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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O Brasil pos-impeachment: politica e economia - palestras do ILCO


Com a recente concretização do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Michel Temer assume, em caráter definitivo, a presidência da república para um mandato de aproximadamente dois anos e meio. A conclusão do julgamento da presidente anterior pelo Senado Federal também acarretou na saída do Partido dos Trabalhadores do governo, que, após 13 anos no poder, retorna à oposição.

Quais serão as perspectivas para o País até o final de 2018? O ajuste fiscal será bem sucedido? Haverá reformas econômicas e políticas? O desemprego será reduzido, a inflação controlada e o PIB voltará a crescer? Como serão os próximos passos dos principais atores políticos até o ano eleitoral de 2018?

​Para discutir esses e outros questionamentos, o Instituto Liberal do Centro Oeste (ILCO) realizará, nos dias 21 e 22 de setembro, duas palestras de análise de conjuntura e perspectivas futuras da política e da economia brasileiras do pós-impeachment.
Os eventos são totalmente gratuitos, abertos a todos públicos e emitem certificado de comparecimento aos interessados.

# Dia 21 de setembro, quarta-feira (Política):

Palestra “O BRASIL PÓS-IMPEACHMENT: O QUE HÁ A TEMER”, com Raul José de Abreu Sturari, vice-presidente do Instituto Sagres e consultor de gestão e planejamento estratégico.

# Dia 22 de setembro, quinta-feira (Economia):

Palestra “ECONOMIA NO PÓS-IMPEACHMENT: MAIS DESAFIOS PARA O BRASIL”, com Adolfo Sachsida, economista e pesquisador do IPEA.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Grandes desafios ao Brasil: Economia - Roberto Ellery e Mansueto Almeida (ILCO e Uniceub)

Recebo o link do Núcleo de Marketing Digital do Uniceub, para o segundo evento que realizamos em 12 e 13 de maio de 2016 sob o signo comum de: 


Grandes Desafios ao Brasil: 

Em primeiro lugar, preciso chamar a atenção para um erro monumental cometido por mim, logo na introdução das exposições, ao me referir ao dia 13 de maio de 1808, dia do alvará do Príncipe Regente que criou a Imprensa Régia no Brasil, quando disse que os primeiros livros de economia no Brasil foram publicados por essa imprensa, entre eles os do patrono dos economistas brasileira, o Visconde de Cairu, que se chamava José da Silva Lisboa, e que por duas vezes eu chamei de José Vicente Lisboa. Não sei por que e como cometi essa bobagem, mas deve ter sido porque nesse mesmo dia eu estive falando com um colega que se chama, justamente, José Vicente... Desculpando-me por essa "bévue" (engano em Francês), indico aqui imediatamente o link para esse segundo video: 
 
https://youtu.be/0OYEd_dOcYo


Na noite do dia 13 de maio de 2016, portanto, realizamos esse segundo evento, exposições e debates sobre os grandes temas da agenda brasileira no âmbito econômico, com a participação dos economistas Roberto Ellery e Mansueto Almeida, depois do evento no dia anterior, sobre política, com a participação do Professor Paulo Kramer e a minha própria, e sob a coordenação de Rafael Pavão (do ILCO, Instituto Liberal do Centro Oeste).

Esse primeiro debate foi disponibilizado no canal YouTube do Uniceub em 14/06/2016 (link: https://youtu.be/3A3PJxsHLIU), publicado por mim  o blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/06/grandes-desafios-ao-brasil-video-da.html) e anunciado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1174147905981991). 

 A apresentação do Prof. Roberto Ellery teve como suporte uma apresentação em PowerPoint que recebi via DropBox, e que não sei se será acessível a todos, mas que se encontra neste link: 
https://www.dropbox.com/s/ckn0bw0e61kbui2/Palestra%20Roberto%20Ellery%20-%20ILCO%202%20anos.pdf?dl=0
(provavelmente exigirá abertura de uma conta no DropBox, ou acesso identificado para os já cadastrados).

