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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O clima em forma de festa: 180 pessoas na delegacao do Brasil em Paris

Que bonito! Deve ser uma das delegações mais importantes do planeta: quase uma pessoa por  e para cada um dos países membros da ONU, sendo que muitos deles comparecem com delegações mais modestas.
Não seja por isso: o Brasil completa todos os espaços disponíveis nos hoteis e restaurantes e oferece passagens e diárias para todos e cada um deles.
Mas, será que todos vão mesmo receber as suas diárias?
Depois do decreto de contingenciamento, o govern ameaça dar calote nesse tipo de despesa...
Quanto está o euro mesmo?
Paulo Roberto de Almeida


COLUNA ESPLANADA

Paris é uma festa

Representantes da união, estados e municípios estão em Paris para a COP 21, a conferência do clima, com custos pagos pelo contribuinte


Paris é uma festa
cerca de 180 pessoas de delegações brasileiras, representantes da união, estados e municípios estão em Paris para a COP 21 (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Enquanto o país agoniza numa crise político-econômica e ambiental (em Minas e no Espírito Santo), cerca de 180 pessoas de delegações brasileiras, representantes da união, estados e municípios estão em Paris para a COP 21, a conferência do clima, com custos pagos pelo contribuinte. A comitiva do Governo federal soma 40 integrantes, incluindo a presidência e seis ministérios. Do governo de São Paulo são 19 – 13 da Secretaria de Meio ambiente e seis do staff de Geraldo Alckmin. Os governadores do Acre (13 na comitiva) e Mato Grosso (12) levaram suas primeiras-damas.
Press trip
Do Rio, partiu o prefeito Eduardo Paes com cinco jornalistas e 24 na comitiva no total. Quatro foram do Governo do Estado.
Oh, Minas Gerais..
Minas Gerais marca presença em peso. O governador Fernando Pimentel levou 15 pessoas, do gabinete e de estatais.
Cresce a fila
No Senado, foi o líder Cassio Cunha Lima (PSDB-PB) o relator da polêmica MP do caso André Esteves & Eduardo Cunha, com 45 milhões de motivos para dar encrenca.

domingo, 28 de outubro de 2012

Estado Brasileiro: um obstrutor do desenvolvimento - Editorial Estadao

Há muito tempo que venho repetindo isto: o Estado brasileiro, que outrora, no século passado, foi um promotor do desenvolvimento econômico e social, tornou-se, desde os anos 1990, pelo menos, o principal obstrutor do crescimento econômico e da prosperidade social.
Literalmente TUDO o que depende apenas do setor privado e dos esforços individuais registra um progresso sensível, e TUDO o que depende do Estado demonstra um atraso inaceitável, indesculpável, criminoso, mesmo.
Enquanto os brasileiros não aceitarem essa constatação singela, quase simplória, evidente ao ponto do óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues, eles continuarão a demandar políticas públicas, ativismo estatal, e os empresários também demandarão "políticas setoriais", todos mistificados por um Estado ineficiente, perdulário, assaltado por hordas de oportunistas sedentos de recursos públicos, quando não por companheiros interessados no seu enriquecimento pessoal e no seu projeto de poder, que é, obviamente, a eternização do monopólio político.
Sinto muito pelos brasileiros, mas eles aprenderão pela via mais desastrosa, que é a da falência dos serviços públicos, do endividamento excessivo, da corrupção e dos gastos inúteis.
Talvez um dia tenhamos, por via do que eu chamo de  "fronda empresarial", uma revolta contra esse mesmo Estado, uma contenção desse ogro famélico, dotado de uma voracidade tributária sem par nos exemplos conhecidos, e o início de uma outra via, de maior liberdade econômica via mercados (aliás detestados pelos companheiros famélicos de poder). Vai ser pelo lado mais difícil, mas parece que será assim.
Paulo Roberto de Almeida 

