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sábado, 18 de julho de 2020

Baixe gratuitamente 8 livros de História para entender o Brasil

Baixe gratuitamente 8 livros de História para entender o Brasil 


Foto: Pixabay
RAÍZES DO BRASIL - SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA  
Publicada em 1936, "Raízes do Brasil" aborda aspectos centrais da história da cultura brasileira. O texto consiste de uma macrointerpretação do processo de formação da sociedade brasileira. 
A tese central é a de que o legado personalista da experiência colonial constituía um obstáculo a ser vencido para o estabelecimento da democracia política no Brasil. Destaca, nesse sentido, a importância do legado cultural da colonização portuguesa do Brasil e a dinâmica dos arranjos e adaptações que marcaram as transferências culturais de Portugal para a sua colônia americana.
Vale notar as atuais críticas à obra, a mais recente por Jessé Souza, em A elite do Atraso, dado que Sérgio Buarque constrói, em essência, uma visão culturalista, numa tentativa de substituir o racismo vigente à época, do contexto sociocultural brasileiro. 
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O ABOLICIONISMO - JOAQUIM NABUCO 
Através da análise do livro de Joaquim Nabuco, intenso defensor do abolicionismo, percebem-se argumentos sólidos e, sem dúvida, ainda vivos no pensamento concernente à realidade nacional. 
O abolicionismo foi visto por Nabuco de forma a transcender o aspecto humanitário da exploração da raça negra e também como uma necessidade de desenvolvimento moral e econômico para o país. 
Pensar a relevância de tais argumentos torna-se o centro do trabalho proposto e nos abre a uma frutífera reflexão sobre a modernidade brasileira.
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SER ESCRAVO NO BRASIL - KÁTIA DE QUEIRÓS MATTOSO 
Publicada inicialmente na França em 1979, "Ser escravo no Brasil" teve quatro edições em português e uma em inglês antes de ter sua segunda edição em francês. 
Tornou-se, de fato, uma obra de referência indispensável para quem deseja compreender o Brasil e a escravidão na América. 
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A INTEGRAÇÃO DO NEGRO NA SOCIEDADE DE CLASSES - FLORESTAN FERNANDES 
Um dos objetivos de "A integração do negro na sociedade de classes" é o de demolir o mito da “democracia racial” brasileira e o autor, Florestan Fernandes, analisou diversos dados referentes à população negra em São Paulo, especialmente na primeira metade do século XX. 
O que fica bem claro é que a abolição da escravatura libertou os negros “oficialmente”, mas que na prática a discriminação e a submissão da população negra aos brancos continuaram na vida cotidiana. 
Ignorados pela República, que se preocupou mais em trazer milhares de imigrantes europeus com o indisfarçável objetivo de promover o branqueamento da população brasileira, os negros acabaram por ser preteridos pelos imigrantes no mercado de trabalho. 
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CASA GRANDE E SENZALA - GILBERTO FREYRE 
"Casa-Grande & Senzala" é um livro do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre publicado em 1933. Freyre apresenta a importância da casa-grande na formação sociocultural brasileira, assim como a da senzala na complementação da primeira.
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FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO, COLÔNIA - CAIO PRADO JUNIOR 
Em sua obra, Caio Prado busca salientar a formação econômica do povo brasileiro, bem como o desenvolvimento do capitalismo. 
No seu conjunto, a colonização toma o aspecto de uma vasta empresa comercial, destinada a explorar os recursos naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu. 
Este é o verdadeiro sentido da colonização tropical, de que o Brasil é uma das resultantes; e ele explicará os elementos fundamentais, tanto no plano econômico como no social, da formação e evolução da formação da história dos trópicos americanos. 
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AMERICA LATINA, MALES DA ORIGEM - MANOEL BOMFIM 
Livro publicado em 1905, é referência para os estudiosos das ciências sociais brasileiras. Embora Sergio Buarque de Holanda, Celso Furtado, Gilberto Freyre tenham se tornado mais populares entre os leitores por suas obras da década de 1930, Bomfim foi pioneiro em criticar o “parasitismo social” no Brasil. 
A diferença de Bomfim para os demais é que ele não foca seu estudo apenas na realidade brasileira, mas analisa a América Latina em geral. 
Para ele, “da civilização, os latino-americanos só possuem os encargos”, chegando ao extremo de dizer que “nem paz, nem ordem, nem higiene, nem cultura, nem instituições, nem gozos estéticos, nem riqueza, nem trabalho livre, muitas vezes nem possibilidade de trabalhar, nem atividade social, nem instituições de verdadeira solidariedade e cooperação; nem ideias, nem glórias, nem beleza (…) Sociedades novas, inegavelmente vigorosas, prontas a agir, mas, nas quais, toda a ação se resume na luta terra a terra pelo poder, no que ela tem de mais mesquinho e torpe. Fora daí, a estagnação: miséria, dores, ignorância, tirania, pobreza.” 
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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Gilberto Freyre e Rabindranath Tagore - A.R. Venkatachalapathy