Espero que aproveitem este excelente debate sobre os problemas econômicos do Brasil, assim como apreciaram o debate precedente sobre temas políticos, e que ninguém tenha ficado muito depressivo com os dados "aterradores" quanto aos desafios do Brasil nessa área econômica, onde, qualquer que seja a solução, ela se traduzirá por maiores impostos, menor crescimento, maiores sofrimentos para todos (talvez menos para os funcionários públicos, ainda protegidos das agruras que atingem quase todos os demais brasileiros).
Os dados são realmente aterradores, mas a primeira condição para resolver os problemas é, justamente, reconhecer esses problemas, identificar os dados e a natureza do problema, para então propor as soluções mais adequadas.
Creio que o ILCO ofereceu uma excelente oportunidade para isso.
Boa visualização, até a próxima.

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 15/06/2016

terça-feira, 14 de junho de 2016

Grandes Desafios ao Brasil: video da sessao sobre politica - Paulo Kramer e Paulo Roberto de Almeida

Presidida pelo membro do Instituto Liberal do Centro Oeste, Rafael de Pavão, organizamos, no dia 12 de maio, o mesmo dia da votação da admissibilidade do processo de impeachment da Afastada (que nome!) na Câmara dos Deputados, o primeiro de dois eventos realizados no Uniceub, sob o signo comum de:

"Desafios ao Brasil: Política e Economia"

sendo que este primeiro foi dedicado à Política, com a participação do cientista político, professor da UnB, assessor legislativo no Senado Federal e consultor político, Paulo Kramer, e minha própria, em substituição ao palestrante original, professor Carlos Pio, retido em São Paulo por razões familiares.
Foi uma excelente noite de exposições e debates, com o Auditório 1 do Uniceub completamente cheio, todas as cadeiras ocupadas, e espectadores infelizmente impedidos de assistir de maneira confortável.
Agora, com a disponibilidade do vídeo pelo Núcleo de Marketing Digital do Uniceub -- e aproveito para agradecer ao professor Roberto Lemos pela prestimosa ajuda -- podemos contemplar todos os que não puderam estar em Brasília ou, estando em Brasília, não conseguiram aceder ao auditório, ao disponibilizar este vídeo, que pode ser acessado neste link:

https://youtu.be/3A3PJxsHLIU

Aproveito para transcrever novamente a parte inicial de meu pronunciamento, lido de maneira imperfeita na minha exposição inicial, elaborado previamente ao evento, uma vez que ele expressa o estado de espírito sob o qual eu e Rafael Pavão concebemos e dirigimos estes dois eventos que deveriam marcar a passagem do Brasil a uma nova etapa de seu itinerário político e seu processo de desenvolvimento (ainda não é exatamente o caso) econômico.
Paulo Roberto de Almeida 


