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domingo, 29 de março de 2015

Energia: a Hora do Planeta dos ecologistas ingenuos - Joao Luiz Mauad

Ah, esses românticos que não sabem nada e pretendem salvat a humanidade dela mesma.
O João Luiz Mauad critica, com razão essa tal de Hora da Planeta, que é para todo mundo, carneiramente, apagar as luzes e ficar em silêncio, contemplando o escuro.
Eu sou lá de perder meu tempo com bobagem?
Vou ficar lendo e trabalhando, como sempre faço.
Eu sinceramente acho inócuo todos esses gestos. A humanidade pode poupar, pode produzir, pode mudar técnicas de produção e distribuição de energia, com base na criatividade humana, e nas necessidades econômicas. Estas são muito bem sinalizadas pelo sistema de preços. 
Quando alguma coisa é valiosa, e rara, não tenho nenhuma dúvida de que seu preço será alto. E alguém, que não pertence à tribo de ingênuos dos ecologistas românticos, inventará uma forma de ganhar dinheiro oferecendo energia mais barata. Simples assim. 
São os governos que impedem as melhores soluções, interferindo no mecanismo de preços. Esta noite, portanto, em lugar de ficar no escuro, use sua energia para se informar um pouco mais sobre as soluções de mercado que vão trazer energia mais barata, desde que burocratas governamentais e ecologistas românticos não atrapalhem..
Paulo Roberto de Almeida

A Hora do Planeta.  Ou: como iludir os incautos

Matéria extraída do website do Instituto Liberal
Via Libertatum, 28/03/2015

Vindo do trabalho, a caminho de casa, ouço no rádio a notícia de que, na noite deste sábado, 28 de março, a ONG WWF promoverá, ao redor do mundo, mais um “Earth Hour” (Hora do Planeta), pedindo que as pessoas apaguem as luzes durante uma hora (entre 8:30h e 9:30h) para despertar a conscientização sobre o problema do aquecimento global.
O objetivo da “Hora do Planeta”, de acordo com seus organizadores, é incentivar as pessoas a pensar sobre como elas podem reduzir seu consumo de energia. O evento em si tem pouco efeito sobre as emissões de carbono, mas o que importa, segundo os organizadores, é o seu significado simbólico, inspirando as pessoas a tomar ações concretas para reduzir as suas “pegadas de carbono”.
O que nunca é mencionado é o fato de que a redução dos gases de efeito estufa no volume pretendido pelos ativistas do aquecimento global seria, em si, uma catástrofe para a humanidade. Os políticos e os ambientalistas, incluindo aqueles por trás da “Hora do Planeta”, não estão pedindo que as pessoas simplesmente apaguem algumas lâmpadas, mas uma redução verdadeiramente maciça nas emissões de carbono: algo como 80% abaixo dos níveis de 1990. Como a energia consumida no mundo é predominantemente à base de carbono (os combustíveis fósseis representam perto de 85% da produção mundial de energia), isso significa necessariamente uma redução drástica em nosso consumo de energia.
Poucas pessoas têm uma noção clara do que isso significaria na prática. Nós, cidadãos do mundo industrializado, raramente nos damos conta do quanto nos beneficiamos do uso de combustíveis fósseis, em cada minuto dos nossos dias. Nós dirigimos nossos carros para o trabalho, temos nossas residências e escritórios refrigerados e iluminados, alimentamos nossos computadores e inúmeros outros aparelhos domésticos, e contamos com bens e serviços indispensáveis ​​que só a energia abundante, confiável e barata dos combustíveis fósseis torna possível: hospitais, supermercados, fábricas, fazendas, telecomunicações, etc.
É difícil para nós sequer imaginarmos o grau de sacrifício e de danos que as políticas de redução de emissões de CO2 requeridas pelos ativistas do aquecimento global nos causariam.  Se consumimos hidrocarbonetos, é porque eles nos garantem níveis de prosperidade, conforto e mobilidade como nenhum outro combustível.  A energia deles obtida melhora nossa saúde, reduz a pobreza, permite uma vida mais longa, segura e melhor.  Ademais, o petróleo não no fornece somente energia, mas também plásticos, fibras sintéticas, asfalto, lubrificantes, tintas e uma infinidade de outros produtos.
“O petróleo talvez seja a mais flexível substância jamais descoberta,” escreveu Robert Bryce em “Power Hungry”, um livro iconoclástico sobre energia. “O petróleo”, diz ele, “mais do que qualquer outra substância, ajudou a encurtar distâncias.  Graças à sua alta densidade energética, ele é o combustível quase perfeito para a utilização em todos os tipos de veículos, de barcos a aviões, de carros a motocicletas.  Não importa se medido por peso ou volume, o petróleo refinado produz mais energia do que praticamente qualquer outra substância comumente disponível na natureza.  Essa energia é, além de tudo, fácil de manusear, relativamente barata e limpa”.  Caso o petróleo não existisse, brinca Bryce, “teríamos que inventá-lo”.
Os participantes da “Hora do Planeta” passarão por agradáveis 60 minutos no escuro, mas ao mesmo tempo terão a certeza de que o conforto e outros benefícios da civilização industrial estarão apenas a um interruptor de distância. Em resumo, as pessoas permanecerão absolutamente ignorantes a respeito das conseqüências práticas das políticas draconianas de redução de emissões de carbono que os ativistas do aquecimento global exigem.
Aqueles que afirmam que é preciso reduzir em 80% as emissões de dióxido de carbono deveriam tentar passar não uma hora, mas um ano no escuro, sem aquecimento, sem refrigeração, sem eletricidade, sem utilizar quaisquer equipamentos úteis para economia de trabalho e de tempo, enfim, produtos de poupança de energia que só a civilização industrial tornou possível.
Minha sugestão é que mandemos todos esses ativistas passar alguns meses morando na Coréia do Norte, onde a “Hora do Planeta” dura o ano inteiro. Depois dessa experiência, se eles voltarem à civilização ainda com as mesmas idéias, a gente conversa.