The Telegraph India, 
  • Published 26.12.18, 8:17 AM
  • Updated 26.12.18, 8:44 AM

When a Brazilian historian met Tagore in New York

Historical sociologist Gilberto Freyre was charmed by Tagore's ideas

The Nobel Prize won Rabindranath Tagore world renown. With our colonial hangover, we often conflate the world with the West. But Tagore’s fame spread was not confined to the West. He was feted in China and in Japan as well. To this one must add Latin America. Within years of the Nobel, Tagore’s poems were being translated into Spanish. Tagore even made a short, if truncated, visit to Argentina in late 1924 and early 1925. In 1924, a twenty-year-old Pablo Neruda paraphrased a poem from Tagore’s The Gardener in his Twenty Love Poems and a Song of Despair. The book sold over a million copies, and the poet himself went on to win a Nobel about half a century later. Translated into most Indian languages, the Chilean poet writing in Spanish needs little introduction. 
At about the same time that Neruda paid poetic tribute to Tagore, another brilliant young Latin American, a Portuguese-speaking Brazilian, met Tagore in New York. This was the historical sociologist, Gilberto Freyre (1900-1987, picture). Not nearly as well known globally as Neruda, Freyre is nonetheless a major cultural figure in Brazil. His trilogy on the making of modern Brazil through its colonial encounter — The Masters and the Slaves, The Mansions and the Shanties, and Order and Progress — remains a classic. Of Freyre’s work it has been said that it almost single-handedly changed Brazil’s image of itself: at ease with its own identity, it no more wished to be like Europe. Celebrating miscegenation, Freyre pushed Brazil to see itself as a fusion of three cultures — native Indian, Portuguese and African. Freyre’s mastery of the historian’s craft and sociological theory apart, he was a literary stylist. Despite many stints in various prestigious universities across the world, Freyre was more a public intellectual. Immersed in politics — he was once Brazil’s delegate to the United Nations with the rank of an ambassador — Freyre’s support for the Salazar dictatorship in Portugal and the Branco dictatorship in Brazil made him controversial.
Freyre’s reputation in the English-speaking world owes much to his discovery by the American publisher, Alfred A. Knopf. From the mid-1940s, Knopf commissioned and published translations of his works. But Freyre’s name remains obscure outside Brazil. Recently, Peter Burke and Maria Lúcia G. Pallares-Burke, who describe his work as “a social theory in the tropics”, have tried to underline the continuing relevance of his work. 
Freyre was a precocious young man. He began his college education in the United States of America in Baylor University in Texas. During this time, he got to personally know W.B. Yeats, the Irish poet and Tagore’s great early champion. Even before collecting his degree at Baylor, in 1920, he joined Columbia University in New York and studied with Franz Boas who is often referred to as ‘the father of American anthropology’. 
Shortly after his admission to Columbia University, towards the very end of October 1920, Tagore arrived in New York. Tagore was on a world tour to raise funds for Visva-Bharati. This was the third of his five visits to the US. Unlike the adulation that he received on his earlier visits, as an exotic novelty from the East, the reception now was tepid. Spurned by the Rockefellers and the Carnegies, Tagore spent most of his time cooped up in Manhattan. 
On one occasion, some students from Columbia University were invited to a tea hosted in his honour. Among them was “a restless young South American eager to learn”: Gilberto de Mello Freyre. As Freyre recalled, writing in the early 1960s, Tagore was then as old as Freyre was at the time of writing: he was pushing sixty. Tagore’s “face... was surprisingly young, although his long beard and long hair were already completely white. Dazzlingly white.” But his voice, like that “of a girl, contrasting oddly with his virile, biblical prophet’s air”, surprised Freyre.
The students enthusiastically conversed with “one of the world’s greatest living poets”. The subjects spoken about were wide-ranging but predictable. Apart from the British presence in India, art, literature, religion and philosophy were discussed. Freyre was already under “the stimulating influence of Yeats” and, therefore, comparison was inevitable. Freyre considered both to be geniuses, although Yeats did not make himself “known by either wide, staring eyes or wild, unkempt hair”. In Tagore, Freyre saw the gaze and smile of an eternal child.
Apart from Tagore’s appearance, Freyre was charmed by his ideas. More than ten years after this memoir, he would reflect on his poetry in a short essay, “Tagore: A Brazilian view of his lyrical poetry”. Tagore’s “international spirit” and his desire that the East and the West comprehend each other held Freyre’s attention. As Tagore spoke about his dream project of building Visva-Bharati, Freyre admired the spirit behind it. 
After the talk that afternoon — most likely to have been the lecture, ‘East and West’, collected later in Creative Unity (1922) — Tagore turned to Freyre. As Freyre was sipping some Indian tea, Tagore greeted him with the words, “You look like an Indian. Where are you from?” On hearing his reply, the poet remarked in his mellifluous voice, “Ay, yes, from Brazil”. Freyre wondered if Tagore was “reluctant to reveal either his knowledge of a country that was so remote or his curiosity about what was then a terra incognita to even the most knowing Orientals”.
Tagore’s fame apparently did not leave even the terra incognita untouched.