Desafios ao Brasil na política e na economia numa fase de transição

Paulo Roberto de Almeida
 [Notas compilando elementos de informação, para orientar debates na realização dos dois eventos no Uniceub, previstos para os dias 12 e 13 de maio] 
1ro. dia: Política
Por iniciativa do Instituto Liberal do Centro-Oeste, que encontra-se justamente comemorando dois anos de sua recriação em Brasília, a partir de um pequeno grupo anterior de adeptos incondicionais das liberdades econômicas e da mais ampla democracia política, e por sugestão do internacionalista Rafael de Pavão, aqui presente, com a minha colaboração acessória, estamos organizando duas noites de debates prospectivos sobre a situação atual do Brasil e sobre as tarefas à nossa frente.
Digo prospectivos porque a intenção é menos a de repisar os atrozes equívocos de política e de economia dos últimos treze anos e meio sob o signo do Nunca Antes, ou seja, a era dos companheiros, e bem mais examinar e discutir o conjunto de reformas postas à nossa frente, se de fato queremos que o Brasil se converta num país normal.
Digo “à nossa frente” porque não considero que as tarefas que precisam ser empreendidas para conquistar essa normalidade não incumbem tão somente, ou menos ainda exclusivamente, aos dirigentes executivos e aos representantes eleitos, mas também, e talvez essencialmente, à cidadania ativa, todos nós, coxinhas ou não, que saímos às ruas, nos últimos dois anos, para exigir não apenas o fim da corrupção, mas também o fim da impunidade.
Digo coxinhas, mas também poderia dizer mortadelas – se por acaso existem aqui, deve existir, partidários e apoiadores dos mortadelas, o que é totalmente legítimo do ponto de vista da democracia – embora eu não acredite que mesmo mortadelas possam apoiar a corrupção e a impunidade, ainda que eles possam apoiar, o que também é legítimo, o projeto político do partido e dos personagens que estiveram e estão envolvidos no mais gigantesco caso de corrupção jamais visto em nosso país, talvez no hemisfério, quem sabe no planeta.
O que justamente parece distinguir o Brasil de outros países deste nosso planetinha redondo (como disse alguém), que também exibem corrupção nos meios políticos e nos negócios empresariais, é precisamente o grau inaceitável de impunidade que sempre campeou entre nós, pelo menos até aqui, antes que a República de Curitiba começasse a colocar um fim a essa sensação de desesperança ao ver tantos Malufs da vida pública escapar sorridentes entre as malhas da lei. E se me refiro ao Maluf, um político na lista da Interpol, é porque ele se tinha convertido numa espécie de modelo, um benchmark, como se diz na linguagem das comparações de mercado, um exemplo do famoso “rouba mas faz”, embora não tenha feito grande coisa e tenha sido amplamente superado desde então: já se disse que, na escala atual, ele não passa de um reles trombadinha de periferia, ultrapassado que foi por poderes mais altos que no horizonte despontaram. E como...
Disse também que queremos que o Brasil se converta em um país “normal”, pois não considero que seja normal viver no país da meia entrada, do foro privilegiado, do “dez vezes sem juros”, o que não existe em nenhum outro país do mundo, não, pelo menos, nos países normais. Foi com esses objetivos que concebemos e montamos estes dois seminários, que pretendem oferecer algumas indicações sobre essas tarefas e sobre as dificuldades imensas à frente.

Vamos agora iniciar nossos debates; convido o professor Paulo Kramer, meu xará, querido amigo, grande especialista em temas políticos e profundo conhecedor da política brasileira, a fazer sua exposição, com tempo de 20 minutos e tolerância de mais 5 minutos, inapelavelmente, pois o microfone desligará automaticamente.
(...)
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 maio 2016, 5 p.

sábado, 14 de maio de 2016

Grandes desafios ao Brasil: politica e economia: palestras-debate no Uniceub, 12 e 13/05/2016


UNICEUB, dias 12 e 13 de maio de 2016, 19:25hs

Com a coordenação do pessoal do ILCO, entre eles Rafael Pavão e a minha colaboração, acabamos de realizar dois dias de palestras-debates no Uniceub, em 12 e 13/05/2016, para debater as tarefas à nossa frente ao início de um novo governo. No primeiro dia, tivemos Paulo Kramer e eu mesmo (política), e, no segundo dia, Roberto Ellery e Mansueto Almeida (economia). Transcrevo a seguir, primeiro a nota de divulgação que eu havia preparado com a colaboração do Rafael Pavão, e depois as notas que eu fiz para a minha participação no primeiro painel.
Paulo Roberto de Almeida


Nome do evento: “Grandes desafios ao Brasil: política e economia”
Descrição do evento:

