandato presidencial. Sempre aparece um fator previdenciário, uma idade mínima ou uma nova fórmula de cálculo que dificulta o acesso de novos trabalhadores.
Mas os problemas da aposentadoria pública não se restringem ao acesso de novos aposentados.
Os que já fazem parte do INSS e recebem mais de um salário mínimo sentem na pele o que é ficar na mão de um sistema público deficitário.
Com uma projeção de inflação média de 5% e crescimento do PIB de 2%, até 2024 o teto do INSS será de apenas 5 salários mínimos.

Fonte: Folha de S. Paulo
Ou seja, em 20 anos, a diferença entre o máximo que o INSS paga a seus aposentados e o valor do salário mínimo foi reduzido à metade.
Há quem diga que, num futuro não tão distante, todos que são aposentados ou pensionistas do INSS estarão recebendo um salário mínimo. Não sei se chegaremos a isso, mas a diferença tende a ficar muito baixa.
Isto já afeta o Nestor. Mas ele não deseja que essa realidade afete seu filho.
E eu não quero que afete você. Então, não dependa do INSS.

2 – Não deixe de poupar um mês sequer

Não existe mágica. O seu patrimônio será formado por um cálculo bem simples:
Suas Receitas
(-) Suas Despesas
(=) Sua Capacidade de Investimento

Para formar um patrimônio sólido, você precisa fazer suas despesas serem menores do que as suas receitas. Em outras palavras, você precisa poupar.
Via de regra, todo mundo sabe disso.
Mas apenas 4 em cada 10 brasileiros agem assim.
Segundo a carta enviada pelo Seu Nestor, seu filho pertence hoje ao grupo dos 57% que não poupam para a aposentadoria.
Acredito que o maior inimigo para que essa meta seja realizada está no constante adiamento do ato de separar uma parte do salário para os investimentos.
“Esse mês está ruim. Mas no mês que vem eu começo.”
Porém, o mês bom nunca chega. E não vai chegar.
Se você não colocar prioridade em reservar uma parte da sua receita mensal, sempre vai haver promoções imperdíveis, aquele presente que você queria dar a você mesmo ou qualquer outro gasto que vai transformar esse mês num mês ruim.
Você precisa poupar todos os meses.
Não existe um percentual ideal que possa ser aplicado a todos. Mas eu defendo que um pai de família deva poupar mensalmente entre 15% e 30% da sua renda.
É claro que esse percentual depende de uma série de fatores, como a faixa de renda, o número de filhos, a idade, entre outros.
Contudo, mais importante que o valor poupado é criar o hábito de separar uma parte da renda para os investimentos.
Passado algum tempo, a recompensa de ver o patrimônio crescendo a cada dia é o maior estímulo que existe. É como se o indivíduo criasse uma dependência de poupar. Nesse caso, uma dependência sadia.
Seu Nestor passou a vida esperando um mês bom para começar a poupar. Hoje, tudo que ele quer é que o seu filho não cometa o mesmo erro.

3 – Não confie no gerente do banco

Tivesse o Seu Nestor sido uma pessoa disciplinada e se ao longo da vida guardasse uma parte do salário, o próximo passo seria definir a forma de investimento mais adequada.
Muitas pessoas repassam essa decisão para um sujeito simpático e amigável chamado “o gerente do banco”. 
Afinal de contas, a função desse valoroso profissional é verificar as melhores opções de investimento e levar até o poupador a melhor forma de ver o seu dinheiro render… certo?
Certo. Mas há um porém…
Assim como analistas do banco e de corretoras, eles ganham se cumprirem metas.
As receitas dessas instituições vêm dos produtos que eles comercializam. Nenhum desses profissionais vai indicar um produto de banco ou corretora concorrente, mesmo que seja vantajoso para você.
E o crescente lucro das instituições financeiras é a prova de que nossos amigos gerentes estão cumprindo muito bem esse papel.
Em 2014, o lucro líquido dos 5 principais bancos brasileiros foi de mais de R$ 60 bilhões. Para se ter uma ideia do tamanho desse montante, é valor superior ao PIB de 12 das 27 unidades federativas do Brasil.
Muitos poupadores acabam sendo levados a fazer um título de capitalização ou uma aplicação qualquer com taxas de administração caríssimas. Tudo isso para que o gerente atinja as suas metas.
“Mas, se o gerente não me dá os melhores conselhos, quem deve ser o responsável pelos meus investimentos?”  
Você mesmo!
Ninguém vai cuidar do seu dinheiro melhor do que você mesmo. 
Não transfira essa responsabilidade para ninguém.
Mesmo que você se ache um leigo em finanças. É muito simples montar uma carteira e investir ao longo da vida. Falaremos mais sobre isso daqui a pouco.