Sobre o autor

Administrador de Empresas e Diretor do Instituto Liberal
João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Xavier Sala-i-Martin resenha o livro de Piketty sobre o perverso capital


Xavier Sala-i-Martin sobre Piketty

Um dos meus economistas preferidos, Xavier Sala-i-Martin, escreveu uma crítica contundente e detalhada sobre o best-seller do momento, “O Capital no Século XXI”, do francês Thomas Piketty. Vale uma conferida, principalmente por aqueles que desconfiam das estatísticas, por saberem que a maneira mais eficiente e insidiosa de construir um sofisma é através da leitura enviesada e parcial dos dados. Segue abaixo uma tradução livre da conclusão do autor:
Piketty escreveu um livro muito interessante, de grande impacto, que deve ser felicitado. Os dados apresentados são importantes e devem ser analisados pelos analistas econômicos. A leitura destes dados, no entanto, é frequentemente parcial e incorreta. Como um resumo, deixe-me colocar uma lista dos erros de interpretação de Piketty:
Primeiro, que a taxa de retorno sobre o capital é maior que a taxa de crescimento da economia, o famoso ‘r>g’, não implica a existência de algumas dinastias de pessoas abastadas que apropriam uma parte cada vez mais importante da riqueza. Esta taxa de retorno é compatível com e sem heranças (e, portanto, sem dinastias), ou com heranças que desaparecem após uma ou duas gerações. A desigualdade ‘r> g’ é uma medida da eficiência dinâmica da economia e não tem nada a ver com a distribuição da riqueza de um país, desde que é compatível com desigualdades crescentes, decrescentes ou constantes.
Segundo, a maior parte do aumento do capital durante a segunda metade do século XX é devido ao aumento do valor das habitações e não tem nada a ver com o relato de capitalistas que apropriam os meios de produção e exploram os trabalhadores.
Embora Piketty tenha claro para onde vai o futuro, infelizmente isso é baseado mais na sua ideologia e sua opinião que nos dados fornecidos por ele mesmo
Em terceiro lugar, as desigualdades de riqueza e renda nos países analisados diminuíram ao longo do último século. Só a partir de 1970 elas tiveram uma tendência ascendente. Apesar disso, Piketty argumenta que a tendência natural é de aumento, porque o período de redução das desigualdades é uma exceção histórica. Mas Piketty nunca demonstra essa afirmação. Há razões para pensar que a exceção é, na realidade, o período pós 1970, com a incorporação do ‘baby boom’ e de 4 bilhões de cidadãos asiáticos e europeus das ex-ditaduras comunistas no mercado de trabalho global, um fenômeno que certamente não voltará a acontecer.
Em quarto lugar, o aumento das desigualdades de renda desde 1980 é perfeitamente compatível com a mudança tecnológica, que aumentou as receitas de toda uma série de inovadores super ricos (Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zuckerberg, Larry Page e Sergei Brinn). Piketty diz que esta teoria é “tautológica e arbitrária”. Sua tese é que, ”a partir de 1980, a sociedade passou a aceitar a remuneração estratosférica dos CEOs de empresas”. Mas, sem uma teoria para essa “aceitação social”, tal interpretação também é tautológica e arbitrária.