The author is a historian and Tamil writer based in Chennai

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Livros adquiridos em viagem, velhos e novos...

Trazidos de viagem, para ler:

1) Um muito antigo, várias vezes referido na literatura, nunca encontrado, agora achado num sebo de Porto Alegre, apropriadamente chamado de "Livraria Erico Verissimo" (sem acentos), em frente ao nosso hotel, na rua Jerônimo Coelho, mantido na saudável bagunça dos sebos por sua dona, a Sra. Denise Filippini.
O livro de Edgard Cavalheiro, Monteiro Lobato, vida e obra (São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1955), é infelizmente apenas o primeiro volume de dois, terminando, este, com sua luta em torno da descoberta de petróleo no Brasil, concluindo-se pela sua prisão, sob ordens do ditador do Estado Novo, no início de 1941.

2) O segundo eu já li muitos anos atrás, emprestado de alguma biblioteca, não me lembro agora qual, e nem me recordo se foi no Brasil ou no exterior. O Caráter Nacional Brasileiro (8a edição; São Paulo: Unesp, 2017), de Dante Moreira Leite, originalmente uma tese de doutorado na USP, em 1954, na verdade beneficiou-se de aportes subsequentes, a partir da segunda edição, é um livro quase único, ao analisar criticamente não só os conceitos principais em perspectiva comparada (nacionalismos europeus, universalismo, caráter nacional), mas também os grandes autores brasileiros sobre a formação da nação, ou sua interpretação sociológica (Oliveira Viana, por exemplo), ou antropológica (em Gilberto Freyre, bastante destacado). Uma leitura essencial para conhecer os intérpretes do Brasil, e como foi se constituindo nossa psicologia coletiva.

3) O terceiro livro, finalmente, eu não conhecia, por ter sido publicado quando eu estava fora do país, mas já sabia dos trabalhos do autor em torno de Sérgio Buarque de Holanda e de Oliveira Lima, tendo inclusive participado de um volume especial, que Antonio Arnoni Prado organizou, da revista Remate de Males (UniCamp, onde ele é professor), em torno do historiador e diplomata pernambucano. Dois letrados e o Brasil nação: a obra crítica de Oliveira Lima e Sérgio Buarque de Holanda (São Paulo: Editora 34, 2015) analisa e compara os escritos dos dois grandes historiadores brasileiros.