O Brasil atravessa a maior crise econômica e política de toda a sua história. Na economia, o Brasil pode estar indo de uma profunda recessão para uma possível depressão, e deverá, em qualquer circunstância, conviver com taxas de crescimento medíocres por anos à frente, condenando grande parte da sociedade a permanecer num baixo patamar de renda no futuro previsível. A vida política nacional também atravessa um profundo abalo, como consequência das investigações em torno do maior escândalo de corrupção jamais identificados em nosso país, possivelmente, no mundo, e não apenas em decorrência da virtual destruição da maior empresa brasileira.
O sistema político terá de conduzir mudanças relevantes nos mecanismos eleitorais e no funcionamento dos partidos, com uma provável reorganização das forças políticas nas próximas eleições gerais. No campo econômico, as dificuldades são igualmente grandes, sendo o caminho da recuperação longo e desafiador.
A grande pergunta de toda a sociedade brasileira, hoje, é esta: que país queremos construir? É, portanto, essencial fazer um diagnóstico preciso sobre a natureza das crises combinadas no Brasil, para que possamos debater sobre os ajustes necessários, as reformas indispensáveis, enfim a construção de um futuro para o país.


Nos dias 12 e 13 de maio de 2016, o UniCeub patrocina o seminário “Grandes desafios ao Brasil: política e economia”, que tem por objetivo trazer, à comunidade universitária do DF e ao público em geral, palestras com profissionais e acadêmicos que analisarão os principais problemas do Brasil atual e debaterão as reformas necessárias pela frente. O evento é gratuito e aberto a todos os públicos.
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# 12 de maio (Política) - Local: Auditório do bloco 1 do Uniceub. – Horário: 19h:30 
- Palestrantes: Prof. Dr. Paulo Kramer, cientista político (IPOL-UnB); Prof. Dr. Paulo Roberto de Almeida, diplomata de carreira e professor de Economia Política nos programas de Mestrado e Doutorado em Direito - Moderador: Rafael Pavão (ILCO).
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# 13 de maio (Economia) - Local: Auditório do bloco 3 do Uniceub. – Horário: 19h:30 Palestrantes:
Prof. Dr. Roberto Ellery, economista (ECO-UnB);
Prof. Dr. Mansueto Almeida, economista, funcionário licenciado do Ipea
- Moderadores: Rafael Pavão (ILCO) e Prof. Dr. Paulo Roberto de Almeida, diplomata de carreira e professor de Economia Política nos programas de Mestrado e Doutorado em Direito.
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Desafios ao Brasil na política e na economia numa fase de transição

Paulo Roberto de Almeida
 [Nota para orientar os debates na realização do primeiro evento no Uniceub, no dia 12 de maio]