Em quinto lugar, a análise da fração da riqueza total, possuída pelos super-ricos da lista da Forbes, tem uma grande falha conceitual: as dinastias a que pertencem os super-ricos não são as mesmas no início do século XX, em 1987 ou em 2013.
E, finalmente, depois de escrever um livro sobre a evolução da desigualdade, Piketty falha em explicar por que as desigualdades são importantes. Ele expõe uma vaga teoria que diz que desigualdade gera instabilidade social. Mas, ao não formular uma teoria precisa, não sabemos se as desigualdades que importam são as desigualdades dentro dos países (que tem aumentado desde 1980), ou as globais (incluindo as desigualdades entre países, que decaíram desde 1970, graças a grande convergência dos países emergentes). As desigualdades globais experimentaram um declínio entre 1970 e 2012.
Depois de ler o livro de Piketty, tem-se a impressão de que a economia capitalista é um desastre que gera aumentos de desigualdade infinitos, especialmente durante as últimas quatro décadas. Mas se considerarmos a evolução da economia mundial, especialmente durante as últimas quatro décadas, percebemos que as taxas de pobreza no mundo foram reduzidas como nunca antes, as desigualdades globais são cada vez menores e os indicadores de educação, mortalidade, expectativa de vida, saúde, liberdade e democracia são melhores em quase todos os cantos do planeta. É verdade que as desigualdades dentro dos países têm crescido, embora depois de ler o livro “Capital no século XXI”, não possamos saber ao certo se esta é uma tendência que irá perpetuar-se ao longo do tempo ou simplesmente desaparecer. Embora Piketty tenha claro para onde vai o futuro, infelizmente isso é baseado mais na sua ideologia e sua opinião que nos dados fornecidos por ele mesmo.
Graças ao sistema capitalista, Thomas Piketty vai ganhar muito dinheiro com as vendas do seu agora famoso livro. Uma parte importante irá para o governo francês, que ele ajudou a chegar ao poder no ano passado. O resto ele pode gastar como quiser: fazendo festas, comprando livros, guardando para sua aposentadoria… ou mesmo fazendo algo tão nojento como deixar em herança para seus filhos. Liberdade para escolher, Thomas, eis a beleza do capitalismo no século XXI!
Fonte: Instituto Liberal




SOBRE JOÃO LUIZ MAUAD


João Luiz Mauad

Administrador de empresas formado pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (EBAP/FGV-RJ), João Luiz Mauad é articulista dos jornais “O Globo” e “Diário do Comércio”. Escreve regularmente para os sites “Midia@Mais” e “Ordem Livre”.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Diferencas entre socialismo e capitalismo, em imagens - Joao Luiz Mauad

Imagens que valem mais do que mil palavras

food1
Dizem que a diferença mais marcante entre uma economia capitalista e uma socialista está no fato de que, na última, as pessoas esperam (na fila) pelo pão, enquanto na primeira, o pão espera pelas pessoas.
Nada mais verdadeiro.  Vejam, por exemplo, o que está acontecendo atualmente com o socialismo bolivariano, na Venezuela.  As filas são tão imensas que as pessoas estão sendo marcadas a fim de não perderem seus lugares.
E ainda tem gente que, em pleno século XXI, defende o socialismo.
Food line in Venezuela San Cristobal
Seria cômico, se não fosse trágico.

