Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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terça-feira, 10 de janeiro de 2023
segunda-feira, 26 de dezembro de 2022
O terrível legado do olavismo para a política e a cultura no Brasil - Guilherme Casarões e Paulo Roberto de Almeida
Importante artigo sobre uma das nossas misérias dos últimos anos. Eu li e comentei o artigo importante de Guilherme Casarões sobre o “legado” (se o termo se aplica) do olavismo, na atual recomposição dos movimentos de direita e de extrema-direita no Brasil.
Creio que o oportunismo fisiológico da cleptocracia de parte do estamento político brasileiro prevalecerá sobre qualquer “legado” ideológico. Mas de uma coisa estou certo: o olavismo imbecil, no campo do pensamento internacional, produziu, pelas mãos e pés de um desequilibrado primeiro chanceler (o patético e submisso EA) a maior destruição da imagem externa do Brasil e da credibilidade de sua diplomacia profissional.
Não gostaria de relembrar, por outro lado, que, à exceção dos aposentados, a quase totalidade dos diplomatas profissionais permaneceu inerme ante o trabalho de destruição de nossos princípios e valores.
Paulo Roberto de Almeida
O LEGADO DO OLAVISMO
Guilherme Casarões
O Estado de S. Paulo, 26 de janeiro de 2022
Morreu o homem que resgatou a direita do ostracismo, a radicalizou e a popularizou – tudo isso em poucos anos. Até meados da década passada, Olavo de Carvalho era um ideólogo de nicho. Com seus cursos de filosofia, pregava para algumas centenas de pessoas, potencializado pela inserção precoce no mundo digital e nas redes sociais.
O terremoto político iniciado em 2013, que levou à ascensão de vários movimentos de direita, coincidiu com a chegada de Olavo ao mainstream editorial. Em pouco tempo, o sucesso de seus livros começou a repercutir nas manifestações antipetistas, na forma de cartazes com o escrito “Olavo tem razão”. Olavo, de fato, tinha razão numa coisa. Havia um espaço enorme para o pensamento conservador no mercado das ideias políticas.
Na realidade brasileira, que o ideólogo alegava ser dominada pelo “marxismo cultural”, o fortalecimento do conservadorismo exigiria a destruição total da esquerda. A saída, portanto, era a articulação de um projeto reacionário, uma espécie de jacobinismo de direita. Esse movimento demandava três ingredientes: uma narrativa conspiracionista, uma legião de seguidores fiéis e uma liderança populista que pudesse colocar o projeto em prática.
As teorias conspiratórias foram ganhando força após 2013. Misturando perenialismo de René Guénon, variações católicas e militares do anticomunismo e a paranoia supremacista da alt-right americana, Olavo foi capaz de criar uma narrativa que acolheu e deu sentido a um número crescente de críticos ao Partido dos Trabalhadores.
Uma vez tornadas populares, as teses de Olavo trouxeram milhares de alunos, alguns dos quais passaram a compor uma suposta “nova elite intelectual” tupiniquim. Para certos influenciadores digitais e políticos, ser aluno do Olavo era a maior das virtudes, além de receita certeira de engajamento – mesmo que isso exigisse subscrever a ideias estapafúrdias, equivocadas e muitas vezes perigosas.
O ápice do olavismo deu-se em 2018, diante da possibilidade real da vitória de Jair Bolsonaro à presidência. As concepções tortas e a vocação populista do ex-capitão, mas sobretudo seu ímpeto destrutivo, casavam-se bem com o projeto reacionário de Olavo. Mais que isso: uma vez no poder, Bolsonaro poderia transformar o ideólogo em guru e seus seguidores em peças-chave do desmantelamento institucional do país. E assim o fez.
Mas a combinação entre incompetência técnica, fundamentalismo ideológico e desavenças políticas logo tornou Olavo e seu grupo um fardo para Bolsonaro. Para chegar ao fim do mandato, o governo trocou a extrema direita jacobina pela direita fisiológica, ainda que permaneça o legado de destruição em áreas tão diversas como saúde, educação e relações exteriores.