1ro. dia: Política
Por iniciativa do Instituto Liberal do Centro-Oeste, que encontra-se justamente comemorando dois anos de sua recriação em Brasília, a partir de um pequeno grupo anterior de adeptos incondicionais das liberdades econômicas e da mais ampla democracia política, e por sugestão do internacionalista Rafael de Pavão, aqui presente, com a minha colaboração acessória, estamos organizando duas noites de debates prospectivos sobre a situação atual do Brasil e sobre as tarefas à nossa frente.
Digo prospectivos porque a intenção é menos a de repisar os atrozes equívocos de política e de economia dos últimos treze anos e meio sob o signo do Nunca Antes, ou seja, a era dos companheiros, e bem mais examinar e discutir o conjunto de reformas postas à nossa frente, se de fato queremos que o Brasil se converta num país normal.
Digo “à nossa frente” porque não considero que as tarefas que precisam ser empreendidas para conquistar essa normalidade não incumbem tão somente, ou menos ainda exclusivamente, aos dirigentes executivos e aos representantes eleitos, mas também, e talvez essencialmente, à cidadania ativa, todos nós, coxinhas ou não, que saímos às ruas, nos últimos dois anos, para exigir não apenas o fim da corrupção, mas também o fim da impunidade.
Digo coxinhas, mas também poderia dizer mortadelas – se por acaso existem aqui, deve existir, partidários e apoiadores dos mortadelas, o que é totalmente legítimo do ponto de vista da democracia – embora eu não acredite que mesmo mortadelas possam apoiar a corrupção e a impunidade, ainda que eles possam apoiar, o que também é legítimo, o projeto político do partido e dos personagens que estiveram e estão envolvidos no mais gigantesco caso de corrupção jamais visto em nosso país, talvez no hemisfério, quem sabe no planeta.
O que justamente parece distinguir o Brasil de outros países deste nosso planetinha redondo (como disse alguém), que também exibem corrupção nos meios políticos e nos negócios empresariais, é precisamente o grau inaceitável de impunidade que sempre campeou entre nós, pelo menos até aqui, antes que a República de Curitiba começasse a colocar um fim a essa sensação de desesperança ao ver tantos Malufs da vida pública escapar sorridentes entre as malhas da lei. E se me refiro ao Maluf, um político na lista da Interpol, é porque ele se tinha convertido numa espécie de modelo, um benchmark, como se diz na linguagem das comparações de mercado, um exemplo do famoso “rouba mas faz”, embora não tenha feito grande coisa e tenha sido amplamente superado desde então: já se disse que, na escala atual, ele não passa de um reles trombadinha de periferia, ultrapassado que foi por poderes mais altos que no horizonte despontaram. E como...
Disse também que queremos que o Brasil se converta em um país “normal”, pois não considero que seja normal viver no país da meia entrada, do foro privilegiado, do “dez vezes sem juros”, o que não existe em nenhum outro país do mundo, não, pelo menos, nos países normais. Foi com esses objetivos que concebemos e montamos estes dois seminários, que pretendem oferecer algumas indicações sobre essas tarefas e sobre as dificuldades imensas à frente.

[Intervenção do professor Paulo Kramer, grande especialista em temas políticos e profundo conhecedor da política brasileira.]
(...)
Minha própria exposição, na segunda parte:
Caros amigos, professores, alunos, visitantes, curiosos, coxinhas e mortadelas,
Não nos enganemos: o Brasil não vai escapar de sua crise atual, a pior de toda a sua história, facilmente ou rapidamente. A derrocada econômica, sem precedentes em nosso itinerário de nação independente, é propriamente devastadora, em quase todas as dimensões dos principais indicadores macroeconômicos e variáveis microeconômicas, com a possível exceção, pelo menos até aqui, de um possível estrangulamento cambial, que foi o que tivemos em quase todas as crises econômicas e financeiras precedentes.
Mas o desmantelamento das instituições não é menos importante, pois o que caracterizou justamente a crise política atual foi a submissão do Legislativo à vontade do Executivo, e a chantagem do primeiro exercido contra o segundo, cada vez que se tratava de juntar os cacos da heteróclita coalizão partidária para a votação de alguma proposta executiva. O nosso famoso “presidencialismo de coalizão” transformou-se, nos últimos treze anos e meio, em presidencialismo de mensalão, e agora de petrolão, e sabe-se lá o que mais vai vir, dos desdobramentos da Operação Lava Jato.
Ambos processos, o descalabro econômico e o desmantelamento institucional, se agregam à mais degradante deterioração moral a que já assistimos em nossa história, uma derrocada espetacular que será difícil superar, inclusive porque a expulsão de ineptos e corruptos do poder não transforma, da noite para o dia, as mentalidades sedimentadas durante décadas na ideologia canhestra dos igualitários e dos supostos redentores da injustiça social do capitalismo. Ainda que essa tripla crise – econômica, política, moral – seja superada, pelo menos parcialmente, nada nos garante que os fundamentos ideológicos do estado mental que nos trouxe até a presente condição de anomia política, de fragmentação partidária e de desestruturação econômica possa ser substituída por concepções políticas e filosóficas mais consentâneas com um país menos dominado pelo Estado, dotado de maiores liberdades econômicas, e por um setor produtivo mais guiado pelas dinâmicas dos mercados livres do que regulado pelas diretivas de burocratas mal inspirados.