Sobre o autor

João Luiz Mauad
Administrador de Empresas e Diretor do Instituto Liberal
João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.
Número de entradas : 37

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sobre deficits e superavits - Joao Luiz Mauad

Sobre déficits e superávits
JOÃO LUIZ MAUAD*
Comentário do Dia, Instituto Liberal, 6/05/2013
Saiu na semana passada o resultado da balança comercial do mês de abril.  O resultado foi um “déficit” de US$ 994 milhões que, acrescido ao acumulado nos três primeiros meses, forma um “déficit” total de US$ 6,4 bilhões no ano.  Como esperado, os meios de comunicação deram grande destaque à notícia, e todos eles, sem exceção, o fizeram em tom de lamento.   O site do “Bom dia Brasil” (Portal Globo.com), por exemplo, estampou a seguinte manchete: “Rombo da balança comercial em abril é o pior da história para o mês”.
O uso da palavra “rombo” denota algo imoral, como se o fato de a sociedade brasileira haver importado mais do que exportou fosse algo pecaminoso, digno de vergonha.  Será mesmo?
O leitor deve ter reparado que usei aspas na palavra “déficit”, e isso tem um motivo.  Por alguma razão que já vem de longe, na equação algébrica que resume as contas de comércio internacional de qualquer país, convencionou-se aplicar às exportações o sinal positivo, enquanto às importações está reservado o sinal negativo.  Dessa forma, quando as exportações superam as importações, diz-se que a balança comercial é superavitária, e vice-versa. Como esse padrão foi estabelecido de forma arbitrária, nada impediria que ele fosse o contrário, como deveria.
Saindo da lógica mercantilista, que enxerga o dinheiro como o objetivo e as mercadorias e serviços como meios de obtê-lo, veremos facilmente que são as importações que contribuem efetivamente para o bem estar de uma nação, não as exportações.  Um país é rico na proporção da abundância de produtos e serviços postos à disposição dos cidadãos. A saída de produtos é um custo, enquanto a entrada é o verdadeiro benefício, assim como o trabalho é o meio e o consumo é o fim.  Sobre isso, vale lembrar os ensinamentos oportunos de Milton Friedman:
"Outra falácia raras vezes posta em questão é a de que as exportações são boas e as importações são ruins. A verdade se revela muito diferente disto. Não podemos comer, vestir ou gozar dos bens que enviamos ao exterior... Nosso ganho com o comércio exterior está no que importamos. As exportações constituem o preço que pagamos para obter as importações.”
* ADMINISTRADOR E CONSULTOR DE EMPRESAS


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Ideologia verde: apocalipticos e desintegrados - Joao Luiz Mauad

Não existe coisa mais esquizofrênica do que um neomaltusiano, como são todos, com pequenas variações, os ecologistas empedernidos, que vivem nos ameaçando das piores catástrofes se não nos redimirmos e aderirmos às suas crenças totalmente desprovidas de fundamentos científicos. 
Um artigo bem fundamentado deve colocar um pouco de água fria na fervura desses malucos...
Paulo Roberto de Almeida 



João Luiz Mauad, administrador de empresas
O Globo, 5/06/2012

Com a aproximação da Conferência Rio+20, as declarações apocalípticas dão o tom do debate. Gilberto Carvalho, por exemplo, declarou que “o mundo se acabaria rapidamente se fosse universalizado o padrão de consumo das elites”.
No mesmo diapasão, o neoconservaciocista Delfim Neto — ninguém menos que um dos idealizadores da escandalosa Transamazônica — foi categórico, em entrevista ao Globo:“Conflitos serão inevitáveis. Não há como o planeta sustentar nove bilhões de pessoas com renda de US$ 20 mil cada”.
Essa gente não tem a menor imaginação. No início do Século XIX, quando a Terra era habitada por apenas 1 bilhão de pessoas, Thomas Malthus previu que a população mundial cresceria em proporções geométricas, enquanto a produção de alimentos e outros recursos cresceria em progressão aritmética.