Olavo morreu, mas suas ideias permanecem – e serão chave para compreendermos o futuro da extrema direita, de Bolsonaro e da política nacional. No momento, elas estão à espera de alguém que confira alguma unidade ao movimento forjado a partir de 2013 e que vem rachando sob o peso das disputas de poder. Resta saber se o legado do olavismo sobreviverá à ganância de seus herdeiros.
Guilherme Casarões é professor da FGV EAESP
quarta-feira, 26 de outubro de 2022
Desafios da política externa brasileira no Bicentenário da Independência - Colóquio da UFGD e IDESF (YouTube)
Participei, com um atraso inicial, deste:
VI Colóquio sobre Fronteiras e Direitos Humanos na União Europeia e Mercosul
sexta-feira, 1 de julho de 2022
Jerry Dávila fará conferência de abertura da Universidade de Verão da UFMG, dia 4/07, 9hs
Grandes nomes nesta série de conferências na UFMG Summer School on Brazilian Studies. A não perder.
Nova edição de curso sobre temas brasileiros reunirá estudantes de 26 países
Promovida pela DRI, 'Summer School' começa na segunda com conferência de estudioso das relações diplomáticas com a África; palestra terá transmissão pelo YouTube
O historiador brasilianista Jerry Dávila, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, vai ministrar a conferência de abertura da UFMG Summer School on Brazilian Studies, nesta segunda-feira, 4, a partir das 9h. Dávila é autor de vários livros, entre eles Hotel Trópico: o Brasil e o desafio da decolonização africana, no qual analisa a diplomacia brasileira entre as décadas de 1950 e 1980, mostrando que o mito da democracia racial esbarra em fortes evidências sociais de preconceito e exclusão. A conferência será transmitida pelo canal da Diretoria de Relações Internacionais, promotora do curso, no YouTube.
O evento, on-line, reunirá participantes previamente inscritos, com programação até 15 de julho. O principal objetivo é apresentar a UFMG e o Brasil ao público de universidades estrangeiras. “Essa visibilidade tem vários efeitos, inclusive o de melhorar a nossa posição em rankings internacionais, já que alguns deles levam em consideração uma espécie de ‘top of mind’ [instituições que são lembradas espontaneamente pelas pessoas]”, explica o professor Aziz Saliba, diretor de Relações Internacionais.
As atividades reunirão 58 estudantes, previamente inscritos, de 34 instituições localizadas em países de todos os continentes: África do Sul, Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, Cazaquistão, China, Egito, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, Indonésia, Itália, Japão, México, Nigéria, Panamá, Paquistão, Peru, Quirguistão, Reino Unido, Rússia, Suíça e Tajiquistão.
Participam também 38 estudantes da UFMG, dois deles do Colégio Técnico (Coltec). “Queremos nossos alunos participando da Summer School. Para eles, é uma experiência de convívio em um ambiente verdadeiramente diverso, cosmopolita”, afirma Saliba.
País complexo
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida afirma que o Brasil é um país culturalmente complexo, que desperta curiosidade e interesse. Também por isso é suscetível a análises apressadas e preconceituosas. “Um dos brasileiros mais ilustres, o compositor Tom Jobim declarou certa vez que o Brasil não é para principiantes. Construímos uma identidade atravessada por fenômenos traumáticos, como a escravidão, abrigamos a maior floresta tropical do mundo e estamos no epicentro de disputas culturais e ideológicas que marcam tempos extremamente turbulentos. Compreender o Brasil não é tarefa simples, mas acreditamos que, com esse curso, a UFMG oferecerá aos estudantes estrangeiros um panorama realista de nossas potencialidades e fragilidades como nação”, resume a reitora.
Com esse propósito, a programação terá sessões temáticas conduzidas por professores da UFMG de diferentes áreas do conhecimento: História do Brasil (Rafael Scopacasa), Geologia do Brasil (Tiago Novo), Economia brasileira (Débora Freire), Política brasileira (Bruno Reis), Direito brasileiro (Juliana Cesario Alvim Gomes), Sociedade brasileira (Corinne Davis Rodrigues), Raça no Brasil (Cristiano dos Santos Rodrigues), Política externa do Brasil (Lucas Carlos Lima) e Cultura brasileira (Heloisa Faria Braga Feichas).