Vão todos para a minha pilha de leituras de cabeceira, embora eu já tenha folheado os três, e sei o que buscar, ler ou reler em cada um deles.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 10 de janeiro de 2018

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Edson Nery da Fonseca: falece o grande especialista em Gilberto Freyre

FALECE EDSON NERY DA FONSECA - (*06/12/1921 +22/06/2014)

O bibliotecário, professor e escritor pernambucano Edson Nery da Fonseca faleceu neste domingo (22), em sua casa, em Olinda-PE, vítima de complicações causadas por infecções urinária e pulmonar. Edson Nery da Fonseca foi Coordenador de Assuntos Internacionais da Fundação Joaquim Nabuco na década de 1980 e também membro do Seminário de Tropicologia. O escritor estava acamado havia muito tempo e recebia atendimento médico domiciliar. O quadro se agravou nos últimos dias.

Na segunda-feira (23), parentes, amigos e admiradores compareceram à missa de corpo presente, realizada no Mosteiro de São Bento, também em Olinda, às 9h.  O sepultamento aconteceu no Cemitério dos Ingleses, no Recife, logo em seguida.

Edson Nery publicou cerca de 20 livros, alguns com a ajuda do historiador e pesquisador Clênio Sierra de Alcântara, que o acompanhou nos últimos anos. Ele recebeu da editora, na quarta-feira, a versão final de "A cidade e a história", livro escrito em homenagem a Edson Nery da Fonseca. A obra não chegou a ser compartilhada com o bibliotecário. "Era muito bom conversar com ele, que tinha uma memória, sabia contar as histórias do passado. Era um grande homem", disse.

Nascido no Recife em 1921, Edson Nery da Fonseca foi bibliotecário no governo municipal, nos anos 1940, sendo convidado, em 1950, pelo reitor da então Universidade do Recife (futura Universidade Federal de Pernambuco - UFPE), professor Joaquim Amazonas, para fundar o curso de biblioteconomia. Em 1965, inaugurou a mesma graduação na Universidade de Brasília (UnB), junto com Darcy Ribeiro.

De 1980 a 1987, atuou como pesquisador na Fundação Joaquim Nabuco . Em 1991, se aposentou da UnB, da qual era professor emérito. Em 2011, recebeu da UFPE o título de doutor honoris causa.

Considerado o maior especialista na obra do sociólogo Gilberto Freyre, Edson Nery da Fonseca organizou e publicou diversas obras sobre ele. Uma delas foi “O Grande Sedutor - Escritos sobre Gilberto Freyre de 1945 até hoje”. O livro reúne 135 textos de Edson Nery da Fonseca sobre Gilberto Freyre. O autor sempre recusou o rótulo de curador de Freyre, deixando essa função para a Fundação dirigida pela filha do sociólogo.

Depois que Gilberto Freyre morreu, Nery publicou quatro livros dele, um deles atendendo ao pedido do próprio autor: "Palavras repatriadas" reúne textos/conferências escritos/proferidas em inglês e vertidas por diferentes tradutores para o português.


Fonte: Site da Fundaj

domingo, 21 de julho de 2013

Gilberto Freyre: um dos grandes das Ciencias Sociais do Brasil

Gilberto Freyre

O sociólogo Gilberto de Mello Freyre morreu na sua cidade natal, Recife, em 18 de Julho de 1987

Opinião e Notícia, 18/07/2013

Filho de uma família de senhores de engenho, era descendente de índios, espanhóis, portugueses e holandeses. Seu pai foi Alfredo Freyre, juiz e catedrático da Faculdade de Direito do Recife.
Ele teve o seu primeiro contato com a literatura através do romance As Viagens de Gulliver, mas apresentou séria dificuldades para aprender a ler e a escrever e só conseguiu se destacar no início da vida, através dos seus desenhos.
Por volta de 1909, ele teve as primeiras impressões do interior rural, quando passou uma temporada no Engenho São Severino do Ramo, propriedade de alguns parentes. Essa experiência seria revelada mais tarde na obra Pessoas, Coisas & Animais.