Pobres ficarão sem esperança de progredir e consumir mais e melhor

Em 1968, quando a população mundial era de 3,5 bilhões, o ecologista Paul Ehrlich escreveu um livro (The Population Bomb) onde previu que, como resultado da superpopulação, centenas de milhões de pessoas morreriam de fome nas décadas seguintes.
Num discurso de 1971, previu que “até o ano de 2000, o Reino Unido será simplesmente um pequeno grupo de ilhas empobrecidas, habitadas por cerca de 70 milhões de famintos.”
De lá para cá, a população mundial dobrou e as previsões alarmistas de Malthus e Ehrlich jamais se concretizaram.
Pelo contrário, graças às novas tecnologias e ao crescimento exponencial da produtividade, o percentual de subnutridosnos países em desenvolvimento, em relação ao total da população, vem apresentando uma firme tendência declinante há quatro décadas, tendo baixado de 33% em 1970 para 16% em 2004.
Com o tempo, o chamado “movimento verde” foi sendo dominado e transformado por ideólogos esquerdistas, preocupados não com a poluição ou com a nossa saúde, mas com a política e o poder.
A partir desse ponto, a doutrinação, o proselitismo e a disseminação do pânico foram tão fortes que as teorias mais bizarras tornaram-se politicamente corretas.
A essência da ideologia verde está na crença de que a humanidade deve minimizar o seu impacto sobre a natureza, custe o que custar.
Vide a gritaria contra a aprovação do novo Código Florestal, uma lei extremamente preservacionista e restritiva à atividade econômica, sem similar no mundo, mas que, mesmo assim, conseguiu desagradar os xiitas.
O que os adeptos desse radicalismo se recusam a enxergar é que nós, seres humanos, só sobrevivemos e prosperamos através da transformação da natureza, sem o quê não satisfazemos as nossas necessidades mínimas. Nosso bem estar está diretamente ligado à nossa capacidade de tornar o ambiente a nossa volta menos agressivo e mais hospitaleiro.
     Graças a Deus, as gerações que nos precederam visaram o  progresso. Elas tiveram orgulho de construir fábricas, abrir estradas, perfurar poços e escavar a terra a procura de novos recursos.

Graças a Deus, as gerações que nos precederam visaram o progresso.

Felizmente, não estavam contaminados pela ideologia verde.

É verdade que tudo isso resultou em alguma poluição e desmatamento. No entanto, mesmo esses indesejáveis efeitos negativos têm sido superadas com bastante êxito pelas nações mais avançadas.
É claro que a solução não está na restrição do consumo, mas no aumento da produtividade e no desenvolvimento tecnológico.
Sem falar que os mais prejudicados, caso esse fanatismo ambientalista prevaleça, serão os mais pobres, caso sejam privados do uso de fontes de energia eficientes e baratas, e da chance de poderem um dia usufruir do padrão de vida dos países ricos.

sábado, 19 de novembro de 2011

Ainda a Mao Invisivel de Adam Smith - Joao Luiz Mauad

Eu repostei meu texto sobre a "mão invisível" de Adam Smith, apenas porque um comentarista habitual acrescentou esta informação nesse post, e aproveito, de minha parte, para dar-lhe o devido destaque.
http://www.ordemlivre.org/2011/11/desmontando-sofismas-e-rebatendo-cliches/