No dia 6 de julho, às 14h, haverá uma sessão especial com o professor Guilherme Casarões, da Fundação Getúlio Vargas, pesquisador de temas como política externa brasileira, extrema direita e nacionalismo religioso, relações Brasil-Oriente Médio e Teoria das Relações Internacionais.
Estão previstas, ainda, aulas de português para estrangeiros e várias atividades culturais: a exibição do filme A última floresta (2021) ‒ ambientado em um território Yanomami na Amazônia ‒, com comentários do professor Ulysses Panisset, da Faculdade de Medicina da UFMG, tour virtual ao museu de arte contemporânea Inhotim, localizado em Brumadinho, e um luau.
quinta-feira, 17 de março de 2022
Os efeitos políticos da guerra nos países do Ocidente - Anthony Faiola (WP)
Nosso colega e amigo Guilherme Casarões está citado nesta matéria do grande jornalista Anthony Faiola.
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Developments from Ukraine• There has never been a speech to Congress by a foreign leader quite like the one Ukrainian President Volodymyr Zelensky delivered. Short in length, powerful in words, graphic in imagery, the address was a pointed challenge to President Biden to do more. Zelensky closed his speech by switching to English for emphasis: “You are the leader of your great nation. I wish you to be the leader of the world. Being the leader of the world means to be the leader of peace.” • With bombs falling on Mariupol, civilians sought shelter in the city’s stately theater. But on Wednesday, a Russian airstrike hit and largely destroyed the building while hundreds were taking refuge inside, according to the city council. • Officials from both Russia and Ukraine expressed cautious optimism that peace talks were making progress. Zelensky said in a video address that negotiations with Moscow were heading in a “more realistic” direction, and Russia's foreign minister said there is “hope for reaching a compromise.” • Biden said he will send $800 million more in security assistance to Ukraine, and he called Vladimir Putin a “war criminal” for the first time publicly. The Pentagon will expand the size and scope of weaponry being rushed to Ukraine, including for the first time armed drones capable of inflicting significant damage to Russian ground units. | |||||||
Putin’s praisers in the West have suffered less than you might thinkWhen Russian tanks rolled into Ukraine, some observers reasoned that the unmasking of Russian President Vladimir Putin would sour support for his Western appeasers. Voters from Peoria to Paris would witness the human suffering caused by Moscow’s invasion and come to their senses, waking as if from a daze to the moral flaws in politicians who had flattered or courted the Kremlin. Polls on both sides of the Atlantic suggest strong public outrage against Russia for its invasion of Ukraine, as well as massive support for Western sanctions. But a smattering of emerging evidence also suggests that the war’s initial impact on core support for figures who have offered praise for Putin — from former president Donald Trump to Brazilian President Jair Bolsonaro — is more of a mixed bag than the champions of liberal democracy might have hoped. Positive positions on Putin do seem to have come back to haunt some candidates. And in France, the war has changed the narrative of April’s presidential election. But for some of the highest profile figures seen as generous to Putin, initial polls show virtually unchanged or even slightly strengthened approval ratings since the Feb. 24 start of the Russian invasion. Other factors beyond the war are almost certainly driving those trends. In Brazil, for instance, observers link Bolsonaro’s recent positive bounce in the polls to domestic affairs. But there’s little evidence to suggest that his cozying up to Putin — including a visit to Moscow a week before the invasion — has damaged Bolsonaro at home. “I think the war is too far away for Brazilians to perceive it as something of immediate concern, and I’m not sure the average Bolsonaro supporter really understands his position anyway,” Guilherme Casarões, a political expert at Getulio Vargas Foundation in Sao Paulo, told me. “What’s helping him at home is optimism; the perception that the pandemic is finally coming to an end, new benefits [for the poor] and that after two years, Brazilians could finally celebrate Carnival again.” Ambiguity might be one moderating factor. Trump has called Putin “savvy” and a “genius,” and held back from denouncing the Russian leader. But he has criticized the Ukraine war, even describing it as a “holocaust.” On Feb. 24, FiveThirtyEight’s polling averages showed favorable views of Trump at 42.9 percent — a figure that by March 15 had shifted slightly, to 41.8 percent. A Wall Street Journal poll showed Trump’s support in early March at 41 percent, unchanged from last November. The Journal poll did