Freyre estudou na Universidade de Columbia no início dos anos 20, nos Estados Unidos, onde teve contato com o intelectual Franz Boas, uma grande referência para o sociólogo. Em 1933, seu livro mais importante foi publicado: Casa-Grande & Senzala. A obra foi consequência de longos estudos, em que o autor foi buscar também na África e em Portugal as raízes para a concepção do homem brasileiro.

Deputado Federal constituinte pela UDN (União Democrática Nacional) em 1946, sua carreira política foi marcada pela luta contra o racismo, sendo inclusive preso por ter denunciado nazistas e racistas no Brasil. Junto com o seu pai, tentou reagir à prisão e foi solto, um dia depois, por interferência do general Góes Monteiro.
Em 1950, tornou-se diretor do Centro Regional de Pesquisas Educacionais do Recife, defendendo uma política educacional atenta à diversidade do Brasil. No ano seguinte, a convite do governo português visitou Cabo Verde, Guiné, Goa, Moçambique, Angola e S. Tomé. Foi durante essas visitas que ele desenvolveu e utilizou pela primeira vez o conceito de tropicalismo e luso-tropicalismo, divulgado em 1959 no livro New World in the Tropics.
Gilberto Freyre morreu na sua cidade natal, Recife, em 18 de Julho de 1987. Monteiro Lobato descreveu a importância de Gilberto Freyre da seguinte maneira:
“O Brasil do futuro não vai ser o que os velhos historiadores disseram e os de hoje repetem. Vai ser o que Gilberto Freyre disser. Freyre é um dos gênios de paleta mais rica e iluminante que estas terras antárticas ainda produziram.”

segunda-feira, 8 de março de 2010

1756) Gilberto Freyre: minibiografia


Biografia
Gilberto Freyre

Opinião e Notícia, 30/11/2007

O sociólogo Gilberto de Mello Freyre nasceu em 15 de março de 1900 em Recife.

Filho de uma família de senhores de engenho, era escendente de índios, espanhóis, portugueses e holandeses. Seu pai foi Alfredo Freyre, juiz e catedrático da Faculdade de Direito do Recife.

Ele teve o seu primeiro contato com a literatura através do romace As Viagens de Gulliver, mas apresentou séria dificuladades para aprender a ler e a escrever e só conseguiu se destacar no início da vida, através dos seus desenhos.

Por volta de 1909, ele teve as primeiras impressões do interior rural, quando passou uma temporada no Engenho São Severino do Ramo, propriedade de alguns parentes. Essa experiência seria revelada mais tarde na obra Pessoas, Coisas & Animais.

Freyre estudou na Universidade de Columbia no início dos anos 20, nos Estados Unidos, onde teve contato com o intelectual Franz Boas, uma grande referência para o sociólogo. Em 1933, seu livro mais importante foi publicado: Casa-Grande & Senzala. A obra foi consequência de longos estudos, em que o autor foi buscar também na África e em Portugal as raízes para a concepção do homem brasileiro.

Deputado Federal constituinte pela UDN (União Democrática Nacional) em 1946, sua carreira política foi marcada pela luta contra o racismo, sendo inclusive preso por ter denunciado nazistas e racistas no Brasil. Junto com o seu pai, tentou reagir à prisão e foi solto, um dia depois, por interferência do general Góes Monteiro.

Em 1950, tornou-se diretor do Centro Regional de Pesquisas Educacionais do Recife, defendendo uma política educacional atenta à diversidade do Brasil. No ano seguinte, a convite do governo português visitou Cabo Verde, Guiné, Goa, Moçambique, Angola e S. Tomé. Foi durante essas visitas que ele desenvolveu e utilizou pela primeira vez o conceito de tropicalismo e luso-tropicalismo, divulgado em 1959 no livro New World in the Tropics.

Gilberto Freyre morreu na sua cidade natal, Recife, em 18 de Julho de 1987.

Monteiro Lobato descreveu a importância de Gilberto Freyre da seguinte maneira:

O Brasil do futuro não vai ser o que os velhos historiadores disserem e os de hoje repetem. Vai ser o que Gilberto Freyre disser. Freyre é um dos gênios de palheta mais rica e iluminante que estas terras antárticas ainda produziram.”