Brasil rico, Brasil pobre

Editorial O Estado de S.Paulo28 de outubro de 2012
O aumento da renda nos últimos dez anos proporcionou uma notável melhora no padrão de vida da maioria das famílias brasileiras, aproximando-o de indicadores de países desenvolvidos, se o que se leva em conta é a aquisição de bens de consumo. No entanto, como mostrou o jornal Valor (21/10), se o critério for o fornecimento de serviços públicos básicos, pelos quais o Estado é diretamente responsável, uma boa parte desses mesmos cidadãos ainda convive com situações típicas dos países mais pobres do mundo. Ou seja: quando depende da renda das famílias, o avanço dos brasileiros na direção do mundo do conforto é significativo; no entanto, quando há necessidade de investimentos estatais, as demandas mais óbvias de grande parte da população ainda estão muito longe de serem satisfeitas.
O Brasil é hoje o oitavo maior mercado consumidor do mundo, segundo o Fórum Econômico Mundial. Desde 2001, saltou de 85,1% para 96,3% o total de domicílios que dispõem de geladeiras. No caso dos televisores, o índice passou de 89% para 97,2%, e no de máquinas de lavar, de 33,6% para 51,6%. Quase 100% das casas agora têm fogão, e o número de residência com computador ligado à internet quadruplicou, chegando a 37,1%. Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), esses dados têm relação direta com a redução da desigualdade de renda verificada no período. Houve expansão de 16% do rendimento médio real do trabalho entre 2001 e 2011, e esse crescimento foi mais acentuado entre os 50% mais pobres da população. Estudo da Fundação Getúlio Vargas indica que o ganho nessa faixa foi de 68% acima da inflação. Além disso, o total de trabalhadores com carteira assinada cresceu 48,1% entre 2003 e 2011.
Ao mesmo tempo, a oferta de crédito, capitaneada por bancos oficiais, passou de 25% para 51% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2002 e agosto passado, o que, ao lado do abatimento de impostos para reduzir os preços, também ajuda a explicar o aumento substancial da aquisição de bens duráveis. Com relativa estabilidade de emprego e de ganhos salariais, aliada ao crédito fácil e aos incentivos estatais, os brasileiros foram às compras.
No entanto, muitos desses consumidores da "nova classe média", que passaram a assistir a seus programas favoritos em modernas TVs de tela plana, são os mesmos que topam com lixo na porta de casa, que enfrentam esgoto a céu aberto e que não têm escola com qualidade ao menos razoável para seus filhos.
O IBGE mostra que cerca de 40% das residências brasileiras não dispõem de abastecimento de água e coleta de esgoto. A comparação com os países ricos é dramática: nos Estados Unidos, segundo o Valor, apenas 0,6% das casas não tinham água encanada e vaso sanitário com descarga em 2011. Ainda segundo o IBGE, 11% das casas brasileiras não têm nenhum tipo de saneamento básico e 5% convivem com lixo acumulado. E 40% dos logradouros não têm nenhuma identificação, de modo que seus habitantes não sabem dizer exatamente onde moram. O quadro é igualmente sombrio na educação. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de 2011 mostra que, no ensino médio, a maioria dos alunos não sabe ir além das quatro operações aritméticas nem consegue ler e escrever de modo satisfatório.
Tudo isso se reflete na capacidade do Brasil de competir por mercados. O último ranking do Fórum Econômico Mundial sobre o tema indica que o País, embora tenha subido cinco posições, para o 48.º lugar, ainda marca passo em indicadores-chave. No item "saúde e educação básica", por exemplo, o Brasil figura em 88.º lugar entre 144 países, perdendo 9 posições desde 2009.
Como se observa, lentamente estamos deixando de ser a "Belíndia", à qual se referiu o economista Edmar Bacha, em 1974, para designar a concentração de renda que gerou o abismo entre o minúsculo Brasil rico, isto é, a "Bélgica", e o enorme Brasil pobre, a "Índia". Agora, o País está mais para um "Engana", apelido dado recentemente pelo ex-ministro Delfim Netto para designar esse festejado Brasil que tem renda da Inglaterra (England), mas que ainda dispõe de serviços públicos de Gana.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Estado brasileiro: campeão de investimentos...

...calma!
Campeão de investimentos em si próprio...
Paulo Roberto de Almeida 



Érica Fraga
 Folha de S.Paulo, 31/10/2011

Uma fatia pequena do aumento expressivo da carga tributária ocorrido desde meados da década de 90 se traduziu em novos investimentos públicos no Brasil. De cada R$ 100 a mais em impostos arrecadados entre 1995 e 2010, apenas R$ 8,6 foram direcionados para elevar investimentos feitos pelo governo, como construção de escolas e hospitais, ampliação de portos e aeroportos e melhorias em estradas. A conta é do economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central. A elevação significativa da carga tributária nos últimos anos serviu principalmente para sustentar o aumento dos gastos correntes do governo, que incluem benefícios sociais e salários de funcionários públicos. “Nós aumentamos a carga tributária para gastar mais”, afirma Schwartsman.
Os investimentos da chamada administração direta (incluindo governos federal, estaduais e municipais) cresceram R$ 56,9 bilhões entre 1995 e 2010, descontada a inflação. Esse aumento equivale a 8,6% dos R$ 661,6 bilhões a mais arrecadados. “O governo está tomando muitos recursos sob a forma de impostos e retribuindo muito pouco em investimentos”, diz o economista Marcelo Moura, do Insper. Moura ressalta que, em 2010, quase metade das despesas do governo federal foi direcionada a gastos sociais (como os programas de transferências de renda e a previdência social). Outros 25% cobriram gastos com servidores públicos e 6,8% se converteram em investimentos.