Deixando de lado, portanto, toda a deterioração moral, toda a corrupção política, todo o desmantelamento institucional que nos trouxe a esta situação de ruptura política, que é a interrupção de um mandato presidencial, e a ascensão de um novo titular ao maior cargo executivo de nossa estrutura constitucional, vamos nos concentrar no conjunto de tarefas que nos parecem relevantes para começar a lenta caminhada em direção de um país normal, neste caso, a consolidação de uma arquitetura democrática menos submetida ao arbítrio de velhos caciques ou de novos coronéis da política, e mais identificado ao que no mundo anglo-saxão se chama de rule of Law, ou, em nossa terminologia, o Estado de Direito.
Não é segredo para ninguém que o nosso sistema político se apresenta como uma democracia de baixa qualidade, aliás de baixíssima qualidade, com vícios que vão do velho patrimonialismo tradicional, ainda presente, ao novo coronelismo eletrônico, passando pelo clientelismo, pelo fisiologismo, pelo nepotismo e diversos outros ismos disseminados no interior de um dicionário de más políticas. Não se enganem tampouco com o parlamentarismo que pretendem implementar daqui até 2018: ainda que eu seja, instintivamente pelo menos, parlamentarista, não tenho nenhuma dúvida sobre o que ele significará numa primeira etapa de seu itinerário enquanto regime político e enquanto sistema de governo: a exacerbação de todos aqueles vícios, os péssimos ismos da vida política brasileira. Tardaremos algum tempo, talvez uma geração inteira ainda, para conseguir ter um sistema político compatível com nossas necessidades econômicas.

Eu me permitiria apontar os seguintes elementos de mudança política que estimo importantes para tornar o sistema democrático mais responsável, mas comprometido com a transparência, mais accountable, como se diz em inglês, que pode ser traduzido por algo próximo da responsabilização institucional. Descarto de imediato chamar essas medidas de reforma política, um conceito abstrato que apresenta diferentes significados para diferentes atores, sobretudo porque nenhuma proposta de reforma política abrangente, completa, unívoca, sistêmica, ou homogênea, será jamais suscetível de ser apreciado, votada e aprovada por um corpo político tão diverso quanto o nosso, em qualquer plano, socialmente, regionalmente, politicamente, filosoficamente. Melhor, assim, propor medidas tópicas que possam ir se somando para melhorar paulatinamente o sistema político-partidário e os regimes eleitorais. Eis as minhas treze medidas:  