Desmontando sofismas e rebatendo clichês

mao
É muito frequente a acusação – normalmente perpetrada por intervencionistas tanto à esquerda quanto à direita – de que o liberalismo é uma filosofia “dogmática”, por incitar uma suposta fé irracional naquilo que apelidaram de “deus mercado”.  A estratégia sofísticada traz ainda, como corolário indispensável, o emprego decomentários sarcásticos fazendo referência à única coisa que essa gente conhece, ou já ouviu falar, sobre liberalismo: a famosa metáfora da “mão invisível”.  A armadilha é tão capciosa que já há até liberais defendendo o banimento daquela metáfora, com medo de serem mal interpretados.
Ora, qualquer um que já tenha lido “A Riqueza das Nações” sabe perfeitamente que a imagem da “mão invisível” não tem nada de dogmático ou metafísico. O que Adam Smith diz é que, na esfera comercial, os indivíduos estão permanentemente empenhados em empregar da melhor maneira os seus recursos, visando o maior lucro possível.  O que o agente econômico tem em mente, portanto, é o próprio interesse, e não o interesse social.  Porém, ao examinar o que melhor lhe convém, ele naturalmente acaba escolhendo o que é melhor também para a sociedade em geral, afinal a única forma de obter lucros num sistema de livre mercado é oferecendo bens e serviços de qualidade, a preços razoáveis, aos consumidores.  Em outras palavras, lucrará mais aquele que satisfizer, com mais eficiência, os desejos e necessidades dos demais.
Numa das passagens em que Adam Smith utiliza a metáfora, ele diz, literalmente, o seguinte: “Orientando sua atividade de tal maneira que sua produção possa ser de maior valor, [o empreendedor] visa apenas seu próprio ganho e, neste, como em muitos outros casos, é levado como que por uma mão invisível a promover um objetivo que não fazia parte de suas intenções… Ao perseguir seus próprios interesses, o indivíduo muitas vezes promove o interesse da sociedade muito mais eficazmente do que quando tenciona realmente promovê-lo”.
Eis o verdadeiro sentido da “mão invisível”.  É pela busca constante de seus próprios interesses que o empreendedor fomenta o interesse geral da sociedade, e não pela sua benevolência. Em sua mais famosa sentença, Smith escreve que “Não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu próprio negócio”.
A metáfora da mão invisível, portanto, não pretende explicar que o mercado seja um sistema intrinsecamente perfeito, um deus imune a falhas, ineficiências ou má gestão, que funciona independentemente do bom planejamento, gerenciamento, controle, etc. Pelo contrário, o mercado só funciona porque é um sistema extensiva e racionalmente planejado e bem administrado. Só que a administração capitalista se dá de forma pulverizada, através da ação de cada indivíduo, de cada empresa. Todo esse planejamento dos indivíduos, das famílias e das empresas é coordenado por um mecanismo sólido, autônomo e extremamente eficiente, denominado “sistema de preços”.
O mercado, como demonstrou Mises, não é um organismo público ou privado, nem tampouco qualquer associação, agremiação, corporação ou organização.  O mercado é um processo.  Numa economia onde prevaleça a livre iniciativa, cada agente planeja e age por si mesmo, sem que ninguém lhe diga o que deve ou não fazer. A coordenação das várias atividades individuais e a sua integração dentro de um sistema harmônico, que supra os consumidores com as mercadorias e serviços que eles demandem, é feita de forma espontânea, desde que guiada por uma estrutura de preços flutuantes e livres.
Não há nada dogmático ou misterioso nesse processo.  As únicas forças por trás do seu contínuo movimento são os julgamentos de valor dos vários indivíduos e as ações deles derivadas.  Como no livre mercado todas as ações são voluntárias, a única alternativa de que dispõe cada um dos agentes para maximizar os próprios ganhos (por mais paradoxal que isto possa parecer a alguns) acaba sendo o empenho para satisfazer as necessidades e desejos do próximo. A mágica, o segredo da eficiência do mercado está, portanto, na supremacia do consumidor.  Através da sua decisão de comprar (ou não comprar), os consumidores determinam não somente a estrutura de preços, mas também o que deve ser produzido, em que quantidade, qualidade e por quem.
Se o livre mercado e o sistema de preços dele derivado são capazes de disponibilizar uma gama inimaginável de bens e serviços para os consumidores, eles produzem também um vasto escopo de oportunidades para os empreendedores.  É pelas mãos desses personagens, nem sempre bem vistos pela sociedade, que a poupança se transforma em investimento, contribuindo para aumentar a produtividade da economia, os salários dos trabalhadores e, consequentemente, o padrão de vida de todos.
Os oponentes do liberalismo gostam muito de falar também em “tirania do mercado”.  Deve-se lembrar a eles, entretanto, que não existe tirania onde as trocas são voluntárias, mas somente onde há coerção – uso da força.   Se um ladrão o ameaça com uma arma, seu “pagamento” a ele será, obviamente, forçado, e só trará benefício a uma das partes.  Por outro lado, quando você adquire um produto qualquer no comércio, a troca de dinheiro por aquele bem é totalmente voluntária, sinal de que ambas as partes (consumidor e comerciante) estão se beneficiando dela.
A propósito, a qual dos exemplos acima se assemelha a situação em que o estado cobra impostos da população (uma atividade coercitiva por natureza), sem lhe devolver as respectivas contrapartidas em serviços?  A mim, pelo menos, parece claro que tirânico não é bem o mercado…

SOBRE O AUTOR

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ e profissional liberal (consultor de empresas).