show a disconnect between a growing edge for Republicans in U.S. midterm elections, and Trump’s flatlined numbers. But there is little indication that Trump has bled core support since the war began, or that his views have necessarily hurt his party. Observers cite the extent of political polarization in Western democracies: Voters will not change hard-held views overnight, particularly as some politicians contort to recast or sidestep favorable stances toward Putin. But the minimal shift also speaks to how some voters exist in the echo chambers of their own beliefs — including in far-right news and social media outlets still rife with Kremlin talking points. Putin has also used language designed to appeal to the hard-right in the West — following a script that has flipped in recent years, as segments of the right that once embraced Cold War militarism turned toward Russia, and progressives became harsher critics. He has cast his war as one against those who would undermine “traditional values” while insisting his enemies are trying to “cancel” Russia. “It goes to show you that in terms of public opinion, people remain in their silos,” Vera Zakem, an expert on the intersection between information and foreign policy at the Center for Strategic and International Studies, told me. “They’re going to believe whatever truth or disinformation fits their views.” Nowhere has the impact of the war on a Western election been greater than in France. Ahead of the April 10 presidential vote, incumbent Emmanuel Macron has surged in the polls since the invasion. After a failed attempt at peacemaking in Moscow, he moved to punish Putin with sanctions and position himself as Europe’s wartime leader. His history of maintaining a pro-Europe line has stood in stark contrast to the records of two of his far-right challengers — Marine Le Pen and Éric Zemmour — as well as the far-left candidate Jean-Luc Mélenchon, all of whom have now had to defend Kremlin-friendly pasts. But while Macron is surging, Le Pen, his closest rival, is not necessarily doing worse. In Politico’s poll of polls, the far-right, nationalist dynast whose party borrowed funds from a Russian bank in 2017 — and released a pamphlet just last month with a photo in which Le Pen is seen shaking hands with Putin — has actually edged up from 17 percent to 18 percent since the war began. In a second-round runoff, the poll predicts, she would score 42 percent — significantly better than her dismal 2017 showing of 33.9 percent. That may be partly because Zemmour — a right wing commentator and provocateur — has borne more of the brunt of the post-invasion backlash. In recent days, videos suggesting the extent of his leanings have emerged in France, including one where he describes Putin as the “last resistance fighter against the storm of political correctness.” Since the day of the invasion, Zemmour’s support has sunk by 3 percentage points to 12 percent. Meanwhile, Le Pen has been at least moderately successful at a new balancing act — denouncing the war, while also portraying sanctions against Russia as wrong for France on economic grounds. “I do think the war has really put these candidates who defended Putin on the defensive … but it’s hurt Zemmour more,” Benjamin Haddad, senior director of the Atlantic Council’s Europe Center, told me. “Le Pen is maybe more resilient because she spoke less about Putin than Zemmour, and everything he’s said is being aired now. Until right before, he’d been saying that Putin would never invade Ukraine. Now he’s trying to say he was wrong, and praising [Ukrainian President Volodymyr Zelensky]. But he’s lost momentum.” Still, it’s hard to grasp the true influence of the war, and past support for Putin, on political popularity. Other factors — including new accusations of sexual assault against Zemmour — could be playing a role. It was never just the far-right in France, or other parts of Europe, who embraced Putin. Many on the far-left clung to the communist nostalgia of the Soviet Kremlin, seeing its latter-day version as an antidote to American hegemony, or in some cases, adopting a knee-jerk unwillingness to criticize aggressors on the world stage other than the United States. Even some European centrists approached Putin with friendly pragmatism. But Macron’s rise — since the invasion, he’s leaped from 25 percent to 30 percent in Politico’s poll — appears linked to his success at transforming the war into his primary talking point, making criticism of his domestic policies hard to stick now. “Obviously, our role in an international crisis is not to undermine the role of the French president in negotiations and diplomacy,” Laurent Jacobelli, Le Pen’s campaign spokesperson, told the Guardian. |
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
Um poeta desafia o chanceler acidental em irônicas coplas - Guilherme Casarões
Poesia numa hora dessas?