1) Redução radical do peso do Estado na vida da nação, começando pela diminuição à metade do número de ministérios, com a redução ou eliminação concomitante de uma série de outras agências públicas;
2) Fim do Fundo Partidário e financiamento exclusivamente privado dos partidos políticos, como entidades de direito privado que são; fim da proibição, que certamente virá, do financiamento de empresas a campanhas eleitorais; e fim de qualquer tipo de financiamento público de campanhas; a população não pode pagar duplamente por um sistema político fundado sobre os impostos.
3) Extinção imediata de 50% de todos os cargos em comissão, em todos os níveis e em todas as esferas da administração pública, e designação imediata de uma comissão parlamentar, com participação dos órgãos de controle e de planejamento, para a extinção do maior volume possível dos restantes cargos, reduzindo-se ao mínimo necessário o provimento de cargos de livre nomeação; extinção do nepotismo cruzado;
4) Eliminação total de qualquer publicidade governamental que não motivada a fins imediatos de utilidade pública; extinção de órgãos públicos de comunicação com verba própria: a comunicação de temas de interesse público se fará pela própria estrutura da agência no âmbito das atividades-fim, sem qualquer possibilidade de existência de canais de comunicação oficiais;
5) Criação de uma comissão de âmbito nacional para estudar a extinção da estabilidade no setor público, com a preservação de alguns poucos setores em que tal condição funcional seja indispensável ao exercício de determinadas atribuições de interesse público relevante;
6) Reforma radical dos sistemas públicos de educação, nos três níveis, segundo critérios meritocráticos e de resultados; criação de uma carreira de professores de primeiro e de segundo grau, e de ensino técnico-profissional sem os vícios do isonomismo e da estabilidade, com requisitos de formação permanente;
7) Autonomia completa das universidades públicas, inclusive do ponto de vista orçamentário, com alguma alocação de recursos públicos para pesquisa e extensão, mas funcionamento de cursos com pagamento de mensalidades e bolsas de estudos, ou empréstimos educacionais; fim de isenções fiscais nas instituições privadas;
8) Início imediato de um processo de reforma profunda dos sistemas previdenciários (geral e do setor público), para a eliminação de privilégios e adequação do pagamento de benefícios a critérios atuariais de sustentabilidade intergeracional do sistema único; trata-se de condição indispensável para a solvabilidade futura de um sistema que terá quebrado três vezes antes que vocês possam se aposentar;
9) Reforma da Consolidação da Legislação do Trabalho, num sentido contratualista, e extinção imediata do Imposto Sindical e da unicidade sindical, conferindo liberdade às entidades associativas, sem quaisquer privilégios estatais para centrais sindicais; também se pode pensar na extinção, pura e simples, da Justiça do Trabalho, que é, ao contrário do que se pensa, criadora de conflitos trabalhistas, estimuladora de litígios, ou de maior litigiosidade no mercado de trabalho, impondo um enorme custo a todo o sistema produtivo e à própria máquina do Estado; a maior parte dos países recorre a sistemas arbitrais ou a varas especializadas do sistema judiciário, não a um caro, perdulário, inútil aparato trabalhista que penaliza a todos sem ganhos reais;
10) Reforma do Sistema Único de Saúde, de forma a eliminar gradualmente a ficção da gratuidade universal, com um sistema básico de atendimento coletivo e diferentes mecanismos de seguros de saúde baseados em critérios de mercado;
11) Revisão dos sistemas de segurança pública, incluindo o prisional-penitenciário, por meio de uma Comissão Nacional de especialistas do setor;
12) Privatização de todas as entidades públicas não vinculadas diretamente a uma prestação de serviço público sob responsabilidade exclusiva do setor público;
13) Revisão geral dos contratos e associações do setor público, nos três níveis da federação, com organizações não governamentais, que em princípio devem poder se sustentar com recursos próprios, não com repasses orçamentários oficiais.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Tocqueville rides again: cette fois toute l'Amerique du Sud: impossible ce Francais - Paulo Roberto de Almeida

Parece que eu tenho algo a ver com isso, mas não é verdade. Só servi de secretário assistente e de tradutor improvisado, quando da primeira vinda de Monsieur de Tocqueville à região, mais especificamente ao Brasil (veja aqui: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/8822/4947).
Ele parece ter gostado, tanto que me requisitou novamente para esta nova missão encomendada pelo Banco Mundial, desta vez cobrindo toda a região, o que foi bastante cansativo, tendo em vista sua idade já relativamente avançada.
Mas, procurei facilitar ao máximo seu périplo, me encarregando das malas, manuscritos, contatos, transportes e hoteis. Parece que ele gostou, tanto que me disse que gostaria de voltar novamente ao Brasil (que desta vez ficou de fora) no futuro próximo, mas apenas quando esse governo podre cair. Corajoso Monsieur de Tocqueville.
Vamos ter de oferecer algum doutorado Honoris Causa para ele, mas ele me disse que aceita apenas de universidades não gramscianas (o que reduz bastante o espectro de possibilidades).
Em todo caso, aqui vai o convite para o relatório preliminar da missão Tocqueville:

Confirme presença no evento!
https://www.facebook.com/events/214523932249379/

A América do Sul passa por uma transição marcada, notadamente, pelo enfraquecimento ou até colapso de diversos regimes populistas que protagonizaram a política do sub-continente na última década.