4 – Não assuma toda a responsabilidade sozinho

Eu não sei o que acontecia no dia a dia da casa do Seu Nestor, mas arrisco um palpite:
Talvez Nestor fosse um sujeito centralizador que nunca dialogou sobre as economias domésticas com a esposa e com os filhos.
Isso é um erro muito comum.
Quem não conversa com a família sobre a necessidade de poupar para a aposentadoria acaba carregando uma pressão desnecessária sobre os ombros. 
É claro que a sensação de comprar uma roupa nova é mais agradável do que passear no shopping e voltar de mãos vazias.
Mas seus familiares conhecem o seu projeto de aposentadoria?
Talvez se conhecessem, muitos incômodos poderiam ser evitados.
Minha sugestão é que você faça uma planilha com metas individuais para cada membro e mensalmente você cruze os dados alcançados com os projetados.
Além de um estímulo, essa prática mostra quanto a família terá daqui a alguns anos.
Com todo mundo participando, o objetivo é alcançado com muito mais facilidade.

5 – Não gaste dinheiro com juros

Pense em algo óbvio. Algo que talvez nem precisasse ser dito.
Não gaste dinheiro com juros é uma dessas coisas. Tão óbvio que às vezes até esquecemos de seguir…
Não existe 12 vezes sem juros. 
Se a loja que você está comprando insistir que o valor à vista é o mesmo do valor em 12x, vá até a loja concorrente.
É claro que existem momentos que a taxa de juros pode valer a pena. Mas você precisa fazer os cálculos.
Enquanto escrevo este texto, leio na tela ao lado que os juros ao consumidor batem novo recorde.

Fonte: O Financista

No famigerado rotativo do cartão de crédito, as taxas anuais atingem 372% ao ano, segundo o Banco Central.
Nunca caia na armadilha do crédito fácil. Quanto mais fácil, mais vantajoso para o banco.
Por isso que um cartão de crédito você consegue fazer apenas atendendo uma ligação. Já um crédito imobiliário com taxa de 8% ao ano, você só consegue fazer passando horas na agência.
Lembre-se dos R$ 60 bilhões de lucro. Boa parte deles vem dos juros que pagamos.

6 – Não subestime o seu número mágico

Eu costumo chamar aquele valor que sonhamos alcançar ao longo da vida para não precisar trabalhar mais de número mágico.
Muita gente faz esse exercício ao jogar na Mega-Sena, pensando que, se ganhar os milhões do prêmio, viverá apenas dos juros.
Infelizmente, os juros que você receberá do banco ao aplicar a bolada são infinitamente menores dos que os 372% cobrados do seu cartão de crédito.
Por isso é importante que você não subestime o seu número mágico.
Já ouviu falar do caso da família Guinle?
Foi a família que construiu, entre outras coisas, o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, e o Porto de Santos.
Um dos herdeiros da fortuna dos Guinle chegou a dizer que “o segredo do bem viver é morrer sem um centavo no bolso. Mas errei o cálculo e o dinheiro acabou antes da hora.” 
Estima-se que Jorginho Guinle tenha torrado US$ 80 milhões ao longo da vida. Toda a herança que o pai, Carlos Guinle, havia lhe deixado.
Seu filho Gabriel se tornou agente penitenciário em Bangu 3 após ter dificuldades de pagar a própria faculdade. Nem de longe o seu modo de vida lembra a extravagância que fez parte do dia a dia de seu pai Jorginho.
É claro que essa história é um caso extremo de alguém que decidiu viver como um playboy durante a vida inteira.
Mas serve para ilustrar bem o que acontece quando o dinheiro acaba antes do esperado.
Eu sempre digo isso aos meus leitores: “você deve ter o suficiente para usar apenas os juros e nunca o próprio capital.”
Vamos dar um exemplo: digamos que, aos 60 anos de idade, você tenha R$ 2 milhões aplicados e queira parar de trabalhar.
Caso você invista de forma a conseguir 6% ao ano + inflação, você teria anualmente disponíveis R$ 120 mil + inflação. Ou seja, R$ 10 mil por mês.
Dessa forma, você sabe que não pode viver como um playboy e gastar mais de R$ 10 mil mensais. Caso contrário, o risco do dinheiro acabar antes do esperado é grande.
De quebra, você deixaria para seus herdeiros os R$ 2 milhões corrigidos pela inflação.