Guilherme Casarões, colega acadêmico especialista em política externa e diplomacia brasileira, teve sua veia poética tomada por um desafio inesperado: o fato de o patético chanceler acidental ter declarado, num infeliz Dia dos Diplomatas (para os alunos do Instituto Rio Branco, cujo patrono, o verdadeiro poeta João Cabral de Mello Neto, foi acusado de ser comunista pelo autor fracassado de romances distópicos que ninguém leu), que era diplomata e poeta, ou poeta e diplomata (não importa agora).
Casarões resolveu responder com suas trovas desafiadoras, que reproduzo abaixo, a partir de seu Twitter.
Acho que vamos ter vários repentistas, que se desempenharão ao melhor de suas capacidades, só para responder ao péssimo poeta parnasiano que se tornou chanceler acidental. Se ele tivesse ficado só na literatura, teria causado menos desastres para o Brasil. Para a literatura não sei, mas para o Itamaraty certamente...
Um poeta fracassado, mas não só nas invectivas contra os diplomatas e a diplomacia.
Paulo Roberto de Almeida
Quer dizer que @ernestofaraujo é poeta?
Pois bem. Então também sou.
Aproveitei e fiz uma poesia em sua homenagem:
Das profundezas da nobre burocracia
Por amor ao mito, saí em campanha
Lancei até um blog, coisa tacanha
Na língua tupi, rezei Ave-Maria
Meu inimigo sempre foi o globalismo
Conspiração denunciada pelo professor
A globalização corrompida pelo marxismo
Combate-se com coragem, fé e amor
Fui escolhido pela minha lealdade
Mas também por um artigo estridente
Em que defendo que a salvação do Ocidente
Virá de Trump, paladino da verdade
No Itamaraty, a revolução é de direita
Nações unidas pela soberania do Deus vivo
Velhos valores, ou o diplomata aceita
Ou baterá carimbo em Antananarivo
O lema agora é João oito trinta-e-dois
Acabou, colegas, o projeto totalitário!
Esquerdopatas, favor voltar pro armário
Oikofobia, aqui não, nós somos bois
Novo Brasil, nosso papo é com Hungria
Polônia, Índia, Israel, só fina gente
Pela liberdade, minimizei a pandemia
Pra quê ciência, se por aqui nem está quente?
Tradição da diplomacia, desapareça!
Até chamei de comunista o Melo Neto
Xinguei Ricupero, Amorim, quem mais mereça
Pois se venderam a tão nefasto projeto
“Especialistas” me chamam de desvairado
Não tenho culpa, analfabetos funcionais
Sou deusplomata e com meu chefe Eduardo
Seremos sempre párias internacionais
Mas, no fim das contas, pouco importa
Se Trump vence, o Brasil será gigante
Politicamente correto já virou letra-morta
Em nosso reino da direita ruminante
E se perder? Tal hipótese não existe
Nosso analista já previu: Biden já era
Para não virar rodapé, a gente resiste
Se a contagem demorar, a gente espera
quarta-feira, 24 de junho de 2020
Guilherme Casarões: sobre a destruição do Itamaraty, pelos mesmos que fazem guerra cultural de extrema direita
https://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/08/02/com-censura-a-obras-academicas-araujo-ameaca-a-imagem-do-proprio-itamaraty/
[Abro um parênteses, aqui, para transcrever o que Guilherme Casarões linkou, pois eu ainda não tinha tomado conhecimento dessa matéria, que cita o meu livro de 2019: "Miséria da Diplomacia", livremente disponível em meu blog Diplomatizzando]