Caso estivesse vivo nos dias atuais, o que um autor clássico da filosofia política como Alexis de Tocqueville diria desse processo? O acadêmico e diplomata de carreira Prof. Dr. Paulo Roberto de Almeida buscará discutir essa questão em sua palestra para o Instituto Liberal do Centro-Oeste.
— at FT - Faculdade de Tecnologia da UnB.
Dia 14/04/2016, 19:15hs.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: vandalos petistas sujam a UnB; liberais do cerrado reparam os desgastes

Reproduzindo. Normalmente, a UnB já é sujinha, não tanto pelos prédios, mas por algumas espécies da fauna que por ali circulam. Uma subespécie da tribo universitária até fez uma manifestação nudista, pouco tempo atrás, mas parece que o grotesco superou o que pudesse haver de estético, ou de prazeiroso nesse ajuntamento de primatas desplumados.
Agora são outros primatas que aparecem: militantes da causa petralha sujaram todas as paradas de ônibus, ofendendo, como é seu hábito, o candidato oposicionista e seu partido, e enaltecendo o seu poste-candidato e o seu partido totalitário.
Os liberais do cerrado não gostaram do vandalismo, mas se fossem esperar que as autoridades, da UnB ou do governo decidissem limpar, provavelmente teriam de esperar até meados do próximo ano. Assim, decidiram eles mesmos limpar o que ficou sujo, imediatamente.
Meus parabéns ao Luiz Guilherme Medeiros, pela iniciativa, e meus cumprimentos a todos os demais liberais do cerrado pela participação na corveia. Não posso ajudar, de longe, mas posso pagar um ou dois galões de tinta...
Basta avisar para quem mandar o dinheiro...
Paulo Roberto de Almeida

Luiz Guilherme Medeiros posted in Grupo de Estudos Lobos da Capital   
5:59pm Oct 21

Ontem, através das redes sociais, fui informado de que as paradas de ônibus da Universidade de Brasília haviam sido pichadas por apoiadores do Partido dos Trabalhadores, com mensagens de repúdio ao PSDB e venerações à Dilma Rousseff.

A maioria dos universitários e funcionários com quem conversei demonstrou indignação ao acontecimento, principalmente pelo fato de que algumas dessas paradas haviam sido reformadas poucos meses atrás.

Outros, de viés ideológico mais óbvio, disseram que a ação era uma ''intervenção artística'', legítima por causa disso.

Os brasileiros pagadores de impostos, que financiaram a construção e a reforma destes lugares, certamente rejeitam esta ideia.

Um patrimônio público, pertencente a todos, não pode ser apropriado e denegrido por um grupo para que ele atinja seus objetivos eleitoreiros.

Poderia ter descido a esse nível, mas propus aos amigos do Instituto Liberal e da UnB algo diferente: vamos construir o que eles destruíram.

Tiramos dinheiro do nosso bolso. Arrumamos voluntários. Sacrificamos o pouco tempo livre que nos resta entre trabalho e estudo. E tomamos a iniciativa de reformar estes lugares.

O jogo sujo vem sendo uma triste rotina daqueles que não tem escrúpulos para permanecer no poder. Esta não é a primeira, nem a última, atitude inconsequente dos que se consideram donos do Brasil.

A resposta adequada não é partir para a barbárie, mas denuncia-la, proteger os valores democráticos e a cidadania. Se omitir é inaceitável. E isso nós não faremos.
Meus sinceros agradecimentos a todos que participaram deste simbólico gesto.

Luiz Guilherme Medeiros, Diretor de Comunicação do ILCO.

Timeline Photos
Ontem, através das redes sociais, fui informado de que as paradas de ônibus da Universidade de Brasília...