7 – Não troque de ativos toda hora

Tão importante quanto criar um hábito de poupar mensalmente é investir esse dinheiro de forma inteligente.
Em períodos como os atuais, com a Selic batendo na casa dos 15%, a renda fixa facilita muito a nossa vida.
Mas lembre-se de que poupar e investir para a aposentadoria é um processo que dura décadas.
A farra dos títulos públicos com essas taxas não vai durar para sempre. E quando acabar, você vai recorrer à Poupança?
Claro que não.
É fundamental que o poupador que busca uma aposentadoria milionária tenha sua carteira de investimentos diversificada e adequada para cada momento econômico.
Ter ações de boas empresas dá um excelente empurrão e faz os objetivos serem alcançados muito mais rápido.
Eu não sou adepto das práticas compulsivas de trocar de ativos ao sabor do vento.
Defendo que o investidor deve escolher muito bem o seu portfólio e manter a mesma estratégia por bastante tempo.
Se necessário, fazer pequenos ajustes no percurso.
Com a prática de trocar os ativos a toda hora, um investidor amador que não esteja bem assessorado tem grandes chances de cometer o maior dos pecados:
Comprar na alta e vender na baixa
Uma série de fatores comportamentais corroboram para isso. Não vem ao caso explicá-los agora.
Mas o conselho que dou a você e ao filho do Seu Nestor é: não troque de ativos toda hora.
Às vezes é muito doloroso passar por um período de turbulência e ver o ativo caindo na tela do computador sem fazer nada. Porém, no fim das contas vale muito a pena ser forte.

8 – Não pense que aposentadoria é coisa para idosos

Como escrevo a série de Aposentadoria da Empiricus, é muito comum ouvir coisas do tipo:
“Achei o texto dessa semana sobre aposentadoria muito interessante, até enviei para o meu pai.”
Nessas hora eu não sei se fico feliz com o elogio ou se choro por não ter conseguido passar uma das principais mensagens da série:
Aposentadoria é para hoje. É para você. Não é para seus pais ou avós. 
A proposta da séria Aposentadoria Milionária é trilhar uma jornada de investimentos ao longo da vida, maximizando os rendimentos, para chegar à velhice com tranquilidade financeira.
Então não pense que a palavra “aposentadoria” é coisa de idoso. Se você está trabalhando ainda, aposentadoria é uma da palavras mais importantes.
Esteja você com 20 anos, 35 como o filho do Seu Nestor ou com 50 anos.
Dito isso, espero que o filho do Seu Nestor nunca encaminhe um email sobre aposentadoria para seu pai.
Já que estamos de acordo que o momento para agir é agora… o que você pode fazer para não virar um aposentado como o Seu Nestor?

Um conselho de pai para filho

Acabamos de falar sobre os erros financeiros mais comuns que levam uma pessoa a envelhecer com arrependimentos e frustrações.
Que presente maravilhoso é o pai vendo seu filho construir um patrimônio robusto…
Quem sabe até ajudar o “seu velho” a completar a aposentadoria do INSS nos dias mais difíceis.
Mas tudo isso só será possível se você atacar em duas frentes fundamentais:
- Poupar mensalmente uma parte dos seus rendimentos;
- Aplicar seu dinheiro de forma inteligente e segura.
É essa fórmula que meu pai me ensinou.
Acreditando nela, eu estudei muito para poder indicar aos meus leitores a melhor forma de potencializar os investimentos.
 (...)
Ninguém pode controlar a macroeconomia, nem prever quem será o próximo presidente ou o que vai acontecer com a Bolsa.
Sequer temos a garantia de estarmos bem empregados daqui a 10 anos.
Mas podemos perfeitamente ser um pouco mais ricos amanhã do que somos hoje.
Fazendo agora a sua assinatura e seguindo os passos e as recomendações do projeto, posso lhe assegurar sem medo que daqui a um ano você já estará substancialmente mais rico.
O mesmo se dará em 2016. E em 2017, 2018, 2019… até chegar o ano de sua independência financeira.
Mas não adianta ficar olhando pro teto, chorando por causa da crise e esperando uma vida de marajá cair no colo.
(...)
Um abraço,